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Revista ComTempo - Edição nº 1, de setembro a novembro de 2018

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existe representativida<strong>de</strong> ?<br />

Falando em representativida<strong>de</strong>, Felipe<br />

Arcangelo acredita ser difícil fazer tal<br />

análise. “No meu caso, por exemplo, como<br />

profissional autônomo, <strong>de</strong>pendo <strong>de</strong> alguns<br />

equipamentos importados para po<strong>de</strong>r exercer<br />

minha função. Acontece que os impostos<br />

são absurdos, o que torna inviável a compra.<br />

Necessito <strong>de</strong> um governo que cobre menos<br />

impostos, que as taxas <strong>de</strong> importação sejam<br />

mais baixas. Analisando esta situação do meu<br />

trabalho, do meu lado profissional, o governo<br />

não me representa”, e pon<strong>de</strong>ra: “É claro que<br />

temos que analisar para todos, não somente<br />

o pessoal. Então, realmente é uma pergunta<br />

complicada <strong>de</strong> se respon<strong>de</strong>r”.<br />

Jessica Vianna afirma não se sentir representada<br />

na política, mas faz análise sob outra<br />

perspectiva: “Neste ano (para as eleições)<br />

temos várias frentes com propostas muito boas,<br />

mas num panorama geral, falta muito <strong>de</strong>ssa representativida<strong>de</strong>,<br />

especialmente porque a política<br />

reproduz os interesses <strong>de</strong> uma classe há<br />

muito tempo, então, tem características bem<br />

conservadoras. Assim, os grupos minoritários,<br />

nessa disputa, sempre saem per<strong>de</strong>ndo. Os<br />

partidos acabam investindo naqueles que aten<strong>de</strong>m<br />

mais às <strong>de</strong>mandas daqueles que po<strong>de</strong>m<br />

pagar, então é um problema <strong>de</strong> classe, gênero,<br />

raça, localida<strong>de</strong>. Ainda precisamos avançar<br />

muito nessa questão da representativida<strong>de</strong>. E<br />

os partidos precisam se repensar. Mas repensar<br />

o partido é repensar seu projeto político, e<br />

muitos partidos não farão isso. Já existe uma<br />

classe que domina, para quem a política serve,<br />

para quem a política chega, e a quem ela contempla.<br />

Uma discussão pesada”.<br />

Voto facultativo entre os jovens: por que não votar?<br />

(ARQUIVO PESSOAL)<br />

Thainá Velloso, 16, não viu necessida<strong>de</strong> em<br />

tirar o título <strong>de</strong> eleitor antes dos 18 anos.<br />

Também segundo dados do TSE, jovens<br />

entre 16 e 17 anos representam 0,95% do eleitorado<br />

brasileiro, totalizando em 1.400.617, número<br />

que se refere aos eleitores que ainda estarão nessa<br />

faixa etária em 7 <strong>de</strong> outubro, e po<strong>de</strong>rão exercer<br />

o voto facultativo. Os dados apontam redução <strong>de</strong><br />

14,53% em relação ao pleito <strong>de</strong> 2014.<br />

Também em relação á última eleição, o<br />

percentual <strong>de</strong> jovens aptos ao voto facultativo é<br />

menor. Neste ano, a população com 16 e 17 anos<br />

totaliza em 6.489.062 jovens, 21% dos 1.400.617<br />

que emitiram seu título <strong>de</strong> eleitor. No pleito <strong>de</strong><br />

2014, o percentual <strong>de</strong> votantes nesta faixa etária<br />

em relação ao total <strong>de</strong> jovens era 23%.<br />

A <strong>ComTempo</strong> também buscou saber porque<br />

essa gran<strong>de</strong> faixa da população entre 16 e<br />

17 anos preferiu não votar.<br />

Estudante do 3º ano do ensino médio,<br />

numa escola pública e estagiária numa agência<br />

bancária, Thainá Velloso, 16, não emitiu seu título<br />

neste ano, assim como a maioria dos seus amigos<br />

da mesma ida<strong>de</strong>. “Não vi necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tirar meu<br />

título antes dos 18 anos, por não ter a obrigação <strong>de</strong><br />

votar, e por só haver candidatos péssimos (risos).<br />

Então, quando tirar meu título, meus votos provavelmente<br />

serão nulos”, explica a estudante.<br />

Thainá afirma ter interesse por política,<br />

mas não em gran<strong>de</strong> medida. “Acompanho mais<br />

ou menos o que acontece no país mais pela internet,<br />

ou nos jornais (na TV aberta)”, diz a estudante,<br />

<strong>de</strong>finindo política sob sua perspectiva: “Ela<br />

mostra quem são os governantes do nosso estado...<br />

Acho difícil essa pergunta. Sabemos o que é<br />

política, mas não sabemos explicar”.<br />

Sobre sentir-se ou não representada,<br />

Thainá resume: “Acho que não”.<br />

A também estudante do 3º ano do ensino<br />

médio, mas <strong>de</strong> escola particular, Giulia Calegari, 17,<br />

inclui-se no grupo <strong>de</strong> jovens que optaram por não<br />

exercer seu voto facultativo nas Eleições <strong>2018</strong>, mas<br />

por não se sentir preparada.<br />

“Não acho que eu tenha maturida<strong>de</strong> o suficiente<br />

para ajudar nas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> quem será o<br />

novo representante do país. Minhas i<strong>de</strong>ias estão em<br />

constante processo <strong>de</strong> transformação e creio que<br />

logo elas terão uma forma mais consistente, mas<br />

não por enquanto. É in<strong>de</strong>cisão. Sem contar as polêmicas<br />

e discussões que envolvem o voto. Já estou<br />

no 3º colegial, quis manter minha cabeça um pouco<br />

mais focada nos vestibulares”, explica Giulia, garantindo<br />

não se tratar <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> interesse pela política:<br />

“Mesmo não votando esse ano, tento me envolver<br />

um pouco nos assuntos, para terminar todo o processo<br />

<strong>de</strong> formação da minha opinião, para quando<br />

realmente chegar a hora, eu po<strong>de</strong>r ajudar pra valer”.<br />

Entre as formas que a estudante busca<br />

informações, sua melhor amiga acaba sendo<br />

uma “fonte”. “Ela é super ligada nesses assuntos<br />

políticos, então vivo pedindo informações para<br />

ela. Vira e mexe ela está aqui em casa discutindo<br />

(ARQUIVO PESSOAL)<br />

Giulia Calegari,17, optou por não votar<br />

nesta eleição, por não se sentir preparada.<br />

um pouco o assunto comigo”, conta.<br />

Outra forma <strong>de</strong> abrir os horizontes <strong>de</strong><br />

Giulia foi através da própria escola, um trabalho<br />

proposto por dois professores: “Nós montamos<br />

grupos e escolhemos um candidato, então assistimos<br />

sua entrevista no Roda Viva (na TV Cultura)<br />

e tivemos <strong>de</strong> apresentar suas i<strong>de</strong>ias e propostas<br />

em sala <strong>de</strong> aula, sem expor nossa opinião a respeito<br />

<strong>de</strong>les. Em quase todas as apresentações a<br />

sala entrou em <strong>de</strong>bate”.<br />

Já na <strong>de</strong>finição do que é política, em sua<br />

visão, Giulia é sucinta: “Política é a forma <strong>de</strong> organização<br />

<strong>de</strong> um país, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriam ser administrados<br />

os direitos e <strong>de</strong>veres <strong>de</strong> todos os cidadãos”.<br />

Questionada sobre se sentir ou não representada<br />

pelos políticos, a resposta da estudante<br />

é afirmativa, mas pon<strong>de</strong>ra: “Para mim, é<br />

uma bela <strong>de</strong> uma confusão. Alguns aparentam<br />

saber exatamente o que nosso país precisa nesse<br />

momento, mas certas i<strong>de</strong>ias vão contra meus<br />

próprios i<strong>de</strong>ais. Enquanto outros aparentam não<br />

saber com que país eles estão lidando...”.<br />

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