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existe representativida<strong>de</strong> ?<br />
Falando em representativida<strong>de</strong>, Felipe<br />
Arcangelo acredita ser difícil fazer tal<br />
análise. “No meu caso, por exemplo, como<br />
profissional autônomo, <strong>de</strong>pendo <strong>de</strong> alguns<br />
equipamentos importados para po<strong>de</strong>r exercer<br />
minha função. Acontece que os impostos<br />
são absurdos, o que torna inviável a compra.<br />
Necessito <strong>de</strong> um governo que cobre menos<br />
impostos, que as taxas <strong>de</strong> importação sejam<br />
mais baixas. Analisando esta situação do meu<br />
trabalho, do meu lado profissional, o governo<br />
não me representa”, e pon<strong>de</strong>ra: “É claro que<br />
temos que analisar para todos, não somente<br />
o pessoal. Então, realmente é uma pergunta<br />
complicada <strong>de</strong> se respon<strong>de</strong>r”.<br />
Jessica Vianna afirma não se sentir representada<br />
na política, mas faz análise sob outra<br />
perspectiva: “Neste ano (para as eleições)<br />
temos várias frentes com propostas muito boas,<br />
mas num panorama geral, falta muito <strong>de</strong>ssa representativida<strong>de</strong>,<br />
especialmente porque a política<br />
reproduz os interesses <strong>de</strong> uma classe há<br />
muito tempo, então, tem características bem<br />
conservadoras. Assim, os grupos minoritários,<br />
nessa disputa, sempre saem per<strong>de</strong>ndo. Os<br />
partidos acabam investindo naqueles que aten<strong>de</strong>m<br />
mais às <strong>de</strong>mandas daqueles que po<strong>de</strong>m<br />
pagar, então é um problema <strong>de</strong> classe, gênero,<br />
raça, localida<strong>de</strong>. Ainda precisamos avançar<br />
muito nessa questão da representativida<strong>de</strong>. E<br />
os partidos precisam se repensar. Mas repensar<br />
o partido é repensar seu projeto político, e<br />
muitos partidos não farão isso. Já existe uma<br />
classe que domina, para quem a política serve,<br />
para quem a política chega, e a quem ela contempla.<br />
Uma discussão pesada”.<br />
Voto facultativo entre os jovens: por que não votar?<br />
(ARQUIVO PESSOAL)<br />
Thainá Velloso, 16, não viu necessida<strong>de</strong> em<br />
tirar o título <strong>de</strong> eleitor antes dos 18 anos.<br />
Também segundo dados do TSE, jovens<br />
entre 16 e 17 anos representam 0,95% do eleitorado<br />
brasileiro, totalizando em 1.400.617, número<br />
que se refere aos eleitores que ainda estarão nessa<br />
faixa etária em 7 <strong>de</strong> outubro, e po<strong>de</strong>rão exercer<br />
o voto facultativo. Os dados apontam redução <strong>de</strong><br />
14,53% em relação ao pleito <strong>de</strong> 2014.<br />
Também em relação á última eleição, o<br />
percentual <strong>de</strong> jovens aptos ao voto facultativo é<br />
menor. Neste ano, a população com 16 e 17 anos<br />
totaliza em 6.489.062 jovens, 21% dos 1.400.617<br />
que emitiram seu título <strong>de</strong> eleitor. No pleito <strong>de</strong><br />
2014, o percentual <strong>de</strong> votantes nesta faixa etária<br />
em relação ao total <strong>de</strong> jovens era 23%.<br />
A <strong>ComTempo</strong> também buscou saber porque<br />
essa gran<strong>de</strong> faixa da população entre 16 e<br />
17 anos preferiu não votar.<br />
Estudante do 3º ano do ensino médio,<br />
numa escola pública e estagiária numa agência<br />
bancária, Thainá Velloso, 16, não emitiu seu título<br />
neste ano, assim como a maioria dos seus amigos<br />
da mesma ida<strong>de</strong>. “Não vi necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tirar meu<br />
título antes dos 18 anos, por não ter a obrigação <strong>de</strong><br />
votar, e por só haver candidatos péssimos (risos).<br />
Então, quando tirar meu título, meus votos provavelmente<br />
serão nulos”, explica a estudante.<br />
Thainá afirma ter interesse por política,<br />
mas não em gran<strong>de</strong> medida. “Acompanho mais<br />
ou menos o que acontece no país mais pela internet,<br />
ou nos jornais (na TV aberta)”, diz a estudante,<br />
<strong>de</strong>finindo política sob sua perspectiva: “Ela<br />
mostra quem são os governantes do nosso estado...<br />
Acho difícil essa pergunta. Sabemos o que é<br />
política, mas não sabemos explicar”.<br />
Sobre sentir-se ou não representada,<br />
Thainá resume: “Acho que não”.<br />
A também estudante do 3º ano do ensino<br />
médio, mas <strong>de</strong> escola particular, Giulia Calegari, 17,<br />
inclui-se no grupo <strong>de</strong> jovens que optaram por não<br />
exercer seu voto facultativo nas Eleições <strong>2018</strong>, mas<br />
por não se sentir preparada.<br />
“Não acho que eu tenha maturida<strong>de</strong> o suficiente<br />
para ajudar nas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> quem será o<br />
novo representante do país. Minhas i<strong>de</strong>ias estão em<br />
constante processo <strong>de</strong> transformação e creio que<br />
logo elas terão uma forma mais consistente, mas<br />
não por enquanto. É in<strong>de</strong>cisão. Sem contar as polêmicas<br />
e discussões que envolvem o voto. Já estou<br />
no 3º colegial, quis manter minha cabeça um pouco<br />
mais focada nos vestibulares”, explica Giulia, garantindo<br />
não se tratar <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> interesse pela política:<br />
“Mesmo não votando esse ano, tento me envolver<br />
um pouco nos assuntos, para terminar todo o processo<br />
<strong>de</strong> formação da minha opinião, para quando<br />
realmente chegar a hora, eu po<strong>de</strong>r ajudar pra valer”.<br />
Entre as formas que a estudante busca<br />
informações, sua melhor amiga acaba sendo<br />
uma “fonte”. “Ela é super ligada nesses assuntos<br />
políticos, então vivo pedindo informações para<br />
ela. Vira e mexe ela está aqui em casa discutindo<br />
(ARQUIVO PESSOAL)<br />
Giulia Calegari,17, optou por não votar<br />
nesta eleição, por não se sentir preparada.<br />
um pouco o assunto comigo”, conta.<br />
Outra forma <strong>de</strong> abrir os horizontes <strong>de</strong><br />
Giulia foi através da própria escola, um trabalho<br />
proposto por dois professores: “Nós montamos<br />
grupos e escolhemos um candidato, então assistimos<br />
sua entrevista no Roda Viva (na TV Cultura)<br />
e tivemos <strong>de</strong> apresentar suas i<strong>de</strong>ias e propostas<br />
em sala <strong>de</strong> aula, sem expor nossa opinião a respeito<br />
<strong>de</strong>les. Em quase todas as apresentações a<br />
sala entrou em <strong>de</strong>bate”.<br />
Já na <strong>de</strong>finição do que é política, em sua<br />
visão, Giulia é sucinta: “Política é a forma <strong>de</strong> organização<br />
<strong>de</strong> um país, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriam ser administrados<br />
os direitos e <strong>de</strong>veres <strong>de</strong> todos os cidadãos”.<br />
Questionada sobre se sentir ou não representada<br />
pelos políticos, a resposta da estudante<br />
é afirmativa, mas pon<strong>de</strong>ra: “Para mim, é<br />
uma bela <strong>de</strong> uma confusão. Alguns aparentam<br />
saber exatamente o que nosso país precisa nesse<br />
momento, mas certas i<strong>de</strong>ias vão contra meus<br />
próprios i<strong>de</strong>ais. Enquanto outros aparentam não<br />
saber com que país eles estão lidando...”.<br />
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