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Revista ComTempo - Edição nº 1, de setembro a novembro de 2018

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(DIVULGAÇÃO)<br />

2.190.000 dias (500 anos) é a projeção para o plástico<br />

comum, produzido com <strong>de</strong>rivado do petróleo (matéria<br />

-prima não renovável, cuja composição não é metabolizada<br />

por micro-organismos), leva para se <strong>de</strong>compor na<br />

natureza. Isso preocupa cada vez mais os ambientalistas<br />

e aqueles atentos à saú<strong>de</strong> do planeta.<br />

120 dias (4 meses), tempo necessário para o plástico bio<strong>de</strong>gradável,<br />

produzido pela USP <strong>de</strong> Ribeirão Preto, com<br />

material biológico, <strong>de</strong>saparecer no meio ambiente. À frente<br />

<strong>de</strong>sta pesquisa, a química Bianca Chieregato Maniglia,<br />

que em entrevista a <strong>ComTempo</strong>, dá <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> seu projeto<br />

e conceitua: “Por ser composto <strong>de</strong> material biológico, é<br />

atacado, na natureza, por outros agentes biológicos, como<br />

bactérias, fungos e algas. Transformam-se em água, CO2<br />

e matéria orgânica”.<br />

Se aprovado para substituir o plástico comum, o produto <strong>de</strong>senvolvido<br />

pela USP-RP, em números, reduziria em 99,9%<br />

o tempo necessário para <strong>de</strong>gradação no meio ambiente. A<br />

natureza ganharia 2 milhões <strong>de</strong> dias a mais para respirar.<br />

Fazendo trocadilho com a economia, o superávit seria <strong>de</strong><br />

2.189.880 dias a mais para todo o mundo.<br />

A i<strong>de</strong>ia<br />

O<br />

fato dos plásticos bio<strong>de</strong>gradáveis não<br />

conseguirem competir com os plásticos<br />

comuns por seu alto custo, foi o estopim<br />

para Bianca iniciar o projeto, com apoio dos órgãos<br />

<strong>de</strong> fomento como Fapesp (Fundação <strong>de</strong> Amparo<br />

à Pesquisa do Estado <strong>de</strong> São Paulo); Capes (Coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong> Pessoal <strong>de</strong><br />

Nível Superior), e CNPQ (Conselho Nacional <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento Científico e Tecnológico), como<br />

parte <strong>de</strong> seu mestrado e doutorado. O projeto contou<br />

também com a estrutura do Departamento <strong>de</strong><br />

Química da USP <strong>de</strong> Ribeirão Preto.<br />

“Buscamos matéria prima mais barata<br />

para tornar este material competitivo. Os resíduos<br />

agroindustriais brasileiros ainda são pouco explorados,<br />

sendo muitas vezes, <strong>de</strong>scartados na natureza”.<br />

A química ressalta que os resíduos po<strong>de</strong>m<br />

apresentar gran<strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> aplicação tecnológica:<br />

“Foi <strong>de</strong>sta forma, então, que pesquisamos<br />

possíveis resíduos, ainda pouco explorados, com<br />

polímeros interessantes como amido e proteína<br />

para aplicação no setor <strong>de</strong> materiais”. Bianca revela<br />

que o pedido <strong>de</strong> patente <strong>de</strong>ste plástico será feito<br />

ainda em <strong>2018</strong>.<br />

O trabalho <strong>de</strong> obtenção dos plásticos bio<strong>de</strong>gradáveis<br />

envolve, segundo a pesquisadora,<br />

grupo <strong>de</strong> pesquisa com participação <strong>de</strong> alunos<br />

<strong>de</strong> iniciação científica: “Roberta Lopes <strong>de</strong> Paula,<br />

Larissa Tessaro e Bruno Esposto, e <strong>de</strong> mestrado,<br />

Thamiris Garcia, além da fundamental orientação<br />

da Profa. Dra. Delia Rita Tapia Blácido”.<br />

Bianca revela que as proprieda<strong>de</strong>s dos<br />

plásticos <strong>de</strong>senvolvidos durante a pesquisa apresentaram<br />

resultados satisfatórios em relação aos<br />

convencionais, pois possuem boas proprieda<strong>de</strong>s<br />

mecânicas e funcionais, mas, a alta bio<strong>de</strong>gradabilida<strong>de</strong><br />

do plástico, “apesar <strong>de</strong> ser ponto positivo,<br />

po<strong>de</strong> não ser apropriado para produtos que não<br />

sejam <strong>de</strong> rápido consumo”.<br />

Outro fator que faz o plástico <strong>de</strong>senvolvido<br />

pela pesquisadora ainda não ser tão competitivo com<br />

o convencional, é a alta capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> absorver umida<strong>de</strong>,<br />

criando assim, ambiente favorável para maior<br />

proliferação <strong>de</strong> micro-organismos: “Isso prejudica a<br />

conservação dos alimentos, por isso, estamos trabalhando<br />

para controlar estas proprieda<strong>de</strong>s, tornando-o<br />

mais apto para aplicação no mercado”, explica.<br />

Para o produto bio<strong>de</strong>gradável ganhar o<br />

mercado rapidamente, a química consi<strong>de</strong>ra interessante<br />

sua aplicação como blendas, ou seja, “na<br />

forma <strong>de</strong> misturas entre polímeros provenientes<br />

dos resíduos agroindustriais, com polímeros provenientes<br />

do petróleo”. Assim, tem-se o aproveitamento<br />

<strong>de</strong> um resíduo agroindustrial como fonte<br />

alternativa renovável para compor embalagens e<br />

também reduzir a porcentagem <strong>de</strong> fontes sintéticas,<br />

agregando a bio<strong>de</strong>gradabilida<strong>de</strong>: “Além <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>rmos contar com presença das boas proprieda<strong>de</strong>s<br />

dos plásticos comuns”.<br />

Foi esta a consi<strong>de</strong>ração inspiratória para<br />

Bianca iniciar o trabalho <strong>de</strong> pós-doutorado que<br />

realiza atualmente, na Escola Politécnica da USP.<br />

“Trata-se da produção <strong>de</strong> plástico, po<strong>de</strong>ndo inserirse<br />

mais rápido no mercado, que são as blendas <strong>de</strong><br />

polímeros <strong>de</strong> resíduo <strong>de</strong> babaçu com o polímero<br />

polipropileno”, esclarece a pesquisadora.<br />

Os resíduos agroindustriais<br />

brasileiros ainda são pouco<br />

explorados, sendo muitas vezes,<br />

apenas <strong>de</strong>scartados na natureza<br />

4

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