Hempada #17 - 40 anos do Up in Smoke

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O Brasil ainda não tem um filme sobre
maconha à la Cheech & Chong. Mas
pelo menos temos como comemorar a
realização de 17 edições de uma revista
mensal sobre a erva. Acredite ou não, lá
nos EUA isso aconteceu mais ou menos
pela mesma época. Afinal, foi também na
década de 70 que a High Times fincou
suas raízes no terreno da cultura canábica
mundial. E os frutos disso hoje todo mundo
vê quais são. A dupla virou personalidade
mundial, representando a contracultura
e o movimento hippie. E no mês em que
o filme completa 40 anos não podíamos
deixar de prestar essa homenagem em forma
de capa, com desenho fantástico da
Dada Ló Emer.
Além disso você vai encontrar aí dentro
uma entrevista exclusiva com a produtora
de conteúdo canábico Nah Brisa. Falamos
sobre a dificuldade de ser mulher e
maconheira no Brasil, sobre a legalização,
claro, e também sobre a história dela
como militante em prol da normalização
da erva, seja na política, na rua ou em
casa. Vale a pena ler o bate-papo.
Estando a um mês das eleições, é claro
que nossa editoria política precisava entrar
em ação. Por isso, nessa edição você vai
ver duas matérias sobre presidenciáveis.
Uma é analisando o discurso geral de
todos os 13 concorrentes a cadeira presidencial.
E a outra, trata-se de um mergulho
ao submundo da intolerância, onde fomos
até mesmo bloqueados, só por tentar saber
o que pensa o maconheiro que vota
em Jair Bolsonaro. Que tarefa...
Tem também mais um texto importado
lá da nova meca da maconha no mundo,
a Califórnia. Minha amiga Fernanda
Ballard preparou um relato sobre como foi
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fazer sua primeira sessão de “trim”, aquela
parte em que é preciso separar as folhas
das flores de maconha.
O desafio de produzir uma fanzine
mensal sobre a cannabis é um jogo de
criatividade, militância e empreendedorismo.
Agradecemos a paciência e fidelidade
dos apoiadores e anunciantes.
Estamos, juntos, escrevendo a história da
legalização. Mês a mês, dia após dia,
com informação e cultura. Guardem essas
revistas, elas serão objetos históricos num
futuro próximo. Quem lê, sabe.
índice
Presidenciáveis e a Erva
Meu primeiro Trim
Strain do Mês
Cozinherva
Entrevista Nah Brisa
Maconheiro e Bolsominion!?
40 anos do Up in Smoke
expediente
Redação: João Henriques, Cadu Oliveira, Kauan
Benthien, Fernanda Ballard, Baco Paez.
Capista: Lissandro Garrido
Arte da Capa: Daiana Ló Emer
Ilustrações: Felipe Navarro
Revisão de Texto: Laura Lock
Tiragem: 1000
Contato: redacao@hempadao.com
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assine e receba em casa:
apoia.se/
HEMPADAO
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os candidatos
sobre a erva
por João Henriques
Ilustração: Felipe Navarro
Superada a ressaca da
Copa do Mundo, finalmente
o Brasil acendeu a brasa
do debate político e das
eleições que vão escolher
novos deputados, governadores, senadores
e o presidente da república
para os próximos quatro anos. Mas o
cenário está nebuloso, não de fumaça,
mas lotado de incertezas.
Infelizmente, os candidatos a presidente
com chances reais de vitórias
estão unidos pela bandeira da proibição
das drogas. Outros ficam em
cima do muro, com medo de perder
o voto do careta que se arrepia só
de ouvir falar na possibilidade de
legalização. Na votação para o
Congresso Nacional a expectativa é
ainda mais pessimista. Provavelmente
a bancada conservadora vai crescer
dentro do parlamento, sepultando
qualquer possibilidade de mudança
progressista na lei de drogas até o
ano de 2022. Até lá, seguiremos
contando os mortos de uma guerra
estúpida e fumando uma maconha de
péssima qualidade.
Nesta reportagem você vai conhecer
os 13 candidatos (em ordem
alfabética) que estão disputando a
Presidência da República do Brasil e
saber as opiniões de cada um deles
sobre a política de drogas.
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Alvaro Dias (Podemos-19)
O candidato alinhado com um discurso
de centro-direita faz parte do time dos
contrários à legalização de qualquer
droga atualmente ilícita. Já declarou que
“a liberalização certamente aumentaria
o consumo”, além de propor uma união
latino-americana para o combate ao
tráfico. E foi além: defendeu o fortalecimento
da guerra às drogas, que produz
um banho de sangue diário em todos os
cantos do Brasil. Maconheiro politicamente
consciente não vota nele!
Cabo Daciolo (Patriota-51)
O leitor que está acompanhando o
noticiário das eleições para presidente
provavelmente já ouviu falar no Cabo
do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro
que quer entregar a nação para “o
comando do senhor Jesus Cristo”. Assim,
não é surpresa para ninguém que Daciolo
faça coro contra a legalização. No
entendimento deste candidato, droga é
coisa do diabo e, na nação governada
pelo Todo Poderoso, elas não terão espaço.
O maconheiro com um mínimo de
equilíbrio mental não vota nele!
Ciro Gomes (PDT-12)
Interessado no voto de eleitores de
diferentes orientações políticas, Ciro Gomes
adotou a tática de ficar em cima do
muro. “Como presidente, vou propor um
debate, chamar todas as correntes morais,
religiosas, especialistas, todos os
ângulos. Em seis meses nós teremos uma
proposta nova para resolver a questão
da política de drogas, declarou em entrevista
recente. Ao mesmo tempo, Ciro
também fez discurso crítico ao modelo
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epressivo, além de elogiar a política de
drogas portuguesa, que descriminalizou
o porte de drogas para uso pessoal desde
2001.
Eymael (Democracia Cristã-27)
Representando o movimento de Democracia
Cristã, forte na Europa e em
parte da América Latina, não é surpreendente
a posição de Eymael contra o fim
da proibição da maconha ou qualquer
outra droga.
Trata-se de mais um candidato com
programa conservador para questões
sociais. Maconheiro politicamente consciente
não vota nele.
Geraldo Alckmin (PSDB-45)
Candidato de centro-direita, que
disputa com chance real de vitória, também
defende a manutenção da guerra
às drogas. Em entrevista ao programa
Roda Viva, defendeu ações mais duras
da polícia, controle intensivo sobre
as fronteiras e o uso da tecnologia no
combate às drogas. Alckmin ainda fez
uma comparação esdrúxula ao apontar
a dificuldade de controlar a venda de
bebidas alcoólicas para menores como
argumento para manter a proibição da
maconha.
Guilherme Boulos (PSOL-50)
Finalmente um candidato sem medo
de defender a legalização da maconha!
Com um discurso direito, Boulos foi objetivo
ao apontar o fracasso da guerra às
drogas e como ela funciona como um
instrumento de garantir a exclusão social
dos mais pobres. O candidato também
enfatizou a necessidade de elaborar
uma política de drogas sem uma ótica
moralizante e preconceituosa.
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Jair Bolsonaro (PSL-17)
Podemos dizer sem medo que este
candidato representa a pior escolha
para o maconheiro. Crítico ferrenho de
qualquer proposta de legalização ou
descriminalização, Bolsonaro costuma
responder com um lamentável deboche
quando questionado sobre este tema.
Ele acredita que uma eventual legalização
vai gerar um aumento do consumo
de drogas, coisa que considera um “ataque
à família”. Vale repetir o recado do
perfil do Cabo Daciolo: o maconheiro
com um mínimo de equilíbrio mental não
vota nele!
Henrique Meirelles (MDB-15)
Apoiado pelo Vampirão que atualmente
ocupa a Presidência da República,
Meirelles surpreendeu ao manter
sua formação liberal e marcou posição
em defesa da legalização da maconha.
Entretanto, defendeu a manutenção da
proibição para as demais drogas ilícitas.
“Não devemos penalizar e criminalizar
o consumidor. Principalmente se for
para uso medicinal,” declarou Henrique
Meirelles.
João Amoedo (Novo-30)
Amoedo se apresenta com o contraditório
rótulo de “liberal na economia e
conservador nos costumes” e é mais um
opositor da legalização. A contradição
se repetiu durante uma entrevista para o
programa Roda Viva, ao afirmar que “a
guerra às drogas está funcionando, mas
(a legalização) não é uma variável que
eu queria trazer para o Brasil agora”.
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SQUADAFUM.COM.BR
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João Goulart Filho (PPL-54)
Filho do ex-presidente João Goulart, deposto
pelo golpe militar de 1964, João Goulart
Filho não levanta a bandeira da legalização,
mas defende a descriminalização dos usuários.
Infelizmente, não encontramos uma resposta
mais completa do candidato sobre mudanças
na legislação de drogas do Brasil.
Mariana Silva (Rede-18)
Famosa por ficar em cima do muro em
questões polêmicas, Marina Silva adota esta
linha quando o assunto é drogas. Apesar de
marcar posição pessoal contrária ao fim da
proibição, a candidata propõe que o debate
sobre esta questão seja feito por plebiscito.
Neste aspecto, Marina entra em conflito com
seu vice Eduardo Jorge (PV), que adota um discurso
bem objetivo em defesa da legalização.
Lula (PT-13)
Até o fechamento desta reportagem a decisão
do TSE sobre a validação da candidatura
de Lula estava indefinida e, por isso, vamos manter
o nome dele aqui. Nos oito anos que ocupou
a Presidência da República, o candidato
do PT nada fez para acabar com a desgraça
da proibição. A mudança da lei de drogas de
2006 (quando Lula era presidente) acabou com
a pena de prisão dos usuários, mas resultou em
uma explosão no número de condenados por
tráfico (o que inclui muitos usuários enquadrados
como traficantes).
Vera Lúcia (PSTU-16)
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A candidata do PSTU está ao lado do pequeno
grupo de candidatos que defendem a legalização
e conta com um discurso bem fundamentado. “As
drogas precisam ser descriminalizadas e vendidas de
forma legal, com imposto cobrado sobre sua comercialização.
No caso dos viciados, isso tem que ser
uma questão de saúde pública, jamais de polícia. A
criminalização das drogas mata usuários, policiais e
moradores de comunidades,” declarou Vera Lúcia.
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Fotos dos Leitores
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Mande a sua:
HEMPADAO
@GMAIL.COM
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Meu primeiro...
trimming!
A
história do meu primeiro
trim (aparar, em inglês)
começa em junho, desde
a fase do plantio, quando
a Bia me convidou
para ter essa experiência na fazenda
dela aqui no norte da Califórnia. Fui
conhecer de perto as Blueberries do
Leprechaun! Eu mal podia crer naquele
cenário: passar uma manhã plantando
mudinhas de maconha numa green
house linda e recheada, que em poucos
meses virariam árvores maiores
que eu e carregadas com pencas de
flores orgânicas para gente fumar, parecia
um sonho.
Quando voltei à fazenda da Bia, no
mês seguinte, a temperatura dentro da
green house era de enlouquecer e as
por Fernanda Ballard
plantas crescendo de vento em popa,
mas tinha que se esperar até a segunda
semana de agosto para que as plantas
estivessem em ponto de colheita, com
estimativa de quase um quilo de flor por
pé!
As expectativas sobre o primeiro
ano de colheita da maconha legalizada
para uso recreativo eram grandes.
Afinal, os pequenos produtores já alertavam
para o fato de que a mudança
nas leis, que pareciam beneficiar o
usuário, tinha a contrapartida de tornar
muito mais difícil a aquisição da licença
para plantio de mais de 6 pés. O que,
de acordo com eles, beneficia a indústria
farmacêutica a obter o monopólio
do plantio.
É visível que risco da proibição de
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d
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cultivo afeta o aspecto econômico, o
que sempre amedrontou os agricultores
de cannabis da região mas, mais
do que isso, também o aspecto cultural,
por que a maioria dos cultivadores
do norte da Califórnia tem o cultivo da
maconha como atividade há anos ou
vieram de famílias com tradição no cultivo
de cannabis. Trata-se de uma galera
old school, muito especialista, dedicando-se
exclusivamente às atividades de
plantio e extração de maconha.
Infelizmente, por coincidência ou
não, muitas fazendas receberam visitas
surpresas de órgãos do governo para
inspeção em suas terras. A maioria dos
produtores tiveram que fazer a colheita
duas semanas antes da melhor fase de
floração, o que gerou um prejuízo de
até 50% do total esperado. Ou seja,
cada pé tinha a estimativa de produzir
900 gramas, com a colheita prematura
foram colhidos, em média, 450g de flores
em cada.
Então duas semanas depois da minha
última visita à fazenda Leprechaum,
a Bia me ligou dando a noticia de que
ela estava tendo que correr para colher
as plantas antes do tempo por conta de
uma inspeção.
Fui correndo pra lá, ajudar a reduzir
o volume das mais de 60 árvores penduradas
de ponta a cabeça, pegando
cada galho e retirando apenas os pequenos
buquês que eles aqui chamam
de ‘bucking’. Por 5 horas, trimei um pouco
mais de 1 pound (454 g).
O mais impressionante foi que durante
o trim teve uma energia naquele ambiente
que nos deu uma viagem além,
eu e Cody, que me acompanhou nesse
trabalho, tivemos a mesma impressão.
Foi a onda daquela quantidade absurda
de pólen que a gente estava res-
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pirando. Estávamos super conectados
com o momento e sentindo muita calma
naquele trabalho com a nossa amada
erva. Eu confesso que me emocionei várias
vezes com a beleza e as cores das
flores que a gente pegava na mão.
Quando terminamos, deveria dar
pra apertar uns três baseadões só com
o pólen que tinha no meu cabelo... aí
quando entrei no carro pra virmos pra
casa, comecei a coçar um pouco as
pernas e os braços numa reação alérgica.
Depois de todos esses anos de maconhice
a pessoa dar reação alérgica
à maconha “é muita frescura”, pensei,
mas passou com um banho.
Como eu disse, infelizmente, outras
fazendas sofreram essa mesma inspeção,
que de acordo com alguns produtores
locais parece retaliativa. Agora a
expectativa gira em torno do preço que
será praticado no mercado californiano.
Teme-se que o valor do pound caia
muito e que não seja viável aos pequenos
produtores manterem as produções
out door para as próximas estações. H
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por Kauan Benthien
Dutch
Hawaiian
Engenharia
Genética da erva
Nessa bela mistura de dois continentes, acredita-se que os growers da Top Shelf Seeds são os responsáveis
por essa criação com alto teor de THC. Juntando a clássica indica holandesa Dutch com uma
doce Landrace havaiana, o resultado é uma pancada na mente acrescentada de um gosto sensacional.
Mas as vezes a gente se decepciona, né?
Aparência: 4
Logo quando peguei a flor achei ela linda. O
trim foi muito bem feito e a flor estava parecendo
saudável. Algumas variedades de maconha
infelizmente são mais propensas a ter problemas,
especialmente variedades mais predominantes
sativa como a nossa amiga mesclada. Depois de
degustar a flor que eu fui olhar as fotos novamente
e encontrei mofo branco nesse camarão...
Sabor: 4.8
Felizmente não senti nada de errado no deguste que
foi composto de uma mistura cítrica e terrosa, complementada
por um toque floral (gentilmente adicionado
pela parte havaiana). O que me fez pensar: o que o
olho não vê o paladar não sente?
Leveza: 4.1
Apesar da excelente estética, pelo menos a primeira
vista, a Dutch Hawaiian não foi tão leve na garganta.
Primeiro achei que o problema estava no flush, mas
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acredito que o mofo possa ter influenciado na leveza
desse camarão. Que pena...
Custo Benefício: 3
Não gostei nem um pouco de saber que paguei
preço alto por um produto mofado. Eu comprei em
um clube privado de uma pessoa que conheço, mas
ao reclamar sobre o produto eu tive que me contentar
com “Agora já foi né? “. Infelizmente enquanto
não houver um mercado regulatório com controle de
qualidade (que é simples de se fazer) por conta da
ilegalidade, problemas assim continuarão. Imagina
quem está no Brasil...
Onda/Brisa: 4.5
Eu curti muito a onda desse camarão! Demorou para
bater mas quando veio pegou de surpresa. A melhor
maneira de descrever é um “tapa na cara”, ou uma
pancada realmente. Eu prefiro fazer degustes com o
primeiro baseado do dia, pra poder ter uma noção
mais completa do perfil geral da flor. Assim eu tenho
a chance de sentir melhor os efeitos, cheiros e gostos
que cada strain proporciona.
Preço: $10/g
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thien
Procedência:
Clube Privado de Cultivadores
- Toronto
(Canadá)
Fato Curioso:
Algumas variedades de maconha são
mais propensas a ter mofo, mas de
maneira geral as sativas costumam ser as
campeãs nesse sentido. A estrutura mais
aberta e soltinha, característica dessas
genéticas faz com que o ecossistema da
bud esteja mais propenso a cultivar outros
organismos dentro dela. Fumar grandes
quantidades de mofo é prejudicial para
a saúde, então, se puder... fume poucas
quantidades de mofo.
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Cozinherva
Manteiga
de Maconha
Modo de fazer:
Ingredientes:
– 500ml de água
– 250gr de manteiga
– 25-50gr de maconha ou trimming
Dichave a erva. Coloque a água
na panela para esquentar. Regule
o fogo para não ferver pois isso
pode ocasionar perda de THC.
Adicione a erva na panela e agite
por 5-7 minutos. Depois adicione
a manteiga à panela com água e
maconha, agitando por mais 30
minutos, aproximadamente, para
que a manteiga derreta e misture
com os outros ingredientes. Agora
vamos coar a mistura para separar
os restos de matéria vegetal e
colocar o líquido num recipiente
a sua escolha. Coloque o resultado
na geladeira e espere ganhar
consistência de manteiga.
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É grana, hein..
Malandramente
Relatório divulgado pela instituição
financeira RBC Capital Markets,
dos EUA, mostra que as vendas legais
de cannabis entre norte-americanos
está perto de alcançar as mesmas
cifras das bebidas destiladas e
do vinho e podem chegar a US$ 47
bilhões na próxima década.
Mais um!
O paranaense Jonas Rossatto criou
uma startup chamada “Reservar Cannabis”
para que os uruguaios possam comprar
maconha por meio de reservas online,
sem precisar enfrentar filas. Até o momento
duas das sete farmácias de Montevidéu
que comercializam maconha aderiram ao
aplicativo criado pelo brasileiro.
Erva & Cerva
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A justiça garantiu para mais uma
família brasileira o direito de cultivar
maconha em casa. A decisão foi em
benefício de uma criança paranaense
de 10 anos que sofre de crises convulsivas
e, encontrou na cannabis, um
alívio para a enfermidade.
A Constellation Brands, o grupo que
fabrica a cerveja Corona, anunciou um investimento
de US$ 4 bilhões na Canopy
Growth, gigante canadense do mercado
de maconha destinada ao uso medicinal.
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Agosto/18
´
Nusss...
Boa ideia
O governador do Estado de Nova
York (EUA), Andrew Cuomo, anunciou
que montou um grupo de trabalho para
redigir uma lei para legalizar o comércio
de maconha destinado ao uso recreativo.
Atualmente, a legislação do estado
permite apenas o uso medicinal.
As empresas de maconha no Canadá
obtiveram 3,2 bilhões de dólares
canadenses (R$ 9,9 bilhões) para financiar
planos de expansão e investimentos.
Mais de 700 empresas pediram autorização
para operar alguma atividade
relacionada à cannabis no país. Destas,
115 já receberam licenças.
Antidepressivo
Vai, Líbano!
O governo do Líbano estuda liberar
cultivo de maconha, mas enfrenta oposição
de grupos xiitas. Atualmente o país
é o terceiro maior produtor do mundo de
cannabis, depois de Marrocos e Afeganistão,
de acordo com a ONU.
Um estudo conduzido por cientistas do
Estado de São Paulo e da Dinamarca revelou
que a maconha pode reduzir sintomas da
depressão. Uma única aplicação de canabidiol
(CBD) em ratos com sintomas depressivos
apresentou efeitos muito significativos.
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por Cadu Oliveira
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entrevista
Nah
Brisa
Quando o YouTube ganhou
dimensão de uma
empresa mundial capaz
de mexer com a
cabeça de toda uma
juventude, é claro que os maconheiros
do Brasil não deixariam de surfar nessa
onda. O Hempa foi um dos pioneiros
a produzir sobre maconha na plataforma,
numa parceria com o vlogger
Tomazine, e de lá pra cá muita gente
nova botou a cara na telinha de frente.
Destaque por ser uma das primeiras,
e quase a única, mulher a manter
um vlog sobre cannabis, a Nah Brisa
tem hoje mais de 80 mil inscritos e segue
na luta para conseguir viver do
conteúdo canábico produzido.
Seus primeiros vídeos foram feitos
em uma webcam. E um deles, arrotando
soltando fumaça, acabou explodindo
de views na dope web. Essa exposição
toda acabou atrapalhando a
vida profissional, mas abrindo portas
para o universo de weedinfluencers.
Devido à militância, ela abandonou
o lar resolveu pôr o pé na estrada.
“Eu saí de casa por causa da maconha,
né. Porque quando eu conheci
o Hempadão – sua culpa, tá – em
2010. E comecei a querer falar, numa
cidade do interior, sobre maconha...
aí deu ruim”, relembra. Sendo assim,
no ano seguinte ela partiu para Curitiba,
onde começou a ajudar na organização
da Marcha local e... “lá
tudo começou”, pois junto com uma
amiga pilharam de fazer uma viagem
mochilão pelo Brasil e Amércia Latina,
com uma gopro, que acabou sendo
furtada.
De um rolé por São Paulo acabou
indo parar no Nordeste, onde
iria ficar um mês e acabou morando
por dois anos. Fazendo vídeos mais
frequentemente, de lá. Depois voltou
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para o Sul e hoje planeja estruturar
melhor as coisas antes de voar de
novo. Hoje em dia dá méritos ao namorado,
Booze Beats, que ajudou a
produzir e profissionalizar o canal.
Em viagem ao Rio, Nah brotou
aqui na redação da Hempada pra fazer
aquela fumaça e trocar uma boa
ideia. Por coincidência, nosso ilustrador
Felipe Navarro estava na casa e
fez até uma das perguntas na entrevista,
que segue abaixo:
- O que você acha disso, de ser uma
youtuber?
Eu não sei direito como é isso,
vou te falar, bem na real. Porque faz
pouco tempo que eu to... e também
esse termo ‘youtuber’, eu não gosto
desse termo, eu acho meio zuado.
Eu crio conteúdo na plataforma que
proporciona isso, inclusive eu to até
pensando em migrar porque o YT está
censurando muito conteúdo canábico.
Agora que eu tô meio que vivendo disso.
Hoje eu trabalho só com isso, diferente
da época do vídeo do arroto...
aquele vídeo foi uma cagada.
- Quanto de acesso tem esse vídeo?
Não tem muito... tem uns dois milhões,
acho. Não sei se tem outro
vídeo canábico com dois milhões de
views. Foi um vídeo que eu gravei
meio que ensinando a fazer a parada.
Porque eu tinha feito um antes mas
com música no fundo e a galera não
acreditou que era eu, algo assim...
- Como foi a virada de um vídeo
de brincadeira para atualmente viver
de produzir conteúdo na web?
Quanto tempo tem isso?
Olha, faz tipo um ano assim que
eu consegui me dedicar só ao canal,
de fato. Que eu to conseguindo
trabalhar com isso. Porque antes eu
fazia meio que uma parada que eu
acredito, saca, mais um hobby. Eu
comecei com o vídeo do arroto, que
foi de zueira, mas depois eu entendi
que o que eu queria, o que eu gosto,
é de compartilhar informações que eu
estava adquirindo. Tipo, mano... olha
isso aqui, as pessoas precisam saber
disso aqui, precisam descobrir que
maconha não é um bicho de sete cabeças,
se eu to tendo acesso a essas
informações eu preciso compartilhar,
então foi sempre uma parada que eu
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fazia porque gostava, porque queria
discutir sobre isso. Só que começou
meio que a me afetar, porque hoje em
dia a gente tem google. Todo lugar
que você vai trampar, a galera te procura...
e aí, tipo... você é a maconheira.
Então começou a dificultar assim...
- Sua idade... e o que você planeja
pra você pros próximos dez anos?
Meu sonho máximo é plantar maconha
no meu motor-home. O sonho
impossível de sair brisando pelo mundo
com uma estufa. Mas o plano mais
real é eu conseguir estruturar meu trabalho
pra ter uma base, pra ter onde
voltar, mas sempre poder viajar. Tenho
uma teoria sobre isso, a maconha
pode ser a única droga que dá pra
encontrar em todos os países do mundo,
não? Queria poder experimentar
a maconha de todos os países do
mundo... mas sei que esse é um sonho
meio utópico, né?
- Tu prefere o termo weedinfluencer
do que youtuber?
Eu prefiro... não, também não sou
weedinfluencer de nada, gente, eu
fumo prensado, tá ligado... não tenho
influência de nada. Sou só uma
pessoa que estuda um pouco sobre a
causa. Um pouco, ainda, porque eu
acho que o conhecimento sobre cannabis
é uma parada que é muito amplo.
Tem pessoas com muito mais conhecimento
e experiência sobre isso
e de repente, não tem essa visibilida-
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de que eu acho que deveria ter. Eu
acho que quanto mais conhecimento
você tem, mais você tem que compartilhar.
O meu foco com o canal é
informação, é conhecimento. Eu levo
por exemplo, pacientes, mães de pacientes
que planta para o filho. Eu sei
que tem ter entretenimento, porque a
galera gosta, mas o meu foco não é
esse, é informação. Por mais que, é
meio natural, eu sou meio sequelada
naturalmente, o jeito que eu falo...
que acaba tendo um teor cômico,
mas eu acho importante sempre focar
em compartilhar informação, que é o
mais importante e é o caminho.
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- O que a maconha de melhor te proporcionou
e você não imaginava?
Cara, eu posso dizer que a vida
que eu vivo hoje tem tudo a ver com
a maconha. Desde meu trabalho, até
os meus amigos, até as pessoas com
quem eu convivo, até o meu namorado,
que eu conheci em 2011 pela internet
por causa da maconha. Ele vendia
camisetas e a gente se achou no
twitter. Oito anos depois a gente se
encontrou por causa da maconha de
novo. Sempre tem... as viagens que
eu fiz. Tanto que uma vez eu fui dar
uma entrevista para o programa do
Porchat, o Porta Afora, no Multishow,
e eu falei, tipo, que vendia brigadeiro...
aí cortaram, não saiu né... mas
essas viagens que eu fiz, tudo teve a
ver com maconha. A minha vida está
totalmente ligada a maconha. Até minhas
tatuagens são sobre a erva, pois
não consigo me ver tatuando outra
coisa. E assim, eu acho que... eu já
sai até da pergunta, né? Eu viajo...
tudo isso e também a questão do público.
Que queria atingir um publico
mais feminino, mas acho que o maior
problema que eu vejo é disso, de
conseguir ser levada a serio. Tipo, o
que você falar ser ouvido. Agora o
feminismo tá em alta, está se falando
sobre isso, mas antes estávamos
repetindo os mesmos erros do álcool,
fazendo propagandas machistas
e tal. É complicado para caralho...
mas não é só no “ahh, a mina não
sabe bolar”, é mais do que isso. Parece
que as pessoas te cobram mais
quando você é mulher e ao mesmo
tempo duvidam mais.
- Como é ser maconheira e mulher
no Brasil?
Tem todos uns poréns assim,
saca... se você for ver os meus vídeos
mais antigos, quando eu era mais
gordinha, a galera não tava nem
ai pra o que eu tava falando. “sua
gorda, feia, tá laricando demais”,
ataques a aparência. Tudo bem que
tenha comunicadores que sejam fora
do padrão de beleza, mas só pelo
fato de ser mulher, você é mais cobrada.
Não vejo isso em vídeos de
homens. Tem umas coisas de baixo
calão também. Muito bizarra. Tem
algo de sexismo muito forte. Tem
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- Qual a parte difícil da sua rotina
como produtora de conteúdo?
São vários processos, né. É complicado.
É o processo de você pensar
o conteúdo, é fazer acontecer. Produção
de áudio e vídeo. Edição. Enfim...
a gente tá agora com uma tentativa
de publicar dois vídeos por semana,
mas é um corre foda. Eu ainda
to aprendendo a lidar com ter outra
pessoa, porque agora tenho alguém
me ajudando e eu fico um pouco nervosa
com isso... mas enfim. A edição
é o mais chato. Demora muito... acho
que é porque eu gravo vídeos muito
longos...
- Quanto tempo você acha que vai
demorar para legalizar e a gente
poder comprar maconha no Brasil?
Eu não sou muito otimista não. Eu
gosto de acreditar, mas eu não vou ser
hipócrita, eu não sou otimista. Assim
dessa forma, de poder dcomprar, eu
acho que vai demorar, talvez uns 5 ou
10 anos. Porque mano, a gente está
progredindo muito. A gente tá conseguindo
salvo conduto, habeas corpus,
autorizações judiciais para plantar.
Agora, para poder comprar maconha
na farmácia, com a bancada que a
gente tem no congresso, que é ‘boi,
bala e bíblia’, acho que vai demorar.
Não tem nem como mensurar... ainda
mais se vier Bolsonaro aí. Imagina...
Navaro: E como tu acha que dá pra
acelerar esse processo?
Eu acho que é informação. Eu sempre
bato nessa tecla. Informação tem que
chegar por todos os lados. Com revista,
numa maconha com capa e numa
revista coxinha. Tem que botar o assunto
em pauta e compartilhar. “ah,
mas eu não posso explanar muito, eu
não psoso botar a cara”, você tem
que fazer no micro também. Mostrar
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um documentário pra sua mãe, pro
seu brother. Você compartilhar conteúdos
já apoia e já te faz responsável
por eu estar fazendo isso aqui hoje,
olha que louco. Nem que seja votando,
você pode apoiar os candidatos
maconheiros. Eu legalizei em casa falando
“mãe, vamos assistir um filme”,
foi aos poucos, hoje em dia minha
mãe usa camiseta de maconha medicinal.
- O que você gostaria de dizer pra
quem acompanhou a entrevista até
aqui?
Obrigada pela paciência. Você
é uma pessoa foda, porque você lê.
Acho que é isso que precisa mais no
mundo. Não necessariamente uma
entrevista da Nah Brisa, mas vá ler
alguma coisa, vai estudar, vai buscar
informação e compartilhar isso da forma
que você puder, seja online, seja
off-line, seja lowprofile, seja como for,
se pocisione, porque é muito importante,
cara. Às vezes perguntam porque
não se pocisiona sobre outra coisa?
Porque não defende educação?
Mano, uma coisa etá tolamente ligada
à outra. Eu acho que a maconha
tá englobando tudo, eu já fiz até um
vídeo, “como a maconha pode salvar
o mundo”. Desde segurança pública,
até saúde, economia, a semente
super nutritiva, o óleo de cânhamo,
parece até redundante ter que ficar
falando... as vezes fico meio de cara,
é meio cansativo ficar repetindo. Mas
tem que dizer porque sempre chega
gente nova. Temos sempre que ficar
falando disso. A maconha industrial é
algo que se fala muito pouco. Tipo, o
medicinal é o apelo, mas o industrial
vai fazer a mudança, eu acho. H
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O que pensa
o maconheiro
eleitor do
Bolsonaro?
É
difícil entender como um político
como o Bolsonaro conseguiu
chegar a ter moral
para disputar as eleições presidenciais.
Mais difícil ainda
é compreender como uma personalidade
dessas chega a ser favorito
nas pesquisas eleitorais. Ele defende
o porte livre de armas. Odeia maconheiros,
minorias, mulheres e não tem
nenhuma vergonha de dizer que não
entende nada de economia. Ainda
assim, tem quem fume maconha e dedique
seu voto ao “mito”. É difícil demais
entender, mas tentamos...
O que será que pensa o maconheiro
que vota no Bolsonaro? Talvez
seja a pauta mais complexa do século.
Tentamos contato com pelo menos
três personagens, mas todos desvia-
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am do assunto. O primeiro, mesmo
após anos de defesa do político, disse,
em cima da hora, que seu voto
não é mais dele. Certamente também
não é do Lula, cuja prisão foi comemorada,
além da impugnação, claro.
Mas talvez seja passível de entendimento.
Esse amigo de longa data
não é bem um maconheiro. Só dá uns
tapas vez ou outra. Sua família é de
militares e, pessoalmente, ele já sofreu
alguns traumas devido a violência da
Cidade Maravilhosa. O sequestro relâmpago,
sofrido há anos, ainda hoje
reverbera em suas atitudes, alimentando
o medo da madrugada e dos “vagabundos”.
Mas a tropa de Bolsonaro não é
pequena. Encontramos outro maconheiro
declarando voto nele através
de uma postagem no Smoke Buddies.
Pena que ele bloqueou nosso contato
pelo Facebook e a conversa terminou
sem o mesmo apresentar os motivos
de votar neste sujeito. No pouco que
conversamos com este personagem, a
escolha do voto era justificada pela
proposta do candidato para “resolver”
o problema da violência.
Bolsonaro defende que vagabundo
bom é bandido morto. Esse é o
pensamento de muita gente que já
sofreu perdendo bens ou entes queridos
nas mãos da trágica violência.
Se a pessoa não compreender que o
ideal é acabarmos com a motivação
que leva ao crime, fica fácil entender
como optar por acabar com a bandidagem
na bala. O lance é que, com
repressão, todo mundo que lida com
a proibição sabe que o problema não
se resolve.
Matar mais, armar a população,
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aumentar investimento em segurança,
não são caminhos inteligentes para o
fim da violência. É apenas um discurso
eleitoreiro que acaba por captar
votos de todos os nichos, até entre
maconheiros.
“Todo mundo estando armado
gera uma situação de ‘impasse mexicano’,
onde o bandido fica acuado
de sacar a arma pois sabe que
outras pessoas também estão”, disse
um amigo maconheiro que defende o
porte de armas, mas nega votar no
Bolsonaro. Eu não sei como defender
isso sendo maconheiro, sabendo que,
infelizmente, uma boa parcela da sociedade
não curte muito a nossa tal
cultura canábica, nem o cheiro.
Aliás, esse é o maior problema de
ver Bolsonaro bem nas pesquisas. É
perceber que, ao nosso redor, estamos
cheios de pessoas que optam
pelo ódio, pelo radicalismo, pelo
não à empatia e, enfim, por ignorar
a necessidade de uma nova política
de drogas que ampare os milhões de
maconheiros que existem no Brasil. Viver
rodeado de bolsominions explica
parte da dificuldade que é lutar pela
legalização neste país.
É assim que a candidatura do
“mito” vai ganhando força. Movida
por pessoas que não querem argumentar,
pois é muito difícil compreender
a política, a economia, a divisão
de classes, o bolsa família, ou mesmo
a legalização.
Ser maconheiro não dá carteirinha
de fã de reggae a ninguém. Muito
menos convite expresso para a ideologia
de esquerda, ou liberal moderada.
Nada disso. O maconheiro que é
a favor do Bolsonaro, apesar de ser
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difícil de achar, existe. E sabemos disso
pois cada piada, cada post contrário,
rende reclamações e dezenas de
‘desseguidas’. Eles pensam em consonância
com a maioria da população,
nesse contexto de caos instaurado na
política e no próprio psicológico do
povo brasileiro. Querem salvação votando
em quem, de fato, nunca pensou
em nos salvar.
Uma eventual vitória de Bolsonaro
não é ruim apenas pelo atraso da sonhada
legalização da maconha. De
imediato, o que deve piorar para o
maconheiro é questão da tolerância,
com o aumento de ataques contra
quem ousar fumar um baseado na
rua, mesmo em locais consagrados
pelo fumacê, como o Posto 9 da praia
de Ipanema (RJ). Situação semelhante
acontece nos Estados Unidos de Donald
Trump, onde até os racistas da
KKK saíram do armário para fazer manifestações
de ódio pelas ruas. Com
Bolsonaro presidente pode ser que
os reaças saiam do armário e ainda
vão ter direito a porte de arma. Afinal,
estes são considerados “cidadãos de
bem”.
na frente das pesquisas, não costuma
responder às perguntas no debate ou
sabatinas. Em entrevista ao Jornal Nacional,
escreveu na mão “Deus, Família
e Brasil”, criando um factoide que virou
meme na web. Cada resposta atravessada
que ele manda parece causar
náuseas em quem odeia, mas ao mesmo
tempo desperta amor em quem o
idolatra.
Ninguém duvida que Bolsonaro é
um fenômeno da ignorância. Já ouvi
dezenas de militantes da maconha dizendo
que, caso ele seja eleito, a saída
para o Brasil, como diria Antônio
Carlos Jobim, vai ser o aeroporto internacional.
Talvez eles estejam certos.
Ou não. Por mais difícil que possa ser,
talvez sejamos sim capazes de suportar
e – quem sabe – até superar esse
trauma.
Não há nada garantido para o
lado do militar reformado, mas há
quem diga que é melhor ‘Jair’ se acostumando.
H
E agora, Jair?!
O líder popular aclamado pela
população dentro e fora do país está
preso e inelegível. A opinião de Bolsonaro
sobre isso foi: “O TSE fez o que
foi óbvio, a Lei da Ficha Limpa é clara.
Qualquer um no primeiro ano estudando
direito ou qualquer um rábula diria
que ele não pode disputar as eleições
porque já foi julgado e condenado em
segunda instância”, disse ao G1, em
caminhada pelo Acre.
O político, apesar de aparecer
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Crucificado Beck
de Cada dia
Se o Ras Geraldo continua preso
como o Rio de Janeiro continua lindo?
rindo, indo e vindo, como se nada…
Em São Paulo não há milagre
nem Brasília, nem Santo Amaro
o verde custa caro, como se fosse ouro
E a cobrança vem feito um touro
invade sua casa, revira sua vida
torpe cria, atura, chifres de ditadura
Desde a sagrada escritura
impressa em cânhamo por Guta
cruz, Jesus, saga, força e luta
Entre os comuns uma morte
censura prevista e sem norte
que exporta ao mundo o Cristo
Não fujo da brisa e insisto
toda força contra a planta
só nutre – levanta – nosso levante
Apóstolos, mais do que doze
avante! e pregai feito um cristão
o verde louro da legalização
Amem.
disse amem
não amém
sutil diferença, veja:
que assim surja
e não mais assim seja.
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40 anos do
Up in Smoke
por Cadu Oliveira
Quarenta anos depois do
lançamento, o filme Up in
Smoke segue sendo um
clássico inabalável da cultura
canábica mundial. Isso
porque, além de hilário, permanece
atual, com piadas sobre drogas e
proibição que não perderam a graça
ou, pelo contrário, curaram no tempo,
ficando ainda mais potentes. Cheech
e Chong são personagens interpretados
pelos comediantes Richard Marin
e Thomas Chong, que produziram álbuns
de humor durante a década de
70, até ganharem um filme.
Lançado em 78 e dirigido por Lou
Adler, o “Queimando Tudo”, como ficou
traduzido no Brasil, é o primeiro
longa da dupla. O filme, à época, foi
um sucesso de bilheteria e até hoje
arranca risadas de maconheiros de
todas as idades.
Essa parceria frutífera entre os dois
humoristas rendeu não só muita maco-
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nha como também um Grammy, quatro
discos de ouro e uma filmografia
considerável, que acumula milhões de
fãs pelo mundo todo, fora o direito de
se gabarem, eternamente, por terem
feito aquele que é, sem nenhuma dúvida,
o hemp movie mais icônico de
todos os tempos.
Se você não conhece a história,
não serei eu que vou estragar a surpresa.
Simplesmente aperte uns e assista.
A trama envolve conteúdo sobre
imigração mexicana e incompetência
policial, tráfico internacional e claro,
a boa dose de sexo, drogas e rock
n´ roll. Para comemorar o aniversário
de 40 anos, eles prepararam um incrível
box de colecionador que inclui
um novo documentário sobre o filme,
a trilha sonora regravada, um livro no
formato de vinil, pôster e, lógico...
sedas gigantes. “Já ouvimos todos os
tipos de histórias de como as pessoas
fizeram para apertar baseados gigantes
com os amigos”, afirmou Marin.
O filme é uma sensação dentro da
indústria cultural. Virou blusa, tapete,
quadros, memes e referências internacionais.
Quem já viu o filme e ouviu o
Planet Hemp, por exemplo, descobriu
de onde são alguns dos samples eternizados
da versão dublada em português
do longa como: “essa galera tá
fumando demais” e tantas outras. Essa
tendência não aconteceu só no Brasil.
O rapper Ice Cube esperava que sua
comédia canábica “Friday” se tornasse
um clássico como esse, comentou
certa vez. Bandas de rock como Soundgarden
e até o Korn já fizeram cover
dos sons da dupla. Fora as citações
célebres como o sample no álbum número
um do Eminem, Revival.
Assistir ao Up in Smoke hoje em
dia impressiona até mesmo o próprio
Chong. Ele se diz impressionado
como foram capazes de “prever” a
tônica cultural da cannabis de forma
contemporânea, mesmo após quatro
décadas. Para comemorar o aniversáveira
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io, ele escreveu uma nova letra para
a balada mexicana homônima ao longa
e eles gravaram ela novamente, os
dois juntos. Um dos versos modificados
diz “algumas coisas mudaram e
outras continuam na mesma / Agora
a brenfa é legal, mas eu continuo ilegal,
então nada mudou”, canta entre
pigarros e tosses.
No Brasil ainda hoje não há nenhum
filme especificamente sobre a
maconha, aquilo que poderíamos chamar
de Hemp Movie. Mas conheço
um doidão que sonha com esse dia.
Rafael Queiroga, ator, comediante,
roteirista e diretor de TV, explicou pra
gente porque ele acha que ainda chegamos
lá: “A produção nacional ainda
está muito atrelada aos grandes patrocinadores
que naturalmente investem
em filmes familiares ou nas clássicas
comédias pastelão mais universais nas
abordagens, por isso muito dificilmente
veremos o uso recreativo da cannabis
sendo um dos pontos contempláveis de
uma contrapartida social num projeto.
Acredito que o que falta, na verdade,
é um bom roteiro e uma frente de
apoio das marcas voltadas para esse
público”, disse Queiras, lembrando
também que “na verdade o roteiro eu
tenho, então o que falta mesmo é que
essas marcas me liguem”, finalizou, jogando
o verde.
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Acessórios para Extração
@loucuragreen
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É claro que a dupla Cheech e
Chong não tinham como imaginar o sucesso
que o filme faria. Imagina se alguém
lhes dissesse, em 78, que quando
chegassem em 2018 eles ainda
viveriam com suas atividades relacionadas
aos personagens. Provavelmente
seria uma piada. Mas foi exatamente o
que aconteceu. O perfil de ambos no
instagram mostra como seus investimentos
e relações seguem relacionados ao
universo da ganja. Mais do que isso,
o filme abriu portas para todo um novo
ramo de investimentos hollywoodianos.
Questionado sobre quais são seus
três hemp movies favoritos, Queiras
escolheu “Pra lá de Bagda, Madrugada
Muito Louca e Barato de Grace”,
todos clássicos mais recentes do estilo.
A dupla chicana, após o Up in
Smoke, lançou mais uma dezena de
filmes, todos com a maconha como
pontagonista, ops.
Se pensarmos a arte com seu bom
e velho papel de transformação social,
é possível entender que a piada sobre
a proibição, indo às telonas e fazendo
sucesso de bilheteria, é uma grande
militância. Imaginem as corporações
policiais tendo que conviver com o
deboche de suas ineficiências correndo
atrás de maconheiros, hippies sujos,
músicos doidões. O “Queimando
Tudo” tem isso do começo ao fim e
parte de sua graça e contemporaneidade
se deve a isso, pois no Brasil isso
pouco mudou de lá pra cá.
Cheech e Chong já foram parar
até nos Simpsons, no episódio “Um
Sonho Legal no meio do Verão”, de
2011. Marin chegou a participar do
seriado Lost e o Tommy Chong apareceu
na imperdível That ‘70s Show.
Ambos são parte da cultura popular
norte-americana e integram um capítulo
da contracultura canábica mundial.
Eternizados pela marola. Vida longa
à dupla. H
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Infelizmente o rapper e compositor partiu
antes que recebesse uma devida homenagem
com matéria de capa aqui na Hempada. Sem
dúvidas ele merecia isso.
Se você não tá ligado
na quantidade de maconheirice
contida nas letras
do Catra, então você simplesmente
não conhece a
obra dele.
Além de putaria, ele
sempre defendeu a liberdade
do consumo da
erva. Junto com o Planet
Hemp, foi um dos primeiros
a levantar essa bandeira
de forma ampla e
exmplanada.
O funk era seu habitat
natural mas seu último disco foi de Heavy Metal,
com a banda Os Templátrios. Ele cresceu
no morro do Borel, no RJ, era formado em Direito
e falava quatro línguas. O cantor deixou
várias esposas e cerca de 32 filhos.
A voz marcante e
a risada inconfundível
partiram no domingo,
dia 09/09/2018, às
15:20. Eternizado por
seu carisma, originalidade
e talento, Catra deixou
parcerias com grandes
nomes da música popular
brasileira como Caetano
Veloso, Marcelo D2, Lulu
Santos e tantos outros.
Clássico da cultura canábica
nacional é o seu
eterno hino “ô ô ô, cadê
o isqueiro?!, demorou formar,
o bonde dos maconheiros”, que sentimos
saudades já. Boa viagem, MC!
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Filme para Brisar...
Essa comédia vai fazer você
repensar o papel da mentira, o
sentido da vida e até mesmo a
veracidade da religião no mundo.
Trata-se de um roteiro muito
bem pensado que, apesar
de não ter maconha na trama,
certamente vai acender sua imaginação.
Intrigante, engraçado
e bem gravado, o filme vai narrar
a história hipotética do dia
em que a mentira foi inventada.
Primeiro é preciso conceber um
mundo em que só a verdade
existe. Consegue imaginar? O
longa está no catálogo do Netflix
então aperta logo um e dá o
play. Direção e roteiro por Ricky
Gervais e Matthew Robinson.
livro para Embrasar...
O novo livro do Paulo Coelho conta
com diversas passagens de referência
à maconha e haxixe. Afinal de contas,
o livro trata de uma viagem que começa
em Amsterdam e vai até o Nepal,
a bordo de um “ônibus mágico”, e
com excelente companhia. O estilo é
o mesmo, mistura narrativa fácil com
roteiro de viagem e pitadas de magia,
oração, boas energias, ensinamentos e
curiosidades sobre a fase mais hippie
do jovem mago, que à época era apenas
um ‘doidão’ sonhando ser escritor.
Ninguém duvida que ele conseguiu, afinal,
é o autor mais traduzido da língua
portuguesa e, com esta obra, retomou
o posto de destaque em livrarias de
todo país. Vale a pena ler.
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