16.01.2018 Views

Hempada #09 - Cobertura Especial na ExpoCannabis Uruguai

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Janeiro 2018<br />

<strong>#09</strong><br />

Projeto 09.indd 1 02/01/2018 20:11:45


Se você tiver gra<strong>na</strong> e tempo sobrando,<br />

dê prioridade a pousar no aeroporto<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de Carrasco, em Montevideo.<br />

A sua experiência certamente vai<br />

valer a pe<strong>na</strong>. Imagi<strong>na</strong> fumar um pelas<br />

ruas <strong>na</strong> cidade que é, talvez, a de melhor<br />

qualidade de vida de toda América<br />

Lati<strong>na</strong>. Dessa vez fomos lá cobrir a Expo-<br />

Can<strong>na</strong>bis, que rola sempre no fi<strong>na</strong>l do<br />

ano. O que mais tinha <strong>na</strong> feira foi planta<br />

por todo lado, por isso a capa é um retrato<br />

de um dos pés presentes no evento.<br />

Para compor essa edição de início de<br />

ano, temos uma oração para embalar o<br />

bom combate exercido por cada um de<br />

nós. Além disso, rolou uma reportagem<br />

resumo do passeio do nosso colaborador<br />

diretamente de Amsterdam. Ainda no clima<br />

do comecinho de 2018, tem também<br />

uma matéria para embalar os blocos de<br />

car<strong>na</strong>val canábicos que existem no Brasil.<br />

Outra matéria especial é sobre a<br />

qualidade da maconha fumada por<br />

aqui, que todo mundo sabe que não<br />

é das melhores. No texto a gente explica<br />

porque, além disso, ela pode ser<br />

considerada uma das piores do planeta.<br />

O que ajuda a compor a revista,<br />

como sempre, são as belas representações<br />

artísticas e indicações culturais,<br />

que não poderiam faltar.<br />

O <strong>Uruguai</strong> é um país e tanto. Por mim,<br />

a vontade era mesmo ficar por lá. Mas<br />

<strong>na</strong> impossibilidade disso, talvez a melhor<br />

solução seja mesmo conseguirmos fazer<br />

com que o Brasil, de norte a sul, um dia<br />

consiga gozar de tamanha liberdade.<br />

Tudo bem que talvez não tenhamos um<br />

doce de leite tão gostoso quanto o deles,<br />

mas começar por assumir a urgência<br />

de se legalizar todo o ciclo de consumo<br />

e venda de maconha já é um bom começo,<br />

não?<br />

Mais uma vez, muito obrigado por<br />

cada um que apoia esse projeto. Por<br />

cada assi<strong>na</strong>nte e anunciante, máximo<br />

respeito. Vocês fi<strong>na</strong>nciam uma iniciativa<br />

histórica, que preza por tirar o Brasil do<br />

obscurantismo da falta de informação e<br />

representar um veículo de mídia impressa<br />

independente e ativo. O nosso país merece<br />

uma revista mensal sobre maconha.<br />

E agora tem. Graças a você. Obrigado,<br />

de coração. E até mês que vem.<br />

Car<strong>na</strong>val e Maconha<br />

Expo Can<strong>na</strong>bis Montevideo<br />

Notícias do Mês<br />

Poesia<br />

Pior maconha do Mundo<br />

Can<strong>na</strong>bis Cup Amsterdam<br />

04<br />

09<br />

18<br />

21<br />

23<br />

28<br />

Redação: João Henriques, Cadu Oliveira,<br />

Danilo Crispim Massuela, Baco Paez, S.M.<br />

Hermes<br />

Arte da Capa: Lissandro Garrido<br />

Tirinhas: Felipe Navarro<br />

Contato: hempadao@gmail.com<br />

Projeto 09.indd 2 02/01/2018 20:11:46


assine e receba em casa:<br />

apoia.se/<br />

HEMPADAO<br />

ira,<br />

M.<br />

m<br />

Projeto 09.indd 3 02/01/2018 20:11:47


Dave Coutinho<br />

(Smoke Buddies)<br />

Blocos de Car<strong>na</strong>val Canábicos<br />

por S.M. Hermes<br />

Os blocos de car<strong>na</strong>val<br />

no Brasil são em suma<br />

formados por um conjunto<br />

de pessoas cheias<br />

de energia e com uma<br />

felicidade contagiante que desfilam<br />

fantasiadas ou não pelas ruas de sua<br />

respectiva cidade. A tradição teve início<br />

no Rio de Janeiro do século XIX<br />

quando os primeiros blocos tomavam<br />

a cidade com o intuito de festejar o<br />

car<strong>na</strong>val pelas ruas cariocas.<br />

Atualmente existem variados tipos<br />

e formatos de blocos de car<strong>na</strong>val espalhados<br />

por todo Brasil que saem às<br />

ruas celebrando o dito “Maior Espetáculo<br />

da Terra”. Rio de Janeiro com o<br />

Cordão da Bola Preta, Recife com o<br />

Galo da Madrugada, Olinda com o<br />

Bacalhau do Batata, Salvador e São<br />

Paulo são as cidades que abrigam os<br />

maiores blocos de rua do país.<br />

Como o car<strong>na</strong>val é sinônimo de<br />

alegria, interação, paz e amor, obviamente<br />

a Can<strong>na</strong>bis tem lugar cativo<br />

entre vários foliões Brasil afora — que<br />

fazem sua cabeça e ao mesmo tempo<br />

mantem o respeito buscando cada<br />

vez mais igualdade e liberdade para<br />

todos. Assim semeando e cultivando<br />

uma posição militante e de extrema importância<br />

nessa luta.<br />

Pois car<strong>na</strong>val também se faz com<br />

lutas políticas que trazem à to<strong>na</strong> questões<br />

e problemas pontuais da sociedade<br />

como racismo, sexismo, causa<br />

LGBT, entre outras lutas populares.<br />

Estimulando os indivíduos a contestarem<br />

e transgredirem leis opressoras do<br />

atual sistema político e social brasileiro<br />

— para então quem sabe alcançarmos<br />

uma realidade menos problemática e<br />

<strong>Hempada</strong> | 4 <br />

Projeto 09.indd 4 02/01/2018 20:11:49


utinho<br />

Buddies)<br />

mes<br />

COLEÇÃO 2018<br />

<strong>Hempada</strong> | 5 <br />

Projeto 09.indd 5 02/01/2018 20:11:50


que favoreça os mais necessitados.<br />

“O Car<strong>na</strong>val sempre foi um ato<br />

político. Na Primeira República, a<br />

população negra utilizou o Car<strong>na</strong>val<br />

para afirmar sua autonomia. Hoje, é<br />

um grande espaço de crítica política e<br />

social. No Car<strong>na</strong>val, o humor e o sarcasmo<br />

funcio<strong>na</strong>m como arma de transgressão<br />

política. A brincadeira é uma<br />

forma de manifestação”, explicou Eric<br />

Brasil, autor do livro “A corte em festa:<br />

experiências negras em car<strong>na</strong>vais do<br />

Rio de Janeiro”, no artigo do The Intercept<br />

Brasil publicado no dia 12 de<br />

janeiro de 2017.<br />

A cada ano os blocos canábicos<br />

vêm crescendo e ganhando mais<br />

adeptos em diversos lugares do país.<br />

Planta <strong>na</strong> Mente do Rio de Janeiro, Bloco<br />

do Manjericão de Belo Horizente,<br />

BatuCan<strong>na</strong>bis de Curitiba, IemanJah<br />

Rastafari de Vitória, Kaya <strong>na</strong> Gandaia<br />

e Bloco da Liberdade de São Paulo<br />

capital e BloCan<strong>na</strong>bis de Brasília são<br />

alguns dos blocos que foram às ruas<br />

em 2017.<br />

Assim como o precursor dos blocos<br />

canábicos no Brasil, o Segura a Coisa<br />

de Olinda que desfila pelas ruas da cidade<br />

per<strong>na</strong>mbuca<strong>na</strong> desde 1975 entoando<br />

seu hino composto por Miúcha<br />

Buarque: “Segura coisa; Que eu chego<br />

já; Eu não me seguro, tenho que pular;<br />

Quero me perder; Quero me encontrar;<br />

Belotur<br />

<strong>Hempada</strong> | 6 <br />

Projeto 09.indd 6 02/01/2018 20:11:51


Dave Coutinho<br />

Belotur<br />

Perto de você; Quando a loucura começar!”.<br />

O Cordão da Bola Presa é outro bloco<br />

canábico atuante no car<strong>na</strong>val brasileiro.<br />

“O bloco surgiu em 2014 <strong>na</strong> cidade<br />

de Atibaia por iniciativa do coletivo “Alterando<br />

a Consciência” que promove diversas<br />

atividades em prol da legalização<br />

da maconha, uma delas é o Cordão da<br />

Bola Presa, primeiro bloco canábico do<br />

estado de São Paulo”, explicou a organização<br />

do bloco.<br />

Conversamos com um dos integrantes<br />

do bloco e a entrevista está a seguir:<br />

- Qual é o objetivo do Cordão da<br />

Bola Presa?<br />

“Difundir a cultura canábica e desmistificar<br />

a maconha perante a sociedade,<br />

o Cordão chega como uma alter<strong>na</strong>tiva<br />

independente à comercialização do<br />

car<strong>na</strong>val <strong>na</strong> cidade e ao mesmo tempo<br />

abrindo uma porta em um ambiente descontraído<br />

para que os maconheiros possam<br />

sair do armário.”<br />

- Quais são as regras do rolê?<br />

“Partimos do princípio da cooperação<br />

e respeito mútuo por todas as crenças e<br />

escolhas pessoais, procuramos proporcio<strong>na</strong>r<br />

um ambiente onde todos sejam<br />

respeitados, qualquer conduta opressora<br />

ou discrimi<strong>na</strong>tória é repudiada!”<br />

- Quais são as maiores satisfações e<br />

problemas enfrentados pelo bloco?<br />

“A maior satisfação foi ter conseguido<br />

juntar pessoas comprometidas com a<br />

causa canábica, no samba e <strong>na</strong>s artes<br />

em um movimento popular autônomo,<br />

de rua, totalmente autogestio<strong>na</strong>do que<br />

já vem para o quinto ano quebrando<br />

paradigmas <strong>na</strong> conservadora Atibaia. E<br />

os problemas geralmente são de ordem<br />

fi<strong>na</strong>nceira que com cooperação acabamos<br />

sempre superando.” H<br />

<strong>Hempada</strong> | 7 <br />

Projeto 09.indd 7 02/01/2018 20:11:53


C<br />

M<br />

Y<br />

CM<br />

MY<br />

CY<br />

CMY<br />

K<br />

<strong>Hempada</strong> | 8 <br />

Projeto 09.indd 8 02/01/2018 20:11:54


Experiência <strong>na</strong> Expo Can<strong>na</strong>bis<br />

Montevideo 2017<br />

por Cadu Oliveira<br />

No segundo fi<strong>na</strong>l de sema<strong>na</strong><br />

de dezembro a cidade de<br />

Montevideo foi, mais uma<br />

vez, sede da ExpoCan<strong>na</strong>bis.<br />

Calcula-se que cerca de 10 mil pessoas<br />

compareceram aos três dias de evento.<br />

Stands, palestras, shows e espaços gastronômicos<br />

eram as opções do cardápio<br />

canábico da feira, que estava repleta<br />

de brasileiros. Marcamos presença nos<br />

três dias, observando a movimentação e<br />

compartilhando o prazer de conhecer a<br />

galera que acompanha nosso trabalho.<br />

Paraná, Pará, Rio de Janeiro, São Paulo,<br />

Curitiba, Florianópolis e até Fortaleza,<br />

conheci gente de todos esses lugares por<br />

lá. Além de amigos e muitos contatos, o<br />

que mais se fazia era fumaça. Quase<br />

<strong>na</strong>da <strong>na</strong> parte interior da Expo, onde estavam<br />

os stands, pois a galera preferia<br />

tacar fogo <strong>na</strong> área exter<strong>na</strong>. Para o bom<br />

aproveitamento da brisa de todos os<br />

presentes, a organização disponibilizou<br />

mesas de ping-pong, pebolim, tangas e<br />

almofadas dispostas <strong>na</strong> grama, uma máqui<strong>na</strong><br />

de surfe ao estilo “touro mecânico”<br />

e até um mega escorregador inflável.<br />

Cheguei no dia 7 de dezembro, um<br />

dia antes da primeira data da Expo. No<br />

hotel onde fiquei hospedado estava um<br />

grupo de pelo menos 10 outros brasileiros,<br />

todos que também viajaram exclusivamente<br />

para conhecer a feira. A maioria<br />

estava indo pela primeira vez. Dentre<br />

eles, Mandacaru, autor da revista Maconha<br />

Brasil, com que tive a honra de viajar<br />

em diversas missões de jor<strong>na</strong>lismo canábico<br />

em copas pela América Lati<strong>na</strong>. Como<br />

a galera chegou antes de mim, já estavam<br />

todos devidamente armados. Quer<br />

dizer, “armando” seus “porros’, como<br />

dizem por lá, “apertar” um “baseado”.<br />

O caminho das pedras para se achar<br />

um bom fumo no <strong>Uruguai</strong> ainda está pela<br />

Projeto 09.indd 9 02/01/2018 20:11:55


sombra. Se você tiver bons contatos, vai<br />

conseguir, certamente. Se não, o jeito é<br />

trocar ideia em Headshops, Hostels e estabelecimentos<br />

“enfumaçados” tais quais<br />

você já deve conhecer bem. Infelizmente,<br />

a prática de venda de maconha à turistas<br />

ainda é ilegal, o que embaça um pouco<br />

a viagem. Afi<strong>na</strong>l, mesmo quando encontrada,<br />

a erva não é lá muito em conta,<br />

podendo custar até 20 dólares um grama.<br />

Na sexta, dia 8, os portões para imprensa<br />

abriam às 14 horas, mas chegamos<br />

cerca de meio dia. Claro que tentamos entrar,<br />

para conferir os primeiros passos da<br />

arrumação, mas não rolou. Com organização<br />

rígida, a galera começou a entrar<br />

com alguns minutos de atraso, no horário<br />

marcado, assim como os profissio<strong>na</strong>is de<br />

imprensa. O evento ocorreu no espaço<br />

chamado LATU (Laboratório Tecnológico<br />

del Uruguay), usando ape<strong>na</strong>s um dos<br />

tantos pavilhões do imenso local. Logo no<br />

hall de entrada, já era possível observar diversos<br />

pés de maconha dispostos em uma<br />

pirâmide de três degraus, or<strong>na</strong>mentando<br />

de forma triunfal a chegada dos visitantes.<br />

Por ali, muita gente fazia selfies ou passava<br />

alguns minutos observando de perto a<br />

<strong>na</strong>tureza da can<strong>na</strong>bis.<br />

Também <strong>na</strong> entrada, estava o stand do<br />

Museu del Can<strong>na</strong>bis de Montevideo, assim<br />

como a barraquinha do evento, onde<br />

era possível comprar o copo da Expo,<br />

com ou sem o cordão e também o boné<br />

oficial do evento, feito em cânhamo. Além<br />

das plantas em estágio vegetativo, outros<br />

pés estavam em exposição, no stand da<br />

Hemp-T, sendo esses em flora avançada.<br />

Dali saiu a foto que ilustra a capa dessa<br />

edição. Que cores...<br />

Invadindo a Feira<br />

A parte de stands do evento era formada<br />

por três corredores repletos de<br />

barracas por todos os lados. Dentre os<br />

Projeto 09.indd 10 02/01/2018 20:11:58


maiores destaques desta edição, certamente<br />

estão as prensas Rosin, que podiam<br />

ser utilizadas em diversos pontos da<br />

Expo. Outro ponto forte da feira eram os<br />

picos de vendas de sementes. Conheci<br />

pelo menos dois brasileiros que foram a<br />

Montevideo praticamente com a missão<br />

exclusiva de levar boas variedades aos<br />

amigos do Brasil, além de curtir o evento,<br />

claro.<br />

O banco com maior adesão entre o<br />

público do Brasil foi o BSF Seeds, que cativou<br />

diversos clientes: “Vai ser meu primeiro<br />

cultivo. Estou levando seis seeds, três<br />

Gorila Glue e três Headhunters”, disse<br />

um dos presentes. Já outro, voltou com a<br />

mala um pouco mais cheia: “Estou levando<br />

25 sementes. Do banco Maconha<br />

Seed Bank, três de cada e algumas 24K,<br />

do BSF”, confessou. O preço médio de<br />

cada sementinha estava custando entre<br />

20 e 30 reais.<br />

Tinha de tudo <strong>na</strong> Expo! Desde pés<br />

de maconha enfeitando vários stands<br />

até uma impressora 3D trabalhando com<br />

fios de cânhamo. Também havia opções<br />

gastronômicas no interior do centro de<br />

convenções, onde as barracas se revezavam<br />

entre produtos de fumício, fertilizantes,<br />

marcas de substrato, growshops<br />

e até uma tenda do Ministério de Pesca<br />

e Agricultura do <strong>Uruguai</strong>.<br />

Fui buscar alguns produtos destaques,<br />

coisas diferentes, apetrechos nunca antes<br />

vistos. Achei dois bem interessantes. Ambos<br />

feito de aço inox. Primeiro, um porta<br />

beck totalmente hermético onde havia,<br />

<strong>na</strong> tampa, um compartimento para guardar<br />

aquele saquinho “boveda”, umidificador<br />

de ervas. Com diferentes tamanhos,<br />

era possível achar potes a partir de 800<br />

pesos (uns 90 reais), capazes de armaze<strong>na</strong>r<br />

até 10g de um bom bagulho. Outro<br />

que chamava atenção <strong>na</strong> feira era o<br />

mega-tubo de extração Loucura Green.<br />

Capaz de armaze<strong>na</strong>r a partir de 180g<br />

Projeto 09.indd 11 02/01/2018 20:12:01


de trimer, o produto foi fabricado aqui no<br />

Brasil e tem a especialidade de permitir a<br />

utilização de três latas de gás ao mesmo<br />

tempo, para extração do BHO. O tubo<br />

sai por 900 reais, mas é uma peça para<br />

a vida inteira. Tive a honra de acompanhar<br />

uma fabricação de óleo com esse<br />

tubo, dias após a feira, mas isso já é assunto<br />

para uma outra edição.<br />

Não há como deixar de destacar o<br />

envolvimento brasileiro com a ExpoCan<strong>na</strong>bis.<br />

Na parte da feira, estávamos<br />

representados pelo espaço coletivo<br />

do Stand 55, onde dividiram espaço o<br />

Smoke Buddies, com peças iradas de<br />

vestuários que viraram vapor; a Sediña,<br />

que representou a ce<strong>na</strong> e o ativismo, tendo<br />

levado vloggers canábicos para passear<br />

em Montevideo; e a Micasa420,<br />

que proporcionou, <strong>na</strong> Expo, uma vivência<br />

diferenciada através do XapaXa<strong>na</strong> e<br />

até mesmo uma tatuadora rabiscando ao<br />

vivo lançando a erva <strong>na</strong> pele da galera.<br />

Outra representação <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l foi da<br />

galera da PuffLife, que estavam comercializando<br />

seus cases para marofa em dois<br />

tamanhos, a versão padrão e slim. A caixa<br />

promete ser anti-odor, resiste a água<br />

e ao impacto, ou seja, ideal para você<br />

guardar sua erva, seu vap, e todas as ferramentas<br />

que acompanham o bom maconheiro.<br />

“Foi bom, cara... conseguimos<br />

vender, mostrar a marca e o principal foi<br />

conseguir fechar com um representante<br />

local para fazer distribuição dos nossos<br />

produtos aqui”, disse um dos sócios.<br />

Também completaram o time de<br />

brasileiros a marca de sedas Bem Bolado,<br />

e a de piteiras, Yellow Fingers. A<br />

SquadaFum também chegou a marcar<br />

presença, mas infelizmente tiveram seus<br />

produtos retidos pela alfandega do país<br />

vizinho. “Infelizmente a gente não conseguiu<br />

expor nossos produtos, mas a gente<br />

está firme e forte representando, conversando,<br />

trocando ideia, compartilhando,<br />

fazendo todo o corre que tem que fazer”,<br />

afirmou Jarrão, que se comprometeu<br />

a retirar os produtos <strong>na</strong> adua<strong>na</strong> do<br />

aeroporto, <strong>na</strong> hora de voltar ao Brasil.<br />

Questio<strong>na</strong>do sobre a feira, do ponto<br />

de vista de visitante, ele disse: “A feira<br />

Projeto 09.indd 12 02/01/2018 20:12:03


é ótima, a organização é ótima, o lugar<br />

é foda pra caralho, e esse ano a gente<br />

dominou, né... só deu brazuca aqui,<br />

mano”, completou rindo.<br />

Entre shows e palestras<br />

E não é que domi<strong>na</strong>mos, de certa forma,<br />

até a programação das “charlas”. Acompanhei<br />

duas palestras inteiras e alguns<br />

flashs de outras, com perso<strong>na</strong>lidades de<br />

renome <strong>na</strong> política de drogas uruguaia.<br />

Logo no primeiro dia, falando sobre os<br />

efeitos da can<strong>na</strong>bis e os ca<strong>na</strong>binóides<br />

sobre a saúde, a Dra. Raquel Peyraube,<br />

deu uma verdadeira aula, com parte I <strong>na</strong><br />

sexta e parte II no domingo. Ainda no primeiro<br />

dia, <strong>na</strong> sala de convenção, rolou<br />

também um Fórum Político da Can<strong>na</strong>bis e<br />

uma apresentação sobre maconha medici<strong>na</strong>l<br />

utilizada no tratamento de crianças<br />

com epilepsia refratária, explicada com<br />

cuidado pela Dra. Andrea Rey.<br />

Lá pelas 7 da noite, o céu ainda<br />

estava claro e a festa só começando.<br />

Mas <strong>na</strong> sala de palestras quem estava<br />

falando sobre as evidências científicas e<br />

do potencial terapêutico dos extratos de<br />

maconha era o Dr. Fabricio Pamplo<strong>na</strong>.<br />

“Existe uma concepção popular de que<br />

o CBD é a melhor ideia, e todo mundo<br />

só fala do CBD, mas a verdade é que a<br />

maioria dos pacientes está tendo acesso<br />

a óleo de cânhamo”, lembrou, ao falar<br />

sobre o início da possibilidade de importação<br />

dos extratos para tratamento de<br />

brasileiros.<br />

“Dizer que o Brasil tem 2, 3 mil pacientes<br />

de maconha medici<strong>na</strong>l é uma mentira.<br />

E uma mentira que estão contando publicamente.<br />

Em verdade, seriam milhões”,<br />

disparou Fabrício ao microfone, num espanhol<br />

que soou em boa compreensão<br />

ao auditório bem repleto. Na saída, a<br />

noite já cobria o evento e o gramado se<br />

transformou em um grande tapete onde o<br />

<strong>Hempada</strong> | 13 <br />

Projeto 09.indd 13 02/01/2018 20:12:05


público sentava para apertar as saideiras<br />

do dia, ouvindo o show da banda “Contra<br />

Las Cuerdas”.<br />

No dia seguinte, a médica uruguaia<br />

Raquel Peyraube falou sobre “O que<br />

perguntam e o que necessitam saber os<br />

médicos e os pacientes sobre a can<strong>na</strong>bis<br />

medici<strong>na</strong>l”. Às 16 horas mais um brasileiro<br />

tomou conta do mic. Era o militante<br />

e colega de profissão, Matias Maxx,<br />

recentemente premiado com uma bolsa<br />

da agência Pública para produzir uma<br />

reportagem especial sobre como o prensado,<br />

consumido no Brasil, é feito lá no<br />

Paraguai. Esse era o tema da palestra,<br />

que conseguiu entreter e informar a plateia<br />

de forma ple<strong>na</strong>, com direito a galera<br />

pedindo para tirar foto com o Capitão<br />

Presença (perso<strong>na</strong>gem de Ar<strong>na</strong>ldo Branco<br />

inspirado no jor<strong>na</strong>lista e fotógrafo fumeta<br />

carioca) e tudo, no fi<strong>na</strong>l.<br />

Ainda no sábado rolou também o<br />

Fórum da Can<strong>na</strong>bis no <strong>Uruguai</strong> Hoje,<br />

encerrando os trabalhos do dia com participação<br />

de mesa cheia contando, inclusive,<br />

com membros do governo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l,<br />

como representantes do IRCCA, o Instituto<br />

de Regulação e Controle da Can<strong>na</strong>bis.<br />

Nesse dia, quem terminou a programação<br />

cultural foi a banda “Congo”, entoando<br />

clássicos do reggae mundial como<br />

Bob Marley, Jimmy Cliff e Peter Tosh. No<br />

dia seguinte, às 20h, os últimos acordes<br />

soaram com a banda “Senda 7”, grupo<br />

de amigos que se uniram em Montevideo<br />

para fazer boa música. Sucesso total.<br />

Os destaques do domingo ficaram por<br />

conta da “Carpa de Cultivo”, localizada no<br />

jardim, era como uma tenda onde cerca de<br />

30 pessoas podiam se encontrar para ouvir<br />

bate-papos interessantes como o “Cultivo<br />

Vegano, Método Gulliver para Iniciantes”,<br />

apresentado por Talita Chef e Dr. Sativa.<br />

Nos três dias, rolou por lá Introdução ao<br />

Cultivo ministrada pela galera da Urugrow.<br />

Ainda no domingo, pra fechar, no centro<br />

de conferência, a última atividade foi dos<br />

brazucas Matias e Daniel Paiva, que passaram<br />

seu documentário sobre o processo<br />

de legalização no <strong>Uruguai</strong>, gravado em<br />

2014 e 15. Sobre o que achou do evento,<br />

como um todo, Daniel disse que “o evento<br />

bem é legal, gostei das bandas. Teve música<br />

muito boa. Então se fosse um festival de<br />

música, já seria um bom festival, pois todo<br />

dia teve bandas boas”, confirmou.<br />

<strong>Hempada</strong> | 14 <br />

Projeto 09.indd 14 02/01/2018 20:12:07


smart<br />

grow Nutrients<br />

Projeto 09.indd 15 02/01/2018 20:12:07


Que encontro, que momento!<br />

Não há como negar que a quantidade<br />

de brasileiros <strong>na</strong> feira é um fenômeno<br />

a parte <strong>na</strong> ExpoCan<strong>na</strong>bis. Passando<br />

um pano rápido sobre essa invasão,<br />

basta lembrar que, ainda ao embarcar,<br />

no aeroporto do Rio, já encontrei meu<br />

camarada de longa data, Tomazine.<br />

Também <strong>na</strong> fila, estava o Gustavo, um<br />

flamenguista do Paraná tão gente fi<strong>na</strong><br />

que virou brother. E ainda um casal 420<br />

do interior do Rio, também viajando<br />

para a Expo. Tudo no mesmo voo. Que<br />

viagem, não?!<br />

Por lá, no hotel, no hostel, no mercado,<br />

nos restaurantes, toda hora encontramos<br />

gente do Brasil. Sendo assim, mesmo que<br />

a questão do acesso à maconha para turistas<br />

ainda não esteja regularizada, fica<br />

mais fácil encontrar as boas. O caminho<br />

das pedras, quer dizer, das plantas, é<br />

difícil, mas existe. É possível fumar pelas<br />

ruas sem nenhum problema, mas também<br />

não vá achando que o cidadão uruguaio<br />

acha isso bom. Num dos dias, apertei um<br />

e fui pelas ruas buscar larica e uma cerva<br />

local. Ao entrar <strong>na</strong> pizzaria, o atendente<br />

logo me perguntou: “Fumaste un<br />

terrible porro?”, o que <strong>na</strong> tradução livre<br />

seria tipo: “Fumou um baseadão agora,<br />

hein?”, mas <strong>na</strong> onda, respondi: “terrible<br />

no, buenísimo”, fazendo-o rir.<br />

Enquanto o consenso quase total entre<br />

os taxistas e ubers de Montevideo é<br />

falar mal do Mujica e sua mulher, dizendo<br />

que eram “assassinos, matavam sem<br />

pe<strong>na</strong>, bons de tiro e etc”, um ou outro é<br />

a favor da legalização. E outros, até fumaram<br />

conosco. Um deixou acender no<br />

carro, sem problema. E outro, sacou um<br />

pipe, deu uns puxões, e passou a bola.<br />

Projeto 09.indd 16 02/01/2018 20:12:09


Tendo ainda realizado a manobra de,<br />

enquanto dirigia, jogar fora a erva queimada,<br />

reabastecer o cachimbinho e dar<br />

mais um tapa, passando em frente.<br />

Come-se bem em Montevideo. Cuidado<br />

com os pratos individuais de milanesas.<br />

Afi<strong>na</strong>l, a maconha deles é boa,<br />

mas não dá essa larica toda. Vão dizer<br />

que é pra um, mas dá pra dois fácil.<br />

E vive-se muito bem em Montevideo,<br />

embora o custo de vida seja alto. Nos<br />

últimos dias da minha estadia, fiquei<br />

no Tibet Hostel, um espaço totalmente<br />

smoking friendly, onde conheci vários<br />

camaradas conhecedores e apaixo<strong>na</strong>dos<br />

pela erva.<br />

Na feira, encontrei a amiga de militância<br />

Nah Brisa, assim como artistas maconheiros<br />

da ce<strong>na</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l como o Vela<br />

e o Mc Eltin. Outras presenças ilustres<br />

foram do irmão THCProcê e também de<br />

Ubirajara Ramos, autor do livro “Tá todo<br />

mundo enga<strong>na</strong>do”. Parte interessante da<br />

viagem foi também participar da Ce<strong>na</strong><br />

Canábica, onde conheci o artista plástico<br />

LP, de 57 anos, maconheiro desde os<br />

17. Organizada por brasileiros, o evento<br />

lotou uma casa do centro histórico promovendo<br />

experimentação de comestíveis a<br />

base de can<strong>na</strong>bis e também degustação<br />

do DAB. Foi uma honra participar, conhecer<br />

cada um dos presentes e compartilhar<br />

aquele momento.<br />

A expo terminou no domingo e fiquei<br />

em Montevideo até quinta. Tempo suficiente<br />

para perambular, botar os pés<br />

<strong>na</strong> praia e conhecer um pouco mais da<br />

cultura local. Ao fotógrafo, que vende<br />

imagens feitas com drone aos turistas<br />

que vão visitar o tradicio<strong>na</strong>l ponto com<br />

as letras gigantes formando o nome da<br />

cidade, perguntei qual a porcentagem<br />

de brasileiros ele atende e a resposta<br />

foi “cinquenta por cento”, enquanto a<br />

outra metade seria composta por argentinos,<br />

chilenos, uruguaios e etc. Sendo<br />

assim, ao entrevistar a organizadora<br />

do evento, Mercedes Ponce de León,<br />

não pude deixar de perguntar se os<br />

brasileiros se comportaram ou deram<br />

trabalho. No que ela riu e disse que “os<br />

brasileiros são a alegria da festa”, <strong>na</strong><br />

sequência agradecendo e convidando<br />

todo mundo para conhecer o país e<br />

seu histórico de regulamentação. Nos<br />

resta dizer parabéns à organização e<br />

que esse ano tenha muito mais. Nos<br />

vemos lá. H<br />

<strong>Hempada</strong> | 17 <br />

Projeto 09.indd 17 02/01/2018 20:12:11


Legalização<br />

a vista<br />

Se Liga,<br />

Tio Sam<br />

É f<br />

A partilha do imposto arrecadado<br />

com a venda de maconha legalizada<br />

no Ca<strong>na</strong>dá já está definida. O governo<br />

federal vai ficar com 25% dos tributos<br />

e os demais 75% serão divididos<br />

entre províncias e territórios. A venda de<br />

maconha legalizada está prevista para<br />

começar em 1º de julho de 2018.<br />

Aí sim!<br />

A Organização Mundial da Saúde<br />

criticou a legislação federal proibicionista<br />

dos Estados Unidos, que ainda mantém a<br />

maconha <strong>na</strong> ilegalidade e desconsidera<br />

os efeitos medici<strong>na</strong>is da erva, benéfica no<br />

tratamento de diversas doenças.<br />

Medicinol<br />

Vi<br />

A Comissão de Direitos Humanos<br />

e Legislação Participativa (CDH) do<br />

Se<strong>na</strong>do aprovou o relatório da se<strong>na</strong>dora<br />

Marta Suplicy (PMDB-SP), favorável<br />

à apresentação de um projeto<br />

de lei para descrimi<strong>na</strong>lizar o uso da<br />

maconha para fins medici<strong>na</strong>is.<br />

Em Portugal, o Bloco de Esquerda<br />

deve protocolar um projeto para regular<br />

o uso medici<strong>na</strong>l da maconha, permitindo<br />

que médicos prescrevam a erva e pacientes<br />

possam comprar a can<strong>na</strong>bis <strong>na</strong> farmácia<br />

ou cultivar a planta para produzir o<br />

próprio medicamento.<br />

<strong>Hempada</strong> | 18 <br />

Projeto 09.indd 18 02/01/2018 20:12:12


Dezembro/17<br />

a,<br />

m<br />

É fogo...<br />

Evolução<br />

Cultivadores de maconha da Califórnia<br />

estão amargando prejuízos devido<br />

aos incêndios que mataram mais de<br />

43 pessoas e destruíram mais da metade<br />

da área de cultivo, chamada de<br />

“Triângulo Esmeralda”.<br />

A Justiça Federal <strong>na</strong> Paraíba (JFPB)<br />

decidiu que a Associação Brasileira de<br />

Apoio Can<strong>na</strong>bis Esperança (Abrace),<br />

em João Pessoa, pode manter o cultivo<br />

e manipulação da maconha para fins<br />

medici<strong>na</strong>is. A decisão confirma a limi<strong>na</strong>r<br />

de abril deste ano.<br />

Vivaaa...<br />

Batizada<br />

Em Las Vegas, a Black Friday chegou<br />

aos dispensários para venda de maconha.<br />

Os consumidores, beneficiados pela recente<br />

legalização conseguiram comprar um<br />

fumo de alto nível com descontos de até<br />

35%. O preço de um pacote com cerca<br />

de 3 gramas de maconha caiu de US$ 53<br />

(cerca de R$ 171) para US$ 35 (cerca<br />

de R$ 113).<br />

Duas igrejas localizadas <strong>na</strong> Califórnia<br />

foram obrigadas a suspender a entrega de<br />

maconha a seus membros, pois não estão<br />

registradas como ponto de venda. Para a Iglesia<br />

Nativa de Oklevueha, o ato de fumar a<br />

erva é um sacramento que permite uma parte<br />

indispensável da viagem espiritual. A outra, a<br />

Iglesia del Valle de Coachella, defende os benefícios<br />

da maconha para a mente e a alma.<br />

Projeto 09.indd 19 02/01/2018 20:12:13


Oração para<br />

o ano que Vem<br />

Jah nos guie<br />

e guiará<br />

pelo caminho do bem<br />

no bom combate<br />

Da honestidade<br />

e caos que advém<br />

saravá<br />

Jah espie<br />

Vistamos as roupas<br />

e armas de Jorge<br />

pois o inimigo tem fardas<br />

leis, cela, carros e tropas<br />

Nós temos a cara à tapa,<br />

vulneráveis a troncas e fodas<br />

eter<strong>na</strong>s, à prova de morte<br />

em brisas loucas e longas<br />

Distraídos, venceríamos<br />

se não disputássemos tanto<br />

entre patotas e pontas<br />

feito bicho<br />

<strong>Hempada</strong> | 20 <br />

Jah, não me torne prolixo<br />

dê-me palavras, ideias prontas<br />

entradas por qualquer canto<br />

e aí garanto: legalizaríamos.<br />

Projeto 09.indd 20 02/01/2018 20:12:13


Projeto 09.indd 21 02/01/2018 20:12:14


por João Henriques<br />

Como e porquê o brasileiro fuma a pior<br />

maconha do mundo<br />

O<br />

maconheiro brasileiro<br />

sofre: no geral, fumamos<br />

uma erva de<br />

péssima qualidade.<br />

O prensado domi<strong>na</strong><br />

o mercado <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de maconha,<br />

deixando com vergonha qualquer<br />

usuário que apresente um baseado<br />

para um gringo (independente do<br />

país que este mora). Eventualmente<br />

surge um produto de melhor qualidade<br />

(e mais caro), mas isso está longe<br />

de tirar o Brasil do topo da lista<br />

de piores lugares do mundo para se<br />

comprar can<strong>na</strong>bis. Por que fumamos<br />

tão mal?<br />

Não se trata de fazer uma crítica<br />

ape<strong>na</strong>s a maconha prensada,<br />

que vem do Paraguai e domi<strong>na</strong> o<br />

mercado das bocas de fumo <strong>na</strong><br />

maioria das cidades do Sul, Sudeste<br />

e Centro-oeste do país. O famoso<br />

solto nordestino, cultivado lá<br />

mesmo, está longe de ser um fumo<br />

de qualidade, além de produzir<br />

um efeito psicoativo mais fraco que<br />

o concorrente paraguaio.<br />

Apontar culpados para a qualidade<br />

do fumo que é vendido no<br />

Brasil não é tarefa fácil. Entretanto,<br />

a política de proibição é certamente<br />

a principal responsável<br />

por despertar uma criatividade<br />

no <strong>na</strong>rcotráfico <strong>na</strong> hora embalar<br />

Projeto 09.indd 22 02/01/2018 20:12:14


ues<br />

e transportar a erva sem nenhuma<br />

preocupação com a degradação<br />

que ela pode sofrer. A prensagem<br />

é umas das “inovações” do mercado<br />

negro.<br />

Foi buscando uma forma de tor<strong>na</strong>r<br />

o transporte da droga mais seguro<br />

e discreto que o <strong>na</strong>rcotráfico<br />

passou a prensar a maconha antes<br />

de encaminhá-la para os grandes<br />

centros urbanos. Feita a prensagem,<br />

a maconha pode passar meses<br />

guardada em ambientes i<strong>na</strong>dequados,<br />

esperando o momento<br />

certo para atravessar as rodovias<br />

do país.<br />

Em fantástica reportagem in loco<br />

(disponível no site da Agência Pública)<br />

sobre o cultivo e prensagem<br />

de maconha no Paraguai, o jor<strong>na</strong>lista<br />

e Capitão Presença Matias<br />

Maxx cita problemas no cuidado<br />

com a planta <strong>na</strong> hora da colheita e<br />

da prensagem, que é feita em ambientes<br />

sem nenhum cuidado com<br />

a limpeza e livre para circulação<br />

de insetos (que eventualmente entram<br />

no pacote prensado que chega<br />

<strong>na</strong> sua casa).<br />

Tudo isso faz parte de um castigo<br />

cruel passado pela erva até<br />

chegar ao dichavador do usuário.<br />

Sendo um produto <strong>na</strong>tural, que<br />

após a colheita entra em processo<br />

de apodrecimento, a transformação<br />

que a maconha vai passar<br />

após ser compactada em forma<br />

tijolo não será positiva. Isso contribui<br />

para que seu fumo fique com<br />

aquela aparência de terra escura<br />

que em <strong>na</strong>da lembra os baseados<br />

de Amsterdam ou da Califórnia.<br />

Entretanto, nem tudo tem cheiro<br />

de amônia (provocado pelo processo<br />

de apodrecimento <strong>na</strong>tural<br />

da erva) para o usuário brasileiro.<br />

Nos últimos meses, ganhou espaço<br />

no mercado negro a famosa maconha<br />

colombia<strong>na</strong>: menos prensada<br />

que a concorrente paraguaia, de<br />

gosto melhor e um preço mais elevado.<br />

Mas é importante registrar<br />

<strong>Hempada</strong> | 23 <br />

Projeto 09.indd 23 02/01/2018 20:12:15


que o fumo colombiano ainda está<br />

longe de atingir a excelência canábica<br />

dos países que já legalizaram<br />

a erva (exemplo ao lado).<br />

No Rio de Janeiro, o tráfico das<br />

favelas (em especial o Comando<br />

Vermelho), começou a oferecer<br />

<strong>na</strong>s bocas um suposto “skunk”, que<br />

se encontra em um patamar de<br />

qualidade levemente superior ao<br />

famoso fumo colombiano. Normalmente<br />

ele é vendido por 10 reais/<br />

grama.<br />

Subindo ainda mais de nível, e<br />

pegando mais notas no bolso, as<br />

grandes cidades já contam com<br />

um comércio de maconha sem<br />

prensagem, feitas em peque<strong>na</strong>s<br />

plantações perdidas <strong>na</strong> selva de<br />

pedra. Só neste meio é possível<br />

encontrar aquele camarão digno<br />

de ser capa de revista e com alto<br />

poder psicoativo. O custo desta<br />

brisa é elevado. Cada grama do<br />

“verdinho” pode custar entre 50 e<br />

80 reais/grama.<br />

Importante registrar que o preço<br />

pago pelo brasileiro para fumar<br />

uma maconha de alto nível não é<br />

diferente do que se paga <strong>na</strong>s lojas<br />

legalizadas dos Estados Unidos ou<br />

Amsterdam. Nestes locais, um bom<br />

strain dificilmente custa menos de<br />

20 dólares/grama.<br />

Mesmo prensada e maltratada<br />

de todas as formas, a maconha segue<br />

sobrevivendo a estupidez desta<br />

política proibicionista. A legalização<br />

ainda é um sonho distante<br />

para o Brasil, mas só ela pode nos<br />

tirar do ranking de piores países<br />

para se fumar um baseado. H<br />

#<br />

Projeto 09.indd 24 02/01/2018 20:12:18


Rua Teixeira<br />

de Melo 31H<br />

Ipanema,<br />

Rio de Janeiro,<br />

(21) 2522-0103<br />

lacucaracharj<br />

@gmail.com<br />

@LaCucarachaRJ<br />

#BongLaCucaracha<br />

<strong>Hempada</strong> | 25 <br />

Projeto 09.indd 25 02/01/2018 20:12:20


Projeto 09.indd 26 02/01/2018 20:12:22


Projeto 09.indd 27 02/01/2018 20:12:25


por Danilo Crispim Massuela<br />

Creio que é um sonho para<br />

qualquer um de nós participar<br />

da tão gloriosa<br />

High Times Can<strong>na</strong>bis<br />

Cup (HTCC) pelo menos<br />

uma vez da vida! E esta foi minha<br />

motivação para dar um pulo lá para<br />

conferir, mochila pronta, galera reunida,<br />

bora pra lá!<br />

A Can<strong>na</strong>bis Cup é um evento anual<br />

organizado pela famosa revista<br />

High Times em Amsterdam e mais recentemente<br />

em lugares dos Estados<br />

Unidos como Califórnia, Denver,<br />

Seattle e Michigan. O evento reúne<br />

diversos perso<strong>na</strong>gens da ce<strong>na</strong> canábica<br />

mundial como especialistas,<br />

growers, breeders, bancos de sementes<br />

e fabricantes de acessórios.<br />

E tem um lugar de destaque <strong>na</strong> linha<br />

<strong>Hempada</strong> | 28 <br />

de frente do ativismo canábico, sendo<br />

a real Copa do Mundo da nossa<br />

ganja. O evento ocorre entre 4 e 5<br />

dias com uma grande feira de expositores,<br />

seminários, palestras, experimentação<br />

de produtos, e a votação<br />

dos melhores, enfim... tudo aquilo<br />

que apreciamos!<br />

Já estava com as expectativas lá<br />

<strong>na</strong> lua. O site do evento não dizia<br />

muita coisa, nos dava ape<strong>na</strong>s o endereço<br />

aonde o evento aconteceria<br />

durante os 4 dias (19 a 22 de Novembro)<br />

que a copa estaria rolando<br />

<strong>na</strong> cidade e a lista dos coffeeshops<br />

participantes, porém este parecia<br />

ser um evento especial, já que se estariam<br />

comemorando 30 anos desde<br />

a primeira High Times Can<strong>na</strong>bis<br />

Cup em Amsterdam. O preço dos<br />

Projeto 09.indd 28 02/01/2018 20:12:26


Por dentro da<br />

High Times Can<strong>na</strong>bis Cup<br />

Amsterdam 2017<br />

ingressos era bem salgado, 200 euros<br />

pelo Judge’s Pass; que lhe daria<br />

acesso aos 4 dias de evento e<br />

você poderia visitar os coffeeshops<br />

participantes, provar e votar <strong>na</strong>s<br />

categorias de flower (buds), hash<br />

importado e nederhash (hash holândes)<br />

além da participação no evento<br />

noturno que eram shows nos três<br />

primeiros dias e a premiação no dia<br />

22. Ou o ingresso diário de 50 euros<br />

em que você poderia participar<br />

da festa notur<strong>na</strong> em um dia selecio<strong>na</strong>do.<br />

Os ingressos só poderiam ser<br />

comprados pelo site e com cartão<br />

de crédito. Tava sem cartão e não<br />

ia passar os 4 dias lá mesmo, achei<br />

estranho e então decidi ir direto ver<br />

se conseguiria comprar o ticket no<br />

local.<br />

Decidimos curtir a cidade e visitar<br />

alguns coffeeshops no primeiro dia<br />

e visitar o local do evento no segundo<br />

dia, onde estaríamos preparados<br />

para encher a sacola de brindes,<br />

visitar os estandes das famosas<br />

casas de sementes de Amsterdam<br />

(GreenHouse Seed Co, Sensi Seeds,<br />

Barneys Farm, Paradise seeds,<br />

etc..) e trocar uma idéia massa com<br />

a galera de lá… porém chegando<br />

ao Melkweg, um susto! não tinha<br />

<strong>na</strong>da! só uma galera da organização<br />

arrumando o palco e a ilumi<strong>na</strong>ção<br />

para o show que aconteceria<br />

a noite. Pô bicho, fiquei incrédulo!<br />

Como assim? Cadê os stands, cadê<br />

a galera?<br />

O camarada da organização me<br />

disse que não ia rolar nenhuma fei-<br />

Projeto 09.indd 29 02/01/2018 20:12:27


a nem nenhuma exposição aquele<br />

ano, o evento estava rolando ape<strong>na</strong>s<br />

dentro dos coffeeshops participantes<br />

e só lá. Pois a Can<strong>na</strong>bis<br />

ainda é ilegal <strong>na</strong> Holanda e pelos<br />

últimos acontecimentos no evento<br />

em 2014. Fiquei intrigado e resolvi<br />

pesquisar.<br />

E realmente, a HTCC aconteceu<br />

ininterruptamente por 27 anos desde<br />

1987 até 2014 em Amsterdam,<br />

quando o prefeito da cidade aumentou<br />

as restrições sobre o uso de<br />

Can<strong>na</strong>bis e ameaçou fechar o evento<br />

e prender todo mundo que estivesse<br />

lá dentro (fato que aconteceu,<br />

segundo o depoimento do camarada<br />

da High Times, em que um pessoal<br />

da organização foi levado em<br />

ca<strong>na</strong> em 2014). Após turbulências<br />

no primeiro dia, o evento teve que<br />

ser remanejado para outro lugar e<br />

com restrições severas sob o uso de<br />

dabs e compartilhamento de Can<strong>na</strong>bis<br />

entre os participantes da feira.<br />

Esse fato lamentável acabou por<br />

afastar a HTCC da cidade de Amsterdam<br />

nos anos de 2015 e 2016,<br />

nestes dois anos o evento não fora<br />

mais organizado pela High Times e<br />

teve seu nome alterado para Unity<br />

Cup, uma copa organizada pelos<br />

coffeeshops e sem a feira de exposição,<br />

fato que também acontecera<br />

em 2017.<br />

Lástimas à parte, ainda estava<br />

em Amsterdam e a Unity Cup estava<br />

rolando! No fi<strong>na</strong>l o próprio organizador<br />

da High Times nos aconselhou<br />

que gastássemos os 50 euros<br />

do ingresso nos coffeeshops, assim<br />

faríamos melhor uso pois ali só rolaria<br />

um show durante a noite.<br />

Dentre os coffeeshops que estavam<br />

participando do evento consegui<br />

ir em 7 deles (Noon, Crush,<br />

Mr.K&Co, Funky Munkey, Gray<br />

Area, Ie Hulp e o New Times). Eles<br />

eram muito diversos entre si. Desde<br />

locais menores e com uma galera<br />

mais tranquila até locais badalados,<br />

lotados de gente e com donos não<br />

tão amigáveis. Chegando a casa<br />

perguntava se estavam participando<br />

da Copa, quais eram os strains que<br />

estavam competindo, e o que estavam<br />

achando do evento desse ano,<br />

me foi surpreendente a diversidade<br />

<strong>Hempada</strong> | 30 <br />

Projeto 09.indd 30 02/01/2018 20:12:28


de relatos que pude ouvir, infelizmente<br />

sem poder gravar, já que o<br />

pessoal era muito restritivo quanto a<br />

mostrar seu rosto ou ter seus nomes<br />

citados nesta matéria. Isto pelos fatos<br />

ocorridos em 2014.<br />

O melhor relato que tive foi de<br />

nosso amigo Pierre (anonimizado),<br />

um francês muito gente fi<strong>na</strong> que participava<br />

da copa como juiz da High<br />

Times já há 14 anos! Ele tinha uma<br />

sacola enorme com pelo menos uns<br />

40g entre buds, hash e hash oil de<br />

diversas variedades, todas as cores<br />

e sabores. Ele pediu que seu rosto<br />

não fosse mostrado pois em 2014<br />

ele teve uma infeliz visita da polícia<br />

francesa em sua casa assim que<br />

apareceu para um ca<strong>na</strong>l francês comentando<br />

sobre o evento. Pierre me<br />

explicou que além do Judge’s Pass<br />

de 200 euros, os juízes têm que<br />

comprar as variedades que estão<br />

participando da copa em cada coffeeshop<br />

(as quais variavam de 10<br />

a 30 euros/g, 40 a 120 reais/g),<br />

experimentar, e preencher uma folha<br />

com informações e as notas que<br />

ele entrega para o pessoal da organização<br />

no último dia, quando os<br />

pontos são computados e os vencedores<br />

escolhidos.<br />

Alguns donos de coffeeshops que<br />

não estavam participando tinham<br />

uma visão mais crítica, diziam que<br />

a High Times não era mais a mesma<br />

e que o evento daquele ano não fazia<br />

muito sentido pois viam um foco<br />

muito comercial por parte da High<br />

Times em celebrar o evento de 30<br />

Projeto 09.indd 31 02/01/2018 20:12:30


anos, mesmo que em condições muito<br />

diferentes de como a Copa era<br />

realizada no passado, além de citações<br />

sobre casos de corrupção e o<br />

motto de “eles só querem saber da<br />

gra<strong>na</strong>, a gente tá fora disso”- disse<br />

um funcionário da premiada GreenHouse<br />

coffeeshop, que apesar de<br />

participar da HTCC desde 1993 e<br />

deter diversos títulos não estava participando<br />

da Unity Cup.<br />

“A lei aqui <strong>na</strong> Holanda é complicada,<br />

a Can<strong>na</strong>bis que vendemos<br />

nos coffeeshops advém de produções<br />

ilegais, não tem rastreabilidade<br />

e entra tudo pela porta dos<br />

fundos, é uma vergonha. Pois os<br />

Estados Unidos, Ca<strong>na</strong>da, e até Barcelo<strong>na</strong><br />

estão com leis mais moder<strong>na</strong>s”<br />

– atendente de um coffeeshop<br />

participante da Unity Cup.<br />

E como não dizer o óbvio, ainda<br />

neste cenário de não legalidade total<br />

da Can<strong>na</strong>bis <strong>na</strong> Holanda e com a hipocrisia<br />

e os movimentos conservativos<br />

recentes impedem o desenvolvimento<br />

da Can<strong>na</strong>bis no cenário Holandês,<br />

especialmente em Amsterdam, cidade<br />

de políticas liberativas, onde apesar<br />

de o consumo ser tolerado, vem sofrendo<br />

com políticas mais severas ao<br />

que se refere o mercado de Can<strong>na</strong>bis…<br />

e nessa briga de peixe grande<br />

quem perde é o esporte e toda a comunidade<br />

cannábica.<br />

E para dizer que não falei das flores...<br />

seguimos caminhando, buscando<br />

o reconhecimento das liberdades individuais<br />

e por políticas de drogas mais<br />

justas e condizentes com a realidade<br />

do nosso tempo. Que a HTCC possa<br />

voltar de forma ple<strong>na</strong> à sua casa de origem<br />

e Amsterdam volte a sediar magníficas<br />

Copas como no passado. H<br />

<strong>Hempada</strong> | 32 <br />

Projeto 09.indd 32 02/01/2018 20:12:32


Essa é uma banda <strong>na</strong>scida no<br />

bairro de Colón, em Montevideo.<br />

Para acessar o álbum “Parte del<br />

Camino” basta buscar no youtube<br />

que dá pra ouvir a<br />

obra completa.<br />

Eles se apresentaram<br />

<strong>na</strong> Expo<br />

Can<strong>na</strong>bis encerrando<br />

o evento.<br />

O som é leve<br />

e alegre. Tematizando<br />

assuntos<br />

do dia-a-dia como<br />

amizade, solidão<br />

e sentimentos afetivos,<br />

a banda até<br />

poderia ser considerada<br />

POP, mas tem uma sonoridade<br />

origi<strong>na</strong>l e intrigante, ao versar<br />

rock a estilos como reggae, rap,<br />

candombe, murga e outros estilos<br />

bem locais.<br />

A banda é formada por dois<br />

irmãos Maxi e Pablo Porciúncula,<br />

perso<strong>na</strong>gens reconhecidíssimas do<br />

car<strong>na</strong>val uruguaio, mais um cartel<br />

de peso de músicos experientes<br />

como Matías Gonzáles, <strong>na</strong> bateria<br />

e percussão, Germán Aycardo, <strong>na</strong><br />

guitarra e Bruno Castro no baixo.<br />

Acessa aí e pode ter certeza que<br />

a trilha é uma boa opção para viajar.<br />

Pra quem está com malas prontas para<br />

Montevideo, é bom para ir trei<strong>na</strong>ndo<br />

o ouvido para o delicioso<br />

sotaque da<br />

juventude de lá.<br />

Além do álbum<br />

completo, também<br />

tem <strong>na</strong> web uma<br />

série de clipes bem<br />

legais da banda,<br />

com destaque para<br />

o filme da música<br />

“Buscandome”, uma<br />

obra bonita e com<br />

energia fantástica.<br />

Vale muito a pe<strong>na</strong><br />

conhecer. Confere lá e me diz se a<br />

dica não é da boa.<br />

<strong>Hempada</strong> | 33 <br />

Projeto 09.indd 33 02/01/2018 20:12:34


Filme para Brisar...<br />

Um filme gravado ao longo de 12<br />

anos. Perso<strong>na</strong>gens e atores crescem<br />

e evoluem neste período.<br />

Foi desta forma que “Boyhood -<br />

Da Infância À Juventude” foi produzido<br />

e lançado em 2014. Tratase<br />

de uma obra sobre a juventude<br />

de um garoto (Mason), cheia de<br />

dramas familiares, como a ausência<br />

do pai, mudanças de cidade e<br />

tensões <strong>na</strong> escola. Pode parecer<br />

um tolo filme adolescente, mas<br />

guarda histórias fortes, além de<br />

retratar as belezas e tensões do<br />

cotidiano da vida de uma pessoa<br />

comum. Pela descrição parece um<br />

filme simples, mas guarda boas<br />

emoções.<br />

Assistir <strong>na</strong> brisa vai te deixar ainda<br />

mais reflexivo. Pode confiar<br />

que a marola cultural é garantida.<br />

livro para Embrasar...<br />

Escrito <strong>na</strong> década de 40 do século<br />

passado, por George Orwell, 1984<br />

é uma obra para a<strong>na</strong>lisar a forma<br />

como o Estado pode oprimir e controlar<br />

o povo, com uma vigilância<br />

gover<strong>na</strong>mental onipresente e manipulando<br />

a própria história em benefício<br />

próprio. A tirania é comandada pelo<br />

Grande Irmão, (figura quase mítica<br />

de existência não comprovada) que<br />

em diversas situações do cotidiano<br />

possui enorme semelhança com a<br />

realidade atual do Brasil e outros<br />

países periféricos. Leitura fantástica<br />

para quem gosta de entender o<br />

funcio<strong>na</strong>mento da política e como a<br />

população pode ser enga<strong>na</strong>da com<br />

uma falsa liberdade.<br />

Projeto 09.indd 34 02/01/2018 20:12:35


..<br />

..<br />

Projeto 09.indd 35 02/01/2018 20:12:35


seu apoio vai ajudar a escrever a história da legalização no brasil. Obrigado!<br />

<strong>Hempada</strong> <strong>#09</strong><br />

revista n o<br />

Projeto 09.indd 36 02/01/2018 20:12:36

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!