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Revista Mais Sebrae nov-Futurismo

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ENTREVISTA<br />

principalmente porque havia pouca verba para investir.<br />

Passei a estudar sobre isso e, como era um mercado<br />

muito <strong>nov</strong>o, tinha pouca gente no Brasil, eu comecei a<br />

ficar muito boa nisso. Comecei a escrever sobre isso<br />

no blog, compartilhar um pouco do meu aprendizado.<br />

As pessoas passaram a perguntar se eu dava curso<br />

sobre o assunto e, a partir dessa demanda, comecei<br />

o processo de realizar treinamentos. As pessoas me<br />

perguntavam, do interior da Bahia, quando eu iria pra<br />

lá. Então comecei a trabalhar mais com treinamento<br />

online e basicamente esse é o modelo que seguimos<br />

desde 2011.<br />

Como as pequenas e médias empresas<br />

podem se diferenciar no marketing online<br />

em relação às empresas maiores?<br />

Camila Porto: As grandes empresas normalmente<br />

têm muita verba para marketing; e as pequenas<br />

empresas não têm como competir com igualdade<br />

nesse sentido. Eu falo um pouco por mim, eu não<br />

sou uma grande empresa, e a minha estratégia<br />

parte muito do princípio do conteúdo, ou seja, das<br />

informações que você compartilha com as pessoas<br />

nas redes sociais, de como você usa esse conteúdo<br />

para se relacionar com a sua audiência e gerar<br />

o famoso valor para as pessoas que te acompanham.<br />

As empresas que têm sucesso hoje têm<br />

três pontos em comum. Primeiro, conhecer o seu<br />

público, saber com quem está falando e quais são<br />

as dificuldades e objeções que eles têm em relação<br />

ao seu produto. Em segundo lugar, pensar que tipo<br />

de conteúdo eu preciso produzir para ajudar o meu<br />

cliente nesses problemas. E, por último, acho interessante<br />

também usar os anúncios nas redes para<br />

fazer as informações chegarem nas pessoas certas.<br />

Por exemplo, tem uma padaria aqui perto que usa<br />

as redes sociais para compartilhar fotos bonitas<br />

dos produtos, então tudo isso vai agregando. As<br />

pessoas, às vezes, nem sabem que a padaria tem<br />

aquele tipo de comida; e elas descobrem a partir<br />

dali. Conseguimos nos diferenciar, justamente, tendo<br />

essa proximidade e conhecendo as pessoas que<br />

se relacionam com nosso negócio.<br />

Quais os principais erros de quem lida com<br />

as redes sociais e como resolvê-los?<br />

Camila Porto: Erro é achar que redes sociais servem<br />

para fazer panfletagem, só querer vender,<br />

vender e vender. As pessoas não entram nas redes<br />

sociais só para comprar. As redes existem como<br />

uma ferramenta de descoberta, então é tudo uma<br />

questão de abordagem. Erro é esquecer do processo<br />

de relacionamento e engajamento com a<br />

audiência. Também é não ter a mentalidade de que<br />

é preciso investir financeiramente em anúncios,<br />

que é algo barato se considerarmos a capacidade<br />

de segmentação e mensuração das redes. As pessoas<br />

não entenderam que, assim como uma faixa<br />

ou um carro de som, as mídias sociais são uma<br />

ferramenta de marketing, e, como qualquer outra,<br />

é preciso investir.<br />

Um dos principais desafios é lidar com<br />

as críticas públicas. Como resolver essas<br />

crises?<br />

Camila Porto: É preciso ter bom senso e noção de<br />

que as redes sociais são públicas. Então, uma coisa<br />

é você falar o que quiser; e outra é entender que<br />

isso tem consequências. Ainda mais um empreendedor,<br />

ele tem que tomar muito cuidado nesse<br />

sentido, em relação ao posicionamento. Como diz<br />

aquela famosa frase, “quem fala o que quer, ouve<br />

o que não quer”. Mas existem dois tipos de crise.<br />

Uma que eu chamo de barulho, e outra que é um<br />

indício de crise. Esse barulho, que é o que mais<br />

assusta os empreendedores, vem de pessoas que<br />

normalmente não conhecem a marca e, talvez, nunca<br />

vão comprar dela, mas acham que a internet é<br />

um território aberto e podem falar o que quiserem,<br />

só querem tumultuar. Você pode ocultar esses comentários<br />

ou simplesmente apagar, porque, infelizmente,<br />

a internet é um território fértil desse tipo de<br />

gente. Já quando há o indício de uma crise, clientes<br />

que realmente identificaram um problema, é preciso<br />

entender que não dá para evitar esse tipo de<br />

coisa. O segundo passo é procurar trazer a pessoa<br />

para um canal fechado, não ficar discutindo publicamente.<br />

Se você tem um trabalho sério e honesto,<br />

isso não tem problema nenhum, pode ser até bom<br />

para identificar dificuldades e oportunidades para<br />

sua empresa.<br />

Que outras ferramentas podem ser aliadas<br />

do empreendedor? Site e e-mail marketing<br />

são opções?<br />

Camila Porto: Para mim, são as melhores opções.<br />

Hoje, as mídias sociais resolvem esse problema da<br />

presença online, mas eu sempre recomendo aos<br />

meus alunos que, na medida do possível, tenham um<br />

site, mesmo que seja uma página com as informações<br />

básicas e o contato. Quando nós construímos<br />

um espaço nas redes sociais, não temos um lugar<br />

nosso e corremos risco de ter a página apagada, por<br />

exemplo. Outra coisa importante é construir a nossa<br />

lista, a partir da nossa própria base de dados dos<br />

clientes, e aí entra o e-mail. Quando nós queremos<br />

fazer alguma oferta ou direcionar a informação para<br />

um público específico, usamos o e-mail, que é importante<br />

porque não podemos depender do alcance<br />

orgânico das redes.<br />

Como aliar as características de cada rede<br />

social com a estratégia do conteúdo?<br />

Camila Porto: Isso depende muito da estrutura que<br />

o empreendedor tem. O que eu defendo é que se comece<br />

pelas redes mais populares, usando o Facebook<br />

e o Instagram para atrair clientes para sua lista no<br />

WhatsApp e no e-mail. Cada canal desses tem uma<br />

particularidade. No meu negócio, eu uso o Facebook<br />

mais com uma plataforma para atrair pessoas, apresentar<br />

a marca para <strong>nov</strong>os públicos. O Instagram eu<br />

uso para trabalhar no processo de conexão com meus<br />

clientes. Uma padaria, por exemplo, pode usar essa<br />

rede para mostrar bastidores, a equipe, como é feito o<br />

pão. Já o WhatsApp serve mais como uma ferramenta<br />

de atendimento mesmo, esclarecer dúvidas relacionadas<br />

ao produto.<br />

O Facebook, o Instagram e o WhatsApp<br />

são marcas de um mesma empresa e já<br />

estão consolidadas. Que i<strong>nov</strong>ações devem<br />

ocorrer nos próximos anos? Acredita<br />

que possa surgir alguma <strong>nov</strong>a ferramenta,<br />

uma <strong>nov</strong>a rede?<br />

Camila Porto: Particularmente, eu acho muito difícil<br />

surgir uma rede forte como o da família Facebook.<br />

Eu vejo isso como ocorre com o Google. Existem<br />

outros buscadores, mas dificilmente um <strong>nov</strong>o buscador<br />

vai tirar a hegemonia do Google. Dificilmente<br />

outras redes vão tirar a hegemonia do Facebook. Um<br />

exemplo é o Snapchat, que começou a crescer, o<br />

Facebook tentou comprar mas não conseguiu, então<br />

o grupo colocou os mesmos recursos que o Snapchat<br />

tem no Instagram. Hoje, o Facebook tem esse poder.<br />

Sobre <strong>nov</strong>os recursos, eu vejo muito que os vídeos,<br />

gravados e ao vivo, são incentivados pelo Facebook.<br />

Recentemente, estive em um evento na Califórnia, organizado<br />

por eles, e lá falaram muito sobre o assunto.<br />

Também tem se falado de automação e de realidade<br />

aumentada, que são recursos que acredito que vão se<br />

popularizar com o passar do tempo.<br />

Foto: Junior Ehlke<br />

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