20.11.2018 Views

Catálogo «Retrato(s) da minha casa»

  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

Retrato(s)<br />

<strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa


2<br />

Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

Exposição<br />

Círculo Sede<br />

sáb 8 setembro<br />

sáb 27 outubro<br />

3


Maqueta do Círculo de Artes Plásticas de Coimbra — Círculo Sede<br />

realiza<strong>da</strong> por Eduardo Braga, João Pereira, Rita Caniceiro e Valter Faria<br />

escala 1:20


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

António Belém Lima<br />

António Olaio<br />

Bruno Gil<br />

Carlos Antunes<br />

Gonçalo Canto Moniz<br />

Joana Monteiro<br />

João Bicker<br />

João Mendes Ribeiro<br />

Joaquim Almei<strong>da</strong><br />

Jorge Figueira<br />

José António Bandeirinha<br />

José Cabral Dias<br />

José Maçãs de Carvalho<br />

Lizá Defossez Ramalho e Artur Rebelo – R2<br />

Luís Quintais<br />

Maria Gambina<br />

Maria Milano<br />

Paulo Seco<br />

Pedro Maurício Borges<br />

Pedro Pousa<strong>da</strong><br />

Teresa Pais<br />

5


6<br />

Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa


7<br />

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra


8<br />

Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

Sobre os retratos <strong>da</strong> vossa casa...<br />

que agora também são nossos! 1<br />

A exposição sobre os Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa, que de momento se<br />

encontra patente na velha casa-sede do Círculo de Artes Plásticas de<br />

Coimbra (CAPC), na Rua Castro Matoso, n.º 18, procede de uma proposta<br />

submeti<strong>da</strong> à 20.ª Semana Cultural <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Coimbra,<br />

que, recorde-se, neste ano de 2018 pretendeu celebrar, de entre<br />

outras, três casas — como sabemos, a casa-património, a casa-corpo<br />

e a casa-mundo. Pressentindo que o programa desta Semana<br />

Cultural <strong>da</strong> UC (se) ocuparia (de) muitas mora<strong>da</strong>s, o Departamento de<br />

Arqui tectura <strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Ciências e Tecnologia (dARQ) e o CAPC<br />

cui<strong>da</strong>ram assim <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de lhe oferecer, e também à ci<strong>da</strong>de,<br />

uma diferente perspectiva sobre o retrato dessas três casas. Decerto,<br />

tratava-se de uma grande retrospectiva, vista ao mesmo tempo como<br />

uma oportuni<strong>da</strong>de de as descobrir, as ditas três casas, a uma outra<br />

escala, porventura mais reduzi<strong>da</strong> e detalha<strong>da</strong>, que no verso e título de<br />

um dos muitos e sugestivos poemas de Ruy Belo a UC desvelou o corpo<br />

de reflexão: Oh as casas as casas as casas 2 . Confiamos que as casas<br />

nascem, vivem e morrem, e, quase sempre, enquanto vivas, se distinguem<br />

umas <strong>da</strong>s outras, por exemplo, até se distinguem designa<strong>da</strong>mente<br />

pelo cheiro... e variam até de sala para sala. À vista deste português<br />

nas cido em 27 de Fevereiro de 1933, em S. João <strong>da</strong> Ribeira,<br />

no concelho de Rio Maior, igualmente nós, dia-a-dia, nos in<strong>da</strong>gamos<br />

sobre as casas que eu fazia em pequeno e, por isso, onde estarei eu hoje<br />

em pequeno?; Onde estarei aliás eu dos versos <strong>da</strong>qui a pouco?. Afinal,<br />

terei eu casa onde reter tudo isto ou serei sempre somente esta instabili<strong>da</strong>de?<br />

Quem de nós esquece que as casas essas parecem estáveis mas<br />

são tão frágeis as pobres casas: Oh as casas as casas as casas... mu<strong>da</strong>s<br />

testemunhas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>. Elas morrem não só ao ser demoli<strong>da</strong>s, mas, sobretudo,<br />

elas morrem com a morte <strong>da</strong>s pessoas. Indiferentes, as casas<br />

de fora olham--nos pelas janelas e, como também nós percebemos, não<br />

sabem na<strong>da</strong> de casas os construtores, os senhorios e os procuradores,<br />

por certo aos quais se poderiam juntar tantos outros actores <strong>da</strong> vi<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s nossas casas. Do mesmo modo, talvez seja visível que os ricos<br />

vivem nos seus palácios, mas a casa dos pobres é todo o mundo. Daí<br />

Ruy Belo nos relembrar que os pobres sim têm o conhecimento <strong>da</strong>s casas,<br />

os pobres esses conhecem tudo. Nós, como ele, ain<strong>da</strong> confessamos<br />

que amamos as casas, os recantos <strong>da</strong>s casas, que visitamos casas e que<br />

apalpamos casas. Só as casas explicam que exista uma palavra como<br />

intimi<strong>da</strong>de. Nos lugares (em) que habitamos, sem casas não haveria<br />

9


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

ruas... as ruas onde passamos pelos outros, mas passamos principalmente<br />

por nós.<br />

A casa é o abrigo, refúgio e último reduto dessa intimi<strong>da</strong>de. Por natureza,<br />

a casa é o lugar que elegemos para guar<strong>da</strong>r as nossas memórias<br />

e projectar os nossos sonhos, por mais pequenos que sejam, onde<br />

garanti<strong>da</strong>mente o espaço e o tempo nos relacionam com o mundo que<br />

nos rodeia, por hoje globalizado, e com aquele outro que pertence à<br />

nossa intimi<strong>da</strong>de. Porque na casa fatalmente vivemos, acomo<strong>da</strong>mos<br />

e acumulamos essas memórias e sonhos; idem na casa, e à luz <strong>da</strong>s<br />

palavras de Ruy Belo, nascemos e havemos de morrer, na casa sofremos,<br />

convivemos e amámos, na casa atravessámos as estações, e, por<br />

fim, sempre respirámos — ó vi<strong>da</strong> simples problema de respiração...<br />

Suspiramos: Oh as casas as casas as casas... Com parte de Ou o Poema<br />

Contínuo 3 , de Herberto Helder, no horizonte, pois falemos de casas<br />

como quem fala <strong>da</strong> sua alma. Poderemos não o celebrar, segundo revela<br />

o poeta nascido em 23 de Novembro de 1930 no Funchal, entre um<br />

incêndio, junto ao modelo <strong>da</strong>s searas, na aprendizagem <strong>da</strong> paciência de<br />

vê-las erguer e morrer com um pouco, um pouco de beleza. Conquanto<br />

o quadro seja outro, procurámos que os inconfundíveis espaços <strong>da</strong><br />

casa-mãe do CAPC acolhessem a intimi<strong>da</strong>de de certas casas, cujos<br />

singulares retratos nos foram generosamente cedidos pelos seus moradores...<br />

e que agora também são nossos!<br />

Em três dos pisos <strong>da</strong> mais antiga mora<strong>da</strong> do CAPC, percorreremos<br />

assim algumas casas que invariavelmente todos (re)conhecemos<br />

e habitamos, e não apenas fisicamente como corpo. Os seus retratos,<br />

acreditamos, irão despertar-nos emoções e fazer lembrar de memórias<br />

que, julgar-se-iam, i<strong>da</strong>s e tão-só nossas. Por esta razão, cremos<br />

que tais retratos <strong>da</strong> intimi<strong>da</strong>de agora também são nossos. Quiçá se<br />

possam, afinal, observar como casas-patrimónios. Naturalmente se<br />

conclui que não as contemplámos como mero corpo material, importou-nos<br />

sobremodo cedê-las como um lugar de apropriação e vivência<br />

pessoais. Em qual lugar ca<strong>da</strong> um dos que as visitem possa encontrar<br />

um espaço seu. Foi neste sentido, instigados pelo desejo de habitar<br />

algumas dessas casas do mundo real ou do mundo sonhado, que, de<br />

forma inadverti<strong>da</strong>, tomámos a liber<strong>da</strong>de de desafiar um conjunto<br />

de pessoas pertencentes a diferentes áreas do saber para connosco<br />

partilharem as suas casas, as físicas e as <strong>da</strong>s memórias. Os retratos em<br />

exibição no CAPC são, por conseguinte, uma rara fresta aberta para a<br />

casa de ca<strong>da</strong> um dos nossos convi<strong>da</strong>dos, que, reiteramos, em boa altura<br />

tiveram a bon<strong>da</strong>de de nos deixar espreitar e, por vezes, também<br />

entrar. Porque as memórias se guar<strong>da</strong>m, aguar<strong>da</strong>mos que estes retra-<br />

10


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

to(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa possam determinar outros retratos.<br />

São vinte e uma as casas que se expõem na intimi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> casa do<br />

CAPC: OIKOLÓGIO, de António Belém Lima; Polka Dot Brain,<br />

de António Olaio; Whose ‘Head Full of Houses’?, de Bruno Gil;<br />

Autorretrato como Unité d’Habitation e Ídolo de Pregos e Autorretrato<br />

como Casa Jacaré, de Carlos Antunes; As Casas de Lina, de Gonçalo<br />

Canto Moniz; o desafogamento em contagem crescente, de Joana<br />

Monteiro; Stig Dagerman, A nossa Necessi<strong>da</strong>de de Consolo é Impossível<br />

de Satisfazer, edição VS., Lisboa, 2018/Henry Miller, Viragem<br />

aos Oitenta, edição VS., Lisboa, no prelo/T. S. Eliot, Prufrock e Outras<br />

Observações, edição VS., Lisboa, no prelo, de João Bicker; Casa Corpo,<br />

de João Mendes Ribeiro; S/título, de Joaquim Almei<strong>da</strong>; SP, Copain, de<br />

Jorge Figueira; Homeless Town, de José António Bandeirinha;<br />

Um quarto é o início <strong>da</strong> arquitectura, de José Cabral Dias; Hotel Lisboa<br />

#1 e #2, de José Maçãs de Carvalho; Arquivo Parcial de Objectos<br />

Correntes em Gestaco, de Lizá Defossez Ramalho & Artur Rebelo<br />

— R2; Ulisses, de Luís Quintais; What’s In My Bag?, de Maria<br />

Gambina; Atmosferas, de Maria Milano; a casa de julho e agosto, de<br />

Paulo Seco; A <strong>minha</strong> casa nos Açores, de Pedro Maurício Borges;<br />

The Unknown House, de Pedro Pousa<strong>da</strong>; Retratos <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa: livro<br />

para pintar, de Teresa Pais.<br />

Coimbra, 22 de Agosto de 2018<br />

Désirée Pedro e Luís Miguel Correia<br />

1<br />

Este texto não segue a grafia do recente Acordo Ortográfico.<br />

2<br />

Belo, Ruy (2000). Todos os Poemas. Lisboa: Assírio & Alvim.<br />

3<br />

Helder, Herberto (2001). Ou o Poema Contínuo. Lisboa: Assírio & Alvim.<br />

11


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

António Belém Lima, arquiteto<br />

OIKOLÓGIO, 2018<br />

impressão de desenhos digitais (i-pad)<br />

realizados entre 2012 e 2013<br />

118,9 x 84,1 cm<br />

13


14<br />

Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

António Olaio<br />

Polka Dot Brain, s/d<br />

vídeo, cor, som, 5’33’<br />

15


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

... as usual, between them, there will be some intervals... one<br />

monumental sculpture...There was going to be a drawing but I’m still<br />

working at it... It is a drawing, as usual, leading to many others... It is<br />

a drawing of a head with horizontal layers of the different families<br />

of houses... that I’ve invented, reinterpreted or copied...<br />

The drawings will lead to paintings and sculptures... These may later<br />

turn into architecture... Perhaps they were already architecture<br />

I didn’t know... I had not been told... Or the drawings may become<br />

portraits of buildings over night... or... or... there is no established<br />

order nor pattern... it is rational relieved, that is the name of the<br />

game... English is a delightful language... it can be heard in a number<br />

of ways... a head full of houses, a head fool... of houses... I behead,<br />

I turn head almost two years ago... I the fool of houses... Fool, because<br />

that’s what architects are: fools... We fool around with space traps,<br />

stage sets, façades, plans, details, drawings, photographs, ideas and<br />

memories, of our most photogenic and foolish constructions...<br />

We make architecture with the help of mirrors, sites and memories,<br />

in black and white... By reproductions, by transplantations, I see<br />

answers that are drawing boards where we are visited by the ghosts<br />

of the illustrious dead... Fools, because we go on longing for some<br />

scientific, absolute conclusion to our concentric meanderings, our<br />

absurd adventures and escapades... My slides and words are about<br />

some of the houses that I’ve copied, reinterpreted or reinvented,<br />

reproductions of other architects’ houses, variations of some of<br />

my own previous houses, partial and total inventions of my own...<br />

to illustrate various ideas, and demonstrate that buildings do not<br />

happen like immaculate conceptions, they do not happen out of their<br />

briefs...<br />

But like people, buildings grow out of each other...<br />

Pancho Guedes, A Head Full of Houses/A Catalogue of Walls,<br />

Conferência, Londres, Junho 1977.<br />

16


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

Bruno Gil<br />

Whose “Head Full of Houses”?, 2018<br />

vídeo, p/b, som, 2’39’’ voz de Pancho Guedes, 1977<br />

© Architectural Association<br />

17


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Carlos Antunes<br />

Autorretrato como Casa Jacaré, s/d<br />

dimensões variáveis<br />

Autorretrato como Unité d'Habitation<br />

e Ídolo, s/d<br />

dimensões variáveis<br />

18


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Gonçalo Canto Moniz<br />

A casa de Lina, s/d caneta sobre papel<br />

29,7 x 21 cm<br />

20


21<br />

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra


Joana Monteiro<br />

Desafogamento em contagem crescente, 2018<br />

testes de impressão chapa de impressão e corte<br />

em galé, caixa e caixotins<br />

Acervo de Rui Damasceno, Tipografia Damasceno<br />

dimensões variáveis<br />

Manual Prático do Tipógrafo<br />

Joana Monteiro e Rúben Dias impresso em tipos<br />

de madeira e de chumbo na Tipografia Damasceno<br />

Coimbra, Março de 2016 Editora dos Tipos,<br />

Clube dos Tipos


João Bicker<br />

Stig Dagerman, A nossa Necessi<strong>da</strong>de de Consolo é Impossível de Satisfazer, edição VS., Lisboa, 2018, 2018<br />

Díptico. Impressão a jato de tinta, em papel LS Bright White, 270 g, 60 x 42 cm<br />

Henry Miller, Viragem aos Oitenta, edição VS., Lisboa, no prelo, 2018<br />

Díptico. Impressão a jato de tinta, em papel LS Bright White, 270 g, 60 x 42 cm<br />

T. S. Eliot, Prufrock e Outras Observações, edição VS., Lisboa, no prelo, 2018<br />

Díptico. Impressão a jato de tinta, em papel LS Bright White, 270 g, 60 x 42 cm


26<br />

Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

João Mendes Ribeiro<br />

Casa Corpo, 2017<br />

fotografias, mesa de madeira e varão nervurado<br />

dimensões variáveis<br />

fotografias de Fernando Guerra e de Pedro Medeiros<br />

27


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Joaquim Almei<strong>da</strong><br />

sem título, 2018<br />

caneta sobre papel 29,7 x 21 cm<br />

28


29<br />

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Jorge Figueira<br />

SP, Copain, 2018<br />

projeção de seis fotografias (i-phone)<br />

30


31<br />

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra


José António Bandeirinha<br />

Homeless Town, 2018 vídeo, p/b, som, 12’95’’


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

ci<strong>da</strong>de <strong>minha</strong> casa<br />

José António Bandeirinha<br />

... was not yet cosmopolitan, to be sure, but it was profoundly<br />

European, and thus it has, with unparalleled<br />

naturalness, offered itself to all homeless people as<br />

a second home...<br />

Hannah Arendt 1<br />

Parecia não haver dúvi<strong>da</strong>s, todos os <strong>da</strong>dos disponíveis indicavam<br />

que a <strong>minha</strong> ci<strong>da</strong>de tinha perdido a memória. Não fazia a mínima<br />

ideia <strong>da</strong> importância dos factores geográficos que a levaram a localizar-se<br />

ali, exactamente ali. Ignorava se tinha sido origina<strong>da</strong> por um<br />

aglomerado castrejo anterior à romanização, por um acampamento<br />

tribal ou por um entreposto mineiro, no início do século XIX. Não<br />

sabia na<strong>da</strong> sobre a sua aparência, a não ser o que lhe era transmitiado<br />

pelo reflexo, na água do rio. Desconhecia quais os significados que se<br />

podiam retirar <strong>da</strong> arquitectura dos seus edifícios, do traçado <strong>da</strong>s suas<br />

ruas e praças, <strong>da</strong> própria composição material <strong>da</strong>s suas pedras e dos<br />

seus inertes.<br />

Do mesmo modo, na<strong>da</strong> sabia <strong>da</strong>s guerras que a tinham assolado, <strong>da</strong><br />

beleza e <strong>da</strong> violência <strong>da</strong>s acções libertadoras que a tiveram como palco,<br />

nem tampouco <strong>da</strong>s reacções opressivas que se lhes contrapuseram.<br />

De certa maneira, estava agora mais livre.<br />

33


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Podia percorrer ca<strong>da</strong> aveni<strong>da</strong>, ca<strong>da</strong> viela ou ca<strong>da</strong> parque, com os olhos<br />

muito vivos, vazios e puros, olhos de quem tenta perscrutar os indícios<br />

mais subtis <strong>da</strong> sua própria existência.<br />

Num desses périplos, num fim de tarde enevoado de Outono, as ruas<br />

estreitas do centro pareceram-lhe vagamente familiares, sentiu que<br />

estava perto de alcançar uma lembrança fugidia, pareceu-lhe pressentir<br />

um ligeiro vórtice <strong>da</strong> memória. Ao tentar concentrar-se, porém,<br />

tudo se esvaneceu. Voltou à contemplação primordial, voltou a olhar<br />

tudo como se tivesse acabado de nascer.<br />

Havia algumas janelas abertas, de uma delas, não se percebia qual,<br />

ecoavam acordes de música:<br />

Everybody knows that our cities were built to be destroyed<br />

!… Everybody knows that our cities were built to<br />

be destroyed !…<br />

O som saía, alto, puro e ondulante como numa página de ban<strong>da</strong><br />

desenha<strong>da</strong>.<br />

Procurou a janela exacta e penetrou nela em atabalhoa<strong>da</strong> contre-<br />

-plongée. Deparou-se-lhe uma sala grande, mais extensa do que o edifício<br />

parecia poder comportar. Era uma sala vivi<strong>da</strong>, um atelier, mesas<br />

grandes, com desenhos a carvão, paredes forra<strong>da</strong>s a cortiça repletas<br />

de gravuras e de cartazes coloridos. No centro, um homem de cabelho<br />

grisalho amaciava uma peça escultórica, em madeira de teixo, talvez<br />

uma maquete. Num canto, um monitor de televisão passava um filme<br />

mudo: uma personagem hirta, vesti<strong>da</strong> de escuro, estava presa às pás<br />

de uma bateira fluvial, emergindo e submergindo <strong>da</strong> água, num movimento<br />

circular cómico, mas angustiante.<br />

A música continuava:<br />

Please, send me a letter. I wish to know … things are getting<br />

better … better … better …<br />

Percorreu, um a um, os cartazes e as gravuras <strong>da</strong> parede. Parte deles<br />

representavam planimetrias urbanas muito próximas do seu próprio<br />

traçado, embora incompletas. Eram fases evolutivas dos seu crescimento,<br />

ao longo do tempo, tal como se fossem fotografias esbati<strong>da</strong>s<br />

dos momentos mais marcantes <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, <strong>da</strong> infância à adolescência,<br />

<strong>da</strong> juventude à maturi<strong>da</strong>de.<br />

A maquete, que ocupava o centro <strong>da</strong> sala, era enorme. Não se tratava<br />

<strong>da</strong> maquete de uma casa, ou de um conjunto de casas, mas de uma<br />

34


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

ci<strong>da</strong>de inteira e dos espaços circun<strong>da</strong>ntes. Reconheceu os bairros do<br />

centro, as zonas de expansão habitacional, mais geométricas e desafoga<strong>da</strong>s,<br />

reconheceu o rio, as praças e os parques, as periferias desfia<strong>da</strong>s<br />

e os espaços vazios <strong>da</strong> crise de inteligência, enfim, reconheceu-se a si<br />

própria.<br />

Havia, porém, coisas irreconhecíveis, grandes alinhamentos geometrizados,<br />

espaços ocupados por tiras rectilíneas e ondulantes de<br />

madeira, pontes que não existiam… Percebeu que ali estava também<br />

preconizado o seu futuro.<br />

Era óbvio que aquele compartimento exalava um problema de memória<br />

inverso e complementar do seu. Cultivava-se uma noção hipermnésica<br />

<strong>da</strong> forma e <strong>da</strong>s suas razões sociais e históricas. Antecipava-se<br />

o futuro em função desses <strong>da</strong>dos do passado. O presente era omisso.<br />

Assustou-se, e recuou perante tamanha dádiva de complementari<strong>da</strong>de.<br />

Sempre tinha pensado que a sua memória se reconstituiria pouco<br />

a pouco, passo a passo, como quem evolui lentamente na resolução de<br />

um enigma. Arrepiava-se perante a hipótese de saber tudo num ápice.<br />

Podia ter tido um passado sombrio, tenebroso mesmo. É certo que<br />

podia rejubilar perante as glórias ou orgulhar-se <strong>da</strong>s honrarias, mas<br />

a ver<strong>da</strong>de é que podia igualmente encolher-se e corar perante a vergonha<br />

de alguns períodos mais decadentes ou mais humilhantes. Teve<br />

receio e decidiu fugir, renegou a possibili<strong>da</strong>de de colher to<strong>da</strong> a sua<br />

história num só momento, que lhe tinha surgido de bandeja. A ideia<br />

de conhecer as propostas de futuro também não lhe agra<strong>da</strong>va muito.<br />

Temia sempre o pior, de modo que uma prefiguração optimiza<strong>da</strong> do<br />

tempo que estava para vir punha em risco as possibili<strong>da</strong>des de regozijo<br />

com o menos mau. Enfim, resolveu virar as costas àquela dádiva do<br />

acaso e regressar às divagações erráticas que tinham preenchido<br />

o único quotidiano de que tinha memória. As motivações já não eram,<br />

porém, as mesmas, recusa<strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong>de de obter o conhecimento,<br />

já não fazia sentido voltar a an<strong>da</strong>r à deriva, em busca dos pequenos<br />

indícios do passado.<br />

Ficou deprimi<strong>da</strong>, percebeu que atravessava um mau momento.<br />

Para quê empenhar-se em busca <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de? Para quê? Se essa identi<strong>da</strong>de<br />

está dependente <strong>da</strong> história e se o conhecimento <strong>da</strong> história, em<br />

lugar de um estimulante enigma se arrisca a ser uma grande desilusão.<br />

Entrou em perfeita decadência, deixou de cui<strong>da</strong>r de si própria<br />

e estagnou. Perdeu to<strong>da</strong> a auto-estima. Passou a ficar conheci<strong>da</strong><br />

pela marginali<strong>da</strong>de do seu estatuto em relação às ci<strong>da</strong>des vizinhas.<br />

Chamavam-lhe Ci<strong>da</strong>de Clochard, ou Homeless Town, conforme<br />

o estado de espírito.<br />

35


Todos os novos-ricos a desprezavam, os pequeno-burgueses em<br />

ascensão lançavam-lhe esgares de reprovação e condenavam-lhe<br />

a conduta, os adolescentes suburbanos faziam dela motivo insistente<br />

de chacota e usavam-na para os mais sádicos apetites de martirização.<br />

Impávi<strong>da</strong>, continuava a sua vi<strong>da</strong> de decadência como se na<strong>da</strong> fosse.<br />

Sabia que tinha um passado poderoso, embora não o conhecesse<br />

em profundi<strong>da</strong>de. Por vezes, usava a prorrogativa <strong>da</strong> ideia vã <strong>da</strong>s<br />

presumíveis glórias para se abespinhar e se pôr em bicos de pés.<br />

Ficava, então, ridícula. Despudora<strong>da</strong>mente ou em surdina, todos se<br />

riam dela.<br />

Passados alguns anos, os brios voltaram a inebriá-la e decidiu voltar<br />

ao atelier onde, ao longo de todo este tempo, pensara estar arquiva<strong>da</strong><br />

a chave do conhecimento <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de. O local estava,<br />

porém, irreconhecível. Tinha sido vendido e o piso térreo transformado<br />

numa colori<strong>da</strong> lavan<strong>da</strong>ria, dessas que pertencem a uma cadeia<br />

internacional.<br />

Subiu ao atelier. Estava abandonado, por entre cama<strong>da</strong>s imensas de<br />

pó, vidros partidos, folhas espalha<strong>da</strong>s, alguns velhos livros espalhados.<br />

Num primeiro momento, não conseguiu distinguir entre uma<br />

sensação de alívio e uma outra de desapontamento. Depois, resolveu<br />

deixar-se envolver pela descoberta <strong>da</strong>quele novo espaço.<br />

Apanhou um dos livros que se tinha estatelado no chão poeirento.<br />

Folheou ao acaso, deixou que uma página se prendesse:<br />

O cité douloureuse, ô cité quasi morte,<br />

La tête et les deux seins jetés vers l’Avenir<br />

Ouvrant sur ta pâleur ses milliards de portes,<br />

Cité que le Passé sombre pourrait bénir:<br />

Estremeceu uma vez mais perante a cruel exactidão, quase premonitória,<br />

<strong>da</strong>queles versos. Seriam dirigidos a si, ou a outra qualquer,<br />

num outro ponto do mundo?<br />

Se conhecesse a história, ocorrer-lhe-ia realmente uma outra ci<strong>da</strong>de,<br />

um outro tempo. Uma ci<strong>da</strong>de que havia atingido um momento tal de<br />

euforia que o poder decidira transformá-la to<strong>da</strong> por dentro, extrair-<br />

-lhe as entranhas e abrir rasgos infinitos para controlar militarmente<br />

os habitantes insurrectos.<br />

Como não conhecia, pensou que o poema lhe era dedicado. Mas<br />

ocorreu-lhe também que, quando as pessoas falam <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des, sobre<br />

as ci<strong>da</strong>des que conhecem, sobre as que ambicionam, falam como se<br />

falassem <strong>da</strong> sua casa. Falam, sobretudo, sobre a sua experiência.


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

Relacionam-nas entre si e juntam a esse relacionamento a memória<br />

<strong>da</strong>s suas vi<strong>da</strong>s, quer como habitantes, quer como visitantes. Depois,<br />

talvez construam uma ideia de futuro, um projecto.<br />

Percebeu, uma vez mais, que na<strong>da</strong> poderia fazer enquanto não se conhecesse<br />

profun<strong>da</strong>mente a si própria, enquanto não desconstruisse os<br />

mitos <strong>da</strong> sua própria amnésia. Esta é a ci<strong>da</strong>de que eu vos quis contar,<br />

a <strong>minha</strong> casa, a casa à qual quis como se fora feita para eu morar nela 2 .<br />

Coimbra, 2 de Março de 2018<br />

1<br />

«Introduction. Walter Benjamin: 1892-1940», in Walter Benjamin, Illuminations, New York, Schocken<br />

Books, 1969, pp. 19–20.<br />

2<br />

Este texto segue de perto um outro, intitulado «Shenandoah» e publicado em Coimbra C — o catálogo de<br />

uma exposição colectiva com o mesmo nome que teve lugar no Círculo de Artes Plásticas em 2003.<br />

As referências nele conti<strong>da</strong>s seguem, por sua vez e por ordem inversa, José Régio, a Paris de Haussmann,<br />

a Paris <strong>da</strong> Comuna, um poema de Arthur Rimbaud, um filme de Buster Keaton, uma canção de Caetano<br />

Veloso. Quanto à ci<strong>da</strong>de/casa protagonista, trata-se de uma figura de estilo, um lugar-comum sem importância.<br />

Quem nela julgar reconhecer referências reais, saiba que não passam de meras coincidências.<br />

37


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

José Cabral Dias<br />

Um quarto é o início <strong>da</strong> arquitectura, 2018<br />

esferográfica Bic, grafite e lápis de cera sobre<br />

papel<br />

32 x 42 cm<br />

Um quarto é o início <strong>da</strong> arquitectura, 2018<br />

impressão a jato de tinta<br />

32 x 42 cm<br />

38


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

José Maçãs de Carvalho<br />

Hotel Lisboa #1, s/d<br />

impressão a jato de tinta, em papel de algodão<br />

50 x 59 cm<br />

Hotel Lisboa #2, s/d<br />

impressão a jato de tinta, em papel de algodão<br />

50 x 59 cm<br />

40


41<br />

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Ulisses<br />

Amélia desenha.<br />

– O que existe aí, nessa caixa negra que é<br />

A imaginação? –<br />

Dizes o canto <strong>da</strong>s linhas,<br />

Uma percolação de milénios.<br />

Ulisses viaja, fúria sem hiatos<br />

Ou dubitativas falhas. E desenhas.<br />

O mapa é uma guirlan<strong>da</strong><br />

De movimentos rápidos, dramáticos.<br />

Sob essas linhas, o mundo,<br />

Com a sua ordem, caos<br />

Ou luminoso desastre,<br />

Regressa. Única provável casa.<br />

Luís Quintais, 17.08.17<br />

Luís Quintais<br />

Ulisses, 2017<br />

vídeo, p/b, som, 34’’<br />

42


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Maria Gambina<br />

What’s In My Bag?, 2018<br />

estampado por serigrafia em quadricromia<br />

tamanho: M<br />

44


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Maria Milano<br />

Atmosferas, s/d<br />

impressão a jato de tinta, em papel epson luster<br />

42 x 29,7 cm<br />

46


47<br />

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Paulo Seco<br />

a casa de julho e agosto, 2018<br />

caixa de madeira, espelho, íman eletromagnético e maqueta<br />

91 x 91 x 37 cm<br />

48


Pedro Maurício Borges<br />

A <strong>minha</strong> casa nos Açores, sobre a Casa <strong>da</strong> Atalha<strong>da</strong>, S. Miguel, Açores,<br />

arquiteto Pedro Maurício Borges para a Expo 7 x 7 – Contemporary Iberian<br />

Architecture – Trienal de Arquitectura de Lisboa, 2013,<br />

comissaria<strong>da</strong> pela LAMIPA<br />

vídeo, cor, som, 7’7’’<br />

vídeo de Alice Albergaria Borges


51<br />

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Pedro Pousa<strong>da</strong><br />

The Unknown House, 2018<br />

tinta <strong>da</strong> China preta e acrílicos<br />

dimensões variáveis<br />

52


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Lizá Defossez Ramalho & Artur Rebelo — R2<br />

Arquivo Parcial de Objectos Correntes em Gestaçô,<br />

Sala, 2011–2018<br />

impressão a jato de tinta e costura tipo francesa<br />

29,7 x 21 cm<br />

Arquivo Parcial de Objectos Correntes em Gestaçô,<br />

Átrio, 2011–2018<br />

impressão a jato de tinta e costura tipo francesa<br />

29,7 x 21 cm<br />

Arquivo Parcial de Objectos Correntes em Gestaçô,<br />

Garagem, 2011–2018<br />

impressão a jato de tinta e costura tipo francesa<br />

29,7 x 21 cm<br />

Arquivo Parcial de Objectos Correntes em Gestaçô,<br />

Cozinha, 2011–2018<br />

impressão a jato de tinta e costura tipo francesa<br />

29,7 x 21 cm<br />

Arquivo Parcial de Objectos Correntes em Gestaçô,<br />

Casa de banho, 2011–2018<br />

impressão a jato de tinta e costura tipo francesa<br />

29,7 x 21 cm<br />

Arquivo Parcial de Objectos Correntes em Gestaçô,<br />

Quarto, 2011–2018<br />

impressão a jato de tinta e costura tipo francesa<br />

29,7 x 21 cm<br />

54


55<br />

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Teresa Pais<br />

Retratos <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa: livro para pintar, 2018<br />

marcador sobre papel de aguarela<br />

30,5 x 21,5 cm<br />

56


57<br />

Círculo de Artes Plásticas de Coimbra


Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

Exposição<br />

Retrato(s) <strong>da</strong> <strong>minha</strong> casa<br />

António Belém Lima<br />

António Olaio<br />

Bruno Gil<br />

Carlos Antunes<br />

Gonçalo Canto Moniz<br />

Joana Monteiro<br />

João Bicker<br />

João Mendes Ribeiro<br />

Joaquim Almei<strong>da</strong><br />

Jorge Figueira<br />

José António Bandeirinha<br />

José Cabral Dias<br />

José Maçãs de Carvalho<br />

Lizá Defossez Ramalho e Artur Rebelo/R2<br />

Luís Quintais<br />

Maria Gambina<br />

Maria Milano<br />

Paulo Seco<br />

Pedro Maurício Borges<br />

Pedro Pousa<strong>da</strong><br />

Teresa Pais<br />

Círculo Sede<br />

sáb 8 set – sáb 27 out<br />

Organização<br />

CAPC — Circulo de Artes Plásticas<br />

de Coimbra<br />

Departamento de Arquitetura<br />

<strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Ciências e Tecnologia<br />

<strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Coimbra<br />

Assistência à produção<br />

Jorge <strong>da</strong>s Neves<br />

Ivone Cláudia Antunes<br />

Montagem<br />

Jorge <strong>da</strong>s Neves<br />

Fotografia<br />

Jorge <strong>da</strong>s Neves<br />

Texto<br />

Désirée Pedro<br />

Luís Miguel Correia<br />

Revisão de texto<br />

Carina Correia<br />

Design gráfico<br />

Joana Monteiro<br />

Assessoria de imprensa<br />

Isabel Campante | Ideias Concerta<strong>da</strong>s<br />

Apoios institucionais<br />

Câmara Municipal de Coimbra<br />

Governo de Portugal | Ministério<br />

<strong>da</strong> Cultura | DGArtes<br />

Universi<strong>da</strong>de de Coimbra<br />

Linhas<br />

Residencial Antunes<br />

Câmara Municipal de Miran<strong>da</strong> do Corvo<br />

20.ª Semana Cultural <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />

de Coimbra 2018<br />

Curadoria<br />

Désirée Pedro<br />

Luís Miguel Correia<br />

Produção<br />

Ana Sousa<br />

Catarina Bota Leal<br />

58


Círculo de Artes Plásticas de Coimbra<br />

<strong>Catálogo</strong><br />

Coordenação editorial<br />

Catarina Bota Leal | CAPC<br />

Texto<br />

Désirée Pedro<br />

Luís Miguel Correia<br />

Revisão de texto<br />

Carina Correia<br />

Fotografia<br />

Jorge <strong>da</strong>s Neves<br />

Design gráfico<br />

João Bicker<br />

Edição<br />

CAPC/DARQ<br />

Tipografia<br />

Outsiders, desenha<strong>da</strong> em 2010<br />

por Henrik Kubel, a2-type<br />

Impressão e acabamentos<br />

Nozzle, L<strong>da</strong>.<br />

Este catálogo foi impresso em Coimbra,<br />

em outubro de 2018.<br />

ISBN 978-989-54249-0-0<br />

ISBN 978-989-99432-7-8<br />

DEP. LEGAL: XXXXXXXXX<br />

Todos os direitos são reservados.<br />

Este catálogo não pode ser reproduzido, no todo ou<br />

em parte, por qualquer forma ou meios eletrónicos,<br />

mecânicos ou outros, incluindo fotocópia, gravação<br />

magnética ou qualquer processo de armazenamento<br />

ou sistema de recuperação de informação, sem prévia<br />

autorização escrita dos editores e dos artistas.<br />

Círculo de Artes Plásticas<br />

de Coimbra<br />

Direção<br />

Carlos Antunes, Désirée Pedro<br />

Valdemar Santos, António Melo<br />

Ana Felino<br />

Assembleia-Geral<br />

Armando Azevedo, Ivone Cláudia<br />

Antunes, Manuela Azevedo<br />

Conselho Fiscal<br />

João Bicker, Luísa Lopes, Joana Teles<br />

Monteiro<br />

Conselho Artístico<br />

António Olaio, Pedro Pousa<strong>da</strong><br />

Círculo Sede<br />

Rua Castro Matoso, n.º 18,<br />

3000–104 Coimbra<br />

Círculo Sereia<br />

Casa Municipal <strong>da</strong> Cultura, Piso -1<br />

Parque de Santa Cruz, Jardim <strong>da</strong> Sereia,<br />

3001–401 Coimbra<br />

Horário de Funcionamento<br />

ter-sáb, 14 h–18 h<br />

T: 910 787 255<br />

geral@capc.com.pt<br />

capc.com.pt<br />

anozero@capc.com.pt<br />

anozero-bienaldecoimbra.pt<br />

59

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!