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Revista Setin

Revista Setin 10ªEdição

Revista Setin 10ªEdição

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ARQ • DESIGN • DECOR • MUNDO • ARTE<br />

MENU DO DIA: ARQUITETURA E CULTURA NO PRATO<br />

ESTILO: VESTÍVEIS EM ALTA<br />

NEGÓCIOS: CONSTRUTECHS<br />

ARQUITETURA: THIAGO BERNARDES<br />

VIAGEM: DESTINOS MAIS VISITADOS


LANÇAMENTO<br />

Parque do Piqueri<br />

VIVER BEM É TER A NATUREZA NA PORTA DE CASA.<br />

AS VANTAGENS DE MORAR<br />

PERTO DE UM PARQUE.<br />

No Tatuapé, morar a apenas 100 metros do Parque do Piqueri<br />

é um privilégio único. Ter todo aquele verde pertinho de casa<br />

é outra história, é outra vida.<br />

+ +<br />

+<br />

Qualidade<br />

de vida<br />

Lazer<br />

Beleza<br />

Natural<br />

Valorização<br />

do imóvel


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Perspectiva artística do complexo de lazer<br />

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A varanda é totalmente integrada<br />

ao living e à cozinha, ideal para<br />

receber e viver momentos incríveis.<br />

• PISCINA COM RAIA OLÍMPICA DE 50M<br />

• CHURRASQUEIRAS • QUADRA ESPORTIVA<br />

• PLAYGROUNDE MUITO MAIS<br />

Perspectiva artística do salão de festas<br />

Perspectiva artística da quadra de beach tennis<br />

Perspectiva artística da brinquedoteca<br />

Intermediação: Participação: Incorporação e Intermediação:<br />

VISITE OS DECORADOS<br />

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Central de Atendimento LPS São Paulo - Consultoria de Imóveis Ltda. - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - São Paulo-SP - CEP 01427-002 - Tel.: (11) 3067-0000. Diariamente, até as 24h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Creci J-24073. Central de Atendimento<br />

da <strong>Setin</strong> Vendas - Rua Helena, 235 - 9º andar - Vila Olímpia - CEP 04552-050 - Tel.: (11) 3041-9222- São Paulo-SP - Diariamente, até as 21h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Creci: J 2599-9. Incorporação registrada com data de 22/10/2018 sob n.º R 05 na matrícula<br />

nº 297.814. *As metragens divulgadas referem-se à área privativa acrescida da respectiva área de depósito privativo das unidades tipo da torre Praça. Qualquer venda estará sujeita ao pagamento do valor correspondente à intermediação imobiliária e as respectivas comissões decorrentes<br />

deverão ser descontadas do preço de venda constante na proposta a ser assinada pelo comprador. Imagens meramente ilustrativas.


| EDITORIAL |<br />

Há exatos 5 anos circulava a primeira edição da <strong>Revista</strong> SETIN, revelando<br />

em suas páginas uma leitura saborosa, com muita inovação, generosas<br />

pitadas de cultura e a valorização da arquitetura, da arte, da boa mesa e<br />

do design nacional.<br />

Nesta 10ª edição, a gastronomia ganha uma atenção especial ao<br />

combinar sabores e arquitetura. Como? Passeando por construções<br />

exuberantes, muitas consideradas ícones da paisagem paulistana, onde<br />

verdadeiras iguarias despertam os mais intensos e incríveis sabores. A<br />

região central da cidade, aliás, não concentra apenas bons restaurantes e<br />

uma arquitetura única, também tem sido foco de atenção de experientes<br />

e jovens urbanistas. Em “O Centro se reinventa” é possível acompanhar<br />

um pouco do trabalho de transformação urbana de uma das áreas mais<br />

emblemáticas da capital paulista.<br />

É por viver em eterna transformação que São Paulo vem se consolidando<br />

como o principal endereço das construtechs, startups com foco na<br />

construção civil e no mercado imobiliário. As empresas inovadoras são o<br />

destaque da seção Negócios. Com certeza, não passam despercebidas ao<br />

radar do arquiteto carioca Thiago Bernardes, defensor da arquitetura ligada<br />

à região em que está inserida e evoluindo com a tecnologia da época.<br />

Cruzar São Paulo de um lado para outro pode reservar surpresas incríveis,<br />

como as galerias exibidas em Arte e Cultura, que chamam a atenção, seja<br />

pela arquitetura de suas construções, seja pela composição dos acervos<br />

de suas exposições permanentes e itinerantes. Espaço Aberto, por sua vez,<br />

traz um pouco do olhar e da vivência de uma das maiores empreendedoras<br />

brasileiras, Luiza Helena Trajano. Direta, otimista e apaixonada pelo varejo,<br />

ela é adepta da tecnologia na vida e nos negócios.<br />

Assim como Luiza Helena, muitos são os brasileiros que a cada dia se<br />

aproximam mais da tecnologia no seu cotidiano. A seção Estilo traz um<br />

pouco do universo dos “vestíveis”, dispositivos tecnológicos que estão<br />

fazendo a cabeça de homens e mulheres. Eficientes, atuam na prevenção<br />

de doenças e são capazes de ajudar, inclusive, na escolha de sua próxima<br />

viagem. Para dar um empurrãozinho, selecionamos os 10 destinos mais<br />

visitados ao redor do mundo na seção Viagem. As inovações tecnológicas,<br />

aliás, são tema de Se Liga, que retrata a chamada “loja do futuro”, que<br />

funde em uma única plataforma o físico e o digital.<br />

A edição traz, ainda, a preocupação de designers e arquitetos em preservar<br />

a qualidade de vida dessa e das próximas gerações. É com esse espírito<br />

que muitos profissionais têm feito da madeira descartada pela natureza a<br />

principal matéria-prima para a criação de móveis e objetos de decoração.<br />

Nomes como Hugo França, Monica Cintra, Carlos Motta, Luiz Vieira e Paulo<br />

Alves são destaques.<br />

Conselho editorial:<br />

Departamento de Marketing SETIN<br />

Publisher<br />

Cláudia Campos<br />

Direção de arte<br />

Jairo Santos<br />

Revisão<br />

Flávio Dotti<br />

Jornalista responsável<br />

Katia Simões - MTB 14.198/sp<br />

Colaboradores:<br />

Celso Arnaldo, Dan Brunini, Kathia Gomes,<br />

Katia Simões, Rozze Angel, Vera Fiori,<br />

Yara Guerchenzon<br />

Gráfica<br />

Gráfica Eskenazi<br />

Redação<br />

editora@claudiacamposconsultoria.com.br<br />

Publicidade<br />

publicidade@claudiacamposconsultoria.com.br<br />

Tiragem: 3.000 exemplares<br />

A revista SETIN é uma publicação sem fins<br />

comerciais produzida e editada por Cláudia<br />

Campos Consultoria - Marketing, Comunicação<br />

e Eventos. A revista não se responsabiliza pelos<br />

conceitos emitidos nos artigos assinados. As<br />

pessoas que não constam do expediente não<br />

estão autorizadas a falar em nome da SETIN<br />

ou a retirar qualquer tipo de material, caso não<br />

tenham em seu poder uma carta timbrada emitida<br />

pela redação.<br />

Viaje nessa leitura!<br />

www.setin.com.br<br />

Rua Olimpíadas 205 – 4º Andar - Vila Olímpia<br />

São Paulo, SP - (11) 37289410<br />

2


| ÍNDICE |<br />

6<br />

24<br />

36<br />

6<br />

TENDÊNCIAS<br />

O que há de novo<br />

no mercado<br />

10<br />

ESPAÇO ABERTO<br />

Luiza Helena Trajano<br />

16<br />

GASTRONOMIA<br />

Edifícios icônicos da<br />

cidade chamam a<br />

atenção pela<br />

vocação gourmet<br />

24<br />

VIAGEM<br />

Conheça as 10 cidades<br />

mais visitadas do<br />

planeta<br />

30<br />

ARQUITETURA<br />

Thiago Bernardes<br />

– um dos principais<br />

arquitetos<br />

contemporâneos<br />

do Brasil<br />

36<br />

SUSTENTABILIDADE<br />

Madeiras descartadas<br />

pela natureza viram<br />

obras de arte do<br />

mobiliário<br />

40<br />

ARTE E CULTURA<br />

O imperdível passeio<br />

pelas galerias de arte<br />

paulistanas<br />

FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />

4


46<br />

56<br />

66<br />

46<br />

URBANISMO<br />

A nova fotografia<br />

do Centro<br />

52<br />

NEGÓCIOS<br />

Construtechs<br />

prometem revolucionar<br />

o mercado da<br />

construção civil<br />

58<br />

ESTILO<br />

Vestíveis caem no<br />

gosto do brasileiro e<br />

ganham as ruas<br />

62<br />

HOTÉIS<br />

Uso da tecnologia<br />

revoluciona o conceito<br />

de hospedagem da<br />

Rede AccorHotels<br />

68<br />

SE LIGA<br />

A loja do futuro<br />

vira realidade<br />

74<br />

NOTÍCIAS SETIN<br />

As principais<br />

novidades da<br />

SETIN Incorporadora


| TENDÊNCIAS |<br />

VERDADEIROS ACHADOS QUE UNEM<br />

ARTE E DESIGN<br />

Cláudia Campos<br />

SOFÁ IAN Assinado pela dupla de arquitetos Ricardo Minelli e Fábio Berbari, designers e<br />

fundadores da marca de design Érea, o sofá, em estilo retrô, tem assento e encosto em gomos, é<br />

revestido inteiro em veludo e os pés são em metal com acabamento em bronze. Projeto atento ao<br />

conforto extremo e proporções elegantes tanto da estrutura revestida do sofá como das partes<br />

externas de seu acabamento. erea.com.br<br />

BABYLON A nova coleção Babylon<br />

para a St.James leva a assinatura<br />

do designer espanhol Nino Bauti,<br />

inspirada em uma das visitas que ele<br />

fez ao Museu do Louvre, em Paris.<br />

O designer ficou impressionado com<br />

as cerâmicas, que tinham a função<br />

de recipiente para conservação,<br />

transporte e comércio de longa<br />

distância. O uso da geometria<br />

acentua o caráter escultural das<br />

peças, formas curvas e círculos<br />

exalam sensualidade no design.<br />

saintjames.com.br<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

6


MESA LATERAL VITÓRIA RÉGIA Inspirada<br />

nas plantas aquáticas do mesmo nome, a<br />

coleção de mesas laterais do Estúdio Mula<br />

Preta segue a linha de inspirações inusitadas<br />

que remete a elementos naturais. Madeira<br />

torneada e base metálica compõem toda a<br />

peça. mulapretadesign.com<br />

APARADOR WONDER Sustentado por uma finíssima estrutura de aço<br />

carbono com pintura eletroestática, o Aparador Wonder é composto<br />

por MDF laqueado em duas opções de cores externas: azul-marinho e<br />

verde-bandeira. No interior, o toque de ousadia fica por conta dos tons<br />

de vinho e amarelo-mostarda, que contrastam com a parte de fora.<br />

Versátil e moderna, a peça apresenta um efeito frisado nas portas e é<br />

ideal para pontuar o décor com cores vibrantes, de forma harmônica e<br />

elegante. studiomassa.com.br<br />

COLEÇÃO TROPICAL Inspirada pelo morar<br />

contemporâneo, a Lepri criou essa coleção para<br />

conectar moradores à natureza, dedicando-a<br />

para áreas externas. As nuances do mar,<br />

céu e das plantas ajudam a compor o visual<br />

dessa tendência, integrando a estética dos<br />

revestimentos ao paisagismo. Além de poder<br />

ser usada em espaços de lazer, a coleção pode<br />

ser aplicada no interior das piscinas, assim<br />

como nos espelhos d’água, saunas e spas<br />

que as complementam.Textura e cor criam<br />

degradês, e a linha é dividida entre bricks e<br />

revestimentos. lepri.com.br


YAMAMURA A Lustres Yamamura lança<br />

as luminárias Eye Protective Lamp e<br />

Eye Protection Surface Led Lamp. Além<br />

da beleza, as luminárias trazem outros<br />

atributos: são pequenas e portáteis, são<br />

sensíveis ao toque, têm bateria recarregável<br />

via USB, estrutura dobrável ou flexível,<br />

além de possuírem proteção para os olhos<br />

durante o contato com a tela do computador<br />

ou celular. yamamura.com.br<br />

LINHA OÁSIS Desenvolvida pela designer Rejane Carvalho Leite, a linha Oásis<br />

é composta por mesas de centro, mesas laterais, aparador, mesa de jantar e<br />

banco com tampo de vidro Extra Clear com pintura metalizada (pigmento de<br />

alumínio), da Guardian, sobre estrutura em trefilado com acabamento de latão<br />

escovado. A criação da linha parte da sensação de um lago no meio de um<br />

deserto com proposta lúdica, onde um plano reflexivo com linhas orgânicas<br />

forma a silhueta de um oásis. guardianbrasil.com.br<br />

POLTRONA SUSPENSA FOLHA Numa<br />

linha de pensamento com forte carga<br />

poética, a concepção desta poltrona enxerga<br />

nas formas da natureza seu ponto de<br />

partida e segue uma estratégia bastante<br />

recorrente nos projetos dos designers da<br />

Lattoog para peças de área externa. Neste<br />

caso, a morfologia de uma folha rege<br />

todos os aspectos formais, estruturais e<br />

ergonômicos deste móvel, assim como seu<br />

próprio nome. breton.com.br<br />

WABI ARMCHAIR Arte da tecelagem em palha torna-se o<br />

elemento central do design, que apresenta linhas simples<br />

e delicadas. O eixo inclinado entre assento e encosto é uma<br />

citação à poltrona Barcelona, de Mies van der Rohe. A Webi<br />

Armchair faz parte da nova coleção do arquiteto Guilherme<br />

Torres para a NOS Furniture. Os acabamentos propostos são<br />

freijó descolorido ou ebanizado; palha natural ou ebanizada;<br />

assentos em couro ou tecido. waydesign.com.br<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

8


LINHA REC A Cerâmica Atlas apresenta sua linha REC,<br />

com revestimentos que reaproveitam 65% de resíduos<br />

industriais da fábrica, como revestimentos cerâmicos,<br />

peças quebradas ou com pequenos defeitos, além de<br />

bandejas refratárias. Em todo processo produtivo, 80% da<br />

água é reutilizada depois que passa por um tratamento de<br />

efluentes. A matéria decantada neste processo também<br />

é reaproveitada na composição da massa REC. No leque<br />

da nova linha estão as opções ecológicas Catânia, Ischia,<br />

Livorno e Zara – que podem ser aplicadas nos mais<br />

diversos ambientes, como piscinas, churrasqueiras,<br />

decorações, banheiros, cozinhas, quartos, edificações e<br />

construções. ceratlas.com.br<br />

COLEÇÃO BROTO A La Lampe apresenta sua<br />

nova coleção, intitulada Broto, com luminárias<br />

exclusivas, assinadas pela dupla de designers<br />

André Bastos e Guilherme Leite Ribeiro, do<br />

estúdio Nada Se Leva. A coleção é motivada<br />

pela natureza e tem inspiração na semente<br />

e no brotar. As formas das peças remetem a<br />

uma folha, e o ponto de luz remete ao nascer<br />

da planta. As cores escolhidas representam a<br />

flora brasileira, exuberante e farta, com uso de<br />

laranja, verde-escuro, azul profundo, preto e<br />

branco. Toda a linha é produzida em alumínio,<br />

latão, vidro e LED. lalampe.com.br<br />

CADEIRA DE BALANÇO A cadeira de<br />

balanço com estrutura em madeira<br />

cumaru natural e revestida com corda<br />

náutica é mais uma novidade da variada<br />

linha em móveis para áreas externas da<br />

Casa Portoro. casaportoro.com.br


| ESPAÇO ABERTO |<br />

UM FURACÃO NA<br />

ARTE DO VAREJO<br />

APAIXONADA PELO DESAFIO DA VENDA E PELA ENTREGA DE SOLUÇÕES,<br />

LUIZA HELENA TRAJANO CONSTRUIU UMA DAS MAIORES REDES<br />

DE VAREJO DO PAÍS E SE TRANSFORMOU EM UMA DAS PRINCIPAIS<br />

DEFENSORAS DO EMPODERAMENTO FEMININO<br />

Katia Simões / Colaborou Kathia Gomes<br />

Quem tem a sorte de cruzar com Luiza Helena Trajano<br />

pela frente não se dá conta de que está diante de uma<br />

das mulheres mais influentes do mundo, segundo a<br />

<strong>Revista</strong> Forbes, e também uma das empreendedoras mais<br />

bem-sucedidas do país. O sotaque do interior paulista,<br />

cultivado ao longo da vida em Franca, cidade onde<br />

nasceu, continua o mesmo, assim como a disposição de<br />

fazer diferente. Filha e sobrinha única, herdou da mãe a<br />

inteligência emocional, e da tia Luiza – além do nome –,<br />

o traço empreendedor e o espírito de vendedora. Aos 12<br />

anos foi parar atrás do balcão de uma loja porque queria<br />

ganhar um dinheirinho para presentear as pessoas de que<br />

gostava. Não saiu mais. O varejo a conquistou.<br />

Formada em Direito e Administração de Empresas, ela<br />

dificilmente se apresenta como advogada ou administradora.<br />

Repete em alto e bom som que é vendedora. “A minha<br />

família é vendedora, eu não tenho vergonha de dizer isso”,<br />

declara. “Todo mundo que trabalha vende algo para alguém.<br />

Ter o cargo de vendedor no crachá é motivo de orgulho, não<br />

de vergonha.” Com esse pensamento, acrescido de muita<br />

honestidade, disposição para sonhar grande, curiosidade pela<br />

inovação e aprendizado constante, ela transformou a pequena<br />

loja fundada pelos tios, em 1957, em uma das maiores redes<br />

de varejo do Brasil. O Magazine Luiza conta hoje com mais<br />

de 860 lojas espalhadas pelo país, dez centros de distribuição<br />

localizados em 16 estados e 24 mil funcionários.<br />

Em 2016, Luiza Helena passou o comando da rede para o<br />

filho Frederico Trajano e assentou cadeira na presidência<br />

do Conselho de Administração. Aos 67 anos, completados<br />

em outubro, compartilha sua experiência e conhecimento<br />

como conselheira em 12 diferentes entidades de classe,<br />

como o International Chamber of Commerce (ICC), o<br />

Conselho de Desenvolvimento do Varejo (IDV) e o Grupo<br />

Consultivo do Fundo de População da ONU no Brasil. As<br />

premiações se multiplicam. Só em 2018, conquistou o<br />

primeiro lugar entre os líderes de negócios com a melhor<br />

reputação no Brasil, segundo a consultoria espanhola<br />

Merco, e foi a única brasileira a integrar a lista global do<br />

World Retail Congress (ERC). Quando questionada sobre<br />

qual o seu maior orgulho, não demora a responder: “Há 20<br />

anos o Magazine Luiza faz parte do ranking das melhores<br />

empresas para se trabalhar”.<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

10


Como porta-voz do Mulheres do Brasil, movimento apartidário, em encontro com presidenciáveis.<br />

Confira a seguir um pouco mais sobre a trajetória<br />

dessa empreendedora que revolucionou o<br />

varejo brasileiro:<br />

SETIN: Quais foram as ferramentas de conhecimento<br />

que utilizou para transformar o Magazine<br />

Luiza na gigante de hoje?<br />

LH: Sempre fui muito de ação. Quando éramos<br />

uma rede pequena no interior do estado,<br />

colocamos em prática diversas novidades que<br />

“Todo mundo que trabalha vende<br />

algo para alguém. Ter o cargo de<br />

vendedor no crachá é motivo de<br />

orgulho, não de vergonha”<br />

não tinham nome e que hoje viraram moda<br />

nas empresas. Por isso, eu e a equipe sempre<br />

pesquisamos e estudamos profundamente<br />

como melhorar em todos os aspectos, mas<br />

sempre com a intenção de praticar com o<br />

conhecimento adquirido.<br />

SETIN: É possível usar as táticas de sucesso<br />

de sua empresa em iniciativas menores ou até<br />

mesmo na vida pessoal?<br />

LH: Sem dúvida, sempre temos o que melhorar na<br />

empresa, na família e na vida pessoal. Costumo<br />

falar que nos congressos aprendemos muito e<br />

conhecemos diversas novidades, mas temos<br />

que eleger as cinco coisas mais importantes<br />

que aprendemos, ou seja, o número de dedos da<br />

mão, e rapidamente colocarmos em prática. Isso<br />

vale para os negócios e para a vida pessoal.<br />

SETIN: O que é o tal “jeito Luiza” do qual tanto<br />

se fala no mercado?<br />

LH: É muito simples. Significa cultivar a<br />

autoestima. Eu fui criada com uma autoestima<br />

que me tornou capaz de oferecer soluções, não<br />

reclamar dos problemas e dos “nãos”. Tem<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

12


gente que só vê problema, eu busco sempre a solução.<br />

Envolve, também, nunca perder a proximidade com o<br />

consumidor, ser transparente e verdadeiro sempre. O que<br />

eu mais luto é para não perder a minha simplicidade, a<br />

minha conexão direta com os clientes.<br />

SETIN: Alguns empresários no Brasil viram ícones,<br />

celebridades. Como é a relação com seus clientes e<br />

fornecedores sendo alguém tão conhecida?<br />

LH: É normal, acredito que os empresários necessitam da<br />

interação total com seus colaboradores e especialmente<br />

os clientes, que pagam o salário de todos na companhia.<br />

Quando se alcança um alto posto nas empresas, as pessoas<br />

costumam falar somente o que você deseja ouvir. Mas para<br />

conhecer de fato o que está acontecendo, é fundamental<br />

essa interação com as pessoas, especialmente as de base.<br />

SETIN: A senhora foi balconista, cobradora, gerente,<br />

diretora... e até criou o Disque Luiza, onde funcionários<br />

passavam a ligação de clientes que solicitavam falar<br />

com a “Dona Luiza”. É isso o que a faz ser tão diferente<br />

e bem-sucedida?<br />

LH: Quem vive reclamando que não tem tempo para nada,<br />

que está sobrecarregado, não está sendo produtivo. Esse<br />

meu estilo de fazer acontecer imediatamente, não ficar<br />

acumulando coisas, mas colocar em prática rapidamente<br />

o que deseja, ajuda bastante, além do principal, delegar<br />

responsabilidades.<br />

SETIN: O Magazine Luiza inovou no pioneirismo de vendas<br />

pela internet, hoje há toda uma discussão sobre as vendas<br />

pelas redes sociais. Como a senhora vê essa questão e<br />

quais são os planos futuros para as lojas digitais?<br />

LH: Na verdade, inovamos com vendas não presenciais<br />

muito antes de existir a internet. Criamos as Lojas<br />

Eletrônicas Luiza no começo da década de 1990, em<br />

pequenas cidades do interior, sem estoque algum. Eram<br />

lojas onde se fazia uma venda assistida por um vendedor,<br />

mas sem que o cliente tocasse no produto, comprando<br />

por vídeos, cartazes, pôsteres e outros meios. Quando<br />

chegou a internet já tínhamos grande experiência em<br />

vendas virtuais. Também inovamos com o Magazine Você,<br />

que são vendas por meio de redes sociais, e qualquer<br />

pessoa pode vender em suas redes de relacionamento e<br />

ser comissionada pelo Magazine Luiza. O futuro sempre<br />

trará desafios e inovações que toda empresa que deseja<br />

crescer, de qualquer segmento, terá que acompanhar.<br />

SETIN: O Magazine Luiza é reconhecido como um grande<br />

laboratório de inovação, foi pioneiro em várias frentes, seja<br />

em ações de marketing, seja na adoção de novas tecnologias.<br />

O quanto isso tem o “dedo” da dona Luiza Helena?<br />

LH: Eu sou focada em tecnologia, sou a primeira a<br />

comprar as novidades. Não tem jeito, hoje as pessoas<br />

não vivem sem tecnologia e as empresas também não.<br />

Muitos dizem que eu sou muito inteligente, que enxergo<br />

adiante do meu tempo. Não é verdade, o que eu tenho<br />

é uma grande capacidade de somar “QIs”, de alinhar<br />

“O bom líder é aquele capaz de levar as<br />

pessoas para mais longe do que elas<br />

imaginariam que pudessem chegar”<br />

talentos. Eu aprendi com o Peter Drucker (considerado o<br />

pai da administração moderna) a fazer muitas perguntas,<br />

a questionar sempre. Quando a gente quer inovar, não<br />

adianta falar para os outros, porque a resposta será<br />

sempre a mesma: não adianta, não vai dar certo. Por<br />

isso eu deixei de falar com os outros, vou lá e faço. Lá<br />

atrás, quando falei para minha tia Luiza que iria fazer uma<br />

super liquidação em janeiro, que as lojas abririam às 5<br />

horas da manhã, ela imediatamente disse: “Não vai dar<br />

certo, ninguém vai aparecer”. Deu tão certo que serviu de<br />

exemplo para o varejo, hoje muita gente faz.<br />

SETIN: Na sua opinião, qual o papel do líder?<br />

LH: O bom líder é aquele capaz de levar as pessoas<br />

para mais longe do que elas imaginariam que pudessem<br />

chegar. Para tanto, precisa saber extrair o que cada<br />

um tem de melhor e trabalhar em cima desses pontos<br />

positivos. Sem pessoas não teremos inovação nem bom<br />

atendimento. A gente sempre pregou que sonho que se<br />

sonha sozinho é só um sonho. Mas sonho que se sonha<br />

junto vira realidade. É assim que deve ser.<br />

SETIN: Como o empreendedorismo ajuda no empoderamento<br />

feminino? E qual o papel do Mulheres do Brasil, iniciativa<br />

apartidária sob sua liderança?<br />

LH: Nós pretendemos ser o maior grupo político apartidário<br />

do Brasil. Já somos mais de 20 mil mulheres trabalhando<br />

em diversos comitês e se envolvendo em questões<br />

fundamentais do país. Tudo sem ficar inventando a roda,<br />

mas apoiando organizações que já realizam trabalhos<br />

eficientes, e, também, sem criar diagnósticos, porque<br />

isso já temos bastante. Defendemos ações concretas<br />

para o bem do Brasil. Todas essas ações ajudam no<br />

empoderamento feminino.<br />

SETIN: Recentemente, a Lu, rosto do Magazine Luiza na<br />

internet, abraçou a causa do empoderamento feminino.<br />

Como foi a recepção dos clientes?<br />

LH: A repercussão foi excelente. Não é possível mais<br />

admitir uma mulher morta a cada uma hora e meia no<br />

Brasil por violência. Vivemos um caso muito triste na<br />

empresa que despertou uma grande campanha interna<br />

para denúncia e acolhimento de mulheres que sofriam<br />

caladas violência em suas próprias casas. Para minha<br />

alegria, homens sugeriram essa campanha, em que os<br />

clientes compravam uma colher por R$ 1,80, número do<br />

disque-denúncia, com o valor totalmente revertido para<br />

entidades que trabalham o tema de violência contra a<br />

mulher. No entanto, mais do que o valor monetário, o<br />

importante foi levantar a discussão para quebrar esse<br />

paradigma de que as pessoas não podem se envolver em<br />

briga de casal.


Como conselheira de 12 entidades de classe, Luiza Helena participa de seminários e debates no Brasil e no exterior<br />

SETIN: Diante das mudanças atuais e dos novos<br />

desafios, como continuar empreendendo<br />

no Brasil?<br />

LH: Desde sempre o Brasil enfrentou diferentes<br />

crises, foram cortes de zero, divisão da moeda,<br />

planos econômicos e entraves tributários e fiscais<br />

que sempre tornaram desafiadora a administração<br />

do empreendedor. Sempre existirá uma crise<br />

para ser administrada, e o que o empreendedor<br />

deve fazer é, sem subestimar o cenário, enfrentar<br />

com criatividade e coragem essas dificuldades,<br />

sempre de olho do seu fluxo de caixa.<br />

SETIN: Na sua opinião, o que significa empreender<br />

de verdade?<br />

LH: A palavra empreendedorismo está em<br />

moda há algum tempo. Eu venho de uma família<br />

empreendedora, onde não havia crise,<br />

havia, sim, a oportunidade gerada pela crise.<br />

A essência do empreendedor é a de ser um vetor<br />

de solução, seja ofertando um novo produto,<br />

um novo serviço, um novo jeito de fazer e de<br />

inovar. Em cenários como o que estamos enfrentando,<br />

quando as dificuldades aparecem e o<br />

mercado se torna muito competitivo, é que deve<br />

vir mais à tona esse papel de solução. Não foi<br />

só a crise econômica que impactou o mercado,<br />

a transformação digital também tem um peso<br />

grande. As startups que estão nascendo agora<br />

já nascem com uma nova postura empreendedora,<br />

não planejam demais, vão redirecionando<br />

a rota, aprendendo com os erros.<br />

“Sempre existirá uma crise para ser<br />

administrada. O que o empreendedor<br />

deve fazer é enfrentar com criatividade e<br />

coragem essas dificuldades”<br />

SETIN: Qual o segredo do sucesso?<br />

LH: O importante é a gente ter paixão pelo que<br />

faz e cérebro de solução. É preciso acreditar<br />

na vida e ser feliz. Quem tem solução, tem<br />

felicidade. É essencial também não ignorar a<br />

sua própria história, ela faz parte de você.<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

14


OBRAS INICIADAS<br />

JARDIM PAULISTA<br />

Foto aérea da região<br />

ADDRESS<br />

DESIRE<br />

VIVA CERCADO DE VIDA.<br />

NO MELHOR DE 3 BAIRROS.<br />

Estar bem localizado é um privilégio.<br />

No lado residencial mais nobre do Jardim Paulista,<br />

ladeado pelo Itaim e pelo Ibirapuera,<br />

o AD+D é um verdadeiro objeto de desejo.<br />

216 M2* 3 vagas<br />

Depósito<br />

Vaga com ponto para carro elétrico<br />

Perspectiva artística da fachada<br />

intermediação<br />

construção<br />

incorporação e intermediação<br />

Rua Suzano, 100 - Jardim Paulista<br />

setin.com.br/admaisd | 3041 9222<br />

Central de Atendimento da <strong>Setin</strong> Vendas - Rua Helena, 235 - 9º andar - Vila Olímpia - CEP 04552-050 - Tel.: 3041-9222 - São Paulo-SP - Diariamente, até as 21h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Creci: J 2599-9. Central de Atendimento<br />

Coelho da Fonseca Empreendimentos Imobiliários LTDA . Avenida Morumbi, 3669 - São Paulo-SP - Tel.: 3888-3000 - São Paulo-SP - Diariamente, até as 20h. Creci: J-961 SECOVI 1191. Registro de Incorporação R.05, Matrícula nº 192.818, do<br />

4º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP, em 24/11/2017. Qualquer venda estará sujeita ao pagamento do valor correspondente à intermediação imobiliária e as respectivas comissões decorrentes deverão ser descontadas do preço<br />

de venda constante na proposta a ser assinada pelo comprador. Imagens meramente ilustrativas. *A metragem divulgada é referente à área privativa do apartamento (211,808 m 2 ) + área de depósito (4,349 m 2 ) da unidade 22.


| GASTRONOMIA |<br />

Vista Ibirapuera<br />

ARQUITETURA,<br />

HISTÓRIA E CULTURA<br />

NO PRATO<br />

MARCOS URBANÍSTICOS DA METRÓPOLE, EDIFÍCIOS<br />

ICÔNICOS, HOJE ATRAEM PAULISTANOS E TURISTAS POR UMA<br />

NOVA E ECLÉTICA VOCAÇÃO GOURMET<br />

Celso Arnaldo<br />

FOTOS: TADEU BRUNELLI<br />

16


COZINHA CONTEMPORÂNEA<br />

O mais famoso arquiteto brasileiro de todos os tempos,<br />

Oscar Niemeyer, desenhou Brasília e o prédio do Detran, o<br />

Departamento de Trânsito, em São Paulo, inaugurado no quarto<br />

centenário da cidade. Seus traços são inconfundíveis. A vocação<br />

burocrática do edifício acabou quando o então governador<br />

José Serra transferiu a repartição pública para uma região<br />

menos nobre e menos custosa. O prédio, então – tombado nas<br />

instâncias federal, estadual e municipal pelos organismos de<br />

proteção arquitetônica –, passou aos cuidados da Secretaria<br />

da Cultura. Niemeyer ainda vivia, aos 99, e aceitou repaginar<br />

sua obra para abrigar o Museu de Arte Contemporânea da USP<br />

– que até então ocupava uma instalação pequena na Cidade<br />

Universitária. A principal mudança proposta pelo mestre: que<br />

a fachada, toda de vidro, fosse tapada, para dar maior condição<br />

de abrigar exposições. Na nova casa desde 2012, o MAC<br />

ganhou status de atração turística da cidade – com exposições<br />

temporárias de primeira ordem.<br />

Que tal comer um belo Strogonoff, clássico da culinária<br />

russa, minutos antes de assistir, a 50 metros de sua<br />

mesa, à eletrizante Sinfonia nº 4 de Tchaikovsky na<br />

Sala São Paulo? Ou deliciar-se com uma Salada de trigo com<br />

castanhas brasileiras e geleia de uvaia, uma das ofertas do<br />

bufê brasileiro contemporâneo do restaurante Santinho, num<br />

dos salões do centenário Theatro Municipal?<br />

Mais opções? Um belo cappuccino no topo do edifício hoje<br />

rebatizado Farol Santander, que chegou a ser o maior<br />

arranha-céu da América do Sul. Ou uma Caçarola de<br />

legumes ao curry da casa, enquanto se espera o pocket show<br />

da noite na Casa de Francisca, point atualíssimo dentro de um<br />

revigorado palacete de 1911, a 100 metros da Praça da Sé.<br />

O menu é variado – e irresistível: emulsão de arquitetura,<br />

pitadas de cultura e redução de história. Sentar-se à<br />

mesa num palacete dos anos 1910, num museu de traços<br />

desenhados por Oscar Niemeyer ou num edifício que há<br />

70 anos é ponto de referência no skyline da cidade está<br />

entre os programas mais tentadores da São Paulo cada<br />

vez mais gourmetizada.<br />

Mas também se come ali? Sim, e com vista privilegiada. Da<br />

varanda do Vista, o restaurante da casa, se vislumbra todo<br />

o Parque do Ibirapuera. Se a vista já vale a visita, a comida<br />

de Marcelo Correa Bastos, dono do premiado Jiquitaia,<br />

especializado em cozinha brasileira executada com técnica,<br />

equilíbrio de sabores e apresentação impecável, combina com<br />

arte contemporânea. Ali, se come com os olhos. Na verdade,<br />

o restaurante é parte de um complexo gastronômico, o Vista<br />

Ibirapuera, que ocupa vários espaços do Museu: no mezanino<br />

funciona o Vista Café, que serve comidinhas saudáveis e um<br />

brunch aos domingos. No almoço, do meio-dia às 16h, tem o<br />

Convescote – sugestão completa com três opções de entrada,<br />

prato principal e sobremesa. No rooftop, enfim, o Vista<br />

Restaurante. “O Vista é um restaurante de comida brasileira.<br />

Dispenso o rótulo de comida brasileira contemporânea<br />

porque meu trabalho é muito calcado nas tradições. Mas não<br />

é por isso que eu me privo de fazer releituras de pratos típicos<br />

e incluir toques autorais em clássicos da culinária nacional”,<br />

diz Marcelo, cujo mantra gastronômico é o respeito aos<br />

ingredientes e o rigor na execução das receitas.<br />

Exemplos de pratos “intocados” são a moqueca capixaba de<br />

peixe e camarão, a feijoada exclusiva dos almoços de sábado e<br />

a leitoa à pururuca dos almoços de domingo.<br />

Para os que quiserem apenas beliscar, o cardápio oferece<br />

gostosos petiscos, como as croquetas de pupunha com<br />

maionese de pimenta de cheiro. A carta de drinks é assinada<br />

pelo mixologista baiano Laércio Silva, conhecido como Zulu,<br />

integrante do júri que elege os 50 melhores bares do mundo<br />

e especialista na utilização de ingredientes genuinamente<br />

brasileiros nas receitas de seus coquetéis autorais. Para o bar<br />

do Vista, ele criou seis drinques, entre eles o Sertanejim, que<br />

mistura cachaça Leblon, pitaya vermelha, mix de especiarias,<br />

suco de limão e mel, finalizado com chips de mandioca e um<br />

coquinho de licuri.


Casa de Francisca<br />

NO PALACETE DE TEREZA<br />

Elas são contemporâneas, mas certamente nunca se cruzaram<br />

– até agora. A citada Francisca foi a espanhola proprietária de<br />

um imóvel de 1913, na Rua José Maria Lisboa, nos Jardins,<br />

onde até 2017, funcionou a Casa de Francisca – tida como a<br />

menor e mais charmosa casa de shows da cidade. Já Tereza<br />

teve seu nome eternizado aos 10 anos de idade, em 1911 –<br />

quando seu pai, o magnata Antônio de Toledo Lara, construiu<br />

um palacete de três andares na Rua Quintino Bocaiúva e<br />

batizou-o com o nome da filha: Tereza Toledo Lara. Era para<br />

ser um prédio de escritórios moderno, para profissionais<br />

liberais – e foi mais do que isso. O arquiteto Augusto Fried,<br />

alemão que executou diversas obras na cidade, foi o autor do<br />

projeto. A partir dos anos 1930, o histórico Palacete Tereza<br />

ficaria conhecido como ‘a esquina musical de São Paulo’,<br />

por abrigar a Rádio Record, a editora de partituras Irmãos<br />

Vitale e a loja de instrumentos musicais Casa Bevilacqua.<br />

Nos anos 60, a Record se mudou do centro e o palacete da<br />

menina Tereza ficou para trás. Isso até Francisca e sua Casa<br />

chegarem, décadas mais tarde.<br />

Em janeiro, a Casa de Francisca mudou-se para o primeiro<br />

andar do Palacete – e não demorou para virar point de quem<br />

trabalha no centro e de “turistas” de outras regiões da cidade.<br />

Quase sempre lotado nas noites de show (espaço para 120<br />

pessoas sentadas e até 200 em pé), combina esse espírito<br />

musical com uma bela cozinha. Os pratos como o Nhoque do<br />

Genaro, massa vegana em homenagem a um sapateiro amigo<br />

de Francisca, ou o Picadinho da Tereza, com filé mignon, arroz,<br />

feijão preto, farofa e ovo frito, são servidos até cinco minutos<br />

antes dos pocket shows – e depois deles. Mas o bar funciona a<br />

todo vapor. Detalhe: o serviço de comes e bebes não tem bufê<br />

nem garçom. O cliente paga no caixa e depois pega a fila, com<br />

sua bandeja, para retirar o prato no balcão da cozinha. “Não<br />

quero ser caracterizado como restaurante. Aqui o que conta é o<br />

convívio, não só a comida”, diz Rubens Amatto, dono e curador.<br />

Um exemplo de prato que permite sentir o potencial de um<br />

almoço gostoso e descomplicado ali: uma versão de baião-dedois,<br />

que leva costela de porco confitada desfiada com arroz,<br />

feijão, queijo de coalho, quiabo tostado na chapa, vinagrete de<br />

abóbora e farofa com cebola.<br />

FOTOS: ANTONIO RODRIGUES; DIVULGAÇÃO<br />

18


ALMOÇO COM DIREITO A BIS<br />

Cada vez mais refinada, a alta sociedade paulistana do início<br />

do século 20 espelhava-se em valores europeus – e por<br />

isso já namorava uma casa de espetáculos à altura de suas<br />

posses e do panorama erudito europeu, a fim de recepcionar<br />

grandes artistas da música lírica e do teatro. Com<br />

incentivos fiscais e um “por fora” dos próprios barões do<br />

café, o arquiteto Ramos de Azevedo e os italianos Cláudio<br />

Rossi e Domiziano Rossi iniciaram a construção da magnífica<br />

casa de espetáculos em 1902. Nove anos depois, 12<br />

de setembro de 1911, o Theatro Municipal – com o h que<br />

permanece no nome do teatro até hoje, desafiando as mudanças<br />

ortográficas – foi inaugurado.<br />

Restaurante da Sala<br />

CONCERTO PARA BUFÊ<br />

E ORQUESTRA<br />

Inaugurada em 1999, a Sala São Paulo é uma das mais<br />

importantes casas de concertos e eventos do país, e às<br />

vésperas da celebração de seus 20 anos continua impecável.<br />

No passado, o espaço foi uma espécie de sala vip ajardinada<br />

da primeira classe dos trens da Estrada de Ferro Sorocabana,<br />

cuja sede e ponto de partida e chegada era na Estação Júlio<br />

Prestes. O prédio, caracterizado pela sobriedade do estilo Luís<br />

XVI, seria concluído somente 13 anos mais tarde. Nos anos 90,<br />

quando já não havia trens passando pela estação, algumas<br />

áreas do edifício já vinham sendo locadas para festas e eventos.<br />

Em 1997, a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo<br />

assumiu o controle da Estação para transformá-la no<br />

Complexo Cultural Júlio Prestes. Hoje sede da Orquestra<br />

Sinfônica do Estado de São Paulo e do Coro da Osesp, é<br />

reconhecida como uma das salas com melhor acústica do<br />

mundo para música erudita.<br />

O Theatro de 107 anos é hoje ponto de referência do “centro<br />

novo” da cidade, inclusive na gastronomia. Em 2015, Morena<br />

Leite, uma das mais badaladas chefs da cidade, ganhou a<br />

concorrência e instalou, num dos salões que abraçam a<br />

sala de concertos propriamente dita, com afrescos, vitrais<br />

e grandes janelas que permitem a entrada de luz natural,<br />

uma filial de seu consagrado Santinho – ela que está se<br />

especializando em combinar comida e cultura: antes do<br />

Municipal, já havia Santinhos no Instituto Tomie Othake e<br />

no Museu da Casa Brasileira. Além de servir café e lanches<br />

variados desde 10 da manhã, seu já famoso e refinado bufê<br />

de comida brasileira é aplaudido de pé, e com direito a bis:<br />

uma seleção de pratos e entradas para comer à vontade e<br />

que mudam diariamente. Clássicos da mesa de Morena: a<br />

salada de banana com uvas passas e pratos típicos que se<br />

revezam, como feijoada, picadinho de filé e barreado. No<br />

bufê, a imersão cultural está incluída no preço. Aliás, antes<br />

ou depois do almoço, às quartas e sextas-feiras, o freguês<br />

do Santinho pode aproveitar e fazer uma visita guiada aos<br />

idos de 1911. A inscrição é gratuita e deve ser feita no guichê<br />

ao lado da bilheteria, com uma hora de antecedência.<br />

É, também, endereço de um restaurante ao mesmo tempo<br />

simples e sofisticado. No bufê do Restaurante da Sala, a sinfonia<br />

de sabores tem variados estilos gastronômicos clássicos – da<br />

comida tipicamente brasileira a pratos internacionais. O bufê<br />

das sextas é temático – pode ser uma ilha de massas, um<br />

festival de risotos ou até comida mexicana.<br />

Nos concertos da OSESP, o bufê começa às 18h30, para se<br />

comer sem pressa de perder o primeiro movimento. E deixa<br />

de servir quando se inicia o concerto. Quando a noite é para<br />

os assinantes da Cultura Artística, a abertura é às 19h e o<br />

fechamento, igualmente, quando se inicia o concerto – mas,<br />

em ambos os casos, depois dele fica aberto até 1 hora. Um<br />

simpático e eficiente café, com louça de primeira, também faz<br />

parte do acompanhamento gastronômico da Sala São Paulo.<br />

Santinho Theatro Municipal de São Paulo


Café do Farol por Suplicy Cafés Especiais<br />

LUZ SOBRE A CIDADE<br />

Em qualquer ponto do qual se possa avistar o centro<br />

da capital paulista, o hoje Farol Santander é cenário e<br />

referência. Inaugurado em 1947 pelo governador Ademar<br />

de Barros para abrigar a sede do Banco do Estado de São<br />

Paulo (Banespa), o edifício Altino Arantes, batizado assim<br />

em homenagem ao primeiro presidente do banco, tem 35<br />

andares e 161 metros de altura. Com arquitetura inspirada<br />

pela art déco do Empire State Building nova-iorquino,<br />

o prédio chegou a ser, até 1965, a maior construção de<br />

concreto armado do continente. E, até 1960, o mais alto<br />

da cidade – sendo então superado pelo edifício Mirante do<br />

Vale, na Avenida Prestes Maia. Ao longo de sua existência,<br />

milhões de pessoas tiveram uma noção do gigantismo de<br />

São Paulo a partir do emblemático 26º andar do prédio.<br />

Em 2000, o banco Santander adquiriu o Banespa, mantendo<br />

a visita ao mirante até 2015, quando o prédio foi fechado<br />

para reforma. Um ano antes, o edifício fora tombado pelo<br />

Condephaat. Em janeiro último, o Farol Santander reabriu<br />

totalmente repaginado e com um charme retrô que nunca<br />

teve. Capta um novo público para as atrações museólogas<br />

e gastronômicas. Além da reconstrução histórica do lugar,<br />

por meio do chamado Espaço Memória, uma pista de skate,<br />

um loft que pode ser alugado para uma noite única e um<br />

ateliê de objetos de sucata proporcionam aos visitantes<br />

experiências que incluem conhecer uma agência bancária<br />

dos anos 1940 e 1950 (no 3° andar) e passear por uma<br />

réplica da sala da presidência do velho Banespa. São 11<br />

andares para visitação, incluindo o mirante. E há, ainda, o<br />

Café do Farol, uma unidade do Suplicy Cafés Especiais – de<br />

onde se tem geograficamente a mesma vista há 70 anos.<br />

Além da carta de cafés obrigatórios, o chef Victor Dimitrow<br />

criou um cardápio especial, com ingredientes naturais e<br />

orgânicos. Entre as entradas, Steak Tartare (emulsão<br />

de tutano, beterraba defumada e crocante de tapioca).<br />

Prato principal: Filet Mignon de porco com terrine de<br />

mandioquinha, mostarda verde e pururuca. Sobremesa:<br />

Pudim de café (com caramelo de laranja, chantilly de<br />

cardamomo e nibs de cacau). Há menu executivo (entrada<br />

+ prato principal) e versão kids. Aos sábados, a pedida é<br />

conferir o Brunch Suplicy, em duas versões: a completa,<br />

com uma sequência de nove pratos, e o Mini Brunch, com<br />

cinco itens – ambos incluem água e uma bebida à base de<br />

café. Destaques: Donut de pato desfiado com chutney de<br />

abacaxi e manga e a Salada de frutas carbonatadas com<br />

gelatina de espumante.<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

20


MODERNO MAS TRADICIONAL<br />

O projeto é de Oscar Niemeyer, como quase tudo construído<br />

naquele Parque Ibirapuera de 1954, nos 400 anos de São Paulo.<br />

A extensa e lendária marquise, marca registrada do arquiteto,<br />

cobria quase tudo na área concretada do grande parque verde<br />

da cidade – inclusive o Museu de Arte Moderna, que também se<br />

integra ao chamado Jardim das Esculturas. O MAM, com sua<br />

política de atualização, conservação e ampliação permanente da<br />

coleção, com mais de 5.000 peças, tem também uma das maiores<br />

bibliotecas especializadas em arte da cidade, com mais de 60<br />

mil volumes. Desde 1969 organiza a mostra bienal Panorama da<br />

Arte Brasileira, uma das mais tradicionais exposições periódicas<br />

do país e importante ferramenta para a ampliação do acervo.<br />

É nesse ambiente onde se respira verde e arte que se insere o<br />

Prêt no MAM – mais um restaurante que tempera sua comida<br />

com o melhor da cultura paulistana. Com vista para o Jardim<br />

de Esculturas, a marquise do parque e a Oca do Ibirapuera, o<br />

restaurante Prêt no MAM, todo envidraçado, atrai um público<br />

bastante diversificado para o almoço, em mesas simples.<br />

A entrada é livre e o sistema de serviço é o bufê – só para<br />

almoço. Entre as opções de pratos do dia: quiche de abóbora<br />

com alho-poró, carne assada, frango no molho de mostarda<br />

ancienne e vatapá. A lista de doces, à parte, inclui uma<br />

disputada tarte tatin de goiaba.<br />

Prêt no MAM<br />

galpão de quase 600 metros, em frente a uma ferrovia – em<br />

seu palco, o J. Quest estreou. Ali se criou um dos “musts” dos<br />

bares off the road de hoje: barris transformados em mesas.<br />

Por causa do casamento com um professor, Lilian mudouse<br />

para São Paulo. Seu quarto Drosophyla, o primeiro na<br />

capital paulista, ficava na Rua Pedro Taques, nas cercanias do<br />

cemitério da Consolação até o dono pedir o imóvel. Em busca<br />

de um novo espaço, Lilian encontrou o casarão da Nestor<br />

Pestana. O restauro teria de ser completo e minucioso – e<br />

durou um ano. Na decoração, peças garimpadas em viagens<br />

feitas à China e na recepção Madame Lili, uma personagem<br />

especial inspirada em uma chinesa, cujo marido, alemão,<br />

dava festas memoráveis no casarão na década de 20.<br />

Drosophyla Bar<br />

UMA NOITE COM MADAME LILI<br />

O lindo casarão, na rua Nestor Pestana, é herança da São Paulo<br />

dos anos 1920. Em estilo cottage, com influência germânica,<br />

foi projetado pelo arquiteto Abelardo Soares Caiuby. Viveu um<br />

processo de intensa degradação por 25 anos, até ser regatado<br />

pela empreendedora mineira Lilian Varella. Fã dos chamados<br />

bares off the road, já em 1986 ela abria seu primeiro bar<br />

Drosophyla, numa garagem charmosa, em Belo Horizonte.<br />

Nos anos seguintes, seriam mais três Drosophylas – com o<br />

estilo sempre aperfeiçoado. O terceiro, por exemplo, era um<br />

O Drosophyla é um bar especializado em Drinks Apotecários.<br />

Apotecário é sinônimo de farmacêutico. Daí que os cocktails<br />

da casa funcionam como remédios. Essa é a divertida técnica<br />

utilizada na mixologia/coquetelaria da casa – que trabalha<br />

de forma artesanal com ervas, flores e especiarias para a<br />

elaboração de infusões, xaropes e bitters. Destaque para o Dro<br />

Xaxado – Jack Daniel's, Cointreau, syrup de açúcar, purê de<br />

milho, limão. Ação do cocktail: diurético e estimulante. Claro,<br />

comes acompanham os bebes no Dro. Entre as entradas, o<br />

Bolinho de arroz a la Wong, com curry thai vermelho e queijo<br />

parmesão ralado. Para o jantar, opções de pastas, como o<br />

Fettuccine Avec Siciliano (creme de leite fresco, limão siciliano<br />

e parmesão) e pescados, como o Procurando Nemo (filé de<br />

peixe ao molho velouté de ervas com purê de banana da terra).<br />

Detalhe: os divertidos uniformes retrô dos garçons foram<br />

desenhados por Ronaldo Fraga.


SERVIÇO<br />

CAFÉ DO FAROL POR SUPLICY<br />

CAFÉS ESPECIAIS<br />

Rua João Brícola, 24,<br />

26º andar – Centro<br />

CASA DE FRANCISCA<br />

R. Quintino Bocaiúva, 22,<br />

1º andar – Sé<br />

RESTAURANTE DA SALA<br />

Praça Júlio Prestes, 16 – Santa<br />

Cecília<br />

VISTA IBIRAPUERA<br />

Avenida Pedro Álvares Cabral, 1.301<br />

– Ibirapuera. Acesso pelo portão<br />

principal do MAC-USP.<br />

Esther Rooftop<br />

PENTHOUSE COM SOTAQUE FRANCÊS<br />

As pessoas que passam pela Praça da República já se habituaram àquele<br />

edifício escuro em formato de caixa, em cujos andares não se distingue entre<br />

apartamentos ou escritórios. Aos 80 anos, o Esther é um marco arquitetônico<br />

da cidade – e, de dois anos para cá, também um marco gastronômico.<br />

O edifício Esther, quase na viradinha da Praça para a Avenida São Luís, chamou<br />

a atenção dos paulistanos dos anos 30, por suas linhas modernas, projetadas<br />

pelo arquiteto Álvaro Vital Brazil, que na época tinha 26 anos. Foi erguido sob<br />

encomenda da família Nogueira, dona da Usina de Açúcar Esther, para servir<br />

como sede da empresa. Os usineiros queriam um conjunto com salas comerciais<br />

de diferentes dimensões e, na metade superior, amplos apartamentos, bastante<br />

descolados para os padrões da época. Os dois últimos andares, por exemplo,<br />

abrigariam apartamentos – pela primeira vez na cidade – duplex. E uma enorme<br />

cobertura, já denominada, então, de penthouse.<br />

ESTHER ROOFTOP<br />

Rua Basílio da Gama, 29,<br />

11º andar – Centro<br />

DROSOPHYLA BAR<br />

Rua Nestor Pestana, 163,<br />

Consolação<br />

SANTINHO THEATRO MUNICIPAL<br />

DE SÃO PAULO<br />

Praça Ramos de Azevedo,<br />

s/n – República<br />

PRÊT NO MAM<br />

Marquise do Ibirapuera - Complexo<br />

Viário Ayrton Senna, s/n<br />

Parque Ibirapuera<br />

O novo termo de moradia era inglês. Mas, 70 anos depois, um francês o encampou – e<br />

até foi morar nele. O chef-galã Olivier Anquier tornou-se o morador mais ilustre do<br />

então castigado Esther – valorizando-o com sua fama e seu investimento. A penthouse<br />

ficou um brinco. Assim começaria a renascer o Esther e renascer o Esther Rooftop –<br />

o bistrô francês no cume do edifício, que em apenas dois anos ganhou status de casa<br />

estrelada e se tornou um programa. A cobertura deixou de ser “chez Olivier” para se<br />

transformar num restaurante francês. Para dar sabor e alma à gastronomia da casa,<br />

Olivier se uniu ao amigo, conterrâneo e chef Benoit Mathurin, que empregou sua<br />

expertise em um menu repleto de clássicos, como A Terrine do Meu Avô, o Ceviche<br />

Esther e a Torre de Bochecha de Porco e Nhoques de Mandioquinha. Sobremesa: o<br />

irresistível Brioche Esther. Ficou chiquérrimo comer lá, no almoço e no jantar – com<br />

uma vista que o paulistano não pôde desfrutar por 80 anos.<br />

A sensação é de fazer uma visitinha à casa de Olivier Anquier – que de vez em<br />

quando passa por lá. Aliás, também é possível, eventualmente, vê-lo no térreo<br />

do Esther, onde ele, originalmente um chef pâtissier, abriu uma padaria – o<br />

Mundo Pão do Olivier.<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

22


VISTA PANORÂMICA DO LOCAL<br />

ESSEN<br />

CIAL<br />

PARA QUEM SABE QUE SER É<br />

MELHOR DO QUE APENAS TER.<br />

6<br />

81 OU 2 DORMS<br />

C/ SUÍTE<br />

m 2<br />

TORRE ÚNICA<br />

É numa rua tranquila e arborizada,<br />

nessa região plural, na parte mais alta<br />

do bairro, que está localizado o Ser.<br />

Cercado por uma infinidade de confortos<br />

e conveniências. Próximo do Metrô<br />

e de tudo que você quer e precisa.<br />

Perspectiva artística da fachada - Rua Girassol<br />

VISITE O DECORADO<br />

Rua Girassol, 1340<br />

Central de Atendimento da <strong>Setin</strong> Vendas: Rua Helena, 235, 9º andar, Vila Olímpia, CEP 04552-050,<br />

Tel.: 3041-9222. São Paulo-SP. Diariamente, até as 21h, inclusive aos sábados, domingos e feriados.<br />

Creci: J 2599-9. Central de Atendimento Coelho da Fonseca Empreendimentos Imobiliários LTDA: Avenida<br />

Morumbi, 3669 - São Paulo- SP - Tel.: 3888-3000. Diariamente, até as 20h. Creci: J-961. SECOVI: 1191.<br />

Registro de Incorporação R.03, Matrícula nº 147.020 do 10º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo-SP, em<br />

23/08/2018. Qualquer venda estará sujeita ao pagamento do valor correspondente à intermediação imobiliária,<br />

e as respectivas comissões decorrentes deverão ser descontadas do preço de venda constante na proposta a ser<br />

assinada pelo comprador. Imagens meramente ilustrativas.<br />

Foto do decorado<br />

4118-2656<br />

SETIN.COM.BR/SER<br />

Intermediação:<br />

Incorporação e Intermediação:


| VIAGEM |<br />

1 O – HONG KONG, CHINA<br />

Se você é do tipo urbano, que não dispensa as comodidades<br />

de uma cidade grande, mas ao mesmo tempo valoriza a<br />

cultura local, Hong Kong é o seu destino. Com uma atmosfera<br />

cosmopolita ultramoderna, é a cidade com o maior número<br />

de arranha-céus do mundo. Garante acesso à internet e a<br />

manifestações artísticas. Agrada principalmente àaqueles que<br />

não dispensam boas compras, oferecendo desde mercados<br />

noturnos com verdadeiras pechinchas até shoppings de luxo<br />

com as principais grifes mundiais.<br />

O QUE É IMPERDÍVEL POR LÁ: assistir à Symphony of Lights, que<br />

ilumina a cidade todas as noites, às 20h, do alto da montanha<br />

Victoria Peak; ver o Grande Budha em Lantau; e curtir a<br />

pequena, porém charmosa, Disneyland de Hong Kong.<br />

FOTO: ISTOCKPHOTO.COM<br />

24


TOP 10 DESTINOS<br />

DO MUNDO<br />

SE VOCÊ ESTÁ TENTANDO DECIDIR SUA PRÓXIMA<br />

VIAGEM, A LISTA OFICIAL DAS CIDADES MAIS VISITADAS<br />

NO PLANETA PODE TE AJUDAR<br />

Rozze Angel<br />

Todos os anos, durante o World Travel Market (WTM), um dos maiores<br />

eventos da indústria de viagem do mundo, que acontece em Londres,<br />

na Inglaterra, é divulgada a lista dos destinos mais procurados pelos<br />

viajantes. Baseada no número de turistas estrangeiros que chegam às cidades<br />

e que ali ficam por mais de 24 horas, a pesquisa revelou que, em 2017, Hong<br />

Kong liderou absoluta a procura, recebendo mais de 26 milhões de visitantes,<br />

e pelo que tudo indica, deve manter o posto também em 2018. Por sinal, entre<br />

as dez primeiras colocadas deste ranking, oito são asiáticas. Confira o Top 10<br />

a seguir, escolha seu destino e boa viagem!


2 O – BANGKOK, TAILÂNDIA<br />

Templos, cultura, gastronomia típica, a capital da Tailândia oferece<br />

não só diversas atrações como a facilidade de encontrá-las. Por lá, tudo<br />

é relativamente perto e ainda dá para se divertir a bordo de um tuk tuk,<br />

tradicional triciclo motorizado que leva os turistas de um canto a outro da<br />

cidade. Dez em cada dez turistas que chegam a capital procuram pelos<br />

famosos mercados flutuantes. Alguns ficam mais próximos ao centro, como<br />

o Taling Chang, e outros, como o famoso Damnoen Saduak Floating Market,<br />

ficam mais distantes. Se tiver tempo e pique, o legal é contratar um tour<br />

de bike, com guia, e percorrer todo o caminho pedalando. Existe, por outro<br />

lado, uma Bangkok que pulsa extravagância, com hotéis e shoppings de luxo<br />

além de rooftops badalados para quem quer aproveitar a vida noturna, como<br />

o Vertigo ou o Sky Bar no topo do Lebua State Tower.<br />

DICA: vale muito a pena se hospedar pelo Airbnb em Bangkok. Apartamentos<br />

privativos, com piscina, custam em média 30 dólares por noite. Mas pesquise<br />

bem a região antes de escolher.<br />

3 O – LONDRES, INGLATERRA<br />

De tão efervescente, é um destino que exige, pelo menos, uma semana de<br />

estadia. As atrações são as mais ecléticas: museus, bares, shoppings, pontos<br />

turísticos imperdíveis, points de compras, galerias, baladas, feirinhas, tem<br />

um pouco de tudo. A cidade por si só já é uma obra de arte. Mas, como a<br />

moeda local é a libra esterlina, não é uma opção barata para brasileiros.<br />

Porém, se tiver espírito aventureiro pode se hospedar em um dos diversos<br />

hostels disponíveis, que, além de mais acessíveis, oferecem uma excelente<br />

oportunidade para se fazer novos amigos. E como Londres é uma babel, com<br />

certeza vai encontrar pessoas de todos os cantos do planeta. Como a cidade é<br />

dividida por zonas – de 1 a 6 –, procure ficar na região mais central possível.<br />

Assim poderá fazer muitos passeios a pé, como ir do Hyde Park ao Palácio de<br />

Buckingham, visitar o Big Ben e o London Eye próximos ao Rio Tamisa, além<br />

de fazer um tour pelos principais museus: o de História Natural, o British<br />

Museum, o Tate e o Victoria & Albert.<br />

FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />

26


4 O – CINGAPURA, CINGAPURA<br />

Quando se vê o skyline de Cingapura, a sensação é de que se está prestes a<br />

entrar em uma cidade futurista no melhor estilo Blade Runner. É moderna,<br />

muito bem estruturada e absolutamente segura e limpa. Para se manter assim,<br />

claro, tem regras rígidas, com várias proibições. Desde as mais simples, como<br />

proibir que se mastigue chiclete (é verdade!) ou se atravesse fora da faixa de<br />

pedestres, que podem acarretar multas inclusive para turistas, até tolerância<br />

zero para drogas e violência, com penalidades que vão de chibatadas a pena<br />

de morte. Mas, para quem seguir as regras, é um dos melhores lugares para<br />

se visitar. Com um padrão de qualidade nas alturas, suas atrações beiram<br />

a megalomania. Como a ponte Helix, com 2,4 quilômetros de tubos de aço<br />

inoxidável; o teleférico Sky Pass, que leva a Sentosa, onde fica o parque<br />

Universal Studios local; o S.E.A., maior aquário do mundo; o gigantesco<br />

Gardens by the Bay, entre outros pontos turísticos que ficarão para sempre<br />

na sua memória.<br />

5 O – MACAU, MACAU<br />

Com cerca de 30 quilômetros quadrados, Macau é pouco maior que Fernando<br />

de Noronha, mas ao contrário da ilha paradisíaca, é tumultuada e em alguns<br />

pontos, intransitável. Como foi colônia de Portugal, placas de rua, monumentos<br />

históricos e até calçadões, com identificações em português, são bem<br />

familiares aos brasileiros. Embora seja preservada como Patrimônio Mundial<br />

da Humanidade, não são bem os pontos turísticos que atraem os visitantes, e<br />

sim seus cassinos. Na verdade, os maiores e mais luxuosos do mundo estão<br />

lá – mais até do que os de Las Vegas, nos Estados Unidos. Entre eles, o The<br />

Venetian Macao, que além da jogatina, funciona como hotel 5 estrelas, com<br />

suntuosos shows de teatro e circo, além de apresentações exclusivas de<br />

artistas internacionais como Maryah Carey e Maroon 5.


6 O – DUBAI,<br />

EMIRADOS ÁRABES<br />

Tudo em Dubai é grandioso. Melhor,<br />

é digno de realeza. Dos prédios a<br />

arquipélagos artificiais projetados<br />

e construídos onde antes só existia<br />

areia. É um destino que exige pelo<br />

menos dez dias de viagem, se claro<br />

tiver dinheiro suficiente para isso.<br />

Porque sim, vai precisar. Mas se estiver<br />

disposto a gastar, não vão faltar opções.<br />

De passeios pelo deserto em camelos,<br />

motos, bugues ou balões a jantares<br />

suntuosos e baladas inesquecíveis.<br />

Claro que alguns pontos são tão<br />

exclusivos, que todo turista tem que<br />

visitar! Comece pelos maiores do<br />

mundo: o mirante do Burj Khalifa, um<br />

dos maiores edifícios; depois visite<br />

o prédio do Burj Al Arab, o único<br />

hotel 7 estrelas do planeta que tem<br />

na decoração mais de 1.500 metros<br />

quadrados de ouro; divirta-se no Ski<br />

Dubai, a maior pista de gelo indoor<br />

dentro do maior shopping; e finalize<br />

com um passeio pela Palm Jumeirah,<br />

a maior ilha artificial.<br />

7 O – PARIS, FRANÇA<br />

Romântica e dramática, estar em Paris é como visitar um cenário de filme. Por<br />

sinal, nem dá para enumerar quantas tramas foram filmadas na Cidade Luz,<br />

como é conhecida. É fácil de percorrer Paris. Além de ter um dos melhores<br />

sistemas de metrô do mundo, oferece ainda uma ampla rede de ônibus e<br />

estações de aluguel de bike. Mas a melhor opção mesmo é calçar um tênis<br />

confortável e caminhar. Com um mapa em mãos dá para ir de uma atração<br />

a outra, literalmente, saboreando a paisagem. E entre um ponto e outro, dar<br />

ainda uma paradinha em um dos famosos cafés parisienses.<br />

DICA: a cidade oferece diversos tipos de passes, como o Paris Pass, que, por<br />

um valor único garante entrada, sem filas, nas principais atrações – entre elas<br />

Louvre, Pantheón, Catedral de Notre Dame, passeio de barco pelo rio Sena,<br />

visita a inúmeros castelos, além de transporte livre. Se estiver acompanhado,<br />

escolha uma noite para apreciar um bom drink no bar Kong, que ficou famoso<br />

por ter aparecido no seriado Sex and The City e fica na cobertura da Maison<br />

Kenzo, com vista para a Pont Neuf. Um luxo que exige reserva antecipada.<br />

FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />

DICA essencial: visite Dubai entre<br />

novembro e abril quando o clima é mais<br />

ameno. No restante do ano, o calor<br />

impede que muitas atrações funcionem.<br />

E claro, informe-se sobre regras de<br />

vestimenta e conduta, principalmente<br />

para mulheres.<br />

28


8 O – NOVA YORK,<br />

ESTADOS UNIDOS<br />

Nova York é aquele tipo de destino a que se pode voltar sem<br />

medo, quantas vezes quiser, e sempre haverá algo novo<br />

para fazer. Claro que tem aqueles pontos turísticos que todo<br />

mundo sempre sonhou em visitar: Estátua da Liberdade,<br />

Empire State, Central Park, Times Square, Broadway etc.<br />

Mas de verdade, dá para se pensar em diferentes roteiros de<br />

acordo com o perfil (e bolso) de cada visitante. Se for ligado<br />

a artes, tem centenas de espetáculos em cartaz, galerias<br />

de arte, museus. Gastronomia é outro ponto forte, com<br />

restaurantes que oferecem experiências fantásticas que vão<br />

muito além do cardápio. A dica é dividir o roteiro por regiões<br />

como Soho, Chelsea, Upper East Side, Bronx e saindo da<br />

ilha, visitar também o Brooklin, que figura entre os points<br />

do momento quando o assunto é cultura e diversão. E claro,<br />

ficar atento ao preço do dólar, já reservando do Brasil tudo o<br />

que puder, para não correr riscos de altas de câmbio.<br />

9 O – SHENZHEN, CHINA<br />

Nem pense em templos ou ruínas, Shenzhen é um destino<br />

voltado aos negócios. Conhecido como o Vale do Silício chinês,<br />

é uma cidade acelerada em vários sentidos. A começar pelo<br />

seu crescimento demográfico – em 1980 contava com cerca<br />

de 30 mil habitantes e hoje ultrapassa os 10 milhões. Por lá<br />

estão instalados escritórios e fábricas das maiores empresas<br />

globais, em impressionantes prédios que lhe renderam o<br />

apelido de cidade do futuro. Pelo menos uma vez por mês<br />

recebe uma importante feira ligada a tecnologia, robótica ou<br />

inovação. Até mesmo o entretenimento tem apelo futurista.<br />

No OCT Harbour, um complexo que envolve shopping,<br />

parque, restaurantes e lazer localizado no centro da cidade,<br />

por exemplo, a principal atração é o Ocean Wonder House,<br />

um aquário virtual interativo 3D. A moeda local – Renminbi –<br />

é acessível a brasileiros e é possível encontrar um bom hotel<br />

por excelente valor.<br />

10 O – KUALA LUMPUR, MALÁSIA<br />

Exótica. Se por um lado é em Kuala Lumpur que se encontra hoje as maiores torres gêmeas do mundo,<br />

a Petronas Twin Towers, de outro se tem importantes templos de diferentes culturas religiosas.<br />

Esse choque entre o moderno e o antigo é o que o torna um destino muito procurado. Se quer uma<br />

dica, prepare-se para compras. Assim como outras cidades asiáticas, KL tem shoppings com grifes<br />

internacionais e sua própria Chinatown com todo tipo de mercadoria chinesa. Não deixe também de<br />

visitar o Aquária KLCC, dentro do shopping Suria KLCC, que embora não seja tão grande, tem uma gama<br />

de vida marinha para se observar, inclusive por túnel de vidro, por onde se caminha embaixo d’água.<br />

Batu Caves, um conjunto de cavernas gigantes impressionante que fica a meia hora do centro, é outra<br />

parada obrigatória. É uma cidade relativamente barata para brasileiros e os dois melhores pontos da<br />

cidade para se hospedar são Bukit Bintang e KL Sentral, de onde partem trens para todos os cantos.<br />

APENAS UM AVISO: por lá o clima é muito quente o ano todo.


| ARQUITETURA |<br />

THIAGO<br />

BERNARDES<br />

NASCIDO EM UMA FAMÍLIA DE GRANDES ARQUITETOS, ELE JÁ SOMA<br />

25 ANOS DE CARREIRA E 700 PROJETOS NO CURRÍCULO, NOS QUAIS<br />

IMPRIME SUA IDENTIDADE SEM DEIXAR PARA TRÁS AS INFLUÊNCIAS<br />

DE SEU PAI E AVÔ, COMPONDO UMA HISTÓRIA DE SUCESSO QUE<br />

ATRAVESSA GERAÇÕES<br />

Yara Guerchenzon<br />

Natural do Rio de Janeiro, Thiago Bernardes nasceu em<br />

1974 e, desde sempre, traz a vivência da arquitetura<br />

no seu dia a dia. Seu avô, Sergio Bernardes, um dos<br />

mestres da arquitetura moderna brasileira, fez história nas<br />

décadas de 1950 a 1970. Já seu pai, Claudio Bernardes, é<br />

autor de um estilo original, com projetos inconfundíveis<br />

criados entre os anos 1970 e 1990. Da infância vivida em<br />

frequentes visitas a canteiros de obra, ao lado do pai, veio a<br />

paixão pela profissão e o estímulo para começar a carreira<br />

aos 19 anos. Nesses 25 anos, sendo cinco deles à frente<br />

do escritório Bernardes Arquitetura, o profissional já levou<br />

para o extenso currículo cerca de 700 projetos.<br />

Em seu escritório, aberto em 2012, Thiago Bernardes<br />

vem desenvolvendo novas pesquisas e criando parcerias,<br />

com o objetivo de aprofundar seu trabalho autoral, junto<br />

de uma equipe de cerca de 60 profissionais, incluindo<br />

os sócios Nuno Costa Nunes, Márcia Santoro, Camila<br />

Tariki e Dante Furlan. Todos envolvidos em projetos que<br />

atendem a variados programas e escalas construtivas,<br />

contando com núcleos de trabalhos especializados. No<br />

formato atual, a Bernardes Arquitetura se divide entre<br />

dois endereços no Brasil e um em Portugal, sendo um no<br />

Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, um no Jardim Europa,<br />

em São Paulo, e outro em Príncipe Real, em Lisboa.<br />

Os três abrangem as áreas de arquitetura, urbanismo<br />

e design de interiores, trabalhando de forma integrada<br />

e complementar.<br />

Em paralelo ao trabalho de arquitetura, Thiago lançou<br />

em 2012 um documentário em homenagem ao avô Sergio<br />

Bernardes, de grande repercussão. “Fiz esse filme para<br />

entender certas coisas. Todos os lugares em que eu ia<br />

no mundo, encontrava alguém que me perguntava: você<br />

é neto do Sergio Bernardes? Ele tinha uma relevância, eu<br />

sabia, mas, ao mesmo tempo, ninguém mais falava dele<br />

no Brasil, nem nos cursos de arquitetura”, conta o arquiteto.<br />

“Então decidi fazer esse documentário, para o qual<br />

visitamos algumas de suas obras mais emblemáticas,<br />

como o Hotel Tambaú e o Espaço Cultural José Lins do<br />

Rego, ambos em João Pessoa, e a Residência Paulo Sampaio,<br />

em Petrópolis.”<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

30


O arquiteto costuma dizer que sente como se fizesse a<br />

conexão arquitetônica e amorosa entre o pai e o avô. “Eu<br />

percebi muito bem as perdas e ganhos do meu avô, que<br />

sempre esteve à frente do seu tempo, e também do meu<br />

pai, que atuou nos anos 70/80 no Brasil, numa época em<br />

que a arquitetura estava estagnada e só era vista dentro<br />

dos muros”, afirma. “A arquitetura pública quase não<br />

existia, o pensamento para as cidades estava praticamente<br />

desaparecido. Sinto que trago o equilíbrio entre esses<br />

dois personagens tão diferentes.”<br />

Já sobre o próprio trabalho, ele prefere deixar os rótulos de<br />

fora: “Eu sou livre de qualquer escola, carioca ou paulista,<br />

me sinto livre para criar. Acredito que a arquitetura tem de<br />

estar ligada à região em que está inserida e deve evoluir<br />

com a tecnologia da época”. Exemplo disso é o Museu<br />

de Arte do Rio (MAR), um dos seus projetos de maior<br />

destaque, do qual participou da criação e que, de forma<br />

inusitada, envolveu a adaptação de prédios existentes<br />

e de estilos arquitetônicos antagônicos, localizados no<br />

Centro da cidade do Rio de Janeiro. “Ter a oportunidade<br />

de projetar um prédio público como o Museu de Arte do<br />

Rio foi um presente. Com ele, conseguimos mostrar que a<br />

nossa arquitetura é multidisciplinar, que nosso escritório<br />

está aberto para resolver problemas de espaço, de fluxo e<br />

para pensar a cidade”, declara. “No MAR, a cobertura não é<br />

meramente um gesto espetacular. A gente queria oferecer<br />

ao público uma vista nova, por isso fizemos a praça suspensa.<br />

A grande cobertura como terceiro elemento, ligada a dois<br />

prédios com características tão diferentes, acabou virando<br />

um marco para a revitalização da zona portuária do Rio de<br />

Janeiro.” De forma abstrata e etérea, essa estrutura fluida,<br />

extremamente leve, simula a ondulação da superfície da<br />

água: “Uma arquitetura de caráter poético e carregada<br />

de significado, simples e ao mesmo tempo moderna na<br />

questão de cálculo estrutural. Esse elemento será visto<br />

tanto de perto quanto de bem longe; tanto de baixo, para<br />

quem está chegando à Praça Mauá, quanto de cima, para<br />

quem está no Morro da Conceição”, detalha Thiago.<br />

Nessa mesma linha, menciona o projeto criado para a<br />

nova sede do Instituto Brincante, em São Paulo, que foi<br />

selecionado para ser exposto no Pavilhão do Brasil na<br />

última Bienal de Arquitetura de Veneza. “Ligado a uma<br />

pequena praça e mezanino abertos, que conectam a rua a<br />

seu interior, o teatro-escola faz do Brincante um marco à<br />

resistência em meio a um ambiente de especulação imobiliária<br />

agressiva”, conta.<br />

Entre os projetos residenciais, que representam a maior<br />

parte em seu escritório, ele cita a Casa Península, uma<br />

das mais recentes, e a Capela Joá. Para a primeira, cravada<br />

num terreno de declive acentuado, Thiago conta que<br />

a estratégia adotada foi trazer o mínimo de alteração para<br />

o entorno e a topografia, criando uma plataforma com a<br />

maior área possível e, sobre ela, um terreno para estruturar<br />

os demais pavimentos, divididos entre um embasamento<br />

retangular, o nível intermediário mais vazado e o<br />

Capela Joá, no Rio de Janeiro, construída nos jardins de uma residência, para as<br />

cerimônias da família. Em área de vegetação densa, proporciona a visão de céu e mar<br />

volume triangular suspenso, com uma das arestas em um<br />

grande balanço de nove metros em direção ao mar, que<br />

nos faz lembrar um grande barco. “Já o projeto de interiores<br />

foi pensado para ser tão puro e simples como as formas<br />

da arquitetura, envolvendo um mobiliário assinado<br />

por célebres designers brasileiros, na sua maioria produzido<br />

em madeira, compondo os ambientes com o mobiliário<br />

desenhado especialmente para esta casa”, ressalta.<br />

Sobre a Capela Joá, situada no bairro do Joá, no Rio de<br />

Janeiro, Thiago diz gostar bastante do resultado por sua<br />

escala reduzida e pela possibilidade de síntese dos elementos<br />

estruturais e simbólicos. Encomendada para ser<br />

construída nos jardins de uma residência, com o desafio<br />

de ser concluída em três meses, deveria comportar 20<br />

pessoas, para ser usada nas cerimônias da família. “No<br />

terreno em declive acentuado, em área com vegetação<br />

densa e típica da Mata Atlântica, buscou-se um local reservado<br />

para implantar a capela, sem fluxo de pessoas.<br />

Deveria ser um ponto especial que proporcionasse a visão<br />

do oceano, já que, dessa forma, floresta, céu e mar estariam<br />

presentes na experiência do espaço sacro. O objeto<br />

arquitetônico deveria surgir a partir de delicada inserção<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO/TUCA REINÉS; FERNANDO GUERRA; DIVULGAÇÃO<br />

32


Casa Península, um dos projetos mais recentes, cuja<br />

estrutura conta com volume triangular suspenso, com uma<br />

das arestas em balanço de 9 metros em direção ao mar


Acima, a sede do Instituto Brincante, em São Paulo:<br />

projeto exposto na Bienal de Arquitetura de Veneza.<br />

E, abaixo, o Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de<br />

Janeiro, que traz prédios antagônicos ligados por uma<br />

cobertura de formato abstrato<br />

na paisagem, onde a manutenção das características naturais do terreno e a<br />

preservação de todas as árvores fossem diretrizes prioritárias. A Capela Joá<br />

é um templo cuja simplicidade perpassa sua materialidade e soluções construtivas.<br />

A síntese é alcançada na medida em que os elementos estruturais<br />

adquirem, sob outra ótica, funções plásticas e simbólicas.”<br />

Segundo Thiago, o conforto e a qualidade de um ambiente residencial são alcançados<br />

quando os espaços interno e externo se relacionam de maneira harmoniosa e quando<br />

se depende pouco das coisas artificiais. “É preciso garantir sombra onde se precisa<br />

de sombra e aberturas onde é preciso abrir. Ou seja, encontrar as soluções mais<br />

adequadas ao clima e às condições ambientais do local para onde se projeta a<br />

arquitetura”, observa. Com amplo reconhecimento internacional, seu escritório conta<br />

com trabalhos publicados em revistas e sites de países como Inglaterra, França,<br />

Itália, Suíça, Portugal, Espanha, Estados Unidos, México, Argentina, Colômbia,<br />

Taiwan, Japão e Coreia do Sul. Além disso, coleciona importantes prêmios, entre<br />

eles o Architizer A+Awards, pela Casa Península, e dois prêmios Global Architecture<br />

& Design Awards 2018, com primeiro lugar pela Casa Península e segundo lugar com<br />

outro grande projeto, o Hotel Fasano Angra dos Reis.<br />

Além da inspiração que vem de sua família, Thiago tem como referências grandes<br />

obras da arquitetura mundial, entre as quais destaca a Neue National Gallery, em<br />

Berlim, Alemanha, do arquiteto Mies van der Rohe, e o Museu de Arte Contemporânea<br />

de Kanazawa, no Japão, do famoso escritório SANAA. E, aqui do Brasil, ele<br />

acrescenta o MASP, de Lina Bo Bardi, e o MAM/RJ, de Eduardo Reidy. “São edifícios<br />

que não tocam o chão, que deixam o espaço livre! Além da beleza do espaço<br />

e da estrutura, eu gosto muito do fato de que essas arquiteturas criam praças,<br />

como se os edifícios não existissem”, completa.<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO/LEONARDO FINOTTI<br />

34


| SUSTENTABILIDADE |<br />

MADEIRA USADA<br />

COM RESPEITO<br />

ESPÉCIES ANTES DESCARTADAS PELA NATUREZA GANHAM UM NOVO<br />

SIGNIFICADO NA ARQUITETURA E NA DECORAÇÃO<br />

Dan Brunini<br />

36


Sinônimo de aconchego e longevidade, a madeira é uma<br />

importante aliada na composição de móveis, objetos,<br />

revestimentos e sistemas construtivos. A oferta<br />

abundante na natureza, os altos índices de desperdício e a<br />

falta de preocupação com o meio ambiente levaram ao seu<br />

uso indiscriminado. Algumas espécies foram eliminadas<br />

por completo em algumas regiões, outras passaram a<br />

ser protegidas por lei federal, sendo proibido seu corte.<br />

Nesta lista figuram a castanheira, a seringueira e o mogno.<br />

Muitas outras, porém, enfrentam condições críticas de<br />

conservação. Das cerca de 7.880 famílias de árvores<br />

catalogadas no país, 2.113 estão na lista oficial das espécies<br />

da flora brasileira ameaçadas de extinção, de acordo com o<br />

Ministério do Meio Ambiente.<br />

FOTOS: ALEXANDRE PIRANI; DIVULGAÇÃO<br />

A boa notícia é que os cuidados com essa matéria-prima<br />

tão singular e essencial para os segmentos da arquitetura,<br />

construção e decoração vêm dando resultado, pelo menos<br />

é o que comprovam os últimos dados relacionados ao<br />

desmatamento da Mata Atlântica, um dos biomas que<br />

mais sofrem com o extrativismo ilegal. Foi o menor índice<br />

registrado desde 1985, com queda de 56,8% entre 2016/2017<br />

em relação ao biênio anterior, segundo levantamento da<br />

SOS Mata Atlântica. “Com o compromisso e o diálogo entre<br />

toda a sociedade, incluindo proprietários de terras, governos<br />

e empresas, podemos alcançar o desmatamento ilegal zero,<br />

já presente em sete estados”, afirma Marcia Hirota, diretoraexecutiva<br />

da Fundação SOS Mata Atlântica.<br />

As peças criadas por Hugo França nascem de um diálogo<br />

criativo com a matéria-prima: tudo começa e termina na<br />

árvore. Um exemplo é a poltrona Tamoio, que aproveita a<br />

madeira pequi, com seus veios e formas.<br />

Luiz Vieira comanda a empresa Corte da Terra e aproveita as madeiras descartadas na<br />

região de Minas Gerais para dar forma às gamelas e fruteiras. A textura e os veios da<br />

madeira são valorizados em cada peça.<br />

Engana-se, porém, quem defende que o caminho para<br />

preservar a matéria-prima é dispensá-la e substituí-la por<br />

outros materiais. “Ao não consumirmos seus recursos de<br />

forma sustentável, deixamos de valorizar a floresta em<br />

pé”, afirma Fernanda Vaz, analista de desenvolvimento<br />

de negócios do braço brasileiro do Conselho de Manejo<br />

Florestal, FSC Brasil. O reaproveitamento é uma das<br />

soluções para o desenvolvimento sustentável, assim<br />

como o aproveitamento de descartes da própria natureza<br />

e a reciclagem de resíduos. Nessa linha, um conceito<br />

que ganha cada vez mais força nos dias de hoje é o da<br />

economia circular. “A proposta é não pensar no fim do<br />

ciclo dos produtos”, diz Marcia Hirota. “Cria-se cada objeto<br />

tendo em mente que no final de sua vida útil ele sirva de<br />

matéria-prima para dar origem a outro.” A mesma lógica<br />

deve nortear o comportamento do consumidor, ao pensar<br />

em sempre dar uma nova vida ao produto já utilizado.<br />

Com a madeira não deve ser diferente. O manejo florestal<br />

responsável – que respeita o ciclo natural da floresta –, aliado<br />

às melhores práticas de produção, como uso de madeira<br />

certificada por parte das indústrias, resulta na preservação<br />

da natureza. Para quem busca ser mais politicamente<br />

correto na decoração dos ambientes, é importante saber<br />

que há inúmeros intermediários entre a origem do lenho e o<br />

ponto de venda dos móveis, o que atrapalha bastante a vida<br />

do consumidor ao buscar descobrir de onde a madeira vem.<br />

Por isso, é tão difícil garantir que aquele material que dá<br />

corpo à sua cadeira é, realmente, legal e sustentável apenas<br />

consultando a documentação oficial ou, ainda, a nota fiscal.


Contudo, perguntar sobre a origem da madeira é sempre<br />

uma forma de pressionar e, portanto, é válida, acreditam os<br />

especialistas do Greenpeace Brasil.<br />

Há nomes reconhecidos no mercado nacional que trazem no<br />

DNA a preocupação de usar madeiras de origem conhecida<br />

e, muitas vezes, certificadas ou amigas do meio ambiente<br />

por trazer selos sustentáveis. É o caso de Carlos Motta,<br />

Paulo Alves, Fernando Jaeger, Pedro Petry, Ana Paula<br />

Castro, Domingos Tótora e o estúdio Lattoog, entre outros,<br />

que defendem a ideia e oferecem produtos amigos do meio<br />

ambiente para o consumidor.<br />

Causar o menor impacto<br />

ambiental possível foi o<br />

comportamento adotado por<br />

Carlos Motta ao desenvolver<br />

a linha de móveis Astúrias,<br />

com cadeiras fixas e<br />

de balanço. Produtos<br />

industrializados, como<br />

vernizes e colas,<br />

são evitados.<br />

Precursor do uso da madeira no desenvolvimento de peças<br />

de design, o gaúcho Hugo França enxergou na quantidade<br />

de resíduos que as queimadas e extrações deixavam para<br />

trás, principalmente no Sul da Bahia – onde viveu por 15<br />

anos –, uma oportunidade para criar móveis com design<br />

A luminária Arco e o banco Gamboa são alguns exemplos das criações de Mônica<br />

Cintra, que se dedica ao universo da madeira há mais de 18 anos e concebe cada peça<br />

em seu ateliê, na zona oeste de São Paulo.<br />

sustentável. Sua primeira peça foi uma pia de baraúna<br />

esculpida a partir de um tronco, que rapidamente virou<br />

objeto de desejo. “Tudo começa e termina na árvore”, diz<br />

França. “Suas formas, buracos, rachaduras, marcas de<br />

queimada e da ação do tempo conduzem o desenho.” A<br />

inspiração está em todo lado, principalmente na sua larga<br />

convivência com as comunidades locais na Bahia e na<br />

observação dos índios pataxó no desenvolvimento de seus<br />

artefatos. Até as canoas usadas por eles, feitas de pequivinagreiro,<br />

serviram de estímulo.<br />

Com esculturas mobiliárias expostas em acervos permanentes<br />

de museus – como o da Casa Brasileira, em São Paulo, o<br />

Centro Cultural Correios, o Museu do Açude, no Rio de Janeiro,<br />

e Inhotim Instituto Cultural, em Minas Gerais –, França observa<br />

que o uso de resíduos florestais para o desenvolvimento de<br />

móveis e objetos requer buscas constantes nos campos da<br />

região de Trancoso. Junto com a equipe e com a ajuda da<br />

população local, ele aproveita espécies descartadas. “Desde<br />

que não tenham sofrido danos irreversíveis, praticamente<br />

todas as partes garimpadas são ressignificadas”, afirma o<br />

designer. “Raízes desenterradas, troncos ocos, toras maciças,<br />

tudo ganha uma nova vida.”<br />

Assim como França, de quem foi assistente, a designer<br />

Mônica Cintra transforma árvores descartadas pela natureza<br />

e madeiras desprezadas pelo homem em obras e mobiliário<br />

sofisticados há 18 anos. A paixão pela madeira natural é<br />

antiga, remonta à infância, quando costumava brincar com<br />

troncos que encontrava pelo caminho na fazenda da família.<br />

A partir da matéria-prima bruta, Mônica cria cubas, lareiras,<br />

mesas, bancos e objetos variados. Atualmente, ela trabalha<br />

FOTOS: PICASA; VICTOR AFFARO; DIVULGAÇÃO<br />

38


com dois tipos de madeira: as de manejo sustentável e as de<br />

reaproveitamento, que reúne espécies já derrubadas, sem<br />

utilidade para uso industrial.<br />

Com olhos apurados, Mônica enxerga a beleza e as<br />

possibilidades contidas em cada espécie tombada, dando<br />

origem a peças que estabelecem um diálogo entre o rústico<br />

e o contemporâneo, intercalando outros materiais como<br />

pedras, ferro, vidro e acrílico. “Eu acredito que muitas<br />

pessoas valorizam o conceito de sustentabilidade, mas<br />

muitas delas nem sempre querem pagar por isso”, afirma.<br />

Outro bom exemplo de sensibilidade com a natureza é o ateliê<br />

do designer Carlos Motta, que desde sua fundação, em 1978,<br />

se dedica à criação de móveis em sincronia com conceitos<br />

de responsabilidade social e ambiental, além de apoiar a<br />

valorização do trabalho manual do artesão marceneiro e da<br />

identidade brasileira.<br />

No início, as madeiras usadas eram garimpadas nas praias,<br />

trazidas pelo mar. Porém, com o volume pequeno, Carlos<br />

partiu para as de demolição e, ao longo de mais de 40 anos<br />

de história, passou a adotar espécies certificadas pelo FSC<br />

(Forest Stewardship Council). “Precisamos ter a certeza de<br />

que não estamos abatendo novas árvores”, afirma o designer.<br />

Atualmente, o atelier já participou de importantes exposições<br />

dentro e fora do país e conta hoje com representantes nas<br />

principais capitais brasileiras e no mercado externo, como<br />

Nova York, Los Angeles, Toronto e Londres.<br />

Também fundamentado nos preceitos da marcenaria<br />

artesanal, Paulo Alves faz da madeira a protagonista de<br />

suas criações ao longo de 20 anos de história. “Sempre<br />

me preocupei com o uso de madeiras certificadas e de<br />

reflorestamento, provenientes de parceiros idôneos e<br />

comprometidos com a reposição do material na natureza”,<br />

afirma Paulo. Ele integra também o Projeto Raiz – parceria<br />

entre a Apex-Brasil e o Sindmóveis de Bento Gonçalves, em<br />

busca de internacionalizar designers brasileiros – e participa<br />

das maiores feiras de design do circuito internacional, sendo<br />

reconhecido por usar a madeira com criatividade e respeito.<br />

Desde 2017, Paulo tem o prazer de integrar o projeto Design<br />

& Madeira Sustentável, em conjunto com a Cooperativa da<br />

Floresta do Tapajós (COOMFLONA) e a instituição BVRIO.<br />

Os designers convidados visitam a Floresta Amazônica,<br />

conhecem a COOMFLONA e participam de treinamentos e<br />

trocas de conhecimentos com a comunidade. A capacitação<br />

moveleira de MFC (Manejo Floresta Comunitário) é<br />

fundamental para que eles possam atender desde as linhas<br />

da indústria moveleira até mercados mais nobres. Assim, a<br />

movelaria da COOMFLONA conseguirá produzir peças 100%<br />

certificadas pelo FSC (Forest Stewardship Coucil).<br />

Na contemporaneidade, prezar pela natureza se tornou<br />

uma prioridade, pensada desde as pequenas atitudes,<br />

que fazem a diferença no dia a dia, até as escolhas do<br />

morar. Dentista de formação, Luiz Vieira encontrou<br />

em uma visita ao Museu Inhotim, na cidade mineira de<br />

Brumadinho, o estímulo para garimpar e esculpir peças<br />

de madeira. Ele recupera árvores caídas na zona rural<br />

de Poços de Caldas e, como artesão, dá a elas um novo<br />

sentido. O respeito à natureza e às questões ambientais<br />

leva à criação de peças elaboradas com madeiras nobres,<br />

como a aromática sassafrás e as coloridas moreira<br />

e maçaranduba, em seu estado bruto. Toda a linha<br />

assinada com a marca Corte da Terra, criada por Luiz,<br />

é inspirada pela sensibilidade da arte, o que transforma<br />

cada criação em um objetivo único.<br />

Entre as peças sustentáveis de Paulo Alves está o Banco Samba, feito de painéis de<br />

mogno africano da Khaya Woods, empresa que investe no plantio dessa espécie desde<br />

2008 e é atualmente a líder nesse segmento no Brasil.<br />

“Antes de começar a esculpir a obra, devoto toda a minha<br />

atenção para compreender os veios e a história que a<br />

madeira traz”, afirma o artesão. “Essa análise é primordial<br />

para indicar a direção do trabalho que irei realizar.” Como<br />

sua matéria-prima deriva de resíduos florestais, em suas<br />

peças ele faz referência às marcas de agentes naturais, aos<br />

efeitos do tempo e até mesmo à ação humana, imprimindo<br />

história a cada peça. Assim, a madeira que antes seria<br />

esquecida ganha nova forma. O planeta agradece!


| ARTE E CULTURA |<br />

ROTEIRO<br />

IMPERDÍVEL<br />

O CIRCUITO PAULISTANO DE GALERIAS DE ARTE CHEGA A MAIS DE 80<br />

ENDEREÇOS, COM ACERVOS QUE ABRANGEM A PRODUÇÃO ARTÍSTICA<br />

NACIONAL DOS ÚLTIMOS CEM ANOS. VALE A PENA CONHECÊ-LAS!<br />

Yara Guerchenzon<br />

Que tal incluir na sua agenda uma visita às galerias<br />

de arte paulistanas? Além das constantes exposições,<br />

muitos desses espaços apresentam projetos<br />

arquitetônicos surpreendentes que, por si, já valem o<br />

passeio. Sem contar, é claro, a oportunidade de conhecer<br />

seus preciosos acervos e descobrir que guardam muitas<br />

obras capazes de fisgar o olhar e deixar qualquer pessoa<br />

quase sem fôlego, diante de cores e formas tão expressivas<br />

e sem igual. Não é raro o visitante se emocionar ao<br />

se deparar, por exemplo, com um autêntico Portinari de<br />

1925, uma das telas expostas por James Lisboa, no Escritório<br />

de Arte, que leva seu nome, na rua Dr. Melo Alves,<br />

no bairro dos Jardins.<br />

Experiências singulares como essa podem ser vivenciadas<br />

nas inúmeras galerias da cidade. James, que atua nesse<br />

universo há 40 anos, afirma que o número passa de 80, e diz<br />

que não acha muito, se levarmos em conta que São Paulo<br />

soma cerca de 12 milhões de habitantes. Bem em frente de<br />

seu escritório fica uma delas, a Galeria Frente. Aberta em<br />

2015, tem como diretor o seu filho, o galerista Acácio Lisboa.<br />

O espaço de 350 m 2 , com projeto do arquiteto Rogério Ribas,<br />

já abrigou uma exposição em homenagem a Mira Schendel,<br />

na época de sua inauguração, além de retrospectivas de<br />

Antonio Maluf, Hércules Barsotti, Frans Krajcberg e, a mais<br />

recente, realizada entre setembro e novembro deste ano,<br />

com 128 obras de Iberê Camargo e Francisco Stockinger. No<br />

acervo, constam também obras de Di Cavalcanti, Portinari,<br />

Cícero Dias e Tarsila do Amaral, entre outros.<br />

James explica que as galerias são divididas em galerias de<br />

mercado primário e secundário – ou primeira e segunda<br />

venda. “No mercado primário, lançam os artistas, por meio<br />

de exposições, com uma apresentação geral sobre o que ele<br />

está criando num dado momento. Na Frente, trabalhamos<br />

com a segunda venda, voltada aos colecionadores que estão<br />

reciclando ou mudando o perfil de suas coleções”, afirma o<br />

leiloeiro. Segundo ele, não há como determinar quais são<br />

as galerias de maior destaque na cidade, nesse extenso<br />

nicho com mais de 80 endereços, porque, afinal, todas são<br />

importantes, cada qual com seu segmento. “Todas divulgam<br />

diversos artistas. Algumas são dirigidas a uma área, a<br />

artistas de uma determinada década, assim como há casos<br />

de galerias que trabalham exclusivamente com múltiplos.<br />

Há vários perfis, com marchands especializados em um<br />

período ou grupo de artistas”, comenta.<br />

E, dentre toda essa gama de galerias distribuídas em<br />

pontos diversos da cidade, Lisboa explica que existe uma<br />

região chamada por aqui de “Manhattan”, que reúne cerca<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

40


Manequins, 42 x 30 cm, óleo sobre madeira, 1986, de Iberê Camargo,<br />

na exposição Iberê – Stockinger, na Galeria de Arte Frente


Telas de Isabelle Borges, na Galeria Emmathomas<br />

Trabalhos de Nelson Leirner, com curadoria de Lilia Moritz Schwarcz, na Galeria Vermelho<br />

42


Obras de Dias&Riedweg, na Galeria Vermelho<br />

FOTOS: EDOUARDFRAIPONT; DIVULGAÇÃO<br />

de 50% delas. “É uma área que vai desde a rua Estados<br />

Unidos até a avenida Paulista e da avenida Rebouças até<br />

a avenida 9 de Julho”, conta. “As galerias que pertencem<br />

a esse quadrilátero mantêm um público de frequência<br />

constante e estão no roteiro de passeio dos paulistanos,<br />

de quem costuma circular por aqui. Mas há também uma<br />

grande parte concentrada na região da Vila Madalena.”<br />

Entre as pioneiras da cidade está a Galeria de Arte André,<br />

fundada em 1959 pelo romeno André Blau. Seu espaço, na<br />

rua Estados Unidos, possui atualmente 1.533 m 2 , sendo a<br />

maior da América Latina. E ainda conta com uma segunda<br />

unidade, na alameda Gabriel Monteiro da Silva, dedicada à<br />

tridimensionalidade. Em seu acervo, constam obras de Aldemir<br />

Martins, Alfredo Volpi, Carlos Scliar, Cícero Dias, Di Cavalcanti,<br />

Frans Krajcberg, Hector Carybé, Manabu Mabe, Orlando Teruz,<br />

Roberto Burle Marx, Sonia Ebling e Tomie Ohtake.<br />

Também entre as mais tradicionais está a Dan Galeria,<br />

que trabalha com artistas tanto modernos quanto<br />

contemporâneos. Fundada em 1972, segue em atividade,<br />

hoje com um corpo de 54 artistas, de Anita Mafaltti a Hélio<br />

Oiticica. “Relevos” foi a sua exposição mais recente, que<br />

esteve em cartaz de junho a setembro, reunindo trabalhos<br />

de Ferreira Gullar. Desde 1984, está na rua Estados Unidos,<br />

em um local assinado por David Libeskind, arquiteto que<br />

fez o projeto do Conjunto Nacional, na avenida Paulista,<br />

em 1955. Ainda em 2019, a Dan inaugura um novo espaço,<br />

voltado à arte contemporânea, na rua Amauri, com projeto<br />

arquitetônico de Mario Moreno. “A ideia é manter os dois<br />

locais em funcionamento”, afirma Flávio Cohn, um dos<br />

diretores da galeria.<br />

Já a Galeria Raquel Arnaud, criada em 1973, com o nome<br />

de Gabinete de Arte, é uma das precursoras no mercado<br />

brasileiro. Já esteve em espaços marcantes, assinados<br />

por arquitetos como Lina Bo Bardi, Ruy Ohtake e Felippe<br />

Crescenti, e, atualmente, está na rua Fidalga, onde reúne em<br />

seu acervo obras de Waltercio Caldas, Sérvulo Esmeraldo<br />

e Iole de Freitas, entre outros. Um pouco mais nova,<br />

inaugurada em 1986, a conceituada Millan, na rua Fradique<br />

Coutinho, tem por foco a arte contemporânea brasileira<br />

produzida a partir da década de 1960. Nomes como Tunga,<br />

José Resende, Paulo Pasta, Nelson Felix, Rodrigo Andrade,<br />

José Damasceno, Henrique Oliveira, Thiago Rocha Pitta e<br />

Tatiana Blass figuram no acervo.


As duas primeiras telas, acima, à esquerda, são Vitrina (138 x 80 cm, óleo sobre tela, 1985) e Ciclista (150 x 93 cm,<br />

óleo sobre tela, 1989), de Iberê Camargo, na exposição Iberê – Stockinger, na Galeria de Arte Frente<br />

Mas se o objetivo é somar arte e arquitetura,<br />

o passeio não pode deixar de incluir a renomada<br />

Luciana Brito Galeria, considerada uma<br />

das primeiras do país a participar das mais<br />

importantes feiras de arte. Reconhecida nacional<br />

e internacionalmente, realiza um trabalho<br />

de via dupla, difundindo globalmente a<br />

produção brasileira e divulgando no Brasil o<br />

trabalho de artistas de relevância mundial.<br />

Entre os artistas que representa estão Alex Katz e<br />

Marina Abramovic, além de Geraldo de Barros e<br />

Waldemar Cordeiro, dois dos principais nomes<br />

do concretismo brasileiro. Depois de 15 anos<br />

na Vila Olímpia, a galeria mudou em 2016 para<br />

um novo endereço, na avenida 9 de Julho, para<br />

uma casa modernista, projetada por Rino Levi<br />

e que conta ainda com paisagismo de Burle<br />

Marx. Trata-se da Residência Castor Delgado<br />

Perez, de 1958/59, tombada como patrimônio<br />

cultural, que, além de abrigar o acervo,<br />

passou a integrá-lo, como uma obra em exibição<br />

permanente.<br />

Não muito distante, na badalada rua Oscar<br />

Freire encontra-se a Bergamin&Gomide, com<br />

foco em vendas privadas de artistas brasileiros<br />

e estrangeiros do período Pós-Guerra. Sem<br />

uma lista fixa e com flexibilidade para trabalhar<br />

um amplo número de artistas e exposições de<br />

diferentes temas, o seu programa conta com<br />

quatro exposições por ano, entre individuais e<br />

coletivas. Além disso, participa de feiras como<br />

Art Basel, TEFAF NY Spring, Art Basel Miami<br />

Beach, Semana de Arte e SP-Arte. No acervo,<br />

apresenta consagrados artistas, como Mira<br />

Schendel, Lygia Clark, Helio Oiticica, Volpi e<br />

Tunga, entre outros.<br />

Poucas ruas acima, na Alameda Franca, no<br />

espaço térreo de um edifício comercial, fica a<br />

Emmathomas, fundada em 2006 e reinaugurada<br />

em abril deste ano. Voltada à arte contemporânea,<br />

realiza eventos direcionados ao público<br />

jovem. Entre suas exposições está Vozes<br />

Mundanas, realizada em julho deste ano, com<br />

FOTOS: EDOUARDFRAIPONT; DIVULGAÇÃO<br />

44


a individual do ativista Mundano. “Sua obra se destaca por representar uma<br />

ação social do artista frente às minorias, questões ambientais e ocupação do<br />

espaço urbano”, afirma Marlise Corsato, diretora comercial. “A exposição foi<br />

marcada pela intervenção direta no espaço da galeria, que recebeu pinturas<br />

nas paredes, telas, objetos e instalações.”<br />

Fora do circuito dos Jardins, a Vermelho tem como diferencial o incentivo a novas<br />

ideias e discursos desenvolvidos por artistas emergentes e já estabelecidos.<br />

A galeria está instalada no espaço de três casas de vila que foram reconfiguradas<br />

e restauradas, na rua Minas Gerais, com projeto de Paulo Mendes da Rocha<br />

e José Armênio de Brito Cruz. Os arquitetos transformaram o terreno que as<br />

separa da rua numa praça aberta, diante de uma fachada de 120 m 2 do prédio<br />

principal. Nessa imensa parede, já foram apresentados mais de 100 projetos,<br />

que incluem pinturas, colagens, escavações, projeções e instalações. Entre<br />

seus mais recentes projetos está a Sala Antonio, de projeção, para receber a<br />

produção de artistas que têm atuado na fronteira entre o cinema e as artes<br />

plásticas. Entre os criadores que representa estão Rafael Assef, Dora Longo<br />

Bahia e Carmela Gross.<br />

Integrante da safra mais nova de galerias paulistanas, a Zipper, no mercado<br />

desde 2011, é uma das mencionadas pelo leiloeiro e galerista James Lisboa.<br />

“Está sempre lançando artistas jovens”, diz. Instalada em um projeto do<br />

arquiteto Marcelo Rosenbaum, na rua Estados Unidos, representa artistas<br />

como Adriana Duque e Ricardo Van Steen. Aberta no mesmo ano, a Lume<br />

está na rua Gumercindo Saraiva, no coração do Jardim Europa, numa casa<br />

de arquitetura contemporânea com 400 m 2 . Em seu espaço, recebe palestras,<br />

performances, seminários e apresentações artísticas. Sua proposta é fomentar<br />

o desenvolvimento de processos criativos contemporâneos ao lado de artistas<br />

e curadores. Representa nomes de peso no mercado das artes, como Denise<br />

Milan, Florian Raiss e Gal Oppido.<br />

E se a ideia é desbravar o mundo das artes plásticas em São Paulo e tomar<br />

intimidade com esse rico universo, saiba que além desses 10 bons endereços<br />

a cidade ainda vai te oferecer outras dezenas, em uma forma inesgotável de<br />

beleza, cultura e entretenimento.<br />

SERVIÇO<br />

GALERIA FRENTE<br />

galeriafrente.com.br<br />

GALERIA DE ARTE ANDRÉ<br />

galeriandre.com.br<br />

DAN GALERIA<br />

dangaleria.com.br<br />

GALERIA RAQUEL ARNAUD<br />

raquelarnaud.com.br<br />

LUCIANA BRITO GALERIA<br />

lucianabritogaleria.com.br<br />

GALERIA MILLAN E ANEXO MILLAN<br />

galeriamillan.com.br<br />

BERGAMIN&GOMIDE<br />

bergamingomide.com.br<br />

VERMELHO<br />

galeriavermelho.com.br<br />

EMMATHOMAS<br />

emmathomas.com.br<br />

ZIPPER<br />

zippergaleria.com.br<br />

LUME<br />

galerialume.com<br />

Exposição de Isabelle Borges, na Galeria Emmathomas


| URBANISMO |<br />

O CENTRO<br />

SE REINVENTA<br />

MENOS ESPAÇO, MAIS COMODIDADES. ESSE É O DESAFIO DE QUEM TEM<br />

POR MISSÃO REPAGINAR O LEGADO URBANO DA CAPITAL PAULISTA.<br />

Vera Fiori<br />

FOTOS:ISTOCKPHOTO.COM<br />

46


Quando saiu de Irará, cidade no interior baiano, rumo a São Paulo em meados<br />

de 1960, o cantor e compositor Tom Zé soube expressar muito bem a relação<br />

controversa de amores e dores com a cidade de São Paulo, à época com 8<br />

milhões de habitantes contra os atuais 12,2 milhões.<br />

“São 8 milhões de habitantes/aglomerada solidão/por mil chaminés e carros<br />

caseados à prestação/porém com todo defeito/te carrego no meu peito”, canta o<br />

baiano na metrópole. O cantor e muitos outros que aqui chegaram se defrontaram<br />

com o vaivém dos automóveis, a pressa, a falta de tempo e o mosaico urbano que<br />

se caracterizava pelos contrastes. A nova fotografia da cidade, principalmente do<br />

velho Centro, começou a ser desenhada na primeira metade do século passado.<br />

Novas áreas comerciais, financeiras e, também, imponentes arranha-céus foram<br />

aos poucos tomando o espaço, já ocupado por casas de chá, polos educacionais de<br />

prestígio como o colégio estadual Caetano de Campos, a Faculdade de Direito no<br />

Largo São Francisco e escritórios de renome, como o de Ramos de Azevedo, na Rua<br />

Boa Vista. A região central impulsionou o mercado imobiliário. Até hoje imóveis<br />

localizados em edifícios icônicos da arquitetura paulistana são disputadíssimos.


Praças das Artes e Estação da Luz: tradição e arte<br />

no DNA da região central.<br />

Paulatinamente, após 1950, decresce sua importância<br />

econômica e demográfica. O percurso da primazia<br />

urbana foi do Centro para a Paulista nos anos 1960-1970<br />

e para a Faria Lima e a Berrini/Marginal em tempos mais<br />

recentes. Entretanto, a situação está se revertendo.<br />

Segundo estudos de urbanistas, a partir de 2010, o Centro<br />

expandido voltou a crescer. O estímulo ao adensamento<br />

de regiões consolidadas da cidade bem servidas de<br />

infraestrutura urbana e próximas a corredores de<br />

transporte coletivo de massa acarretou um aumento no<br />

valor de imóveis e terrenos. Houve uma intensificação<br />

na construção de novos edifícios nos principais distritos<br />

municipais da região central.<br />

Vale ressaltar que até 1970 São Paulo foi crescendo em<br />

ritmo acelerado, sem uma política urbana definida para<br />

orientar a ocupação e garantir a qualidade de vida de seus<br />

habitantes. Somente em 1972 surgia o Plano Diretor de<br />

Desenvolvimento Integrado (PDDI), primeiro do gênero a<br />

disciplinar o crescimento da cidade, bem como estipular<br />

rumos para o delineamento urbano.<br />

Foi justamente no fim dos anos 1970 que o Centro começou<br />

a perder sua atratividade, seja pela transferência das<br />

instituições financeiras para outras regiões da cidade,<br />

seja pelo aumento da degradação e violência na região.<br />

No vaivém de gestões municipais, vários projetos para<br />

recuperar áreas degradadas no Centro da capital não<br />

foram adiante. O inconformismo dos paulistanos, contudo,<br />

era grande. Como fechar os olhos para uma região rica<br />

em arquitetura, cheia de história e muito bem servida de<br />

transporte público? A pergunta atravessou praticamente<br />

duas décadas sem resposta, até que, por volta dos anos<br />

2000, a realidade começou a mudar. Devagarinho, é certo,<br />

mas começou.<br />

Entre as ações positivas que atraíram novos frequentadores<br />

para o Centro está a Praça das Artes, um complexo<br />

cultural que promove apresentações e exposições ligadas<br />

a música, dança e teatro. A construção em forma de<br />

“T” liga a rua Conselheiro Crispiano à avenida São João<br />

e ao Vale do Anhangabaú, contornando o antigo prédio<br />

tombado do Conservatório Dramático e Musical de São<br />

Paulo. O projeto leva a assinatura do arquiteto Marcos<br />

Cartum, do Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais<br />

da Secretaria da Cultura, e do escritório paulistano<br />

Brasil Arquitetura.<br />

Soma-se ao resgate das atividades culturais a criação de<br />

novos espaços de convívio, como o proposto pelo projeto<br />

Centro Aberto, iniciado em 2014, que instalou várias<br />

estruturas com decks, paisagismo e wi-fi em diferentes<br />

pontos do centro, a exemplo do Largo do Paissandu.<br />

Aos poucos, velhos endereços da boa gastronomia<br />

FOTOS: NELSON KON; ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />

48


foram atraindo antigos e novos frequentadores, como o<br />

Itamarati, desde 1946 no Largo São Francisco, e o Carlino,<br />

fundado em 1881, que já passou por três endereços,<br />

todos no Centro, e hoje funciona na Praça da República.<br />

Sem contar o tradicional Bar Brahma, instalado há anos<br />

na mais cantada das esquinas paulistanas – Ipiranga x<br />

São João –, e o sofisticado La Casserole, um clássico do<br />

Largo do Arouche desde 1954.<br />

E por falar em Largo do Arouche, a revitalização da área<br />

está prevista para ser concluída em meados de 2019. Além<br />

da reconstrução do Mercado das Flores, o projeto prevê<br />

a instalação de quatro quiosques, ampliação do espaço<br />

público até a calçada do La Casserole e da Academia<br />

Paulista de Letras. O projeto foi doado pelo escritório de<br />

arquitetura francês Triptyque, e prevê, ainda, reúso de<br />

água da chuva para regar as plantas e painéis fotovoltaicos<br />

para dar autonomia de energia quase total ao Arouche.<br />

FOCO NA PRATICIDADE<br />

Aos poucos o Centro foi ganhando mais vida, mais<br />

moradores. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de<br />

Geografia e Estatística) revelam que entre 2001 e 2017<br />

a população dos distritos da Sé e República cresceu<br />

27%, enquanto no resto da cidade o índice foi de 12%.<br />

A população saltou de cerca de 370 mil pessoas no<br />

início da década de 2000 para mais de 460 mil no ano<br />

passado. Uma resposta a uma oferta maior de moradias,<br />

de hotelaria e a um novo respiro de vida do Centro.<br />

De acordo com o Secovi, quase 10 mil novas unidades<br />

habitacionais foram lançadas a partir do ano 2000,<br />

a grande maioria nos últimos sete anos. As regras de<br />

construção, porém, são outras. As famílias encolheram.<br />

Há os solteiros e descasados que moram sozinhos,<br />

estudantes, executivos, aposentados e também jovens<br />

no começo da vida profissional que, em muitos casos,<br />

enxergam a região central como um excelente e prático<br />

lugar para se viver.<br />

Para atender esse público surge um novo jeito de morar<br />

em que a praticidade se sobrepõe à falta de espaço.<br />

Segundo levantamento do Secovi-SP, de janeiro a agosto<br />

deste ano houve 6.853 lançamentos imobiliários com<br />

até 45m 2 de área útil, superando os apartamentos de 1<br />

dormitório com 2.999 lançamentos no mesmo período.<br />

A região central da cidade talvez seja o lugar que mais<br />

assista à chegada dos novos lançamentos imobiliários<br />

de alto padrão com áreas que variam de 18 m 2 a 49m 2 .<br />

Isso mesmo, a partir de 18 m 2 .<br />

A <strong>Setin</strong> há tempos vem acompanhando essa transformação<br />

tanto na região central quanto em outros bairros da<br />

capital, sendo uma das primeiras a erguer por lá edifícios<br />

<strong>Setin</strong> Downtown Genebra, <strong>Setin</strong> Downtown República e <strong>Setin</strong> Downtown<br />

São Luiz (de cima para baixo): um novo jeito de viver no Centro.


Corredor verde do Minhocão soma quase 5 mil m2 de jardins verticais.<br />

modernos, eficientes, que atendam às necessidades do novo<br />

perfil de morador. A maioria na linha dos chamados studios<br />

- apartamentos compactos sem divisórias entre quarto, sala<br />

e cozinha – uma tendência mundial. Entre eles, a linha <strong>Setin</strong><br />

Downtown Praça da República, <strong>Setin</strong> Downtown Luz, <strong>Setin</strong><br />

Downtown Sé, <strong>Setin</strong> Downtown Genebra e <strong>Setin</strong> Downtown<br />

São Luiz, <strong>Setin</strong> Downtown Brigadeiro e o <strong>Setin</strong> Downtown<br />

São João. Inspirados nos studios de Londres, Nova Iorque<br />

e Tóquio, os imóveis compactos estão em pontos bem<br />

localizados e compensam o pouco espaço oferecendo áreas<br />

compartilhadas como coworking, lavanderia, lounge, fitness,<br />

bicicletário, entre outras.<br />

O engenheiro e professor Kurt Amann, coordenador do<br />

curso de Engenharia FEI, analisa que os apartamentos<br />

compactos não necessariamente reduzem o custo individual<br />

da moradia, pois ao mesmo tempo que são menores, – e<br />

isso permite mais unidades no mesmo edifício –, as regiões<br />

onde estão localizados são altamente valorizadas, também<br />

por conta do transporte público de que dispõem. “Além de<br />

manter o atendimento básico às necessidades dos usuários,<br />

o compartilhamento remete às mudanças culturais urbanas,<br />

em que a convivência passa a ganhar mais importância<br />

sobre a individualidade e a privacidade”, declara Amann. “As<br />

pessoas estão dispostas a pagar mais pelo metro quadrado<br />

para morar perto do trabalho e do transporte público”.<br />

ESCALADA VERDE<br />

Se por um lado o Centro atrai pelas construções, pela<br />

história, bons endereços gastronômicos e infraestrutura<br />

de transportes, por outro, ainda deixa a desejar quando<br />

o assunto é preservação do verde. Na região central da<br />

cidade, São Paulo tem apenas 2,6 m 2 de área verde por<br />

habitante, enquanto o recomendado pela Organização<br />

Mundial da Saúde é de, no mínimo, 12 m 2 .<br />

Diante dessa realidade, a capital paulista abraçou o<br />

conceito de corredor verde, que busca instalar jardins<br />

verticais em boa parte das empenas cegas dos edifícios,<br />

o que possibilitará a criação de 2.800 m 2 de novas áreas<br />

verdes, sem a necessidade de ocupar qualquer espaço<br />

horizontal. O projeto faz parte do trabalho de revitalização<br />

do Centro e começou em 2013, com o paisagista Guil<br />

Blanche, que defendia nas redes sociais os jardins<br />

verticais como meio de transformação da cidade. “Além<br />

da estética e do conforto visual para os moradores, as<br />

plantas são capazes de reduzir o nível de poluição do ar,<br />

com a filtragem de CO 2<br />

, de NOx (óxido de nitrogênio) e do<br />

material particulado, emitidos pelos escapamentos dos<br />

automóveis”, afirma Blanche. O projeto piloto foi feito no<br />

mesmo ano, quando ele revestiu a empena cega de um<br />

edifício na região do Minhocão.<br />

FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />

50


Em 2015 teve início a construção do Corredor Verde do<br />

Minhocão, que soma quase 5 mil m 2 de jardins verticais.<br />

O primeiro foi instalado no Edifício Hubs, na Rua Helvétia.<br />

Em 2016, sete empenas cegas estavam revitalizadas, com a<br />

ajuda de artistas nacionais e internacionais convidados para<br />

desenhar os jardins. Entre elas, a do Edifício Bonfim, na rua<br />

General Julio Marcondes Salgado, com cerca de 1.500 m 2<br />

e 83 mil mudas. Foi considerado na época o terceiro maior<br />

jardim vertical do mundo e o maior da América Latina. O<br />

corredor verde do Minhocão permitiu que mais de 62,5<br />

toneladas de material fossem reciclado.<br />

A manutenção dos jardins verticais é simples, feita com<br />

adubações diretamente na irrigação e, a cada dois meses<br />

realiza-se o controle de pragas e limpeza fitossanitária. Vale<br />

observar que a irrigação adota água de reúso que circula<br />

no jardim, reaproveitando a chuva recolhida. A empresa<br />

responsável pela implementação do jardim é encarregada<br />

pela sua manutenção nos primeiros seis meses. Depois<br />

disso, de acordo com o Decreto 56.630, a iniciativa privada<br />

adota os jardins para mantê-los.<br />

Segundo o paisagista, os efeitos provocados pelos jardins<br />

verticais são sentidos rapidamente. Em regiões centrais,<br />

onde não há espaço para plantio de árvores, eles contribuem<br />

para reduzir a temperatura, a poluição sonora e do ar.<br />

Em relação à saúde pública, ajudam a reduzir o estresse,<br />

problemas cardíacos e respiratórios, entre outros.<br />

NOVAS INTERVENÇÕES, NOVA REALIDADE<br />

Não é preciso puxar muito pela memória para confirmar<br />

que os projetos dispostos a recuperar áreas degradadas<br />

no Centro se multiplicaram nos últimos anos. Poucos<br />

avançaram. O desafio, porém, continua. Nesse sentido,<br />

um novo e ambicioso plano de revitalização está em curso.<br />

Doado há um ano à Prefeitura pelo Secovi-SP, o projeto<br />

Novo Centro faz parte do Plano de Intervenção Urbana –<br />

PIU e abrange as áreas da República, Santa Cecília, Praça<br />

Júlio Prestes, Luz, Arouche, Mercado Central, Parque D.<br />

Pedro e Praça Roosevelt. Elaborado pelo escritório do<br />

arquiteto e urbanista Jaime Lerner, o estudo foca numa<br />

melhor qualidade de vida e convívio na região.<br />

O projeto prevê grandes avenidas transformadas em<br />

bulevares como a Rio Branco e a Duque de Caxias, maior<br />

verticalização com torres que mesclam moradia, escritórios<br />

e comércio nos andares baixos, áreas de convivência<br />

próximas às estações do metrô e ainda estímulo aos polos<br />

de economia criativa, como moda, gastronomia, música,<br />

artes e multimídia. Também em pauta, um novo tipo de<br />

transporte feito por um veículo elétrico, o Circular Centro,<br />

interligando os principais pontos de serviços, cultura<br />

e turismo. Parte do aporte financeiro viria da iniciativa<br />

privada e fundos de investimentos. A operação poderá<br />

render cerca de R$ 1 bilhão de arrecadação apenas com a<br />

venda do potencial construtivo para as construtoras.<br />

De acordo com a Prefeitura, o projeto foi objeto de consulta<br />

pública para a população entre os meses de julho e agosto<br />

deste ano. A expectativa é de que seja encaminhado à Câmara<br />

Municipal até 2019, para uma nova rodada de discussão com<br />

a sociedade e, posteriormente, obter autorização legislativa<br />

para executar o projeto.<br />

Para Emilio Rached Esper Kallas, vice-presidente de<br />

Incorporação e Terrenos-SP Urbanos do Secovi, projetos<br />

desse porte são importantes para resgatar o antigo<br />

prestígio do Centro, querido pelos paulistanos. “Uma<br />

vez revitalizado, o Centro atrairia bons restaurantes,<br />

padarias, escritórios, serviços,” afirma. “As pessoas<br />

precisam se sentir seguras para andar a pé à noite,<br />

quando a cidade fica deserta”.


| NEGÓCIOS |<br />

A TECNOLOGIA<br />

CHEGA AO CANTEIRO<br />

DE OBRAS<br />

COM PROPOSTAS DISRUPTIVAS, CONSTRUTECHS PROMETEM<br />

REVOLUCIONAR O MERCADO DE CONSTRUÇÃO CIVIL, IMPRIMINDO<br />

AO SETOR MELHORIA NO NÍVEL DE PRODUTIVIDADE<br />

Katia Simões<br />

Criada em Belo Horizonte, MG, a Construct, que agrega<br />

tecnologia à medição física das obras, foi apontada em<br />

2017 como uma das 100 startups mais inovadoras do<br />

mundo na transformação da indústria da construção civil, pela<br />

consultoria americana CB Insights. A startup é responsável<br />

pela criação de um sistema que permite gerir toda a evolução<br />

das obras de qualquer lugar, pela tela do smartphone ou do<br />

computador. Ou seja, agrega tecnologia à medição física das<br />

obras, uma das tarefas que mais consomem tempo, uma<br />

média de 100 horas/mês por homem.<br />

Com foco em gestão de obras e equipes, a tecnologia,<br />

batizada Construct App, permite adicionar plantas, imagens,<br />

criar tarefas e checklists, enviar relatórios personalizados.<br />

Possibilita, ainda, a integração de toda a equipe ao sistema,<br />

atribuindo responsabilidades, prazos e acompanhando<br />

de perto a execução de todas as atividades. A tecnologia<br />

entrou em operação há dois anos, depois de muitos testes e<br />

investimentos da ordem de R$ 1 milhão. Primeiro era focada<br />

nas grandes construtoras, hoje é voltada às pequenas e<br />

médias empresas. Soma 80 clientes em carteira.<br />

“Uma medição ineficiente pode trazer grandes prejuízos<br />

para a empresa”, afirma Drew Beaurline, sócio-fundador. “A<br />

medição é a principal ferramenta de controle de um projeto,<br />

e mesmo assim, na maioria das obras, é ainda feita à mão.”<br />

Americano de nascimento, em 2013 ele trocou a Califórnia<br />

por Belo Horizonte, com o objetivo de tirar sua startup do<br />

papel. Na época, a capital mineira oferecia um programa<br />

de capital semente para empresas nascentes. Beaurline<br />

resolveu arriscar. “O Brasil tem grandes problemas de<br />

infraestrutura e grandes problemas geram oportunidades”,<br />

afirma. De fato, geraram. A Construct Latam saiu do<br />

papel, com a ajuda de investidores anjos e programas de<br />

aceleração. O trabalho, segundo o empresário, apenas<br />

começou. A meta é ser a maior empresa de medição do<br />

país em um futuro não muito distante.<br />

Espalhadas por 21 países, as<br />

construtechs movimentaram US$ 735<br />

milhões em 2017, o equivalente a<br />

R$ 2,4 bilhões<br />

A Construct é um bom exemplo de um novo modelo de<br />

startups que começa a ganhar fôlego em países como<br />

Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Índia,<br />

Austrália, Holanda, Inglaterra, Suécia, Israel, Chile e,<br />

também, no Brasil. Trata-se das construtechs, criadas<br />

com o propósito de resolver os problemas e os anseios<br />

do setor da construção civil e de toda a cadeia produtiva.<br />

FOTO: ISTOCKPHOTO.COM<br />

52


ESPALHADAS<br />

PELO BRASIL<br />

São Paulo reúne o maior número<br />

de construtechs do país<br />

Fonte: Construtech Ventures<br />

A indústria da construção civil perde produtividade há duas décadas e começa a buscar na tecnologia uma<br />

saída para diminuir perdas, ganhar tempo e diminuir os custos no canteiro de obras.


Drew Beaurline, sócio-fundador da Construct:<br />

única startup brasileira no ranking das<br />

100 mais inovadoras na transformação da<br />

construção civil, segundo a consultoria<br />

americana CB Insights<br />

Marcia Monteiro, sócia-fundadora da<br />

Upik: disposição para democratizar o<br />

acesso à arquitetura desde os tempos<br />

da universidade.<br />

Sugata Rodrigues, fundador da Indica Obra:<br />

qualificação de fornecedores e curadoria ajuda<br />

consumidor a contratar mão de obra para<br />

construção civil via internet.<br />

STARTUPS TRABALHAM PARA DEMOCRATIZAR<br />

O ACESSO À ARQUITETURA<br />

Se para as grandes construtoras o processo de gestão<br />

do canteiro de obras já é difícil, imagine para os pobres<br />

mortais, que pouco ou nada entendem do ramo. Pois é com<br />

o objetivo de deitar por terra o estigma de que obra é sempre<br />

motivo de dor de cabeça que muitas construtecs têm criado<br />

plataformas que ligam fornecedores de produtos e serviços<br />

a consumidores num mesmo espaço. Os sistemas, que<br />

estão cada vez mais fáceis de serem acessados, seja pelo<br />

computador, seja pelo celular, vêm ganhando mais adeptos.<br />

Um bom exemplo dessa nova proposta é a startup Indica<br />

Obra, um portal que entrou em operação há dois anos,<br />

oferecendo uma lista de fornecedores de serviços e produtos<br />

para construção civil, arquitetura e decoração, previamente<br />

selecionados. “Os fornecedores cadastram o preço unitário<br />

que praticam no mercado, o que gera a estimativa do custo<br />

da obra no momento em que o cliente solicita a proposta”,<br />

diz Sugata Rodrigues, CEO e fundador da startup.<br />

“A proposta formal é enviada em até 48 horas, o que garante<br />

agilidade e a certeza da realização da obra, porque todo o<br />

pagamento é feito online, assim como o acompanhamento<br />

de todas as fases do trabalho.”<br />

Rodrigues observa que com o mínimo de gestão é possível minimizar<br />

muito os transtornos, assim como economizar tempo<br />

e dinheiro. Atualmente, são 70 fornecedores cadastrados<br />

na capital paulista e Grande São Paulo, que pagam à Indica<br />

Obra uma anuidade de R$ 300, após a contratação do primeiro<br />

serviço. A construtech também recebe um percentual sobre o<br />

valor contratado. O tíquete médio é de R$ 12 mil, pois se trata<br />

de pequenas obras e não de reformas. A meta é chegar a 2 mil<br />

contratos por mês até 2020.<br />

Para a arquiteta Marcia Monteiro, democratizar o acesso<br />

à arquitetura é um desafio que ela assumiu ainda na<br />

universidade. A Upik nasceu em 2016, em São Paulo,<br />

como um escritório de arquitetura montado em um<br />

trailer, que percorria a cidade realizando projetos de até<br />

100 m 2 . A consultoria era cobrada por hora e o valor<br />

variava conforme o serviço prestado. Foram 130 projetos<br />

realizados. O modelo migrou do físico para o digital,<br />

durante o processo de aceleração pela ACE em 2017.<br />

O interessado reserva no site um horário para obter uma<br />

consultoria personalizada com um arquiteto. Paga R$ 89<br />

por hora. “Tudo é muito simples e rápido”, diz Marcia.<br />

“Enquanto os escritórios tradicionais demoram entre<br />

10 e 30 dias para fazer o projeto com orçamento, nós<br />

entregamos em duas horas”, afirma. A metodologia<br />

criada pela Upik permite que os ajustes sejam feitos<br />

durante a própria concepção do projeto. A proposta está<br />

bem avaliada, alcançando índices superiores a 85%,<br />

garante a empreendedora.<br />

Em paralelo, a Upik firmou parceria com redes de<br />

varejo do porte de Telhanorte, C&C e Leroy Merlin para<br />

prestar consultoria aos clientes. “Nosso maior desafio<br />

é driblar o tradicionalismo, que ainda é muito forte na<br />

área de arquitetura”, diz Marcia. “Até mesmo os grandes<br />

varejistas demoram para assimilar a tecnologia, que é<br />

muito disruptiva.” Em pouco mais de um ano e meio de<br />

operação no novo formato, a startup realiza uma média<br />

de 1.800 horas de atendimento por mês, com uma base<br />

de 20 arquitetos remunerados por hora/atendimento.<br />

Mas o objetivo é chegar a 52.800 horas/mês até 2020.<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

54


São empresas inovadoras, que estão<br />

agregando tecnologia em áreas que<br />

vão de gerenciamento de projetos a<br />

controle de suprimentos no canteiro<br />

de obras, passando por composição de<br />

preços, controle de orçamentos e até<br />

de perdas e resíduos. Espalhadas por 21 países, movimentaram US$ 735<br />

milhões em 2017, o equivalente a R$ 2,4 bilhões. Segundo Bruno Loreto,<br />

especialista em mercado de tecnologia para a indústria da construção civil,<br />

até 2050 as construtechs influenciarão todas as etapas da obra, do projeto e<br />

processo de compras até a manutenção predial depois da entrega.<br />

25% das empresas ligadas à construção no<br />

mundo já perceberam a necessidade de<br />

investir em tecnologia para elevar a produtividade<br />

Antecipando essa realidade e inconformado com a pouca disposição do<br />

setor em mudar processos e se modernizar, Ivan Alberti, engenheiro civil<br />

de formação, arregaçou as mangas e tirou do papel o projeto de uma nova<br />

startup na área. “Eu nunca consegui entender por que um departamento<br />

como o de compras, que concentra 50% dos custos de uma obra, ainda<br />

realiza suas cotações de preços de forma tão arcaica, via e-mail ou telefone,<br />

atrasando as cotações e o fechamento dos pedidos”, afirma o empresário.<br />

No fim de 2015, ele decidiu participar de uma competição em Florianópolis,<br />

SC, que visava selecionar ideias que pudessem ser transformadas em<br />

negócio. “Fomos selecionados, o que nos deu um bom impulso para<br />

criar a Conaz, plataforma que conecta as duas pontas, o construtor<br />

e o fornecedor; e revolucionar a compra de todos os insumos para<br />

construção”, lembra.<br />

O processo é simples. O construtor preenche os requisitos técnicos do<br />

insumo que deseja comprar e as informações comerciais (condições<br />

de pagamento, quantidade, prazo de entrega). Depois, seleciona os<br />

fornecedores para os pedidos de cotação online. “Com as múltiplas<br />

cotações é possível economizar até 25% no custo do material e reduzir<br />

em 30% o tempo de cotação”, afirma Alberti. Atualmente, a startup –<br />

que recebeu aportes de investidores anjo e foi acelerada pela ACE –<br />

conta com 80 clientes, a maioria pequenas e médias construtoras do<br />

Paraná e Santa Catarina, num total de 150 obras. Realizou mais de 5,1<br />

mil cotações e transacionou cerca de R$ 80 milhões em dois anos. A<br />

sociedade cresceu, hoje é formada por quatro sócios: Alberti, Renan<br />

Lecheta, Marcus Felipe Nuremberg e Luís Paulo Magalhães. Segundo<br />

eles, a meta é chegar a 1.500 obras mensais até 2020 e transacionar<br />

cerca de R$ 7,5 milhões por ano.<br />

DISTRIBUIÇÃO<br />

DESIGUAL<br />

Concentração nas regiões<br />

Sudeste e Sul<br />

Fonte: Construtech Ventures


O mercado é mesmo promissor. Nada<br />

menos do que US$ 57 trilhões é o valor<br />

que deverá ser gasto em infraestrutura<br />

no mundo até 2030, para acompanhar<br />

o crescimento do PIB global, de<br />

acordo com levantamento feito pela<br />

consultoria McKinsey. Uma cifra de peso que sinaliza<br />

um mar de oportunidades para o setor da construção<br />

civil. Mas, que, ao mesmo tempo, apresenta-se como um<br />

desafio gigantesco, pois exige uma mudança grande no<br />

uso da tecnologia como ferramenta de melhores práticas e<br />

aumento da produtividade.<br />

Batizado “Reinventando o setor da construção por meio de<br />

uma revolução na produtividade”, o estudo da McKinsey<br />

revela que, globalmente, a produtividade da construção<br />

não acompanha a de outros setores da economia. Em<br />

média, cresce 1%, enquanto a indústria da tecnologia, por<br />

exemplo, cresce 3,6% no mesmo período. De acordo com<br />

a consultoria, esse gap na produtividade gera um impacto<br />

de US$ 1,6 trilhão na economia mundial, ou seja, se a<br />

produtividade da construção alcançasse os mesmos níveis<br />

das demais áreas, agregaria um crescimento de 2% ao ano<br />

na economia mundial, além do que é registrado hoje. O<br />

estudo destaca, ainda, que, globalmente, 25% das empresas<br />

ligadas à construção já perceberam a necessidade de<br />

investir em tecnologia para elevar a produtividade.<br />

71% das 354 startups de construção e mercado<br />

imobiliário atuantes no Brasil nasceram nos<br />

últimos cinco anos, sendo 55% de 2015 para cá<br />

Para virar esse jogo muitos países têm investido alto nas novas<br />

construtechs. Nos Estados Unidos os aportes já somam mais<br />

de US$ 1 bilhão. Os resultados não demoraram a aparecer.<br />

Um bom exemplo é a Doxel, que com um investimento de US$<br />

4,5 milhões fabricou um robô batizado de “mestre de obras do<br />

futuro”. Ele rastreia todo o canteiro de obras e faz a conferência<br />

das áreas construídas para ver se foram executadas de<br />

acordo com o projetado. Também calcula quanto um eventual<br />

retrabalho custará no orçamento da obra e qual o impacto no<br />

cronograma. Tudo sem interferência humana. O robô repassa<br />

os dados para um software, que compara as informações de<br />

acordo com o especificado em projeto.<br />

O mestre de obras do futuro já entrou em ação. Em 2017,<br />

auxiliou na construção de um prédio corporativo em San<br />

Diego, na Califórnia. De acordo com a Doxel, o equipamento<br />

atuou por quatro horas e meia, todos os dias, e ajudou a<br />

obra a obter um aumento de 38% na produtividade de mão<br />

de obra e a reduzir o orçamento em 11%.<br />

HORA DE SOMAR FORÇAS<br />

No Brasil, o movimento de apoio à criação de novas<br />

construtechs também começa a acontecer. Um dos pioneiros<br />

nessa direção é o Construtech Ventures, braço de capital<br />

de risco do Grupo Softplan, com sede em Santa Catarina.<br />

Transformou-se no primeiro venture builder – fundo que<br />

constrói startups usando recursos próprios – totalmente<br />

focado no setor de construção e imobiliário. Investe entre<br />

R$ 500 mil e R$ 2 milhões em cada projeto de impacto<br />

real no setor. “Detectamos as oportunidades e buscamos<br />

empreendedores para juntos transformarmos ideia em<br />

negócio escalável”, afirma George Lodygensky, especialista<br />

em investimentos do Construtech Ventures.<br />

É do venture builder catarinense a primeira pesquisa sobre<br />

o setor no Brasil, que mapeou em junho de 2018 nada menos<br />

do que 354 startups de construção e mercado imobiliário<br />

atuantes no país. “Dessas, 71% nasceram nos últimos cinco<br />

anos, sendo 55% de 2015 para cá”, afirma Lodygensky.<br />

“O que prova que o segmento está crescendo rapidamente.”<br />

Ele observa que assim como aconteceu na área financeira<br />

e no agronegócio, as grandes empresas do setor estão<br />

procurando se aproximar das startups a fim de acelerar o<br />

processo de inovação e diminuir seus gargalos.<br />

Em 2017, a Andrade Gutierrez deu início ao desenvolvimento<br />

de um projeto de inovação. Além de realizar o Digital Day, a<br />

empreiteira criou o Vetor AG, um programa de incubação e<br />

aceleração corporativa. Em junho deste ano, o Okara Hub,<br />

programa de aceleração focado em startups dos setores<br />

imobiliário, construção civil e engenharia, realizou o primeiro<br />

processo seletivo, do qual participaram 100 construtechs. O<br />

programa resulta da parceria do fundo latino-americano<br />

Nxtp Labs com as empresas Engeform, Grupo GPS, Temon e<br />

Athié Wohn. Na mesma linha, funciona a MitHub, associação<br />

de inovação e tecnologia do mercado imobiliário e da<br />

construção civil, criada para ajudar as empresas do setor na<br />

transformação digital. O hub conta com apoio do Grupo Zap<br />

e Construtech Ventures, entre outros.<br />

FOTO: ISTOCKPHOTO.COM<br />

56


LANÇAMENTO<br />

O LIFESTYLE INSPIRA.<br />

A VIDA NÃO PARA.<br />

O Brooklyn Studios<br />

não poderia estar em<br />

melhor lugar, a um passo<br />

do metrô Brooklin, entre<br />

a Marginal Pinheiros,<br />

Berrini, Aeroporto de<br />

Congonhas e o corredor<br />

norte-sul. Perfeito para<br />

o estilo de vida moderno<br />

e prático.<br />

Av. Roque<br />

Petroni<br />

Av. Santo<br />

Amaro<br />

STUDIOS<br />

22m<br />

2<br />

BROOKLYN STUDIOS<br />

METRÔ BROOKLIN<br />

Foto aérea de localização<br />

A UM PASSO<br />

DO METRÔ<br />

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feriados. Creci: J 2599-9. Registro de Incorporação R.1, Matrícula 262.980, 15º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP. Data do registro: 25/09/2018. Qualquer venda estará sujeita ao pagamento do valor correspondente à<br />

intermediação imobiliária e as respectivas comissões decorrentes deverão ser descontadas do preço de venda constante na proposta a ser assinada pelo comprador. Imagem meramente ilustrativa.


| ESTILO |<br />

LOUCOS<br />

POR VESTÍVEIS<br />

COM ESTIMATIVAS DE 500 MILHÕES DE UNIDADES VENDIDAS<br />

JÁ EM 2021, OS WEARABLES – OU SIMPLIFICADAMENTE<br />

ACESSÓRIOS INTELIGENTES – GANHAM ESPAÇO NO COTIDIANO<br />

DOS APAIXONADOS POR TECNOLOGIA<br />

Katia Simões<br />

FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />

58


Imagine o que aconteceria se as pessoas pudessem gravar<br />

todos os momentos das suas vidas e rever as próprias<br />

memórias. Esse foi o tema do episódio “The Entire History of<br />

You”, da série Black Mirror, produzida pela Netflix. Na ficção<br />

a tecnologia antecipava o futuro de uma maneira sombria<br />

por meio da adoção de lentes biônicas. Na realidade,<br />

embora ainda não seja possível fazer o mesmo, os avanços<br />

tecnológicos caminham nessa direção. A prova está na<br />

criação de dispositivos como o Spetacles, do Snapchat. Tratase<br />

de um óculos de sol equipado com uma câmera que pode<br />

gravar até 10 segundos de vídeo. Ou, ainda, nas lentes que<br />

estão sendo desenvolvidas pela Microsoft e pela Samsung em<br />

parceria com o Google, que utilizam microcâmeras bem em<br />

cima da íris. Quando acionadas, poderão projetar imagens<br />

e vídeos diante dos olhos, conectando-se via bluetooth à<br />

internet e ao smartphone, que funcionará como o controle<br />

remoto das lentes. A expectativa é de que se tornem comuns<br />

em 2026, portanto em menos de uma década.<br />

As inovações fazem parte de uma nova linha de produtos<br />

batizados de wearables, ou em português, vestíveis. São<br />

roupas, calçados e acessórios que podemos carregar<br />

junto ao corpo, que vão muito além de mostrar as<br />

horas, atender uma ligação ou proteger dos efeitos dos<br />

raios UV. Transformaram-se no sonho de consumo dos<br />

apaixonados por tecnologia, inclusive no Brasil. Embora<br />

desconhecidos da maioria da população, os wearables<br />

já movimentam bilhões. De acordo com a consultoria<br />

Gartner, só em 2018 serão comercializadas 347 milhões<br />

de unidades, volume que saltará para mais de 500<br />

milhões em 2021, com vendas em 2018 da ordem de US$<br />

19 bilhões ao redor do mundo.<br />

A computação vestível surgiu na década de 1980 no meio<br />

acadêmico, mas só ganhou as ruas em 2012, com o Google<br />

Glass, óculos inteligentes criado pelo Google. Em apenas seis<br />

anos, a evolução foi imensa. Tanto os óculos quanto as lentes<br />

de contato passaram a utilizar a tecnologia da realidade<br />

aumentada, que sobrepõe informações virtuais sobre as<br />

imagens do mundo real. Mas foram os relógios, sem dúvida,<br />

que primeiro despertaram a atenção e o desejo de consumo.<br />

Lá se vão oito anos desde que o empresário Erik Cavalheri,<br />

à frente de mais de 30 franquias das marcas O Boticário,<br />

New Era, Sunglass Hut e Quem Disse Berenice, adquiriu seu<br />

primeiro vestível em uma viagem ao exterior. “Tinha GPS,<br />

mapeava a corrida e era uma super novidade na época”<br />

lembra. “Hoje virou peça de museu.” A tecnologia foi evoluindo<br />

e o empresário foi colecionando cada vez mais vestíveis. Usou<br />

uma versão da Nike, que media a frequência cardíaca, vinha<br />

acoplado a uma cinta e se tornou ultrapassado rapidamente, e<br />

uma pulseira inteligente, usada só para a prática de exercícios<br />

físicos. Atualmente, não se separa de uma versão de relógio<br />

de última geração, “que permite até ver as horas”, afirma em<br />

meio a risadas.<br />

Com o novo brinquedo tecnológico, ele pode fazer pagamentos,<br />

ouvir música sem a necessidade de fone de ouvido, abrir a<br />

Google Glass<br />

Óculos Samsung Gear Vr 3d de<br />

Realidade Virtual e com controle<br />

porta de casa, conferir as mensagens das redes sociais,<br />

monitorar a frequência cardíaca e as atividades físicas.<br />

“O problema é que a carga da bateria não dura mais de um dia, o<br />

que me sinaliza que está na hora de comprar uma versão mais<br />

atualizada, com maior durabilidade”, afirma, comentando que<br />

acabou de adquirir por curiosidade um modelo chinês, por<br />

apenas US$ 40, que até permite conversações por Skype.<br />

A gigante americana, apenas em 2017, vendeu aproximadamente<br />

17,7 milhões de relógios inteligentes, o que<br />

equivale a 15,3% do mercado de wearables. A empresária<br />

Dilma Campos – que viveu a passarinha Patativa, no Castelo<br />

Ra-Tim-Bum, ainda presente na memória com seu<br />

canto: Passarinho... que som é esse?” – contribuiu para<br />

esse número. CEO da Outra Praia, agência de comunicação<br />

com foco em live marketing, ela garante ser uma<br />

Apple maníaca e uma apaixonada por vestíveis. “Eu sempre<br />

gostei de tecnologia, e quando me deparei com um<br />

relógio que interagia comigo, me lembrando da atividade<br />

física, controlando meu tipo de sono e o tipo de alimentação,<br />

fiquei fascinada”, afirma. “Minha família toda tem<br />

problemas de hipertensão, daí ficar ligada o tempo todo<br />

no que dizem as medições.”


Dilma comenta com entusiasmo que o vestível emite<br />

alertas para ela beber água várias vezes ao dia, sinaliza<br />

quantos copos foram ingeridos e quantos ainda precisam<br />

ser; funciona como agenda eletrônica e ainda controla os<br />

gastos com cartão de crédito. “Tudo isso no pulso, de fácil<br />

acesso e com uma tecnologia muito simples”, reforça.<br />

“Faço até check-in no aeroporto.”<br />

Assim como Dilma, a engenheira de qualidade Luciana<br />

Pontes comprou seu primeiro vestível há pouco mais de<br />

um ano com foco na saúde. Andava muito estressada e<br />

queria monitorar a qualidade do sono. Começou com o<br />

que os apreciadores de wearables chamam de gadgets de<br />

entrada – as pulseiras inteligentes. “Comprei pulseiras de<br />

várias cores nos Estados Unidos, não tiro do pulso para<br />

nada”, afirma. Para se ter uma ideia do quanto a variedade<br />

de pulseiras atrai o usuário, a grife de luxo Tony Burch<br />

lançou um bracelete banhado a ouro para quem desejasse<br />

transformar o rastreador em verdadeira joia eletrônica. As<br />

vendas estouraram.<br />

As pulseiras inteligentes, ou smart bands, monitoram o<br />

usuário por 24 horas, coletando dados diversos como número<br />

de passos, distâncias percorridas, calorias queimadas, horas<br />

dormidas e até a qualidade do sono. Embora ache bastante<br />

interessante, Luciana também vê a tecnologia como algo<br />

um pouco assustador. “Como monitoro as calorias, capturo<br />

as informações nutricionais dos produtos por meio do<br />

QRCode, comecei a receber uma avalanche de publicidade<br />

de comida natural”, afirma. “Trata-se de um verdadeiro<br />

Big Brother para o qual, nós usuários, abrimos as portas.”<br />

Mais acostumada com o novo acessório, ela revela que ao<br />

contrário dos primeiros meses não mais olha os gráficos<br />

de monitoramento cardíaco e do sono a cada minuto. “No<br />

começo, a primeira coisa que eu fazia ao acordar era conferir<br />

o gráfico do sono”, diz. “Hoje estou mais tranquila.”<br />

Apple Watch série 4 recebeu melhorias no<br />

leitor de batimentos cardíacos<br />

Ao contrário de Luciana, que enxerga os vestíveis ao mesmo<br />

tempo com atração e receio, o advogado e fundador da<br />

Sociedade São Paulo de Investimentos, Pedro Corino, é um fã<br />

declarado da tecnologia. “Se deixassem, implantaria um chip de<br />

monitoramento de localização no corpo”, afirma com a maior<br />

tranquilidade. Quem acredita que Corino está mais com o pé<br />

na ficção do que na realidade engana-se. O monitoramento da<br />

performance de atletas já vem sendo realizado por rastreadores<br />

físicos. Ele garante que já experimentou praticamente todas<br />

as versões de wearables disponíveis no mercado, está sempre<br />

de olho nos gastos calóricos e na atividade física. “Passei pelo<br />

modelo com GPS e com cinta, mas a percepção da revolução<br />

dos relógios inteligentes veio mesmo com o Apple Watch<br />

1, que me permitia ligar e falar no viva voz”, recorda.<br />

Atualmente, usa os dois modelos com funções diferentes.<br />

No braço esquerdo, um Tag Connected, para controlar os<br />

compromissos e o clima, e no direito, um Samsung Gear<br />

Fit 2 Pro, mais discreto e focado no esporte. “Em ambos<br />

desativei o modo notificação de ligações e mensagens,<br />

para poder trabalhar sem desviar a atenção”, declara. “Mas<br />

constantemente respondo a e-mails curtos.”<br />

O mais novo brinquedo eletrônico de Pedro Corino são os<br />

óculos 3D, tanto para ver filmes – você ganha uma tela<br />

gigantesca, diz – quanto para brincar com o filho. “É diversão<br />

com tecnologia, tem coisa melhor?”, questiona<br />

Muse, tiara para meditação<br />

REVOLUÇÃO NA PRÁTICA DE<br />

ATIVIDADE FÍSICA<br />

Conectados, funcionais e bonitos, os wearables deixaram as<br />

telas do computador para ganhar as passarelas. Ícones da<br />

moda como Paco Rabanne, André Courrèges e Pierre Cardin<br />

sonharam com isso. A inovação tecnológica começou com<br />

o uso da nanotecnologia na composição dos tecidos, que<br />

permitiu o desempenho de funções que vão além do vestir.<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

60


é o mais adepto à adoção dos vestíveis. “É difícil encontrar<br />

um corredor que não use um relógio ou uma pulseira, os<br />

wearables mais comuns. Já faz parte da vestimenta”, diz. “Eu<br />

troco de roupa, mas não troco de relógio.” Embora tenha no<br />

pulso todo o controle de sua prática esportiva e indicadores<br />

de saúde, ele ainda não aderiu ao gadget como meio de<br />

pagamento, tarefa que reserva para o celular.<br />

Na visão de Eliezer Silveira Filho, CMO da Stefanini,<br />

multinacional brasileira da área de tecnologia, depois de<br />

passar por um período de modismo, os wearables entram<br />

na fase de servir e facilitar a vida das pessoas. “O vestível<br />

não deve ser algo que gere dificuldade, pelo contrário, veio<br />

para ajudar”, afirma. “Um bom exemplo é o modelo da Apple<br />

com sensor de altura. Se percebe que há uma queda, em<br />

instantes liga para a emergência.”<br />

Ralph Lauren smart t-shirt, a camiseta inteligente da Polo<br />

Tecidos antialérgicos, hidrorrepelentes, antichamas já estão<br />

disponíveis no mercado, e nas vitrines não é difícil achar<br />

edredons anti ácaros e anti odores, camisetas e linha praia<br />

com proteção UV, casacos térmicos e t-shirts que ajudam a<br />

eliminar o suor e manter a temperatura do corpo durante as<br />

atividades esportivas.<br />

O que antes era futuro, agora é realidade. As roupas<br />

esportivas já são capazes de fazer o monitoramento<br />

biométrico dos exercícios físicos por meio de minúsculos<br />

sensores inteligentes nelas embarcados. Conectadas via<br />

bluetooth aos smartphone, mostram, por exemplo, a fadiga<br />

muscular e os níveis de glicose do sangue, sugerindo o<br />

sistema de treinamento mais adequado.<br />

Especialista em treinamento físico, com formação pela<br />

Universidade do Porto, Ronaldo de Oliveira Freitas, é um<br />

adepto convicto dos wearables, principalmente das roupas<br />

esportivas inteligentes. “Além de proporcionar conforto, elas<br />

também ajudam a manter o nível do treinamento”, afirma. “Em<br />

condições de chuva e frio, ajudam a manter a temperatura<br />

corporal, o que permite que eu direcione a minha energia para<br />

o treino e não para buscar aquecimento ou uma roupa seca.”<br />

Com várias camisetas inteligentes no armário, todas com<br />

proteção contra os raios UVA e UVB, ele confessa que tem uma<br />

coleção porque não gosta de repetir a mesma com frequência.<br />

“Mas, se fosse por qualidade e eficiência, bastaria ter apenas<br />

uma que o resultado seria muito positivo.”<br />

Adepto da tecnologia e dos wearables, Eliezer usa também<br />

uma tiara para meditação. Trata-se de um gadged equipado<br />

com sensores que medem a atividade cerebral, conectado<br />

via bluetooth ao celular. “Sou muito agitado, os sensores<br />

emitem dados que permitem avaliar o meu nível de<br />

concentração para meditação”, declara. “Agora consigo<br />

meditar de verdade, coisa que não fazia antes.”<br />

O executivo também adotou sensores para localizar<br />

pequenos objetos como carteiras e mochilas. “Agora minha<br />

carteira é inteligente, por um custo bem baixo, algo em torno<br />

de US$ 15, o preço do sensor”, comemora.<br />

E nem mesmo a realeza britânica escapou da atração pelos<br />

novos brinquedinhos tecnológicos. Recentemente, o príncipe<br />

Harry passou a usar na mão direita uma nova joia. Tratase<br />

do Õura Ring, um novo gadget com inúmeras funções,<br />

entre elas escrever e-mails e fazer transferência online de<br />

dinheiro. No caso de Harry, o vestível ajuda no controle das<br />

horas dormidas. O anel, presente da mulher Meghan Markle,<br />

custa cerca de R$ 3.678.<br />

Para o especialista em tecnologia, embora os wearables<br />

estejam se multiplicando e se tornando cada vez mais<br />

acessíveis e fáceis de usar, ainda é necessário um agregador<br />

geral da captura de dados e informações, papel desempenhado<br />

pelo celular. “Os vestíveis precisam de um hub, um lugar que<br />

conecte todos os sensores”, afirma. “Hoje é o celular, amanhã<br />

pode ser a computação em nuvem.”<br />

Assim como muitos colegas, ele não demorou a usar o<br />

dispositivo com fita peitoral para controle dos batimentos<br />

cardíacos durante os treinamentos. “Era muito incômodo,<br />

porque precisava ficar muito apertada ao peito para<br />

conseguir aferir as medições”, lembra. “Hoje, consigo fazer<br />

o mesmo controle com o uso contínuo de um smart watch.”<br />

Segundo o empresário Alexandre Romero, que pratica corrida<br />

desde 2009 e em 2014 aderiu ao Triatlon, o meio esportivo<br />

Disponível em várias cores, o Õura Ring


| HOTÉIS |<br />

#360ROOM, Hotel Pullmann<br />

62


INOVAÇÃO,<br />

CONFORTO E<br />

PIONEIRISMO<br />

TECNOLOGIAS DE PONTA REVOLUCIONAM O CONCEITO DE<br />

HOSPEDAGEM EM UNIDADES EXCLUSIVAS DA REDE ACCORHOTELS,<br />

AMPLIANDO CONFORTO DE ESTILO COM RECURSOS INUSITADOS<br />

Yara Guerchenzon<br />

Em uma época em que a vida está ligada a dispositivos tecnológicos, cada vez<br />

mais buscamos todas as suas vantagens, para facilitar, simplificar e agregar<br />

maior prazer às nossas experiências. Da mesma forma, para quem viaja a<br />

trabalho por um curto período de tempo ou por semanas, durante as férias, faz<br />

toda a diferença o acesso a hotéis modernos, com quartos repletos de recursos<br />

inovadores, capazes de transformar a hospedagem de forma surpreendente.<br />

Em sintonia com essa nova realidade, a Rede AccorHotels acaba de apresentar<br />

três novidades em que a tecnologia e o design resultam numa parceria avançada,<br />

para que seus hóspedes se sintam cada vez mais especiais.


No projeto #360ROOM, em teste no Pullman São Paulo Vila Olímpia, da Rede<br />

AccorHotels, o hóspede pode controlar a intensidade e os tons da iluminação, escolher<br />

a posição das paredes ou ajustar a cama eletronicamente na direção da janela ou<br />

contra a luz do sol, entre outros recursos disponíveis<br />

#360ROOM<br />

Esqueça tudo o que você já viu no Brasil sobre sinônimo<br />

de tecnologia e conforto em um quarto de hotel. Não se<br />

trata de força de expressão, mas de realidade. Controlar a<br />

intensidade e os tons da iluminação, acionar os aparelhos<br />

eletrônicos com um simples toque na tela do iPad ou,<br />

ainda, abrir a porta do quarto via celular é apenas parte<br />

do que a AccorHotels disponibilizou para seus clientes<br />

no projeto #360ROOM, que coloca o desejo do cliente<br />

no centro de tudo. A experiência vai muito mais além.<br />

Permite escolher a posição das paredes, ajustar a cama<br />

eletronicamente na direção da janela ou contra a luz do<br />

sol; colocar as roupas para lavar e, pouco tempo depois,<br />

retirá-las, limpas, secas, esterilizadas e passadas.<br />

Tudo isso e mais um pouco já pode ser testado no hotel<br />

Pullman São Paulo Vila Olímpia. “Cada hóspede utiliza uma<br />

ou todas as funcionalidades da forma mais conveniente,<br />

como e quando quiser”, afirma Patrick Mendes, CEO da<br />

AccorHotels América do Sul. “A cada dia damos um passo<br />

além em nossos esforços para agradar ao consumidor,<br />

para oferecer-lhe uma experiência que vai além de um<br />

bom quarto tradicional.” De acordo com o executivo, o<br />

#360ROOM é uma das formas de demonstrar o quanto<br />

os hóspedes são importantes para a rede. O objetivo é<br />

utilizar tudo o que a tecnologia e o design oferecem de<br />

mais avançado, belo e funcional para entregar ao hóspede<br />

a melhor experiência, a fim de que ele se sinta cada vez<br />

mais bem-vindo nos hotéis de bandeira do grupo.<br />

O #360ROOM conta com projeto arquitetônico contemporâneo<br />

leve, com referências à natureza no uso de plantas<br />

naturais, integrando conforto e tecnologia de forma espontânea.<br />

Um bom exemplo desse conceito é a concepção<br />

dos cômodos. O banheiro, o lavabo e o closet integrados<br />

criam um Personal Spa, com cores escuras e iluminação<br />

contrastante. O resultado ultrapassa os limites funcionais<br />

para garantir ao usuário um momento de relaxamento,<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO; ISTOCKPHOTO.COM<br />

64


conforto e bem-estar. Pisos, revestimentos e bancadas<br />

foram desenvolvidos e customizados especialmente para<br />

o projeto pela Officina Portobello. Os designers Matteo<br />

Thun e Antonio Rodriguez respondem pelo projeto da banheira<br />

(Duravit Durastyle), enquanto o badalado designer<br />

francês Philippe Starck assina o vaso sanitário, criado especialmente<br />

para a Duravit, que dispõe de controle remoto,<br />

assento e tampa acionados por motor, ajuste individual<br />

de água, ar e temperatura do assento, bem como posição<br />

e intensidade do jato de água e iluminação noturna.<br />

Da união da tecnologia com o design surgem, ainda,<br />

diferenciais que possibilitam personalizar o quarto<br />

reposicionando a cama – com design assinado pelo<br />

artista plástico Gustavo Amaral – ou o sofá, e, também<br />

movimentar as paredes de modo a otimizar o espaço.<br />

Os equipamentos eletrônicos, acionados pela tela do<br />

IPad, são uma atração à parte. Além da TV Oled de 65<br />

polegadas – que permite acessar serviços como previsão<br />

do tempo, informações de voo e até mesmo opções para<br />

compra ou solicitação de serviço de quarto por controle<br />

remoto – , o hóspede conta com home theater e o TV<br />

Espelho Dual Screen, localizado na frente da banheira,<br />

ideal para assistir a uma série ou filme durante um<br />

banho relaxante. A grande novidade, contudo, fica por<br />

conta do LG Styler, um aparelho em formato de “guardaroupa”<br />

que lava, esteriliza, seca e desamassa as roupas<br />

apenas com o vapor.<br />

O carregamento do celular é por indução e o controle da<br />

iluminação viabiliza a criação de diversos ambientes, do<br />

mais calmo ao modo festa. E mais: traz peças assinadas<br />

por nomes consagrados, como a premiada luminária de<br />

piso Cosmic Leaf criada pelo designer Ross Lovergrove e<br />

a de bancada Talak, desenhada por Neil Poulton. Para o<br />

controle total da luz natural, as janelas receberam cortinas<br />

automatizadas, enquanto o living conta com uma cortina<br />

translúcida acústica no seu entorno, podendo separar os<br />

ambientes a fim de ampliar a privacidade.<br />

“O #360ROOM traduz o que há de mais atual em conceitos<br />

de hospedagem”, afirma Erwan LeGoff, vice-presidente de<br />

Tecnologia da Informação AccorHotels América do Sul. “São<br />

diversas alternativas de design, decoração, implantação e de<br />

equipamentos que mudam a forma como o cliente interage<br />

com o quarto. Cada pessoa que se hospedar ali terá uma<br />

experiência completamente diferente e personalizada.”<br />

RECONHECIMENTO FACIAL<br />

Usar a inovação como uma ferramenta para a realização de<br />

um atendimento cada vez mais personalizado tem sido um<br />

dos grandes desafios do Grupo AccorHotels. Foi com esse<br />

objetivo que a rede trouxe para o Brasil um novo sistema que<br />

promete melhorar a forma de atendimento aos hóspedes.<br />

Trata-se do reconhecimento facial, que aos poucos vai<br />

ganhando espaço no cotidiano dos brasileiros.


Nos quartos Plug & Play dos hotéis Ibis SP Morumbi e Ibis SP Ibirapuera é possível assistir a filmes, jogos e séries direto do smartphone ou tablet,<br />

num telão de 75 polegadas, por meio de um projetor HD de alta tecnologia, com som de qualidade e internet de alta velocidade<br />

“Percebemos que essa tecnologia garante um grande diferencial e será utilizada pelo setor nos<br />

próximos anos. Por esse motivo, resolvemos implantar o sistema, para melhorar a experiência dos<br />

nossos hóspedes”, afirma Erwan LeGoff, vice-presidente de Tecnologia da Informação AccorHotels<br />

América do Sul. “Com essa novidade, é possível oferecer um atendimento ainda mais diferenciado<br />

aos nossos hóspedes do Le Club AccorHotels, programa de fidelidade do Grupo.”<br />

A iniciativa é inédita no país. Os primeiros testes estão sendo realizados no Pullman Vila Olímpia. Segundo<br />

LeGoff, a principal finalidade da adoção da nova tecnologia é melhorar a forma como a rede serve sua<br />

clientela. “Um simples atendimento pelo nome, sem que o hóspede se identifique a alguém, por exemplo,<br />

já significa um grande diferencial. Seja concedendo mais poder de controle ou agilizando o processo de<br />

check in em nossos hotéis, sempre buscamos fazer com que todos se sintam bem-vindos”, afirma.<br />

PLUG & PLAY<br />

Engana-se, porém, quem acredita que somar tecnologia, conforto e design é uma exclusividade da<br />

rede Pullman. Muito pelo contrário. Desde setembro deste ano, os apaixonados por assistir filmes,<br />

jogos e séries direto do smartphone ou tablet poderão fazê-lo em um telão de 75 polegadas, por<br />

meio de um projetor HD de alta tecnologia, com som de qualidade e internet de alta velocidade.<br />

Basta hospedar-se em um dos quartos Plug & Play disponíveis nos hotéis Ibis SP Morumbi e Ibis SP<br />

Ibirapuera, ambos na capital paulista. Quem escolhe esse modelo de quarto pode desfrutar de mais<br />

interações com os dispositivos tecnológicos e ainda recebe como cortesia um travesseiro extra, para<br />

contar com mais conforto. O Plug & Play foi criado com o objetivo de tornar a experiência do cliente<br />

ainda mais confortável, em um ambiente inovador e com foco em tecnologia na marca Ibis.<br />

“Acreditamos muito no potencial desse quarto, com todos os seus diferenciais relacionados à<br />

tecnologia”, afirma Guilherme Kuntze, gerente de Operações das marcas Ibis América do Sul. “Por<br />

esse motivo, o plano é expandir esse conceito para outros hotéis Ibis do Brasil e da América do Sul.<br />

Dessa forma, o cliente terá um leque maior de opções para se hospedar.”<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

66


| SE LIGA |<br />

Loja Amazon Go e Nike Store<br />

68


O FUTURO<br />

JÁ É REALIDADE<br />

AO UNIR A EXPERIÊNCIA DO MUNDO DIGITAL À COMPRA FÍSICA,<br />

LOJA DO FUTURO CONQUISTA NOVOS CONSUMIDORES E GARANTE ÀS<br />

MARCAS MAIS ATRATIVIDADE<br />

Katia Simões<br />

FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; SHUTTERSTOCK<br />

São seis andares de pura experiência inaugurados<br />

na primeira semana de novembro, na esquina da 5ª<br />

Avenida com a 52nd Street. Assim pode ser definida<br />

a nova flagship aberta pela Nike, em Nova York, com a<br />

proposta de fundir o mundo físico e o digital em uma<br />

única plataforma de contato com a marca pelo cliente.<br />

Batizada House of Innovation 000, a nova loja foi totalmente<br />

planejada para funcionar com o Nike App, permitindo que<br />

consumidores finalizem as compras pelo celular, solicitem<br />

entrega de roupas nos provadores e agendem atendimento<br />

com estilistas da marca. Mais do que isso, que tenham<br />

acesso às mais diversas informações sobre as peças, além<br />

de reservá-las ou montar um look inteiro e comprá-lo<br />

automaticamente, ação que facilitará a rotação de peças<br />

de acordo com a demanda. Segundo Adam Sussman, chief<br />

digital officer da Nike, hoje o celular é o centro da vida das<br />

pessoas, e a ideia é criar uma conexão perfeita entre a<br />

experiência física e a digital. A meta é replicar o mesmo<br />

modelo de loja em Paris, já em 2019.<br />

A flagship recém-inaugurada é, na verdade, a evolução de<br />

um conceito que a Nike vinha experimentando desde 2016,<br />

quando abriu no bairro do SoHo, também em Nova York,<br />

uma loja conceito de 5 mil metros quadrados, distribuídos<br />

em cinco pavimentos, que reúnem diversão, tecnologia,<br />

experiência e esportes. No lugar dos caixas convencionais,<br />

espaços para a prática de esportes, onde os clientes podem<br />

testar o produto com a ajuda da realidade virtual. Os adeptos<br />

da corrida, por exemplo, exercitam-se em uma esteira<br />

cercada por duas câmeras e uma tela que mostra imagens<br />

do Central Park. Enquanto correm, sensores capturam os<br />

dados da corrida e indicam qual o melhor calçado para o<br />

seu perfil. Há, ainda, um meio campo de futebol e uma meia<br />

quadra de basquete, com as mesmas características.<br />

Todo o espaço foi concebido para valorizar e incentivar a loja<br />

a integrar opções de compra via aplicativo Nike+. É por meio<br />

do app e na tela do smartphone que os vendedores recebem<br />

chamados de clientes, acessam o estoque e processam as


LABORATÓRIO PRÁTICO<br />

Diante de uma plateia de mais de mil pessoas em São<br />

Paulo, Ricardo Ramos, sócio-diretor da GS&XtremeVR,<br />

braço do Grupo Gouvêa de Souza, fez a primeira compra<br />

do mundo realizada por meio da Alma, plataforma de<br />

inovação e geração de experiência de marca, produtos<br />

e serviços, com possibilidade de compra. “Com certeza<br />

é um marco de uma nova e mais desafiadora era para<br />

o varejo e os centros comerciais tradicionais”, afirma<br />

Marcos Gouvêa de Souza, diretor geral do Grupo. “Ao<br />

incorporar o VR Commerce às alternativas de canais de<br />

venda, estamos contribuindo para a criação de uma nova<br />

geração de consumidores, os omniconsumidores 2.0.”<br />

Segundo Souza, o grande diferencial está na possibilidade de<br />

intersecção no momento da compra de todas as características<br />

já aceitas pelo consumidor no e-commerce com o lúdico, a<br />

imaginação, o sonho e o desejo. “Com a Alma conseguimos<br />

trazer de volta a emoção no momento da compra”, diz. “É<br />

possível aguçar os cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato<br />

e paladar) e a imaginação.” Trata-se de um outro tipo de<br />

experiência, muito mais imersiva, porque a pessoa tem a<br />

sensação de tocar o produto em 3D, experimentá-lo, para<br />

depois conferir o preço, colocar no carrinho de compra, pagar,<br />

determinar o local de entrega e receber.<br />

A Alma opera com a mesma tecnologia de construção de<br />

games, o que garante que a realidade virtual a ser criada,<br />

por mais distante que pareça, se torne atrativa e real para<br />

o cérebro. Por meio da nova experiência lúdica de compra,<br />

o cliente poderá tocar virtualmente os produtos, movimentálos,<br />

obter informações completas e conhecer a opinião de<br />

outros consumidores, tanto em casa quanto nas lojas físicas.<br />

A primeira loja operada 100% no conceito omnichannel com<br />

a nova tecnologia foi a Omnistory Ayrton Senna, no Shopping<br />

Villa Lobos, em São Paulo. Parte das vendas de bonés, réplicas<br />

dos carros dirigidos pelo campeão, capacetes icônicos e até<br />

a linha Senninha será destinada ao Instituto Ayrton Senna.<br />

A ambientação em homenagem ao ídolo da Fórmula 1 é a<br />

quarta roupagem que a loja recebe, em um ano de operação.<br />

Definida como um laboratório para aplicação de conceitos e<br />

soluções inovadoras para o varejo, a Omnistory – concebida<br />

pelo Grupo GS&Gouvêa de Souza – nasceu integrando loja<br />

física e e-commerce, aplicativo, vending machine e shopping<br />

TV. Na loja, é possível fazer compras em qualquer ambiente<br />

digital, seja pelo descktop, celular ou aplicativo, retirar na<br />

hora ou receber em casa ou em um locker. O cliente escolhe<br />

o locker mais próximo e recebe uma ativação de código de<br />

segurança para a retirada do produto.<br />

Uma câmera posicionada logo na entrada da loja faz o<br />

reconhecimento do cliente de acordo com o gênero e<br />

características físicas. Assim, a pessoa recebe sugestões e<br />

ofertas individualizadas diretamente nas vitrines interativas<br />

e pode concluir o pedido ali mesmo. A cada quatro meses,<br />

a Omnistory muda totalmente a oferta de produtos, serviços<br />

e experiência. O objetivo, segundo Souza, é mostrar como a<br />

loja pode e deve ser flexível para acompanhar a volatilidade<br />

do mercado e o dinamismo dos novos consumidores.<br />

compras. A loja dispõe, ainda, de serviço de concierge<br />

pessoal, teste de experimentação de produtos, experiências<br />

com realidade aumentada e customização de produtos,<br />

os quais poderão ser entregues no mesmo dia na casa<br />

dos clientes ou nos hotéis, facilitando a vida dos turistas.<br />

Nem mesmo os provadores escaparam da atratividade.<br />

São amplos e a iluminação pode simular vários ambientes,<br />

como uma sala de ginástica ou um cenário de corrida<br />

noturna, por exemplo.<br />

Os dois badalados endereços da Nike, que viraram atração<br />

turística, retratam os novos modelos de ponto de<br />

venda que começam a se espalhar pelo mundo, também<br />

chamados de “lojas do futuro”. São espaços que<br />

somam experiência, tecnologia, entretenimento, servem<br />

de ponto de encontro e trazem para o mundo físico as<br />

vantagens e as características do comércio virtual. “As<br />

pessoas não vão mais à loja física porque precisam comprar,<br />

mas porque querem se dirigir até lá”, diz Alberto<br />

Serrentino, fundador da Varese Retail Strategy, consultoria<br />

especializada em varejo. “As motivações para visitar<br />

e comprar em lojas físicas vão além das necessidades<br />

e envolvem informação, educação, interação social,<br />

inspiração, prazer e emoção.”<br />

Nessa linha, com menos pirotecnia e mais pés no chão,<br />

o varejo precisa investir em tecnologias que permitam<br />

uma interação em tempo real com o cliente e que<br />

possibilitem unir o melhor do varejo tradicional – o<br />

toque, a percepção, a experimentação, ou seja, todas as<br />

sensações atreladas à aquisição de um produto – com<br />

a praticidade do varejo virtual, que adota promoções<br />

personalizadas, redução de burocracia no processo de<br />

compra, agilidade, ausência de filas, entre outras coisas.<br />

Uma certeza, porém, todos já têm: o consumidor quer<br />

interagir com a marca, independentemente do canal.<br />

Assim, para continuarem relevantes as lojas devem conciliar<br />

duas características básicas: baixo atrito e boa experiência.<br />

Isso implica a remoção dos obstáculos que separem o cliente<br />

da compra, o que envolve desde a facilidade de acesso,<br />

estacionamento, bom sortimento, informações acessíveis e<br />

fartas, pagamento sem filas ou entraves, até a facilidade de<br />

retirada do produto e possível troca.<br />

FOTOS: EMMANUEL DENAUI; DIVULGAÇÃO<br />

70


Uma loja 100% digital que troca de “roupa” a cada quatro meses.<br />

Quem também chamou a atenção foi a Amazon, gigante do<br />

e-commerce, quando decidiu abrir uma operação física, em<br />

Seattle, nos EUA. A Amazon Go, como é conhecida, reúne<br />

todas as características das lojas do futuro. Trata-se de<br />

um minimercado de proximidade que funciona assim: o<br />

consumidor entra na loja, aproxima o smartphone de um<br />

sensor para se identificar via aplicativo, recebe notificações<br />

com ofertas personalizadas, escolhe os produtos que<br />

deseja comprar, aproxima novamente o celular do sensor<br />

e sai do estabelecimento. Nada de caixas para pagamentos,<br />

comprovantes ou pacotes. A fatura é debitada pelo aplicativo<br />

e as compras entregues no endereço combinado.<br />

A concorrente chinesa Alibaba não ficou atrás, pelo<br />

contrário, fez do supermercado Hema, em Xangai, o centro<br />

das atrações com o funcionamento do primeiro restaurante<br />

robótico. Isso mesmo, os clientes escolhem o prato principal<br />

na prateleira – ou encomendam pelo celular – e fazem<br />

check-in na mesa via aplicativo. Se o cliente escolher um<br />

peixe vivo, os funcionários enviam para a cozinha por uma<br />

esteira suspensa. Um robô leva o prato da cozinha até o<br />

cliente. O Hema transformou-se em um supermercado<br />

focado em tecnologia de alimentos frescos do Alibaba. Os<br />

consumidores podem procurar informações sobre o produto<br />

na loja, digitalizando um código de produto; fazer um pedido<br />

em domicílio, com entrega em 30 minutos em um raio de<br />

3 quilômetros; realizar o pagamento e pedir comida para<br />

ser cozida e saboreada na loja via aplicativo. Na visão dos<br />

especialistas, é um bom exemplo de novo conceito de varejo,<br />

com foco na experiência física na loja aliada à compra online.<br />

“A massificação do uso de smartphones, a adoção da<br />

tecnologia como instrumento para facilitar a vida do cliente e o<br />

comportamento da nova geração de consumidores, capitaneada<br />

pelos millennials (nascidos entre 1980 e 2000), aceleram essas<br />

mudanças”, afirma Serrentino, da Varese Retail.<br />

REALIDADE TAMBÉM POR AQUI<br />

No Brasil, um dos primeiros exemplos de loja do futuro foi a<br />

franquia 100% digital aberta em dezembro de 2016 pela rede<br />

de fast food Bob’s, no BarraShopping, no Rio de Janeiro.<br />

Os pedidos são feitos pelo terminal de autoatendimento ou<br />

pelo aplicativo, que conta com um sistema inteligente de


A MISTURA DO FÍSICO<br />

E DO DIGITAL<br />

Quem ainda não ouviu falar na palavra “phigital” pode<br />

ir se preparando para incluí-la no vocabulário. Trata-se<br />

da junção do mundo físico e do digital em operações de<br />

varejo. Uma das traduções mais claras desse novo modelo<br />

é o Pier X, aberto em fevereiro de 2017, em uma das<br />

áreas do Shopping Iguatemi de Porto Alegre. A iniciativa,<br />

capitaneada pelo empresário Gustavo Schifino, foca na<br />

experiência do consumidor, combinando lançamento de<br />

produtos, tecnologia, diversão, cultura e novas vivências<br />

em um mesmo lugar. É o primeiro marketplace digital<br />

da América Latina. “Trata-se de uma nova modalidade<br />

de negócio, considerada do futuro, que engloba entretenimento,<br />

serviço e varejo”, diz o empresário. “Nesse<br />

marketplace tudo está à venda e só pode ser pago por<br />

meio do app da plataforma, sem qualquer intermediário,<br />

seja ele um vendedor ou garçom.”<br />

Além da exibição dos principais lançamentos de<br />

marcas importantes com produtos voltados para o<br />

bem-estar do corpo e da alma, o Pier X conta com<br />

restaurante, bar, galeria de arte, escola de ioga e de<br />

rock, além de palco para shows. “Como toda oferta<br />

muito inovadora, o projeto teve de passar por ajustes<br />

no primeiro ano de operação”, observa Schifino. “As<br />

entregas, antes exclusivas em domicílio, passaram<br />

a ser feitas também no Pier, enquanto a oferta gastronômica<br />

teve de ser diversificada para atender aos<br />

diversos tipos de público.”<br />

Mas um dos grandes diferenciais do marketplace, o rodízio<br />

das marcas, foi bem recebido. De quatro em quatro<br />

meses o Pier X troca de “roupa”. Os contratos são<br />

por estação. Quem performa bem renova. Quem não<br />

atinge os resultados esperados dá lugar a outra marca.<br />

A iniciativa, que levou um ano e meio para ser desenhada,<br />

consumiu um investimento de R$ 2 milhões, divididos<br />

entre 20 empresas.<br />

armazenamento de informações de compras. Se a fome<br />

bater dias depois, basta repetir o mesmo pedido com um<br />

único clique. A loja também foi pioneira no varejo nacional<br />

na adoção da plataforma eletrônica de pagamento, que<br />

facilita a transação ao acessar as informações do cartão –<br />

de todas as bandeiras – de forma rápida e com segurança,<br />

desde que o cartão esteja cadastrado. Também foi a<br />

primeira a adotar a solução Qkr!, que permite ao usuário<br />

solicitar e pagar produtos diretamente do celular ou tablet.<br />

“Todas essas mudanças fazem parte de um processo de<br />

modernização da rede iniciado em 2014, com a implantação<br />

de um novo conceito de ponto de venda”, diz Marcello Farrel,<br />

diretor geral da rede Bob’s. Agora a novidade fica por conta<br />

da integração dos clientes na cocriação de novos produtos,<br />

além da implantação na rede, hoje com 1050 lojas, de uma<br />

plataforma de personalização de produtos.<br />

Apontada como uma das mais inovadoras marcas de<br />

moda do país, a carioca Reserva também não hesitou em<br />

transformar alguns de seus pontos de venda em um local de<br />

experimentação e concretização dos propósitos da marca.<br />

A primeira a ganhar nova roupagem foi a loja do Fashion<br />

Mall, no Rio de Janeiro, transformada em loja conceito<br />

UseReserva.com, que opera sem estoque e reúne uma série<br />

de serviços. Nas araras, uma peça de cada tamanho, apenas<br />

para o cliente provar, pois a compra é feita online, por meio<br />

de tablets ou totens. São 92m 2 que contam com a Barbearia<br />

do Zé, uma filial do restaurante Verdin, de comida saudável,<br />

e área para jogar videogame. “É um espaço para as pessoas<br />

se encontrarem e se divertirem, onde os amigos vão para<br />

relaxar, beber uma cerveja e até comprar roupas”, diz o<br />

fundador Ronny Meisler. “Além disso, é ecologicamente<br />

correta, deixa de emitir 350 kgs de gás carbônico no meio<br />

ambiente. As roupas saem do estoque para a casa do cliente<br />

e as entregas são feitas de bicicleta.”<br />

Criado em 2004, 70 lojas, 22 franquias e presente em 1.500<br />

multimarcas, o Grupo Reserva inaugurou em agosto a Oficina<br />

Reserva. Na loja instalada no Shopping Leblon, no Rio de<br />

Janeiro, o cliente por customizar produtos como camisas<br />

sociais, com confecção sob medida, e adquirir uma linha de<br />

peças básicas como camisetas, polos, calças e blazers que<br />

não saem de moda. As camisas são confeccionadas a partir<br />

de um software, unindo a qualidade da alfaiataria clássica<br />

com a precisão do algoritmo tecnológico.<br />

Embora já sejam realidade em muitos pontos de venda<br />

espalhados pelo país, a mudança do modelo de loja<br />

convencional para as chamadas lojas do futuro passa pela<br />

aculturação do consumidor, principalmente com a ausência<br />

de caixa e novos meios de pagamento, até a disponibilização<br />

de recursos para a implantação das novas tecnologias nos<br />

varejos de pequeno e médio portes. É preciso entregar uma<br />

opção de compra completa, que englobe a ambientação,<br />

personalização de produtos e serviços, atendimento eficiente,<br />

que facilite a manutenção do relacionamento entre a marca e<br />

o cliente e gere novos negócios, garantem os especialistas.<br />

FOTOS: EMMANUEL DENAUI<br />

72


wide line collection<br />

<strong>Setin</strong> e Ornare apresentam móveis sob medida de alto padrão com coleções assinadas por<br />

renomados designers e arquitetos, com infinitas opções de acabamentos e aproveitamento<br />

dos espaços, no empreendimento JL · life by design. Visite unidade decorada em 2019.<br />

Stripe Kitchen Design by Studio Ornare · www.ornare.com.br<br />

são paulo<br />

rio de janeiro<br />

new york<br />

miami<br />

los angeles


| NOTÍCIAS SETIN |<br />

BROOKLYN STUDIOS<br />

Uma sessão de cinema diferente, mais do que isso,<br />

especial. Foi o que aconteceu em agosto, no Cinemark<br />

do Shopping Market Place, durante o meeting de<br />

corretores do empreendimento Brooklyn Studios.<br />

Com localização estratégica, na Av. Roque Petroni<br />

Jr. nº 110, em frente à estação Brooklin do metrô, o<br />

novo empreendimento conta com studios de 22 m 2 .<br />

O apartamento decorado foi aberto ao público no dia 6<br />

de setembro, marcando o início oficial das vendas.<br />

RESIDENCIAL SKYPARK TUIUTI<br />

Imagine um espaço totalmente ambientado para traduzir em forma de experiências<br />

o significado de bem-estar residencial. Pois foi exatamente o que fizemos em agosto,<br />

no Teatro Gamaro, durante a apresentação do Skypark Tuiuti, quando 600 corretores<br />

puderam conferir de perto o conceito do novo empreendimento. De forma ainda mais<br />

inovadora, proporcionamos ao longo de vários fins de semana, em parceria com<br />

empresas da região, uma série de momentos de puro lazer e prazer a nossos futuros<br />

clientes. A ideia é que eles vivenciassem com intensidade o conceito de bem-estar<br />

residencial. Teve aula de Skate para crianças com a Skate Store; passeio de bike com<br />

a RVS Bikes, que também manteve no local durante todo o mês de agosto aos finais de<br />

semana uma estação de manutenção das bicicletas; degustação de massas da Di Cunto;<br />

Day Spa na Clínica Raízes; Aulas de Yoga ministradas pelo Espaço Cultural Tatuapé;<br />

recreação para pets com a presença dos goldens famosos no Instagram Bob&Marley;<br />

Degustação do La Pergoletta, além de happy hours especiais proporcionados pelo<br />

Boteco Brahma e pela Confraria da Cerveja. Em meio a todas essas experiências foram<br />

abertos em 6 de outubro os apartamentos decorados – o de 164 m 2 assinado por Débora<br />

Aguiar e os de 124 m 2 por Carlos Rossi. O lançamento oficial aconteceu nos dias 21 e 22<br />

de outubro e contou com a participação da Pizzaria 1900. O sucesso de vendas foi grande<br />

a ponto de anteciparmos para novembro a abertura da Torre Park.<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

74


SER – VILA MADALENA<br />

Não é de hoje que o bairro da Vila Madalena é conhecido como<br />

um reduto de arte e cultura da cidade, como uma região plural,<br />

palco de tendências nas mais variadas áreas. Pois a Vila foi o<br />

endereço escolhido para abrigar o SER, empreendimento com<br />

muito conceito e estilo, que teve sua campanha ilustrada pela<br />

artista francesa Malika Favre. O coquetel de lançamento para<br />

corretores da Lopes e <strong>Setin</strong> Vendas aconteceu em 23 de julho,<br />

no Pé de Manga Bar e Gastronomia, seguido da abertura do<br />

stand de vendas e da instalação do contêiner de apoio na rua<br />

Girassol. Dia 25 de agosto foi a vez da abertura do apartamento<br />

decorado, enquanto a pré-venda teve início em 13 de setembro.<br />

IBIS CHEGA À ZONA LESTE<br />

A esquina das ruas Catinguá e Filipe Camarão, no bairro do Tatuapé,<br />

abriga desde junho o ibis Tatuapé, o primeiro hotel da bandeira<br />

Ibis da AccorHotels da zona leste de São Paulo. Comercializado no<br />

sistema condohotel, no qual as unidades podem ser adquiridas por<br />

investidores, conta com 271 quartos.


SETIN DOWNTOWN ESTAÇÃO DA LUZ<br />

Um dos principais empreendimentos da linha <strong>Setin</strong> para revitalização do centro<br />

de São Paulo, o <strong>Setin</strong> Downtown Estação da Luz foi entregue em outubro, na<br />

presença de clientes que puderam conhecer em detalhes todas as áreas<br />

comuns. Com 247 unidades distribuídas em uma única torre, o edifício, instalado<br />

na Rua Washington Luís nº 196, Centro, já virou referência na região.<br />

SETIN DOWNTOWN PRAÇA DA SÉ<br />

Localizado na Rua Tabatinguera, 462, próximo ao marco zero da capital<br />

paulista, o <strong>Setin</strong> Downtown Praça da Sé foi entregue em outubro.<br />

O condomínio oferece áreas de lazer com piscina, churrasqueira,<br />

forno de pizza; lavanderia; além da comodidade de ter uma portaria<br />

blindada e segurança 24 horas. Trata-se de mais um empreendimento<br />

concluído da linha de produtos da <strong>Setin</strong> para a revitalização do Centro<br />

de São Paulo, que desde o seu lançamento mostrou-se bem-sucedido.<br />

FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />

76


O grupo Bracha traz a<br />

mais nova loja-conceito<br />

Todeschini.<br />

No coração da Vila<br />

Mariana, o showroom<br />

apresenta 1.000 metros de<br />

puro requinte e atualidade.<br />

NOVA LOJA<br />

TODESCHINI<br />

VILA MARIANA<br />

Faça parte deste sonho.<br />

RUA DR. AMÂNCIO DE CARVALHO, 359<br />

VILA MARIANA - TEL.: 11 2895-0300

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