Revista Setin
Revista Setin 10ªEdição
Revista Setin 10ªEdição
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ARQ • DESIGN • DECOR • MUNDO • ARTE<br />
MENU DO DIA: ARQUITETURA E CULTURA NO PRATO<br />
ESTILO: VESTÍVEIS EM ALTA<br />
NEGÓCIOS: CONSTRUTECHS<br />
ARQUITETURA: THIAGO BERNARDES<br />
VIAGEM: DESTINOS MAIS VISITADOS
LANÇAMENTO<br />
Parque do Piqueri<br />
VIVER BEM É TER A NATUREZA NA PORTA DE CASA.<br />
AS VANTAGENS DE MORAR<br />
PERTO DE UM PARQUE.<br />
No Tatuapé, morar a apenas 100 metros do Parque do Piqueri<br />
é um privilégio único. Ter todo aquele verde pertinho de casa<br />
é outra história, é outra vida.<br />
+ +<br />
+<br />
Qualidade<br />
de vida<br />
Lazer<br />
Beleza<br />
Natural<br />
Valorização<br />
do imóvel
CRECI/SP nº J- 24073<br />
Wellness Park<br />
Perspectiva artística do complexo de lazer<br />
UM TERRENO DE QUASE 7 MIL m 2 COM LAZER PLANEJADO E DEDICADO A VOCÊ.<br />
124 e 164 m 2*<br />
3 e 4 DORMS.<br />
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DEPÓSITO PRIVATIVO<br />
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A varanda é totalmente integrada<br />
ao living e à cozinha, ideal para<br />
receber e viver momentos incríveis.<br />
• PISCINA COM RAIA OLÍMPICA DE 50M<br />
• CHURRASQUEIRAS • QUADRA ESPORTIVA<br />
• PLAYGROUNDE MUITO MAIS<br />
Perspectiva artística do salão de festas<br />
Perspectiva artística da quadra de beach tennis<br />
Perspectiva artística da brinquedoteca<br />
Intermediação: Participação: Incorporação e Intermediação:<br />
VISITE OS DECORADOS<br />
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Central de Atendimento LPS São Paulo - Consultoria de Imóveis Ltda. - Rua Estados Unidos, 1.971 - Jardim América - São Paulo-SP - CEP 01427-002 - Tel.: (11) 3067-0000. Diariamente, até as 24h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Creci J-24073. Central de Atendimento<br />
da <strong>Setin</strong> Vendas - Rua Helena, 235 - 9º andar - Vila Olímpia - CEP 04552-050 - Tel.: (11) 3041-9222- São Paulo-SP - Diariamente, até as 21h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Creci: J 2599-9. Incorporação registrada com data de 22/10/2018 sob n.º R 05 na matrícula<br />
nº 297.814. *As metragens divulgadas referem-se à área privativa acrescida da respectiva área de depósito privativo das unidades tipo da torre Praça. Qualquer venda estará sujeita ao pagamento do valor correspondente à intermediação imobiliária e as respectivas comissões decorrentes<br />
deverão ser descontadas do preço de venda constante na proposta a ser assinada pelo comprador. Imagens meramente ilustrativas.
| EDITORIAL |<br />
Há exatos 5 anos circulava a primeira edição da <strong>Revista</strong> SETIN, revelando<br />
em suas páginas uma leitura saborosa, com muita inovação, generosas<br />
pitadas de cultura e a valorização da arquitetura, da arte, da boa mesa e<br />
do design nacional.<br />
Nesta 10ª edição, a gastronomia ganha uma atenção especial ao<br />
combinar sabores e arquitetura. Como? Passeando por construções<br />
exuberantes, muitas consideradas ícones da paisagem paulistana, onde<br />
verdadeiras iguarias despertam os mais intensos e incríveis sabores. A<br />
região central da cidade, aliás, não concentra apenas bons restaurantes e<br />
uma arquitetura única, também tem sido foco de atenção de experientes<br />
e jovens urbanistas. Em “O Centro se reinventa” é possível acompanhar<br />
um pouco do trabalho de transformação urbana de uma das áreas mais<br />
emblemáticas da capital paulista.<br />
É por viver em eterna transformação que São Paulo vem se consolidando<br />
como o principal endereço das construtechs, startups com foco na<br />
construção civil e no mercado imobiliário. As empresas inovadoras são o<br />
destaque da seção Negócios. Com certeza, não passam despercebidas ao<br />
radar do arquiteto carioca Thiago Bernardes, defensor da arquitetura ligada<br />
à região em que está inserida e evoluindo com a tecnologia da época.<br />
Cruzar São Paulo de um lado para outro pode reservar surpresas incríveis,<br />
como as galerias exibidas em Arte e Cultura, que chamam a atenção, seja<br />
pela arquitetura de suas construções, seja pela composição dos acervos<br />
de suas exposições permanentes e itinerantes. Espaço Aberto, por sua vez,<br />
traz um pouco do olhar e da vivência de uma das maiores empreendedoras<br />
brasileiras, Luiza Helena Trajano. Direta, otimista e apaixonada pelo varejo,<br />
ela é adepta da tecnologia na vida e nos negócios.<br />
Assim como Luiza Helena, muitos são os brasileiros que a cada dia se<br />
aproximam mais da tecnologia no seu cotidiano. A seção Estilo traz um<br />
pouco do universo dos “vestíveis”, dispositivos tecnológicos que estão<br />
fazendo a cabeça de homens e mulheres. Eficientes, atuam na prevenção<br />
de doenças e são capazes de ajudar, inclusive, na escolha de sua próxima<br />
viagem. Para dar um empurrãozinho, selecionamos os 10 destinos mais<br />
visitados ao redor do mundo na seção Viagem. As inovações tecnológicas,<br />
aliás, são tema de Se Liga, que retrata a chamada “loja do futuro”, que<br />
funde em uma única plataforma o físico e o digital.<br />
A edição traz, ainda, a preocupação de designers e arquitetos em preservar<br />
a qualidade de vida dessa e das próximas gerações. É com esse espírito<br />
que muitos profissionais têm feito da madeira descartada pela natureza a<br />
principal matéria-prima para a criação de móveis e objetos de decoração.<br />
Nomes como Hugo França, Monica Cintra, Carlos Motta, Luiz Vieira e Paulo<br />
Alves são destaques.<br />
Conselho editorial:<br />
Departamento de Marketing SETIN<br />
Publisher<br />
Cláudia Campos<br />
Direção de arte<br />
Jairo Santos<br />
Revisão<br />
Flávio Dotti<br />
Jornalista responsável<br />
Katia Simões - MTB 14.198/sp<br />
Colaboradores:<br />
Celso Arnaldo, Dan Brunini, Kathia Gomes,<br />
Katia Simões, Rozze Angel, Vera Fiori,<br />
Yara Guerchenzon<br />
Gráfica<br />
Gráfica Eskenazi<br />
Redação<br />
editora@claudiacamposconsultoria.com.br<br />
Publicidade<br />
publicidade@claudiacamposconsultoria.com.br<br />
Tiragem: 3.000 exemplares<br />
A revista SETIN é uma publicação sem fins<br />
comerciais produzida e editada por Cláudia<br />
Campos Consultoria - Marketing, Comunicação<br />
e Eventos. A revista não se responsabiliza pelos<br />
conceitos emitidos nos artigos assinados. As<br />
pessoas que não constam do expediente não<br />
estão autorizadas a falar em nome da SETIN<br />
ou a retirar qualquer tipo de material, caso não<br />
tenham em seu poder uma carta timbrada emitida<br />
pela redação.<br />
Viaje nessa leitura!<br />
www.setin.com.br<br />
Rua Olimpíadas 205 – 4º Andar - Vila Olímpia<br />
São Paulo, SP - (11) 37289410<br />
2
| ÍNDICE |<br />
6<br />
24<br />
36<br />
6<br />
TENDÊNCIAS<br />
O que há de novo<br />
no mercado<br />
10<br />
ESPAÇO ABERTO<br />
Luiza Helena Trajano<br />
16<br />
GASTRONOMIA<br />
Edifícios icônicos da<br />
cidade chamam a<br />
atenção pela<br />
vocação gourmet<br />
24<br />
VIAGEM<br />
Conheça as 10 cidades<br />
mais visitadas do<br />
planeta<br />
30<br />
ARQUITETURA<br />
Thiago Bernardes<br />
– um dos principais<br />
arquitetos<br />
contemporâneos<br />
do Brasil<br />
36<br />
SUSTENTABILIDADE<br />
Madeiras descartadas<br />
pela natureza viram<br />
obras de arte do<br />
mobiliário<br />
40<br />
ARTE E CULTURA<br />
O imperdível passeio<br />
pelas galerias de arte<br />
paulistanas<br />
FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />
4
46<br />
56<br />
66<br />
46<br />
URBANISMO<br />
A nova fotografia<br />
do Centro<br />
52<br />
NEGÓCIOS<br />
Construtechs<br />
prometem revolucionar<br />
o mercado da<br />
construção civil<br />
58<br />
ESTILO<br />
Vestíveis caem no<br />
gosto do brasileiro e<br />
ganham as ruas<br />
62<br />
HOTÉIS<br />
Uso da tecnologia<br />
revoluciona o conceito<br />
de hospedagem da<br />
Rede AccorHotels<br />
68<br />
SE LIGA<br />
A loja do futuro<br />
vira realidade<br />
74<br />
NOTÍCIAS SETIN<br />
As principais<br />
novidades da<br />
SETIN Incorporadora
| TENDÊNCIAS |<br />
VERDADEIROS ACHADOS QUE UNEM<br />
ARTE E DESIGN<br />
Cláudia Campos<br />
SOFÁ IAN Assinado pela dupla de arquitetos Ricardo Minelli e Fábio Berbari, designers e<br />
fundadores da marca de design Érea, o sofá, em estilo retrô, tem assento e encosto em gomos, é<br />
revestido inteiro em veludo e os pés são em metal com acabamento em bronze. Projeto atento ao<br />
conforto extremo e proporções elegantes tanto da estrutura revestida do sofá como das partes<br />
externas de seu acabamento. erea.com.br<br />
BABYLON A nova coleção Babylon<br />
para a St.James leva a assinatura<br />
do designer espanhol Nino Bauti,<br />
inspirada em uma das visitas que ele<br />
fez ao Museu do Louvre, em Paris.<br />
O designer ficou impressionado com<br />
as cerâmicas, que tinham a função<br />
de recipiente para conservação,<br />
transporte e comércio de longa<br />
distância. O uso da geometria<br />
acentua o caráter escultural das<br />
peças, formas curvas e círculos<br />
exalam sensualidade no design.<br />
saintjames.com.br<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
6
MESA LATERAL VITÓRIA RÉGIA Inspirada<br />
nas plantas aquáticas do mesmo nome, a<br />
coleção de mesas laterais do Estúdio Mula<br />
Preta segue a linha de inspirações inusitadas<br />
que remete a elementos naturais. Madeira<br />
torneada e base metálica compõem toda a<br />
peça. mulapretadesign.com<br />
APARADOR WONDER Sustentado por uma finíssima estrutura de aço<br />
carbono com pintura eletroestática, o Aparador Wonder é composto<br />
por MDF laqueado em duas opções de cores externas: azul-marinho e<br />
verde-bandeira. No interior, o toque de ousadia fica por conta dos tons<br />
de vinho e amarelo-mostarda, que contrastam com a parte de fora.<br />
Versátil e moderna, a peça apresenta um efeito frisado nas portas e é<br />
ideal para pontuar o décor com cores vibrantes, de forma harmônica e<br />
elegante. studiomassa.com.br<br />
COLEÇÃO TROPICAL Inspirada pelo morar<br />
contemporâneo, a Lepri criou essa coleção para<br />
conectar moradores à natureza, dedicando-a<br />
para áreas externas. As nuances do mar,<br />
céu e das plantas ajudam a compor o visual<br />
dessa tendência, integrando a estética dos<br />
revestimentos ao paisagismo. Além de poder<br />
ser usada em espaços de lazer, a coleção pode<br />
ser aplicada no interior das piscinas, assim<br />
como nos espelhos d’água, saunas e spas<br />
que as complementam.Textura e cor criam<br />
degradês, e a linha é dividida entre bricks e<br />
revestimentos. lepri.com.br
YAMAMURA A Lustres Yamamura lança<br />
as luminárias Eye Protective Lamp e<br />
Eye Protection Surface Led Lamp. Além<br />
da beleza, as luminárias trazem outros<br />
atributos: são pequenas e portáteis, são<br />
sensíveis ao toque, têm bateria recarregável<br />
via USB, estrutura dobrável ou flexível,<br />
além de possuírem proteção para os olhos<br />
durante o contato com a tela do computador<br />
ou celular. yamamura.com.br<br />
LINHA OÁSIS Desenvolvida pela designer Rejane Carvalho Leite, a linha Oásis<br />
é composta por mesas de centro, mesas laterais, aparador, mesa de jantar e<br />
banco com tampo de vidro Extra Clear com pintura metalizada (pigmento de<br />
alumínio), da Guardian, sobre estrutura em trefilado com acabamento de latão<br />
escovado. A criação da linha parte da sensação de um lago no meio de um<br />
deserto com proposta lúdica, onde um plano reflexivo com linhas orgânicas<br />
forma a silhueta de um oásis. guardianbrasil.com.br<br />
POLTRONA SUSPENSA FOLHA Numa<br />
linha de pensamento com forte carga<br />
poética, a concepção desta poltrona enxerga<br />
nas formas da natureza seu ponto de<br />
partida e segue uma estratégia bastante<br />
recorrente nos projetos dos designers da<br />
Lattoog para peças de área externa. Neste<br />
caso, a morfologia de uma folha rege<br />
todos os aspectos formais, estruturais e<br />
ergonômicos deste móvel, assim como seu<br />
próprio nome. breton.com.br<br />
WABI ARMCHAIR Arte da tecelagem em palha torna-se o<br />
elemento central do design, que apresenta linhas simples<br />
e delicadas. O eixo inclinado entre assento e encosto é uma<br />
citação à poltrona Barcelona, de Mies van der Rohe. A Webi<br />
Armchair faz parte da nova coleção do arquiteto Guilherme<br />
Torres para a NOS Furniture. Os acabamentos propostos são<br />
freijó descolorido ou ebanizado; palha natural ou ebanizada;<br />
assentos em couro ou tecido. waydesign.com.br<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
8
LINHA REC A Cerâmica Atlas apresenta sua linha REC,<br />
com revestimentos que reaproveitam 65% de resíduos<br />
industriais da fábrica, como revestimentos cerâmicos,<br />
peças quebradas ou com pequenos defeitos, além de<br />
bandejas refratárias. Em todo processo produtivo, 80% da<br />
água é reutilizada depois que passa por um tratamento de<br />
efluentes. A matéria decantada neste processo também<br />
é reaproveitada na composição da massa REC. No leque<br />
da nova linha estão as opções ecológicas Catânia, Ischia,<br />
Livorno e Zara – que podem ser aplicadas nos mais<br />
diversos ambientes, como piscinas, churrasqueiras,<br />
decorações, banheiros, cozinhas, quartos, edificações e<br />
construções. ceratlas.com.br<br />
COLEÇÃO BROTO A La Lampe apresenta sua<br />
nova coleção, intitulada Broto, com luminárias<br />
exclusivas, assinadas pela dupla de designers<br />
André Bastos e Guilherme Leite Ribeiro, do<br />
estúdio Nada Se Leva. A coleção é motivada<br />
pela natureza e tem inspiração na semente<br />
e no brotar. As formas das peças remetem a<br />
uma folha, e o ponto de luz remete ao nascer<br />
da planta. As cores escolhidas representam a<br />
flora brasileira, exuberante e farta, com uso de<br />
laranja, verde-escuro, azul profundo, preto e<br />
branco. Toda a linha é produzida em alumínio,<br />
latão, vidro e LED. lalampe.com.br<br />
CADEIRA DE BALANÇO A cadeira de<br />
balanço com estrutura em madeira<br />
cumaru natural e revestida com corda<br />
náutica é mais uma novidade da variada<br />
linha em móveis para áreas externas da<br />
Casa Portoro. casaportoro.com.br
| ESPAÇO ABERTO |<br />
UM FURACÃO NA<br />
ARTE DO VAREJO<br />
APAIXONADA PELO DESAFIO DA VENDA E PELA ENTREGA DE SOLUÇÕES,<br />
LUIZA HELENA TRAJANO CONSTRUIU UMA DAS MAIORES REDES<br />
DE VAREJO DO PAÍS E SE TRANSFORMOU EM UMA DAS PRINCIPAIS<br />
DEFENSORAS DO EMPODERAMENTO FEMININO<br />
Katia Simões / Colaborou Kathia Gomes<br />
Quem tem a sorte de cruzar com Luiza Helena Trajano<br />
pela frente não se dá conta de que está diante de uma<br />
das mulheres mais influentes do mundo, segundo a<br />
<strong>Revista</strong> Forbes, e também uma das empreendedoras mais<br />
bem-sucedidas do país. O sotaque do interior paulista,<br />
cultivado ao longo da vida em Franca, cidade onde<br />
nasceu, continua o mesmo, assim como a disposição de<br />
fazer diferente. Filha e sobrinha única, herdou da mãe a<br />
inteligência emocional, e da tia Luiza – além do nome –,<br />
o traço empreendedor e o espírito de vendedora. Aos 12<br />
anos foi parar atrás do balcão de uma loja porque queria<br />
ganhar um dinheirinho para presentear as pessoas de que<br />
gostava. Não saiu mais. O varejo a conquistou.<br />
Formada em Direito e Administração de Empresas, ela<br />
dificilmente se apresenta como advogada ou administradora.<br />
Repete em alto e bom som que é vendedora. “A minha<br />
família é vendedora, eu não tenho vergonha de dizer isso”,<br />
declara. “Todo mundo que trabalha vende algo para alguém.<br />
Ter o cargo de vendedor no crachá é motivo de orgulho, não<br />
de vergonha.” Com esse pensamento, acrescido de muita<br />
honestidade, disposição para sonhar grande, curiosidade pela<br />
inovação e aprendizado constante, ela transformou a pequena<br />
loja fundada pelos tios, em 1957, em uma das maiores redes<br />
de varejo do Brasil. O Magazine Luiza conta hoje com mais<br />
de 860 lojas espalhadas pelo país, dez centros de distribuição<br />
localizados em 16 estados e 24 mil funcionários.<br />
Em 2016, Luiza Helena passou o comando da rede para o<br />
filho Frederico Trajano e assentou cadeira na presidência<br />
do Conselho de Administração. Aos 67 anos, completados<br />
em outubro, compartilha sua experiência e conhecimento<br />
como conselheira em 12 diferentes entidades de classe,<br />
como o International Chamber of Commerce (ICC), o<br />
Conselho de Desenvolvimento do Varejo (IDV) e o Grupo<br />
Consultivo do Fundo de População da ONU no Brasil. As<br />
premiações se multiplicam. Só em 2018, conquistou o<br />
primeiro lugar entre os líderes de negócios com a melhor<br />
reputação no Brasil, segundo a consultoria espanhola<br />
Merco, e foi a única brasileira a integrar a lista global do<br />
World Retail Congress (ERC). Quando questionada sobre<br />
qual o seu maior orgulho, não demora a responder: “Há 20<br />
anos o Magazine Luiza faz parte do ranking das melhores<br />
empresas para se trabalhar”.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
10
Como porta-voz do Mulheres do Brasil, movimento apartidário, em encontro com presidenciáveis.<br />
Confira a seguir um pouco mais sobre a trajetória<br />
dessa empreendedora que revolucionou o<br />
varejo brasileiro:<br />
SETIN: Quais foram as ferramentas de conhecimento<br />
que utilizou para transformar o Magazine<br />
Luiza na gigante de hoje?<br />
LH: Sempre fui muito de ação. Quando éramos<br />
uma rede pequena no interior do estado,<br />
colocamos em prática diversas novidades que<br />
“Todo mundo que trabalha vende<br />
algo para alguém. Ter o cargo de<br />
vendedor no crachá é motivo de<br />
orgulho, não de vergonha”<br />
não tinham nome e que hoje viraram moda<br />
nas empresas. Por isso, eu e a equipe sempre<br />
pesquisamos e estudamos profundamente<br />
como melhorar em todos os aspectos, mas<br />
sempre com a intenção de praticar com o<br />
conhecimento adquirido.<br />
SETIN: É possível usar as táticas de sucesso<br />
de sua empresa em iniciativas menores ou até<br />
mesmo na vida pessoal?<br />
LH: Sem dúvida, sempre temos o que melhorar na<br />
empresa, na família e na vida pessoal. Costumo<br />
falar que nos congressos aprendemos muito e<br />
conhecemos diversas novidades, mas temos<br />
que eleger as cinco coisas mais importantes<br />
que aprendemos, ou seja, o número de dedos da<br />
mão, e rapidamente colocarmos em prática. Isso<br />
vale para os negócios e para a vida pessoal.<br />
SETIN: O que é o tal “jeito Luiza” do qual tanto<br />
se fala no mercado?<br />
LH: É muito simples. Significa cultivar a<br />
autoestima. Eu fui criada com uma autoestima<br />
que me tornou capaz de oferecer soluções, não<br />
reclamar dos problemas e dos “nãos”. Tem<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
12
gente que só vê problema, eu busco sempre a solução.<br />
Envolve, também, nunca perder a proximidade com o<br />
consumidor, ser transparente e verdadeiro sempre. O que<br />
eu mais luto é para não perder a minha simplicidade, a<br />
minha conexão direta com os clientes.<br />
SETIN: Alguns empresários no Brasil viram ícones,<br />
celebridades. Como é a relação com seus clientes e<br />
fornecedores sendo alguém tão conhecida?<br />
LH: É normal, acredito que os empresários necessitam da<br />
interação total com seus colaboradores e especialmente<br />
os clientes, que pagam o salário de todos na companhia.<br />
Quando se alcança um alto posto nas empresas, as pessoas<br />
costumam falar somente o que você deseja ouvir. Mas para<br />
conhecer de fato o que está acontecendo, é fundamental<br />
essa interação com as pessoas, especialmente as de base.<br />
SETIN: A senhora foi balconista, cobradora, gerente,<br />
diretora... e até criou o Disque Luiza, onde funcionários<br />
passavam a ligação de clientes que solicitavam falar<br />
com a “Dona Luiza”. É isso o que a faz ser tão diferente<br />
e bem-sucedida?<br />
LH: Quem vive reclamando que não tem tempo para nada,<br />
que está sobrecarregado, não está sendo produtivo. Esse<br />
meu estilo de fazer acontecer imediatamente, não ficar<br />
acumulando coisas, mas colocar em prática rapidamente<br />
o que deseja, ajuda bastante, além do principal, delegar<br />
responsabilidades.<br />
SETIN: O Magazine Luiza inovou no pioneirismo de vendas<br />
pela internet, hoje há toda uma discussão sobre as vendas<br />
pelas redes sociais. Como a senhora vê essa questão e<br />
quais são os planos futuros para as lojas digitais?<br />
LH: Na verdade, inovamos com vendas não presenciais<br />
muito antes de existir a internet. Criamos as Lojas<br />
Eletrônicas Luiza no começo da década de 1990, em<br />
pequenas cidades do interior, sem estoque algum. Eram<br />
lojas onde se fazia uma venda assistida por um vendedor,<br />
mas sem que o cliente tocasse no produto, comprando<br />
por vídeos, cartazes, pôsteres e outros meios. Quando<br />
chegou a internet já tínhamos grande experiência em<br />
vendas virtuais. Também inovamos com o Magazine Você,<br />
que são vendas por meio de redes sociais, e qualquer<br />
pessoa pode vender em suas redes de relacionamento e<br />
ser comissionada pelo Magazine Luiza. O futuro sempre<br />
trará desafios e inovações que toda empresa que deseja<br />
crescer, de qualquer segmento, terá que acompanhar.<br />
SETIN: O Magazine Luiza é reconhecido como um grande<br />
laboratório de inovação, foi pioneiro em várias frentes, seja<br />
em ações de marketing, seja na adoção de novas tecnologias.<br />
O quanto isso tem o “dedo” da dona Luiza Helena?<br />
LH: Eu sou focada em tecnologia, sou a primeira a<br />
comprar as novidades. Não tem jeito, hoje as pessoas<br />
não vivem sem tecnologia e as empresas também não.<br />
Muitos dizem que eu sou muito inteligente, que enxergo<br />
adiante do meu tempo. Não é verdade, o que eu tenho<br />
é uma grande capacidade de somar “QIs”, de alinhar<br />
“O bom líder é aquele capaz de levar as<br />
pessoas para mais longe do que elas<br />
imaginariam que pudessem chegar”<br />
talentos. Eu aprendi com o Peter Drucker (considerado o<br />
pai da administração moderna) a fazer muitas perguntas,<br />
a questionar sempre. Quando a gente quer inovar, não<br />
adianta falar para os outros, porque a resposta será<br />
sempre a mesma: não adianta, não vai dar certo. Por<br />
isso eu deixei de falar com os outros, vou lá e faço. Lá<br />
atrás, quando falei para minha tia Luiza que iria fazer uma<br />
super liquidação em janeiro, que as lojas abririam às 5<br />
horas da manhã, ela imediatamente disse: “Não vai dar<br />
certo, ninguém vai aparecer”. Deu tão certo que serviu de<br />
exemplo para o varejo, hoje muita gente faz.<br />
SETIN: Na sua opinião, qual o papel do líder?<br />
LH: O bom líder é aquele capaz de levar as pessoas<br />
para mais longe do que elas imaginariam que pudessem<br />
chegar. Para tanto, precisa saber extrair o que cada<br />
um tem de melhor e trabalhar em cima desses pontos<br />
positivos. Sem pessoas não teremos inovação nem bom<br />
atendimento. A gente sempre pregou que sonho que se<br />
sonha sozinho é só um sonho. Mas sonho que se sonha<br />
junto vira realidade. É assim que deve ser.<br />
SETIN: Como o empreendedorismo ajuda no empoderamento<br />
feminino? E qual o papel do Mulheres do Brasil, iniciativa<br />
apartidária sob sua liderança?<br />
LH: Nós pretendemos ser o maior grupo político apartidário<br />
do Brasil. Já somos mais de 20 mil mulheres trabalhando<br />
em diversos comitês e se envolvendo em questões<br />
fundamentais do país. Tudo sem ficar inventando a roda,<br />
mas apoiando organizações que já realizam trabalhos<br />
eficientes, e, também, sem criar diagnósticos, porque<br />
isso já temos bastante. Defendemos ações concretas<br />
para o bem do Brasil. Todas essas ações ajudam no<br />
empoderamento feminino.<br />
SETIN: Recentemente, a Lu, rosto do Magazine Luiza na<br />
internet, abraçou a causa do empoderamento feminino.<br />
Como foi a recepção dos clientes?<br />
LH: A repercussão foi excelente. Não é possível mais<br />
admitir uma mulher morta a cada uma hora e meia no<br />
Brasil por violência. Vivemos um caso muito triste na<br />
empresa que despertou uma grande campanha interna<br />
para denúncia e acolhimento de mulheres que sofriam<br />
caladas violência em suas próprias casas. Para minha<br />
alegria, homens sugeriram essa campanha, em que os<br />
clientes compravam uma colher por R$ 1,80, número do<br />
disque-denúncia, com o valor totalmente revertido para<br />
entidades que trabalham o tema de violência contra a<br />
mulher. No entanto, mais do que o valor monetário, o<br />
importante foi levantar a discussão para quebrar esse<br />
paradigma de que as pessoas não podem se envolver em<br />
briga de casal.
Como conselheira de 12 entidades de classe, Luiza Helena participa de seminários e debates no Brasil e no exterior<br />
SETIN: Diante das mudanças atuais e dos novos<br />
desafios, como continuar empreendendo<br />
no Brasil?<br />
LH: Desde sempre o Brasil enfrentou diferentes<br />
crises, foram cortes de zero, divisão da moeda,<br />
planos econômicos e entraves tributários e fiscais<br />
que sempre tornaram desafiadora a administração<br />
do empreendedor. Sempre existirá uma crise<br />
para ser administrada, e o que o empreendedor<br />
deve fazer é, sem subestimar o cenário, enfrentar<br />
com criatividade e coragem essas dificuldades,<br />
sempre de olho do seu fluxo de caixa.<br />
SETIN: Na sua opinião, o que significa empreender<br />
de verdade?<br />
LH: A palavra empreendedorismo está em<br />
moda há algum tempo. Eu venho de uma família<br />
empreendedora, onde não havia crise,<br />
havia, sim, a oportunidade gerada pela crise.<br />
A essência do empreendedor é a de ser um vetor<br />
de solução, seja ofertando um novo produto,<br />
um novo serviço, um novo jeito de fazer e de<br />
inovar. Em cenários como o que estamos enfrentando,<br />
quando as dificuldades aparecem e o<br />
mercado se torna muito competitivo, é que deve<br />
vir mais à tona esse papel de solução. Não foi<br />
só a crise econômica que impactou o mercado,<br />
a transformação digital também tem um peso<br />
grande. As startups que estão nascendo agora<br />
já nascem com uma nova postura empreendedora,<br />
não planejam demais, vão redirecionando<br />
a rota, aprendendo com os erros.<br />
“Sempre existirá uma crise para ser<br />
administrada. O que o empreendedor<br />
deve fazer é enfrentar com criatividade e<br />
coragem essas dificuldades”<br />
SETIN: Qual o segredo do sucesso?<br />
LH: O importante é a gente ter paixão pelo que<br />
faz e cérebro de solução. É preciso acreditar<br />
na vida e ser feliz. Quem tem solução, tem<br />
felicidade. É essencial também não ignorar a<br />
sua própria história, ela faz parte de você.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
14
OBRAS INICIADAS<br />
JARDIM PAULISTA<br />
Foto aérea da região<br />
ADDRESS<br />
DESIRE<br />
VIVA CERCADO DE VIDA.<br />
NO MELHOR DE 3 BAIRROS.<br />
Estar bem localizado é um privilégio.<br />
No lado residencial mais nobre do Jardim Paulista,<br />
ladeado pelo Itaim e pelo Ibirapuera,<br />
o AD+D é um verdadeiro objeto de desejo.<br />
216 M2* 3 vagas<br />
Depósito<br />
Vaga com ponto para carro elétrico<br />
Perspectiva artística da fachada<br />
intermediação<br />
construção<br />
incorporação e intermediação<br />
Rua Suzano, 100 - Jardim Paulista<br />
setin.com.br/admaisd | 3041 9222<br />
Central de Atendimento da <strong>Setin</strong> Vendas - Rua Helena, 235 - 9º andar - Vila Olímpia - CEP 04552-050 - Tel.: 3041-9222 - São Paulo-SP - Diariamente, até as 21h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. Creci: J 2599-9. Central de Atendimento<br />
Coelho da Fonseca Empreendimentos Imobiliários LTDA . Avenida Morumbi, 3669 - São Paulo-SP - Tel.: 3888-3000 - São Paulo-SP - Diariamente, até as 20h. Creci: J-961 SECOVI 1191. Registro de Incorporação R.05, Matrícula nº 192.818, do<br />
4º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP, em 24/11/2017. Qualquer venda estará sujeita ao pagamento do valor correspondente à intermediação imobiliária e as respectivas comissões decorrentes deverão ser descontadas do preço<br />
de venda constante na proposta a ser assinada pelo comprador. Imagens meramente ilustrativas. *A metragem divulgada é referente à área privativa do apartamento (211,808 m 2 ) + área de depósito (4,349 m 2 ) da unidade 22.
| GASTRONOMIA |<br />
Vista Ibirapuera<br />
ARQUITETURA,<br />
HISTÓRIA E CULTURA<br />
NO PRATO<br />
MARCOS URBANÍSTICOS DA METRÓPOLE, EDIFÍCIOS<br />
ICÔNICOS, HOJE ATRAEM PAULISTANOS E TURISTAS POR UMA<br />
NOVA E ECLÉTICA VOCAÇÃO GOURMET<br />
Celso Arnaldo<br />
FOTOS: TADEU BRUNELLI<br />
16
COZINHA CONTEMPORÂNEA<br />
O mais famoso arquiteto brasileiro de todos os tempos,<br />
Oscar Niemeyer, desenhou Brasília e o prédio do Detran, o<br />
Departamento de Trânsito, em São Paulo, inaugurado no quarto<br />
centenário da cidade. Seus traços são inconfundíveis. A vocação<br />
burocrática do edifício acabou quando o então governador<br />
José Serra transferiu a repartição pública para uma região<br />
menos nobre e menos custosa. O prédio, então – tombado nas<br />
instâncias federal, estadual e municipal pelos organismos de<br />
proteção arquitetônica –, passou aos cuidados da Secretaria<br />
da Cultura. Niemeyer ainda vivia, aos 99, e aceitou repaginar<br />
sua obra para abrigar o Museu de Arte Contemporânea da USP<br />
– que até então ocupava uma instalação pequena na Cidade<br />
Universitária. A principal mudança proposta pelo mestre: que<br />
a fachada, toda de vidro, fosse tapada, para dar maior condição<br />
de abrigar exposições. Na nova casa desde 2012, o MAC<br />
ganhou status de atração turística da cidade – com exposições<br />
temporárias de primeira ordem.<br />
Que tal comer um belo Strogonoff, clássico da culinária<br />
russa, minutos antes de assistir, a 50 metros de sua<br />
mesa, à eletrizante Sinfonia nº 4 de Tchaikovsky na<br />
Sala São Paulo? Ou deliciar-se com uma Salada de trigo com<br />
castanhas brasileiras e geleia de uvaia, uma das ofertas do<br />
bufê brasileiro contemporâneo do restaurante Santinho, num<br />
dos salões do centenário Theatro Municipal?<br />
Mais opções? Um belo cappuccino no topo do edifício hoje<br />
rebatizado Farol Santander, que chegou a ser o maior<br />
arranha-céu da América do Sul. Ou uma Caçarola de<br />
legumes ao curry da casa, enquanto se espera o pocket show<br />
da noite na Casa de Francisca, point atualíssimo dentro de um<br />
revigorado palacete de 1911, a 100 metros da Praça da Sé.<br />
O menu é variado – e irresistível: emulsão de arquitetura,<br />
pitadas de cultura e redução de história. Sentar-se à<br />
mesa num palacete dos anos 1910, num museu de traços<br />
desenhados por Oscar Niemeyer ou num edifício que há<br />
70 anos é ponto de referência no skyline da cidade está<br />
entre os programas mais tentadores da São Paulo cada<br />
vez mais gourmetizada.<br />
Mas também se come ali? Sim, e com vista privilegiada. Da<br />
varanda do Vista, o restaurante da casa, se vislumbra todo<br />
o Parque do Ibirapuera. Se a vista já vale a visita, a comida<br />
de Marcelo Correa Bastos, dono do premiado Jiquitaia,<br />
especializado em cozinha brasileira executada com técnica,<br />
equilíbrio de sabores e apresentação impecável, combina com<br />
arte contemporânea. Ali, se come com os olhos. Na verdade,<br />
o restaurante é parte de um complexo gastronômico, o Vista<br />
Ibirapuera, que ocupa vários espaços do Museu: no mezanino<br />
funciona o Vista Café, que serve comidinhas saudáveis e um<br />
brunch aos domingos. No almoço, do meio-dia às 16h, tem o<br />
Convescote – sugestão completa com três opções de entrada,<br />
prato principal e sobremesa. No rooftop, enfim, o Vista<br />
Restaurante. “O Vista é um restaurante de comida brasileira.<br />
Dispenso o rótulo de comida brasileira contemporânea<br />
porque meu trabalho é muito calcado nas tradições. Mas não<br />
é por isso que eu me privo de fazer releituras de pratos típicos<br />
e incluir toques autorais em clássicos da culinária nacional”,<br />
diz Marcelo, cujo mantra gastronômico é o respeito aos<br />
ingredientes e o rigor na execução das receitas.<br />
Exemplos de pratos “intocados” são a moqueca capixaba de<br />
peixe e camarão, a feijoada exclusiva dos almoços de sábado e<br />
a leitoa à pururuca dos almoços de domingo.<br />
Para os que quiserem apenas beliscar, o cardápio oferece<br />
gostosos petiscos, como as croquetas de pupunha com<br />
maionese de pimenta de cheiro. A carta de drinks é assinada<br />
pelo mixologista baiano Laércio Silva, conhecido como Zulu,<br />
integrante do júri que elege os 50 melhores bares do mundo<br />
e especialista na utilização de ingredientes genuinamente<br />
brasileiros nas receitas de seus coquetéis autorais. Para o bar<br />
do Vista, ele criou seis drinques, entre eles o Sertanejim, que<br />
mistura cachaça Leblon, pitaya vermelha, mix de especiarias,<br />
suco de limão e mel, finalizado com chips de mandioca e um<br />
coquinho de licuri.
Casa de Francisca<br />
NO PALACETE DE TEREZA<br />
Elas são contemporâneas, mas certamente nunca se cruzaram<br />
– até agora. A citada Francisca foi a espanhola proprietária de<br />
um imóvel de 1913, na Rua José Maria Lisboa, nos Jardins,<br />
onde até 2017, funcionou a Casa de Francisca – tida como a<br />
menor e mais charmosa casa de shows da cidade. Já Tereza<br />
teve seu nome eternizado aos 10 anos de idade, em 1911 –<br />
quando seu pai, o magnata Antônio de Toledo Lara, construiu<br />
um palacete de três andares na Rua Quintino Bocaiúva e<br />
batizou-o com o nome da filha: Tereza Toledo Lara. Era para<br />
ser um prédio de escritórios moderno, para profissionais<br />
liberais – e foi mais do que isso. O arquiteto Augusto Fried,<br />
alemão que executou diversas obras na cidade, foi o autor do<br />
projeto. A partir dos anos 1930, o histórico Palacete Tereza<br />
ficaria conhecido como ‘a esquina musical de São Paulo’,<br />
por abrigar a Rádio Record, a editora de partituras Irmãos<br />
Vitale e a loja de instrumentos musicais Casa Bevilacqua.<br />
Nos anos 60, a Record se mudou do centro e o palacete da<br />
menina Tereza ficou para trás. Isso até Francisca e sua Casa<br />
chegarem, décadas mais tarde.<br />
Em janeiro, a Casa de Francisca mudou-se para o primeiro<br />
andar do Palacete – e não demorou para virar point de quem<br />
trabalha no centro e de “turistas” de outras regiões da cidade.<br />
Quase sempre lotado nas noites de show (espaço para 120<br />
pessoas sentadas e até 200 em pé), combina esse espírito<br />
musical com uma bela cozinha. Os pratos como o Nhoque do<br />
Genaro, massa vegana em homenagem a um sapateiro amigo<br />
de Francisca, ou o Picadinho da Tereza, com filé mignon, arroz,<br />
feijão preto, farofa e ovo frito, são servidos até cinco minutos<br />
antes dos pocket shows – e depois deles. Mas o bar funciona a<br />
todo vapor. Detalhe: o serviço de comes e bebes não tem bufê<br />
nem garçom. O cliente paga no caixa e depois pega a fila, com<br />
sua bandeja, para retirar o prato no balcão da cozinha. “Não<br />
quero ser caracterizado como restaurante. Aqui o que conta é o<br />
convívio, não só a comida”, diz Rubens Amatto, dono e curador.<br />
Um exemplo de prato que permite sentir o potencial de um<br />
almoço gostoso e descomplicado ali: uma versão de baião-dedois,<br />
que leva costela de porco confitada desfiada com arroz,<br />
feijão, queijo de coalho, quiabo tostado na chapa, vinagrete de<br />
abóbora e farofa com cebola.<br />
FOTOS: ANTONIO RODRIGUES; DIVULGAÇÃO<br />
18
ALMOÇO COM DIREITO A BIS<br />
Cada vez mais refinada, a alta sociedade paulistana do início<br />
do século 20 espelhava-se em valores europeus – e por<br />
isso já namorava uma casa de espetáculos à altura de suas<br />
posses e do panorama erudito europeu, a fim de recepcionar<br />
grandes artistas da música lírica e do teatro. Com<br />
incentivos fiscais e um “por fora” dos próprios barões do<br />
café, o arquiteto Ramos de Azevedo e os italianos Cláudio<br />
Rossi e Domiziano Rossi iniciaram a construção da magnífica<br />
casa de espetáculos em 1902. Nove anos depois, 12<br />
de setembro de 1911, o Theatro Municipal – com o h que<br />
permanece no nome do teatro até hoje, desafiando as mudanças<br />
ortográficas – foi inaugurado.<br />
Restaurante da Sala<br />
CONCERTO PARA BUFÊ<br />
E ORQUESTRA<br />
Inaugurada em 1999, a Sala São Paulo é uma das mais<br />
importantes casas de concertos e eventos do país, e às<br />
vésperas da celebração de seus 20 anos continua impecável.<br />
No passado, o espaço foi uma espécie de sala vip ajardinada<br />
da primeira classe dos trens da Estrada de Ferro Sorocabana,<br />
cuja sede e ponto de partida e chegada era na Estação Júlio<br />
Prestes. O prédio, caracterizado pela sobriedade do estilo Luís<br />
XVI, seria concluído somente 13 anos mais tarde. Nos anos 90,<br />
quando já não havia trens passando pela estação, algumas<br />
áreas do edifício já vinham sendo locadas para festas e eventos.<br />
Em 1997, a Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo<br />
assumiu o controle da Estação para transformá-la no<br />
Complexo Cultural Júlio Prestes. Hoje sede da Orquestra<br />
Sinfônica do Estado de São Paulo e do Coro da Osesp, é<br />
reconhecida como uma das salas com melhor acústica do<br />
mundo para música erudita.<br />
O Theatro de 107 anos é hoje ponto de referência do “centro<br />
novo” da cidade, inclusive na gastronomia. Em 2015, Morena<br />
Leite, uma das mais badaladas chefs da cidade, ganhou a<br />
concorrência e instalou, num dos salões que abraçam a<br />
sala de concertos propriamente dita, com afrescos, vitrais<br />
e grandes janelas que permitem a entrada de luz natural,<br />
uma filial de seu consagrado Santinho – ela que está se<br />
especializando em combinar comida e cultura: antes do<br />
Municipal, já havia Santinhos no Instituto Tomie Othake e<br />
no Museu da Casa Brasileira. Além de servir café e lanches<br />
variados desde 10 da manhã, seu já famoso e refinado bufê<br />
de comida brasileira é aplaudido de pé, e com direito a bis:<br />
uma seleção de pratos e entradas para comer à vontade e<br />
que mudam diariamente. Clássicos da mesa de Morena: a<br />
salada de banana com uvas passas e pratos típicos que se<br />
revezam, como feijoada, picadinho de filé e barreado. No<br />
bufê, a imersão cultural está incluída no preço. Aliás, antes<br />
ou depois do almoço, às quartas e sextas-feiras, o freguês<br />
do Santinho pode aproveitar e fazer uma visita guiada aos<br />
idos de 1911. A inscrição é gratuita e deve ser feita no guichê<br />
ao lado da bilheteria, com uma hora de antecedência.<br />
É, também, endereço de um restaurante ao mesmo tempo<br />
simples e sofisticado. No bufê do Restaurante da Sala, a sinfonia<br />
de sabores tem variados estilos gastronômicos clássicos – da<br />
comida tipicamente brasileira a pratos internacionais. O bufê<br />
das sextas é temático – pode ser uma ilha de massas, um<br />
festival de risotos ou até comida mexicana.<br />
Nos concertos da OSESP, o bufê começa às 18h30, para se<br />
comer sem pressa de perder o primeiro movimento. E deixa<br />
de servir quando se inicia o concerto. Quando a noite é para<br />
os assinantes da Cultura Artística, a abertura é às 19h e o<br />
fechamento, igualmente, quando se inicia o concerto – mas,<br />
em ambos os casos, depois dele fica aberto até 1 hora. Um<br />
simpático e eficiente café, com louça de primeira, também faz<br />
parte do acompanhamento gastronômico da Sala São Paulo.<br />
Santinho Theatro Municipal de São Paulo
Café do Farol por Suplicy Cafés Especiais<br />
LUZ SOBRE A CIDADE<br />
Em qualquer ponto do qual se possa avistar o centro<br />
da capital paulista, o hoje Farol Santander é cenário e<br />
referência. Inaugurado em 1947 pelo governador Ademar<br />
de Barros para abrigar a sede do Banco do Estado de São<br />
Paulo (Banespa), o edifício Altino Arantes, batizado assim<br />
em homenagem ao primeiro presidente do banco, tem 35<br />
andares e 161 metros de altura. Com arquitetura inspirada<br />
pela art déco do Empire State Building nova-iorquino,<br />
o prédio chegou a ser, até 1965, a maior construção de<br />
concreto armado do continente. E, até 1960, o mais alto<br />
da cidade – sendo então superado pelo edifício Mirante do<br />
Vale, na Avenida Prestes Maia. Ao longo de sua existência,<br />
milhões de pessoas tiveram uma noção do gigantismo de<br />
São Paulo a partir do emblemático 26º andar do prédio.<br />
Em 2000, o banco Santander adquiriu o Banespa, mantendo<br />
a visita ao mirante até 2015, quando o prédio foi fechado<br />
para reforma. Um ano antes, o edifício fora tombado pelo<br />
Condephaat. Em janeiro último, o Farol Santander reabriu<br />
totalmente repaginado e com um charme retrô que nunca<br />
teve. Capta um novo público para as atrações museólogas<br />
e gastronômicas. Além da reconstrução histórica do lugar,<br />
por meio do chamado Espaço Memória, uma pista de skate,<br />
um loft que pode ser alugado para uma noite única e um<br />
ateliê de objetos de sucata proporcionam aos visitantes<br />
experiências que incluem conhecer uma agência bancária<br />
dos anos 1940 e 1950 (no 3° andar) e passear por uma<br />
réplica da sala da presidência do velho Banespa. São 11<br />
andares para visitação, incluindo o mirante. E há, ainda, o<br />
Café do Farol, uma unidade do Suplicy Cafés Especiais – de<br />
onde se tem geograficamente a mesma vista há 70 anos.<br />
Além da carta de cafés obrigatórios, o chef Victor Dimitrow<br />
criou um cardápio especial, com ingredientes naturais e<br />
orgânicos. Entre as entradas, Steak Tartare (emulsão<br />
de tutano, beterraba defumada e crocante de tapioca).<br />
Prato principal: Filet Mignon de porco com terrine de<br />
mandioquinha, mostarda verde e pururuca. Sobremesa:<br />
Pudim de café (com caramelo de laranja, chantilly de<br />
cardamomo e nibs de cacau). Há menu executivo (entrada<br />
+ prato principal) e versão kids. Aos sábados, a pedida é<br />
conferir o Brunch Suplicy, em duas versões: a completa,<br />
com uma sequência de nove pratos, e o Mini Brunch, com<br />
cinco itens – ambos incluem água e uma bebida à base de<br />
café. Destaques: Donut de pato desfiado com chutney de<br />
abacaxi e manga e a Salada de frutas carbonatadas com<br />
gelatina de espumante.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
20
MODERNO MAS TRADICIONAL<br />
O projeto é de Oscar Niemeyer, como quase tudo construído<br />
naquele Parque Ibirapuera de 1954, nos 400 anos de São Paulo.<br />
A extensa e lendária marquise, marca registrada do arquiteto,<br />
cobria quase tudo na área concretada do grande parque verde<br />
da cidade – inclusive o Museu de Arte Moderna, que também se<br />
integra ao chamado Jardim das Esculturas. O MAM, com sua<br />
política de atualização, conservação e ampliação permanente da<br />
coleção, com mais de 5.000 peças, tem também uma das maiores<br />
bibliotecas especializadas em arte da cidade, com mais de 60<br />
mil volumes. Desde 1969 organiza a mostra bienal Panorama da<br />
Arte Brasileira, uma das mais tradicionais exposições periódicas<br />
do país e importante ferramenta para a ampliação do acervo.<br />
É nesse ambiente onde se respira verde e arte que se insere o<br />
Prêt no MAM – mais um restaurante que tempera sua comida<br />
com o melhor da cultura paulistana. Com vista para o Jardim<br />
de Esculturas, a marquise do parque e a Oca do Ibirapuera, o<br />
restaurante Prêt no MAM, todo envidraçado, atrai um público<br />
bastante diversificado para o almoço, em mesas simples.<br />
A entrada é livre e o sistema de serviço é o bufê – só para<br />
almoço. Entre as opções de pratos do dia: quiche de abóbora<br />
com alho-poró, carne assada, frango no molho de mostarda<br />
ancienne e vatapá. A lista de doces, à parte, inclui uma<br />
disputada tarte tatin de goiaba.<br />
Prêt no MAM<br />
galpão de quase 600 metros, em frente a uma ferrovia – em<br />
seu palco, o J. Quest estreou. Ali se criou um dos “musts” dos<br />
bares off the road de hoje: barris transformados em mesas.<br />
Por causa do casamento com um professor, Lilian mudouse<br />
para São Paulo. Seu quarto Drosophyla, o primeiro na<br />
capital paulista, ficava na Rua Pedro Taques, nas cercanias do<br />
cemitério da Consolação até o dono pedir o imóvel. Em busca<br />
de um novo espaço, Lilian encontrou o casarão da Nestor<br />
Pestana. O restauro teria de ser completo e minucioso – e<br />
durou um ano. Na decoração, peças garimpadas em viagens<br />
feitas à China e na recepção Madame Lili, uma personagem<br />
especial inspirada em uma chinesa, cujo marido, alemão,<br />
dava festas memoráveis no casarão na década de 20.<br />
Drosophyla Bar<br />
UMA NOITE COM MADAME LILI<br />
O lindo casarão, na rua Nestor Pestana, é herança da São Paulo<br />
dos anos 1920. Em estilo cottage, com influência germânica,<br />
foi projetado pelo arquiteto Abelardo Soares Caiuby. Viveu um<br />
processo de intensa degradação por 25 anos, até ser regatado<br />
pela empreendedora mineira Lilian Varella. Fã dos chamados<br />
bares off the road, já em 1986 ela abria seu primeiro bar<br />
Drosophyla, numa garagem charmosa, em Belo Horizonte.<br />
Nos anos seguintes, seriam mais três Drosophylas – com o<br />
estilo sempre aperfeiçoado. O terceiro, por exemplo, era um<br />
O Drosophyla é um bar especializado em Drinks Apotecários.<br />
Apotecário é sinônimo de farmacêutico. Daí que os cocktails<br />
da casa funcionam como remédios. Essa é a divertida técnica<br />
utilizada na mixologia/coquetelaria da casa – que trabalha<br />
de forma artesanal com ervas, flores e especiarias para a<br />
elaboração de infusões, xaropes e bitters. Destaque para o Dro<br />
Xaxado – Jack Daniel's, Cointreau, syrup de açúcar, purê de<br />
milho, limão. Ação do cocktail: diurético e estimulante. Claro,<br />
comes acompanham os bebes no Dro. Entre as entradas, o<br />
Bolinho de arroz a la Wong, com curry thai vermelho e queijo<br />
parmesão ralado. Para o jantar, opções de pastas, como o<br />
Fettuccine Avec Siciliano (creme de leite fresco, limão siciliano<br />
e parmesão) e pescados, como o Procurando Nemo (filé de<br />
peixe ao molho velouté de ervas com purê de banana da terra).<br />
Detalhe: os divertidos uniformes retrô dos garçons foram<br />
desenhados por Ronaldo Fraga.
SERVIÇO<br />
CAFÉ DO FAROL POR SUPLICY<br />
CAFÉS ESPECIAIS<br />
Rua João Brícola, 24,<br />
26º andar – Centro<br />
CASA DE FRANCISCA<br />
R. Quintino Bocaiúva, 22,<br />
1º andar – Sé<br />
RESTAURANTE DA SALA<br />
Praça Júlio Prestes, 16 – Santa<br />
Cecília<br />
VISTA IBIRAPUERA<br />
Avenida Pedro Álvares Cabral, 1.301<br />
– Ibirapuera. Acesso pelo portão<br />
principal do MAC-USP.<br />
Esther Rooftop<br />
PENTHOUSE COM SOTAQUE FRANCÊS<br />
As pessoas que passam pela Praça da República já se habituaram àquele<br />
edifício escuro em formato de caixa, em cujos andares não se distingue entre<br />
apartamentos ou escritórios. Aos 80 anos, o Esther é um marco arquitetônico<br />
da cidade – e, de dois anos para cá, também um marco gastronômico.<br />
O edifício Esther, quase na viradinha da Praça para a Avenida São Luís, chamou<br />
a atenção dos paulistanos dos anos 30, por suas linhas modernas, projetadas<br />
pelo arquiteto Álvaro Vital Brazil, que na época tinha 26 anos. Foi erguido sob<br />
encomenda da família Nogueira, dona da Usina de Açúcar Esther, para servir<br />
como sede da empresa. Os usineiros queriam um conjunto com salas comerciais<br />
de diferentes dimensões e, na metade superior, amplos apartamentos, bastante<br />
descolados para os padrões da época. Os dois últimos andares, por exemplo,<br />
abrigariam apartamentos – pela primeira vez na cidade – duplex. E uma enorme<br />
cobertura, já denominada, então, de penthouse.<br />
ESTHER ROOFTOP<br />
Rua Basílio da Gama, 29,<br />
11º andar – Centro<br />
DROSOPHYLA BAR<br />
Rua Nestor Pestana, 163,<br />
Consolação<br />
SANTINHO THEATRO MUNICIPAL<br />
DE SÃO PAULO<br />
Praça Ramos de Azevedo,<br />
s/n – República<br />
PRÊT NO MAM<br />
Marquise do Ibirapuera - Complexo<br />
Viário Ayrton Senna, s/n<br />
Parque Ibirapuera<br />
O novo termo de moradia era inglês. Mas, 70 anos depois, um francês o encampou – e<br />
até foi morar nele. O chef-galã Olivier Anquier tornou-se o morador mais ilustre do<br />
então castigado Esther – valorizando-o com sua fama e seu investimento. A penthouse<br />
ficou um brinco. Assim começaria a renascer o Esther e renascer o Esther Rooftop –<br />
o bistrô francês no cume do edifício, que em apenas dois anos ganhou status de casa<br />
estrelada e se tornou um programa. A cobertura deixou de ser “chez Olivier” para se<br />
transformar num restaurante francês. Para dar sabor e alma à gastronomia da casa,<br />
Olivier se uniu ao amigo, conterrâneo e chef Benoit Mathurin, que empregou sua<br />
expertise em um menu repleto de clássicos, como A Terrine do Meu Avô, o Ceviche<br />
Esther e a Torre de Bochecha de Porco e Nhoques de Mandioquinha. Sobremesa: o<br />
irresistível Brioche Esther. Ficou chiquérrimo comer lá, no almoço e no jantar – com<br />
uma vista que o paulistano não pôde desfrutar por 80 anos.<br />
A sensação é de fazer uma visitinha à casa de Olivier Anquier – que de vez em<br />
quando passa por lá. Aliás, também é possível, eventualmente, vê-lo no térreo<br />
do Esther, onde ele, originalmente um chef pâtissier, abriu uma padaria – o<br />
Mundo Pão do Olivier.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
22
VISTA PANORÂMICA DO LOCAL<br />
ESSEN<br />
CIAL<br />
PARA QUEM SABE QUE SER É<br />
MELHOR DO QUE APENAS TER.<br />
6<br />
81 OU 2 DORMS<br />
C/ SUÍTE<br />
m 2<br />
TORRE ÚNICA<br />
É numa rua tranquila e arborizada,<br />
nessa região plural, na parte mais alta<br />
do bairro, que está localizado o Ser.<br />
Cercado por uma infinidade de confortos<br />
e conveniências. Próximo do Metrô<br />
e de tudo que você quer e precisa.<br />
Perspectiva artística da fachada - Rua Girassol<br />
VISITE O DECORADO<br />
Rua Girassol, 1340<br />
Central de Atendimento da <strong>Setin</strong> Vendas: Rua Helena, 235, 9º andar, Vila Olímpia, CEP 04552-050,<br />
Tel.: 3041-9222. São Paulo-SP. Diariamente, até as 21h, inclusive aos sábados, domingos e feriados.<br />
Creci: J 2599-9. Central de Atendimento Coelho da Fonseca Empreendimentos Imobiliários LTDA: Avenida<br />
Morumbi, 3669 - São Paulo- SP - Tel.: 3888-3000. Diariamente, até as 20h. Creci: J-961. SECOVI: 1191.<br />
Registro de Incorporação R.03, Matrícula nº 147.020 do 10º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo-SP, em<br />
23/08/2018. Qualquer venda estará sujeita ao pagamento do valor correspondente à intermediação imobiliária,<br />
e as respectivas comissões decorrentes deverão ser descontadas do preço de venda constante na proposta a ser<br />
assinada pelo comprador. Imagens meramente ilustrativas.<br />
Foto do decorado<br />
4118-2656<br />
SETIN.COM.BR/SER<br />
Intermediação:<br />
Incorporação e Intermediação:
| VIAGEM |<br />
1 O – HONG KONG, CHINA<br />
Se você é do tipo urbano, que não dispensa as comodidades<br />
de uma cidade grande, mas ao mesmo tempo valoriza a<br />
cultura local, Hong Kong é o seu destino. Com uma atmosfera<br />
cosmopolita ultramoderna, é a cidade com o maior número<br />
de arranha-céus do mundo. Garante acesso à internet e a<br />
manifestações artísticas. Agrada principalmente àaqueles que<br />
não dispensam boas compras, oferecendo desde mercados<br />
noturnos com verdadeiras pechinchas até shoppings de luxo<br />
com as principais grifes mundiais.<br />
O QUE É IMPERDÍVEL POR LÁ: assistir à Symphony of Lights, que<br />
ilumina a cidade todas as noites, às 20h, do alto da montanha<br />
Victoria Peak; ver o Grande Budha em Lantau; e curtir a<br />
pequena, porém charmosa, Disneyland de Hong Kong.<br />
FOTO: ISTOCKPHOTO.COM<br />
24
TOP 10 DESTINOS<br />
DO MUNDO<br />
SE VOCÊ ESTÁ TENTANDO DECIDIR SUA PRÓXIMA<br />
VIAGEM, A LISTA OFICIAL DAS CIDADES MAIS VISITADAS<br />
NO PLANETA PODE TE AJUDAR<br />
Rozze Angel<br />
Todos os anos, durante o World Travel Market (WTM), um dos maiores<br />
eventos da indústria de viagem do mundo, que acontece em Londres,<br />
na Inglaterra, é divulgada a lista dos destinos mais procurados pelos<br />
viajantes. Baseada no número de turistas estrangeiros que chegam às cidades<br />
e que ali ficam por mais de 24 horas, a pesquisa revelou que, em 2017, Hong<br />
Kong liderou absoluta a procura, recebendo mais de 26 milhões de visitantes,<br />
e pelo que tudo indica, deve manter o posto também em 2018. Por sinal, entre<br />
as dez primeiras colocadas deste ranking, oito são asiáticas. Confira o Top 10<br />
a seguir, escolha seu destino e boa viagem!
2 O – BANGKOK, TAILÂNDIA<br />
Templos, cultura, gastronomia típica, a capital da Tailândia oferece<br />
não só diversas atrações como a facilidade de encontrá-las. Por lá, tudo<br />
é relativamente perto e ainda dá para se divertir a bordo de um tuk tuk,<br />
tradicional triciclo motorizado que leva os turistas de um canto a outro da<br />
cidade. Dez em cada dez turistas que chegam a capital procuram pelos<br />
famosos mercados flutuantes. Alguns ficam mais próximos ao centro, como<br />
o Taling Chang, e outros, como o famoso Damnoen Saduak Floating Market,<br />
ficam mais distantes. Se tiver tempo e pique, o legal é contratar um tour<br />
de bike, com guia, e percorrer todo o caminho pedalando. Existe, por outro<br />
lado, uma Bangkok que pulsa extravagância, com hotéis e shoppings de luxo<br />
além de rooftops badalados para quem quer aproveitar a vida noturna, como<br />
o Vertigo ou o Sky Bar no topo do Lebua State Tower.<br />
DICA: vale muito a pena se hospedar pelo Airbnb em Bangkok. Apartamentos<br />
privativos, com piscina, custam em média 30 dólares por noite. Mas pesquise<br />
bem a região antes de escolher.<br />
3 O – LONDRES, INGLATERRA<br />
De tão efervescente, é um destino que exige, pelo menos, uma semana de<br />
estadia. As atrações são as mais ecléticas: museus, bares, shoppings, pontos<br />
turísticos imperdíveis, points de compras, galerias, baladas, feirinhas, tem<br />
um pouco de tudo. A cidade por si só já é uma obra de arte. Mas, como a<br />
moeda local é a libra esterlina, não é uma opção barata para brasileiros.<br />
Porém, se tiver espírito aventureiro pode se hospedar em um dos diversos<br />
hostels disponíveis, que, além de mais acessíveis, oferecem uma excelente<br />
oportunidade para se fazer novos amigos. E como Londres é uma babel, com<br />
certeza vai encontrar pessoas de todos os cantos do planeta. Como a cidade é<br />
dividida por zonas – de 1 a 6 –, procure ficar na região mais central possível.<br />
Assim poderá fazer muitos passeios a pé, como ir do Hyde Park ao Palácio de<br />
Buckingham, visitar o Big Ben e o London Eye próximos ao Rio Tamisa, além<br />
de fazer um tour pelos principais museus: o de História Natural, o British<br />
Museum, o Tate e o Victoria & Albert.<br />
FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />
26
4 O – CINGAPURA, CINGAPURA<br />
Quando se vê o skyline de Cingapura, a sensação é de que se está prestes a<br />
entrar em uma cidade futurista no melhor estilo Blade Runner. É moderna,<br />
muito bem estruturada e absolutamente segura e limpa. Para se manter assim,<br />
claro, tem regras rígidas, com várias proibições. Desde as mais simples, como<br />
proibir que se mastigue chiclete (é verdade!) ou se atravesse fora da faixa de<br />
pedestres, que podem acarretar multas inclusive para turistas, até tolerância<br />
zero para drogas e violência, com penalidades que vão de chibatadas a pena<br />
de morte. Mas, para quem seguir as regras, é um dos melhores lugares para<br />
se visitar. Com um padrão de qualidade nas alturas, suas atrações beiram<br />
a megalomania. Como a ponte Helix, com 2,4 quilômetros de tubos de aço<br />
inoxidável; o teleférico Sky Pass, que leva a Sentosa, onde fica o parque<br />
Universal Studios local; o S.E.A., maior aquário do mundo; o gigantesco<br />
Gardens by the Bay, entre outros pontos turísticos que ficarão para sempre<br />
na sua memória.<br />
5 O – MACAU, MACAU<br />
Com cerca de 30 quilômetros quadrados, Macau é pouco maior que Fernando<br />
de Noronha, mas ao contrário da ilha paradisíaca, é tumultuada e em alguns<br />
pontos, intransitável. Como foi colônia de Portugal, placas de rua, monumentos<br />
históricos e até calçadões, com identificações em português, são bem<br />
familiares aos brasileiros. Embora seja preservada como Patrimônio Mundial<br />
da Humanidade, não são bem os pontos turísticos que atraem os visitantes, e<br />
sim seus cassinos. Na verdade, os maiores e mais luxuosos do mundo estão<br />
lá – mais até do que os de Las Vegas, nos Estados Unidos. Entre eles, o The<br />
Venetian Macao, que além da jogatina, funciona como hotel 5 estrelas, com<br />
suntuosos shows de teatro e circo, além de apresentações exclusivas de<br />
artistas internacionais como Maryah Carey e Maroon 5.
6 O – DUBAI,<br />
EMIRADOS ÁRABES<br />
Tudo em Dubai é grandioso. Melhor,<br />
é digno de realeza. Dos prédios a<br />
arquipélagos artificiais projetados<br />
e construídos onde antes só existia<br />
areia. É um destino que exige pelo<br />
menos dez dias de viagem, se claro<br />
tiver dinheiro suficiente para isso.<br />
Porque sim, vai precisar. Mas se estiver<br />
disposto a gastar, não vão faltar opções.<br />
De passeios pelo deserto em camelos,<br />
motos, bugues ou balões a jantares<br />
suntuosos e baladas inesquecíveis.<br />
Claro que alguns pontos são tão<br />
exclusivos, que todo turista tem que<br />
visitar! Comece pelos maiores do<br />
mundo: o mirante do Burj Khalifa, um<br />
dos maiores edifícios; depois visite<br />
o prédio do Burj Al Arab, o único<br />
hotel 7 estrelas do planeta que tem<br />
na decoração mais de 1.500 metros<br />
quadrados de ouro; divirta-se no Ski<br />
Dubai, a maior pista de gelo indoor<br />
dentro do maior shopping; e finalize<br />
com um passeio pela Palm Jumeirah,<br />
a maior ilha artificial.<br />
7 O – PARIS, FRANÇA<br />
Romântica e dramática, estar em Paris é como visitar um cenário de filme. Por<br />
sinal, nem dá para enumerar quantas tramas foram filmadas na Cidade Luz,<br />
como é conhecida. É fácil de percorrer Paris. Além de ter um dos melhores<br />
sistemas de metrô do mundo, oferece ainda uma ampla rede de ônibus e<br />
estações de aluguel de bike. Mas a melhor opção mesmo é calçar um tênis<br />
confortável e caminhar. Com um mapa em mãos dá para ir de uma atração<br />
a outra, literalmente, saboreando a paisagem. E entre um ponto e outro, dar<br />
ainda uma paradinha em um dos famosos cafés parisienses.<br />
DICA: a cidade oferece diversos tipos de passes, como o Paris Pass, que, por<br />
um valor único garante entrada, sem filas, nas principais atrações – entre elas<br />
Louvre, Pantheón, Catedral de Notre Dame, passeio de barco pelo rio Sena,<br />
visita a inúmeros castelos, além de transporte livre. Se estiver acompanhado,<br />
escolha uma noite para apreciar um bom drink no bar Kong, que ficou famoso<br />
por ter aparecido no seriado Sex and The City e fica na cobertura da Maison<br />
Kenzo, com vista para a Pont Neuf. Um luxo que exige reserva antecipada.<br />
FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />
DICA essencial: visite Dubai entre<br />
novembro e abril quando o clima é mais<br />
ameno. No restante do ano, o calor<br />
impede que muitas atrações funcionem.<br />
E claro, informe-se sobre regras de<br />
vestimenta e conduta, principalmente<br />
para mulheres.<br />
28
8 O – NOVA YORK,<br />
ESTADOS UNIDOS<br />
Nova York é aquele tipo de destino a que se pode voltar sem<br />
medo, quantas vezes quiser, e sempre haverá algo novo<br />
para fazer. Claro que tem aqueles pontos turísticos que todo<br />
mundo sempre sonhou em visitar: Estátua da Liberdade,<br />
Empire State, Central Park, Times Square, Broadway etc.<br />
Mas de verdade, dá para se pensar em diferentes roteiros de<br />
acordo com o perfil (e bolso) de cada visitante. Se for ligado<br />
a artes, tem centenas de espetáculos em cartaz, galerias<br />
de arte, museus. Gastronomia é outro ponto forte, com<br />
restaurantes que oferecem experiências fantásticas que vão<br />
muito além do cardápio. A dica é dividir o roteiro por regiões<br />
como Soho, Chelsea, Upper East Side, Bronx e saindo da<br />
ilha, visitar também o Brooklin, que figura entre os points<br />
do momento quando o assunto é cultura e diversão. E claro,<br />
ficar atento ao preço do dólar, já reservando do Brasil tudo o<br />
que puder, para não correr riscos de altas de câmbio.<br />
9 O – SHENZHEN, CHINA<br />
Nem pense em templos ou ruínas, Shenzhen é um destino<br />
voltado aos negócios. Conhecido como o Vale do Silício chinês,<br />
é uma cidade acelerada em vários sentidos. A começar pelo<br />
seu crescimento demográfico – em 1980 contava com cerca<br />
de 30 mil habitantes e hoje ultrapassa os 10 milhões. Por lá<br />
estão instalados escritórios e fábricas das maiores empresas<br />
globais, em impressionantes prédios que lhe renderam o<br />
apelido de cidade do futuro. Pelo menos uma vez por mês<br />
recebe uma importante feira ligada a tecnologia, robótica ou<br />
inovação. Até mesmo o entretenimento tem apelo futurista.<br />
No OCT Harbour, um complexo que envolve shopping,<br />
parque, restaurantes e lazer localizado no centro da cidade,<br />
por exemplo, a principal atração é o Ocean Wonder House,<br />
um aquário virtual interativo 3D. A moeda local – Renminbi –<br />
é acessível a brasileiros e é possível encontrar um bom hotel<br />
por excelente valor.<br />
10 O – KUALA LUMPUR, MALÁSIA<br />
Exótica. Se por um lado é em Kuala Lumpur que se encontra hoje as maiores torres gêmeas do mundo,<br />
a Petronas Twin Towers, de outro se tem importantes templos de diferentes culturas religiosas.<br />
Esse choque entre o moderno e o antigo é o que o torna um destino muito procurado. Se quer uma<br />
dica, prepare-se para compras. Assim como outras cidades asiáticas, KL tem shoppings com grifes<br />
internacionais e sua própria Chinatown com todo tipo de mercadoria chinesa. Não deixe também de<br />
visitar o Aquária KLCC, dentro do shopping Suria KLCC, que embora não seja tão grande, tem uma gama<br />
de vida marinha para se observar, inclusive por túnel de vidro, por onde se caminha embaixo d’água.<br />
Batu Caves, um conjunto de cavernas gigantes impressionante que fica a meia hora do centro, é outra<br />
parada obrigatória. É uma cidade relativamente barata para brasileiros e os dois melhores pontos da<br />
cidade para se hospedar são Bukit Bintang e KL Sentral, de onde partem trens para todos os cantos.<br />
APENAS UM AVISO: por lá o clima é muito quente o ano todo.
| ARQUITETURA |<br />
THIAGO<br />
BERNARDES<br />
NASCIDO EM UMA FAMÍLIA DE GRANDES ARQUITETOS, ELE JÁ SOMA<br />
25 ANOS DE CARREIRA E 700 PROJETOS NO CURRÍCULO, NOS QUAIS<br />
IMPRIME SUA IDENTIDADE SEM DEIXAR PARA TRÁS AS INFLUÊNCIAS<br />
DE SEU PAI E AVÔ, COMPONDO UMA HISTÓRIA DE SUCESSO QUE<br />
ATRAVESSA GERAÇÕES<br />
Yara Guerchenzon<br />
Natural do Rio de Janeiro, Thiago Bernardes nasceu em<br />
1974 e, desde sempre, traz a vivência da arquitetura<br />
no seu dia a dia. Seu avô, Sergio Bernardes, um dos<br />
mestres da arquitetura moderna brasileira, fez história nas<br />
décadas de 1950 a 1970. Já seu pai, Claudio Bernardes, é<br />
autor de um estilo original, com projetos inconfundíveis<br />
criados entre os anos 1970 e 1990. Da infância vivida em<br />
frequentes visitas a canteiros de obra, ao lado do pai, veio a<br />
paixão pela profissão e o estímulo para começar a carreira<br />
aos 19 anos. Nesses 25 anos, sendo cinco deles à frente<br />
do escritório Bernardes Arquitetura, o profissional já levou<br />
para o extenso currículo cerca de 700 projetos.<br />
Em seu escritório, aberto em 2012, Thiago Bernardes<br />
vem desenvolvendo novas pesquisas e criando parcerias,<br />
com o objetivo de aprofundar seu trabalho autoral, junto<br />
de uma equipe de cerca de 60 profissionais, incluindo<br />
os sócios Nuno Costa Nunes, Márcia Santoro, Camila<br />
Tariki e Dante Furlan. Todos envolvidos em projetos que<br />
atendem a variados programas e escalas construtivas,<br />
contando com núcleos de trabalhos especializados. No<br />
formato atual, a Bernardes Arquitetura se divide entre<br />
dois endereços no Brasil e um em Portugal, sendo um no<br />
Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, um no Jardim Europa,<br />
em São Paulo, e outro em Príncipe Real, em Lisboa.<br />
Os três abrangem as áreas de arquitetura, urbanismo<br />
e design de interiores, trabalhando de forma integrada<br />
e complementar.<br />
Em paralelo ao trabalho de arquitetura, Thiago lançou<br />
em 2012 um documentário em homenagem ao avô Sergio<br />
Bernardes, de grande repercussão. “Fiz esse filme para<br />
entender certas coisas. Todos os lugares em que eu ia<br />
no mundo, encontrava alguém que me perguntava: você<br />
é neto do Sergio Bernardes? Ele tinha uma relevância, eu<br />
sabia, mas, ao mesmo tempo, ninguém mais falava dele<br />
no Brasil, nem nos cursos de arquitetura”, conta o arquiteto.<br />
“Então decidi fazer esse documentário, para o qual<br />
visitamos algumas de suas obras mais emblemáticas,<br />
como o Hotel Tambaú e o Espaço Cultural José Lins do<br />
Rego, ambos em João Pessoa, e a Residência Paulo Sampaio,<br />
em Petrópolis.”<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
30
O arquiteto costuma dizer que sente como se fizesse a<br />
conexão arquitetônica e amorosa entre o pai e o avô. “Eu<br />
percebi muito bem as perdas e ganhos do meu avô, que<br />
sempre esteve à frente do seu tempo, e também do meu<br />
pai, que atuou nos anos 70/80 no Brasil, numa época em<br />
que a arquitetura estava estagnada e só era vista dentro<br />
dos muros”, afirma. “A arquitetura pública quase não<br />
existia, o pensamento para as cidades estava praticamente<br />
desaparecido. Sinto que trago o equilíbrio entre esses<br />
dois personagens tão diferentes.”<br />
Já sobre o próprio trabalho, ele prefere deixar os rótulos de<br />
fora: “Eu sou livre de qualquer escola, carioca ou paulista,<br />
me sinto livre para criar. Acredito que a arquitetura tem de<br />
estar ligada à região em que está inserida e deve evoluir<br />
com a tecnologia da época”. Exemplo disso é o Museu<br />
de Arte do Rio (MAR), um dos seus projetos de maior<br />
destaque, do qual participou da criação e que, de forma<br />
inusitada, envolveu a adaptação de prédios existentes<br />
e de estilos arquitetônicos antagônicos, localizados no<br />
Centro da cidade do Rio de Janeiro. “Ter a oportunidade<br />
de projetar um prédio público como o Museu de Arte do<br />
Rio foi um presente. Com ele, conseguimos mostrar que a<br />
nossa arquitetura é multidisciplinar, que nosso escritório<br />
está aberto para resolver problemas de espaço, de fluxo e<br />
para pensar a cidade”, declara. “No MAR, a cobertura não é<br />
meramente um gesto espetacular. A gente queria oferecer<br />
ao público uma vista nova, por isso fizemos a praça suspensa.<br />
A grande cobertura como terceiro elemento, ligada a dois<br />
prédios com características tão diferentes, acabou virando<br />
um marco para a revitalização da zona portuária do Rio de<br />
Janeiro.” De forma abstrata e etérea, essa estrutura fluida,<br />
extremamente leve, simula a ondulação da superfície da<br />
água: “Uma arquitetura de caráter poético e carregada<br />
de significado, simples e ao mesmo tempo moderna na<br />
questão de cálculo estrutural. Esse elemento será visto<br />
tanto de perto quanto de bem longe; tanto de baixo, para<br />
quem está chegando à Praça Mauá, quanto de cima, para<br />
quem está no Morro da Conceição”, detalha Thiago.<br />
Nessa mesma linha, menciona o projeto criado para a<br />
nova sede do Instituto Brincante, em São Paulo, que foi<br />
selecionado para ser exposto no Pavilhão do Brasil na<br />
última Bienal de Arquitetura de Veneza. “Ligado a uma<br />
pequena praça e mezanino abertos, que conectam a rua a<br />
seu interior, o teatro-escola faz do Brincante um marco à<br />
resistência em meio a um ambiente de especulação imobiliária<br />
agressiva”, conta.<br />
Entre os projetos residenciais, que representam a maior<br />
parte em seu escritório, ele cita a Casa Península, uma<br />
das mais recentes, e a Capela Joá. Para a primeira, cravada<br />
num terreno de declive acentuado, Thiago conta que<br />
a estratégia adotada foi trazer o mínimo de alteração para<br />
o entorno e a topografia, criando uma plataforma com a<br />
maior área possível e, sobre ela, um terreno para estruturar<br />
os demais pavimentos, divididos entre um embasamento<br />
retangular, o nível intermediário mais vazado e o<br />
Capela Joá, no Rio de Janeiro, construída nos jardins de uma residência, para as<br />
cerimônias da família. Em área de vegetação densa, proporciona a visão de céu e mar<br />
volume triangular suspenso, com uma das arestas em um<br />
grande balanço de nove metros em direção ao mar, que<br />
nos faz lembrar um grande barco. “Já o projeto de interiores<br />
foi pensado para ser tão puro e simples como as formas<br />
da arquitetura, envolvendo um mobiliário assinado<br />
por célebres designers brasileiros, na sua maioria produzido<br />
em madeira, compondo os ambientes com o mobiliário<br />
desenhado especialmente para esta casa”, ressalta.<br />
Sobre a Capela Joá, situada no bairro do Joá, no Rio de<br />
Janeiro, Thiago diz gostar bastante do resultado por sua<br />
escala reduzida e pela possibilidade de síntese dos elementos<br />
estruturais e simbólicos. Encomendada para ser<br />
construída nos jardins de uma residência, com o desafio<br />
de ser concluída em três meses, deveria comportar 20<br />
pessoas, para ser usada nas cerimônias da família. “No<br />
terreno em declive acentuado, em área com vegetação<br />
densa e típica da Mata Atlântica, buscou-se um local reservado<br />
para implantar a capela, sem fluxo de pessoas.<br />
Deveria ser um ponto especial que proporcionasse a visão<br />
do oceano, já que, dessa forma, floresta, céu e mar estariam<br />
presentes na experiência do espaço sacro. O objeto<br />
arquitetônico deveria surgir a partir de delicada inserção<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO/TUCA REINÉS; FERNANDO GUERRA; DIVULGAÇÃO<br />
32
Casa Península, um dos projetos mais recentes, cuja<br />
estrutura conta com volume triangular suspenso, com uma<br />
das arestas em balanço de 9 metros em direção ao mar
Acima, a sede do Instituto Brincante, em São Paulo:<br />
projeto exposto na Bienal de Arquitetura de Veneza.<br />
E, abaixo, o Museu de Arte do Rio (MAR), no Rio de<br />
Janeiro, que traz prédios antagônicos ligados por uma<br />
cobertura de formato abstrato<br />
na paisagem, onde a manutenção das características naturais do terreno e a<br />
preservação de todas as árvores fossem diretrizes prioritárias. A Capela Joá<br />
é um templo cuja simplicidade perpassa sua materialidade e soluções construtivas.<br />
A síntese é alcançada na medida em que os elementos estruturais<br />
adquirem, sob outra ótica, funções plásticas e simbólicas.”<br />
Segundo Thiago, o conforto e a qualidade de um ambiente residencial são alcançados<br />
quando os espaços interno e externo se relacionam de maneira harmoniosa e quando<br />
se depende pouco das coisas artificiais. “É preciso garantir sombra onde se precisa<br />
de sombra e aberturas onde é preciso abrir. Ou seja, encontrar as soluções mais<br />
adequadas ao clima e às condições ambientais do local para onde se projeta a<br />
arquitetura”, observa. Com amplo reconhecimento internacional, seu escritório conta<br />
com trabalhos publicados em revistas e sites de países como Inglaterra, França,<br />
Itália, Suíça, Portugal, Espanha, Estados Unidos, México, Argentina, Colômbia,<br />
Taiwan, Japão e Coreia do Sul. Além disso, coleciona importantes prêmios, entre<br />
eles o Architizer A+Awards, pela Casa Península, e dois prêmios Global Architecture<br />
& Design Awards 2018, com primeiro lugar pela Casa Península e segundo lugar com<br />
outro grande projeto, o Hotel Fasano Angra dos Reis.<br />
Além da inspiração que vem de sua família, Thiago tem como referências grandes<br />
obras da arquitetura mundial, entre as quais destaca a Neue National Gallery, em<br />
Berlim, Alemanha, do arquiteto Mies van der Rohe, e o Museu de Arte Contemporânea<br />
de Kanazawa, no Japão, do famoso escritório SANAA. E, aqui do Brasil, ele<br />
acrescenta o MASP, de Lina Bo Bardi, e o MAM/RJ, de Eduardo Reidy. “São edifícios<br />
que não tocam o chão, que deixam o espaço livre! Além da beleza do espaço<br />
e da estrutura, eu gosto muito do fato de que essas arquiteturas criam praças,<br />
como se os edifícios não existissem”, completa.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO/LEONARDO FINOTTI<br />
34
| SUSTENTABILIDADE |<br />
MADEIRA USADA<br />
COM RESPEITO<br />
ESPÉCIES ANTES DESCARTADAS PELA NATUREZA GANHAM UM NOVO<br />
SIGNIFICADO NA ARQUITETURA E NA DECORAÇÃO<br />
Dan Brunini<br />
36
Sinônimo de aconchego e longevidade, a madeira é uma<br />
importante aliada na composição de móveis, objetos,<br />
revestimentos e sistemas construtivos. A oferta<br />
abundante na natureza, os altos índices de desperdício e a<br />
falta de preocupação com o meio ambiente levaram ao seu<br />
uso indiscriminado. Algumas espécies foram eliminadas<br />
por completo em algumas regiões, outras passaram a<br />
ser protegidas por lei federal, sendo proibido seu corte.<br />
Nesta lista figuram a castanheira, a seringueira e o mogno.<br />
Muitas outras, porém, enfrentam condições críticas de<br />
conservação. Das cerca de 7.880 famílias de árvores<br />
catalogadas no país, 2.113 estão na lista oficial das espécies<br />
da flora brasileira ameaçadas de extinção, de acordo com o<br />
Ministério do Meio Ambiente.<br />
FOTOS: ALEXANDRE PIRANI; DIVULGAÇÃO<br />
A boa notícia é que os cuidados com essa matéria-prima<br />
tão singular e essencial para os segmentos da arquitetura,<br />
construção e decoração vêm dando resultado, pelo menos<br />
é o que comprovam os últimos dados relacionados ao<br />
desmatamento da Mata Atlântica, um dos biomas que<br />
mais sofrem com o extrativismo ilegal. Foi o menor índice<br />
registrado desde 1985, com queda de 56,8% entre 2016/2017<br />
em relação ao biênio anterior, segundo levantamento da<br />
SOS Mata Atlântica. “Com o compromisso e o diálogo entre<br />
toda a sociedade, incluindo proprietários de terras, governos<br />
e empresas, podemos alcançar o desmatamento ilegal zero,<br />
já presente em sete estados”, afirma Marcia Hirota, diretoraexecutiva<br />
da Fundação SOS Mata Atlântica.<br />
As peças criadas por Hugo França nascem de um diálogo<br />
criativo com a matéria-prima: tudo começa e termina na<br />
árvore. Um exemplo é a poltrona Tamoio, que aproveita a<br />
madeira pequi, com seus veios e formas.<br />
Luiz Vieira comanda a empresa Corte da Terra e aproveita as madeiras descartadas na<br />
região de Minas Gerais para dar forma às gamelas e fruteiras. A textura e os veios da<br />
madeira são valorizados em cada peça.<br />
Engana-se, porém, quem defende que o caminho para<br />
preservar a matéria-prima é dispensá-la e substituí-la por<br />
outros materiais. “Ao não consumirmos seus recursos de<br />
forma sustentável, deixamos de valorizar a floresta em<br />
pé”, afirma Fernanda Vaz, analista de desenvolvimento<br />
de negócios do braço brasileiro do Conselho de Manejo<br />
Florestal, FSC Brasil. O reaproveitamento é uma das<br />
soluções para o desenvolvimento sustentável, assim<br />
como o aproveitamento de descartes da própria natureza<br />
e a reciclagem de resíduos. Nessa linha, um conceito<br />
que ganha cada vez mais força nos dias de hoje é o da<br />
economia circular. “A proposta é não pensar no fim do<br />
ciclo dos produtos”, diz Marcia Hirota. “Cria-se cada objeto<br />
tendo em mente que no final de sua vida útil ele sirva de<br />
matéria-prima para dar origem a outro.” A mesma lógica<br />
deve nortear o comportamento do consumidor, ao pensar<br />
em sempre dar uma nova vida ao produto já utilizado.<br />
Com a madeira não deve ser diferente. O manejo florestal<br />
responsável – que respeita o ciclo natural da floresta –, aliado<br />
às melhores práticas de produção, como uso de madeira<br />
certificada por parte das indústrias, resulta na preservação<br />
da natureza. Para quem busca ser mais politicamente<br />
correto na decoração dos ambientes, é importante saber<br />
que há inúmeros intermediários entre a origem do lenho e o<br />
ponto de venda dos móveis, o que atrapalha bastante a vida<br />
do consumidor ao buscar descobrir de onde a madeira vem.<br />
Por isso, é tão difícil garantir que aquele material que dá<br />
corpo à sua cadeira é, realmente, legal e sustentável apenas<br />
consultando a documentação oficial ou, ainda, a nota fiscal.
Contudo, perguntar sobre a origem da madeira é sempre<br />
uma forma de pressionar e, portanto, é válida, acreditam os<br />
especialistas do Greenpeace Brasil.<br />
Há nomes reconhecidos no mercado nacional que trazem no<br />
DNA a preocupação de usar madeiras de origem conhecida<br />
e, muitas vezes, certificadas ou amigas do meio ambiente<br />
por trazer selos sustentáveis. É o caso de Carlos Motta,<br />
Paulo Alves, Fernando Jaeger, Pedro Petry, Ana Paula<br />
Castro, Domingos Tótora e o estúdio Lattoog, entre outros,<br />
que defendem a ideia e oferecem produtos amigos do meio<br />
ambiente para o consumidor.<br />
Causar o menor impacto<br />
ambiental possível foi o<br />
comportamento adotado por<br />
Carlos Motta ao desenvolver<br />
a linha de móveis Astúrias,<br />
com cadeiras fixas e<br />
de balanço. Produtos<br />
industrializados, como<br />
vernizes e colas,<br />
são evitados.<br />
Precursor do uso da madeira no desenvolvimento de peças<br />
de design, o gaúcho Hugo França enxergou na quantidade<br />
de resíduos que as queimadas e extrações deixavam para<br />
trás, principalmente no Sul da Bahia – onde viveu por 15<br />
anos –, uma oportunidade para criar móveis com design<br />
A luminária Arco e o banco Gamboa são alguns exemplos das criações de Mônica<br />
Cintra, que se dedica ao universo da madeira há mais de 18 anos e concebe cada peça<br />
em seu ateliê, na zona oeste de São Paulo.<br />
sustentável. Sua primeira peça foi uma pia de baraúna<br />
esculpida a partir de um tronco, que rapidamente virou<br />
objeto de desejo. “Tudo começa e termina na árvore”, diz<br />
França. “Suas formas, buracos, rachaduras, marcas de<br />
queimada e da ação do tempo conduzem o desenho.” A<br />
inspiração está em todo lado, principalmente na sua larga<br />
convivência com as comunidades locais na Bahia e na<br />
observação dos índios pataxó no desenvolvimento de seus<br />
artefatos. Até as canoas usadas por eles, feitas de pequivinagreiro,<br />
serviram de estímulo.<br />
Com esculturas mobiliárias expostas em acervos permanentes<br />
de museus – como o da Casa Brasileira, em São Paulo, o<br />
Centro Cultural Correios, o Museu do Açude, no Rio de Janeiro,<br />
e Inhotim Instituto Cultural, em Minas Gerais –, França observa<br />
que o uso de resíduos florestais para o desenvolvimento de<br />
móveis e objetos requer buscas constantes nos campos da<br />
região de Trancoso. Junto com a equipe e com a ajuda da<br />
população local, ele aproveita espécies descartadas. “Desde<br />
que não tenham sofrido danos irreversíveis, praticamente<br />
todas as partes garimpadas são ressignificadas”, afirma o<br />
designer. “Raízes desenterradas, troncos ocos, toras maciças,<br />
tudo ganha uma nova vida.”<br />
Assim como França, de quem foi assistente, a designer<br />
Mônica Cintra transforma árvores descartadas pela natureza<br />
e madeiras desprezadas pelo homem em obras e mobiliário<br />
sofisticados há 18 anos. A paixão pela madeira natural é<br />
antiga, remonta à infância, quando costumava brincar com<br />
troncos que encontrava pelo caminho na fazenda da família.<br />
A partir da matéria-prima bruta, Mônica cria cubas, lareiras,<br />
mesas, bancos e objetos variados. Atualmente, ela trabalha<br />
FOTOS: PICASA; VICTOR AFFARO; DIVULGAÇÃO<br />
38
com dois tipos de madeira: as de manejo sustentável e as de<br />
reaproveitamento, que reúne espécies já derrubadas, sem<br />
utilidade para uso industrial.<br />
Com olhos apurados, Mônica enxerga a beleza e as<br />
possibilidades contidas em cada espécie tombada, dando<br />
origem a peças que estabelecem um diálogo entre o rústico<br />
e o contemporâneo, intercalando outros materiais como<br />
pedras, ferro, vidro e acrílico. “Eu acredito que muitas<br />
pessoas valorizam o conceito de sustentabilidade, mas<br />
muitas delas nem sempre querem pagar por isso”, afirma.<br />
Outro bom exemplo de sensibilidade com a natureza é o ateliê<br />
do designer Carlos Motta, que desde sua fundação, em 1978,<br />
se dedica à criação de móveis em sincronia com conceitos<br />
de responsabilidade social e ambiental, além de apoiar a<br />
valorização do trabalho manual do artesão marceneiro e da<br />
identidade brasileira.<br />
No início, as madeiras usadas eram garimpadas nas praias,<br />
trazidas pelo mar. Porém, com o volume pequeno, Carlos<br />
partiu para as de demolição e, ao longo de mais de 40 anos<br />
de história, passou a adotar espécies certificadas pelo FSC<br />
(Forest Stewardship Council). “Precisamos ter a certeza de<br />
que não estamos abatendo novas árvores”, afirma o designer.<br />
Atualmente, o atelier já participou de importantes exposições<br />
dentro e fora do país e conta hoje com representantes nas<br />
principais capitais brasileiras e no mercado externo, como<br />
Nova York, Los Angeles, Toronto e Londres.<br />
Também fundamentado nos preceitos da marcenaria<br />
artesanal, Paulo Alves faz da madeira a protagonista de<br />
suas criações ao longo de 20 anos de história. “Sempre<br />
me preocupei com o uso de madeiras certificadas e de<br />
reflorestamento, provenientes de parceiros idôneos e<br />
comprometidos com a reposição do material na natureza”,<br />
afirma Paulo. Ele integra também o Projeto Raiz – parceria<br />
entre a Apex-Brasil e o Sindmóveis de Bento Gonçalves, em<br />
busca de internacionalizar designers brasileiros – e participa<br />
das maiores feiras de design do circuito internacional, sendo<br />
reconhecido por usar a madeira com criatividade e respeito.<br />
Desde 2017, Paulo tem o prazer de integrar o projeto Design<br />
& Madeira Sustentável, em conjunto com a Cooperativa da<br />
Floresta do Tapajós (COOMFLONA) e a instituição BVRIO.<br />
Os designers convidados visitam a Floresta Amazônica,<br />
conhecem a COOMFLONA e participam de treinamentos e<br />
trocas de conhecimentos com a comunidade. A capacitação<br />
moveleira de MFC (Manejo Floresta Comunitário) é<br />
fundamental para que eles possam atender desde as linhas<br />
da indústria moveleira até mercados mais nobres. Assim, a<br />
movelaria da COOMFLONA conseguirá produzir peças 100%<br />
certificadas pelo FSC (Forest Stewardship Coucil).<br />
Na contemporaneidade, prezar pela natureza se tornou<br />
uma prioridade, pensada desde as pequenas atitudes,<br />
que fazem a diferença no dia a dia, até as escolhas do<br />
morar. Dentista de formação, Luiz Vieira encontrou<br />
em uma visita ao Museu Inhotim, na cidade mineira de<br />
Brumadinho, o estímulo para garimpar e esculpir peças<br />
de madeira. Ele recupera árvores caídas na zona rural<br />
de Poços de Caldas e, como artesão, dá a elas um novo<br />
sentido. O respeito à natureza e às questões ambientais<br />
leva à criação de peças elaboradas com madeiras nobres,<br />
como a aromática sassafrás e as coloridas moreira<br />
e maçaranduba, em seu estado bruto. Toda a linha<br />
assinada com a marca Corte da Terra, criada por Luiz,<br />
é inspirada pela sensibilidade da arte, o que transforma<br />
cada criação em um objetivo único.<br />
Entre as peças sustentáveis de Paulo Alves está o Banco Samba, feito de painéis de<br />
mogno africano da Khaya Woods, empresa que investe no plantio dessa espécie desde<br />
2008 e é atualmente a líder nesse segmento no Brasil.<br />
“Antes de começar a esculpir a obra, devoto toda a minha<br />
atenção para compreender os veios e a história que a<br />
madeira traz”, afirma o artesão. “Essa análise é primordial<br />
para indicar a direção do trabalho que irei realizar.” Como<br />
sua matéria-prima deriva de resíduos florestais, em suas<br />
peças ele faz referência às marcas de agentes naturais, aos<br />
efeitos do tempo e até mesmo à ação humana, imprimindo<br />
história a cada peça. Assim, a madeira que antes seria<br />
esquecida ganha nova forma. O planeta agradece!
| ARTE E CULTURA |<br />
ROTEIRO<br />
IMPERDÍVEL<br />
O CIRCUITO PAULISTANO DE GALERIAS DE ARTE CHEGA A MAIS DE 80<br />
ENDEREÇOS, COM ACERVOS QUE ABRANGEM A PRODUÇÃO ARTÍSTICA<br />
NACIONAL DOS ÚLTIMOS CEM ANOS. VALE A PENA CONHECÊ-LAS!<br />
Yara Guerchenzon<br />
Que tal incluir na sua agenda uma visita às galerias<br />
de arte paulistanas? Além das constantes exposições,<br />
muitos desses espaços apresentam projetos<br />
arquitetônicos surpreendentes que, por si, já valem o<br />
passeio. Sem contar, é claro, a oportunidade de conhecer<br />
seus preciosos acervos e descobrir que guardam muitas<br />
obras capazes de fisgar o olhar e deixar qualquer pessoa<br />
quase sem fôlego, diante de cores e formas tão expressivas<br />
e sem igual. Não é raro o visitante se emocionar ao<br />
se deparar, por exemplo, com um autêntico Portinari de<br />
1925, uma das telas expostas por James Lisboa, no Escritório<br />
de Arte, que leva seu nome, na rua Dr. Melo Alves,<br />
no bairro dos Jardins.<br />
Experiências singulares como essa podem ser vivenciadas<br />
nas inúmeras galerias da cidade. James, que atua nesse<br />
universo há 40 anos, afirma que o número passa de 80, e diz<br />
que não acha muito, se levarmos em conta que São Paulo<br />
soma cerca de 12 milhões de habitantes. Bem em frente de<br />
seu escritório fica uma delas, a Galeria Frente. Aberta em<br />
2015, tem como diretor o seu filho, o galerista Acácio Lisboa.<br />
O espaço de 350 m 2 , com projeto do arquiteto Rogério Ribas,<br />
já abrigou uma exposição em homenagem a Mira Schendel,<br />
na época de sua inauguração, além de retrospectivas de<br />
Antonio Maluf, Hércules Barsotti, Frans Krajcberg e, a mais<br />
recente, realizada entre setembro e novembro deste ano,<br />
com 128 obras de Iberê Camargo e Francisco Stockinger. No<br />
acervo, constam também obras de Di Cavalcanti, Portinari,<br />
Cícero Dias e Tarsila do Amaral, entre outros.<br />
James explica que as galerias são divididas em galerias de<br />
mercado primário e secundário – ou primeira e segunda<br />
venda. “No mercado primário, lançam os artistas, por meio<br />
de exposições, com uma apresentação geral sobre o que ele<br />
está criando num dado momento. Na Frente, trabalhamos<br />
com a segunda venda, voltada aos colecionadores que estão<br />
reciclando ou mudando o perfil de suas coleções”, afirma o<br />
leiloeiro. Segundo ele, não há como determinar quais são<br />
as galerias de maior destaque na cidade, nesse extenso<br />
nicho com mais de 80 endereços, porque, afinal, todas são<br />
importantes, cada qual com seu segmento. “Todas divulgam<br />
diversos artistas. Algumas são dirigidas a uma área, a<br />
artistas de uma determinada década, assim como há casos<br />
de galerias que trabalham exclusivamente com múltiplos.<br />
Há vários perfis, com marchands especializados em um<br />
período ou grupo de artistas”, comenta.<br />
E, dentre toda essa gama de galerias distribuídas em<br />
pontos diversos da cidade, Lisboa explica que existe uma<br />
região chamada por aqui de “Manhattan”, que reúne cerca<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
40
Manequins, 42 x 30 cm, óleo sobre madeira, 1986, de Iberê Camargo,<br />
na exposição Iberê – Stockinger, na Galeria de Arte Frente
Telas de Isabelle Borges, na Galeria Emmathomas<br />
Trabalhos de Nelson Leirner, com curadoria de Lilia Moritz Schwarcz, na Galeria Vermelho<br />
42
Obras de Dias&Riedweg, na Galeria Vermelho<br />
FOTOS: EDOUARDFRAIPONT; DIVULGAÇÃO<br />
de 50% delas. “É uma área que vai desde a rua Estados<br />
Unidos até a avenida Paulista e da avenida Rebouças até<br />
a avenida 9 de Julho”, conta. “As galerias que pertencem<br />
a esse quadrilátero mantêm um público de frequência<br />
constante e estão no roteiro de passeio dos paulistanos,<br />
de quem costuma circular por aqui. Mas há também uma<br />
grande parte concentrada na região da Vila Madalena.”<br />
Entre as pioneiras da cidade está a Galeria de Arte André,<br />
fundada em 1959 pelo romeno André Blau. Seu espaço, na<br />
rua Estados Unidos, possui atualmente 1.533 m 2 , sendo a<br />
maior da América Latina. E ainda conta com uma segunda<br />
unidade, na alameda Gabriel Monteiro da Silva, dedicada à<br />
tridimensionalidade. Em seu acervo, constam obras de Aldemir<br />
Martins, Alfredo Volpi, Carlos Scliar, Cícero Dias, Di Cavalcanti,<br />
Frans Krajcberg, Hector Carybé, Manabu Mabe, Orlando Teruz,<br />
Roberto Burle Marx, Sonia Ebling e Tomie Ohtake.<br />
Também entre as mais tradicionais está a Dan Galeria,<br />
que trabalha com artistas tanto modernos quanto<br />
contemporâneos. Fundada em 1972, segue em atividade,<br />
hoje com um corpo de 54 artistas, de Anita Mafaltti a Hélio<br />
Oiticica. “Relevos” foi a sua exposição mais recente, que<br />
esteve em cartaz de junho a setembro, reunindo trabalhos<br />
de Ferreira Gullar. Desde 1984, está na rua Estados Unidos,<br />
em um local assinado por David Libeskind, arquiteto que<br />
fez o projeto do Conjunto Nacional, na avenida Paulista,<br />
em 1955. Ainda em 2019, a Dan inaugura um novo espaço,<br />
voltado à arte contemporânea, na rua Amauri, com projeto<br />
arquitetônico de Mario Moreno. “A ideia é manter os dois<br />
locais em funcionamento”, afirma Flávio Cohn, um dos<br />
diretores da galeria.<br />
Já a Galeria Raquel Arnaud, criada em 1973, com o nome<br />
de Gabinete de Arte, é uma das precursoras no mercado<br />
brasileiro. Já esteve em espaços marcantes, assinados<br />
por arquitetos como Lina Bo Bardi, Ruy Ohtake e Felippe<br />
Crescenti, e, atualmente, está na rua Fidalga, onde reúne em<br />
seu acervo obras de Waltercio Caldas, Sérvulo Esmeraldo<br />
e Iole de Freitas, entre outros. Um pouco mais nova,<br />
inaugurada em 1986, a conceituada Millan, na rua Fradique<br />
Coutinho, tem por foco a arte contemporânea brasileira<br />
produzida a partir da década de 1960. Nomes como Tunga,<br />
José Resende, Paulo Pasta, Nelson Felix, Rodrigo Andrade,<br />
José Damasceno, Henrique Oliveira, Thiago Rocha Pitta e<br />
Tatiana Blass figuram no acervo.
As duas primeiras telas, acima, à esquerda, são Vitrina (138 x 80 cm, óleo sobre tela, 1985) e Ciclista (150 x 93 cm,<br />
óleo sobre tela, 1989), de Iberê Camargo, na exposição Iberê – Stockinger, na Galeria de Arte Frente<br />
Mas se o objetivo é somar arte e arquitetura,<br />
o passeio não pode deixar de incluir a renomada<br />
Luciana Brito Galeria, considerada uma<br />
das primeiras do país a participar das mais<br />
importantes feiras de arte. Reconhecida nacional<br />
e internacionalmente, realiza um trabalho<br />
de via dupla, difundindo globalmente a<br />
produção brasileira e divulgando no Brasil o<br />
trabalho de artistas de relevância mundial.<br />
Entre os artistas que representa estão Alex Katz e<br />
Marina Abramovic, além de Geraldo de Barros e<br />
Waldemar Cordeiro, dois dos principais nomes<br />
do concretismo brasileiro. Depois de 15 anos<br />
na Vila Olímpia, a galeria mudou em 2016 para<br />
um novo endereço, na avenida 9 de Julho, para<br />
uma casa modernista, projetada por Rino Levi<br />
e que conta ainda com paisagismo de Burle<br />
Marx. Trata-se da Residência Castor Delgado<br />
Perez, de 1958/59, tombada como patrimônio<br />
cultural, que, além de abrigar o acervo,<br />
passou a integrá-lo, como uma obra em exibição<br />
permanente.<br />
Não muito distante, na badalada rua Oscar<br />
Freire encontra-se a Bergamin&Gomide, com<br />
foco em vendas privadas de artistas brasileiros<br />
e estrangeiros do período Pós-Guerra. Sem<br />
uma lista fixa e com flexibilidade para trabalhar<br />
um amplo número de artistas e exposições de<br />
diferentes temas, o seu programa conta com<br />
quatro exposições por ano, entre individuais e<br />
coletivas. Além disso, participa de feiras como<br />
Art Basel, TEFAF NY Spring, Art Basel Miami<br />
Beach, Semana de Arte e SP-Arte. No acervo,<br />
apresenta consagrados artistas, como Mira<br />
Schendel, Lygia Clark, Helio Oiticica, Volpi e<br />
Tunga, entre outros.<br />
Poucas ruas acima, na Alameda Franca, no<br />
espaço térreo de um edifício comercial, fica a<br />
Emmathomas, fundada em 2006 e reinaugurada<br />
em abril deste ano. Voltada à arte contemporânea,<br />
realiza eventos direcionados ao público<br />
jovem. Entre suas exposições está Vozes<br />
Mundanas, realizada em julho deste ano, com<br />
FOTOS: EDOUARDFRAIPONT; DIVULGAÇÃO<br />
44
a individual do ativista Mundano. “Sua obra se destaca por representar uma<br />
ação social do artista frente às minorias, questões ambientais e ocupação do<br />
espaço urbano”, afirma Marlise Corsato, diretora comercial. “A exposição foi<br />
marcada pela intervenção direta no espaço da galeria, que recebeu pinturas<br />
nas paredes, telas, objetos e instalações.”<br />
Fora do circuito dos Jardins, a Vermelho tem como diferencial o incentivo a novas<br />
ideias e discursos desenvolvidos por artistas emergentes e já estabelecidos.<br />
A galeria está instalada no espaço de três casas de vila que foram reconfiguradas<br />
e restauradas, na rua Minas Gerais, com projeto de Paulo Mendes da Rocha<br />
e José Armênio de Brito Cruz. Os arquitetos transformaram o terreno que as<br />
separa da rua numa praça aberta, diante de uma fachada de 120 m 2 do prédio<br />
principal. Nessa imensa parede, já foram apresentados mais de 100 projetos,<br />
que incluem pinturas, colagens, escavações, projeções e instalações. Entre<br />
seus mais recentes projetos está a Sala Antonio, de projeção, para receber a<br />
produção de artistas que têm atuado na fronteira entre o cinema e as artes<br />
plásticas. Entre os criadores que representa estão Rafael Assef, Dora Longo<br />
Bahia e Carmela Gross.<br />
Integrante da safra mais nova de galerias paulistanas, a Zipper, no mercado<br />
desde 2011, é uma das mencionadas pelo leiloeiro e galerista James Lisboa.<br />
“Está sempre lançando artistas jovens”, diz. Instalada em um projeto do<br />
arquiteto Marcelo Rosenbaum, na rua Estados Unidos, representa artistas<br />
como Adriana Duque e Ricardo Van Steen. Aberta no mesmo ano, a Lume<br />
está na rua Gumercindo Saraiva, no coração do Jardim Europa, numa casa<br />
de arquitetura contemporânea com 400 m 2 . Em seu espaço, recebe palestras,<br />
performances, seminários e apresentações artísticas. Sua proposta é fomentar<br />
o desenvolvimento de processos criativos contemporâneos ao lado de artistas<br />
e curadores. Representa nomes de peso no mercado das artes, como Denise<br />
Milan, Florian Raiss e Gal Oppido.<br />
E se a ideia é desbravar o mundo das artes plásticas em São Paulo e tomar<br />
intimidade com esse rico universo, saiba que além desses 10 bons endereços<br />
a cidade ainda vai te oferecer outras dezenas, em uma forma inesgotável de<br />
beleza, cultura e entretenimento.<br />
SERVIÇO<br />
GALERIA FRENTE<br />
galeriafrente.com.br<br />
GALERIA DE ARTE ANDRÉ<br />
galeriandre.com.br<br />
DAN GALERIA<br />
dangaleria.com.br<br />
GALERIA RAQUEL ARNAUD<br />
raquelarnaud.com.br<br />
LUCIANA BRITO GALERIA<br />
lucianabritogaleria.com.br<br />
GALERIA MILLAN E ANEXO MILLAN<br />
galeriamillan.com.br<br />
BERGAMIN&GOMIDE<br />
bergamingomide.com.br<br />
VERMELHO<br />
galeriavermelho.com.br<br />
EMMATHOMAS<br />
emmathomas.com.br<br />
ZIPPER<br />
zippergaleria.com.br<br />
LUME<br />
galerialume.com<br />
Exposição de Isabelle Borges, na Galeria Emmathomas
| URBANISMO |<br />
O CENTRO<br />
SE REINVENTA<br />
MENOS ESPAÇO, MAIS COMODIDADES. ESSE É O DESAFIO DE QUEM TEM<br />
POR MISSÃO REPAGINAR O LEGADO URBANO DA CAPITAL PAULISTA.<br />
Vera Fiori<br />
FOTOS:ISTOCKPHOTO.COM<br />
46
Quando saiu de Irará, cidade no interior baiano, rumo a São Paulo em meados<br />
de 1960, o cantor e compositor Tom Zé soube expressar muito bem a relação<br />
controversa de amores e dores com a cidade de São Paulo, à época com 8<br />
milhões de habitantes contra os atuais 12,2 milhões.<br />
“São 8 milhões de habitantes/aglomerada solidão/por mil chaminés e carros<br />
caseados à prestação/porém com todo defeito/te carrego no meu peito”, canta o<br />
baiano na metrópole. O cantor e muitos outros que aqui chegaram se defrontaram<br />
com o vaivém dos automóveis, a pressa, a falta de tempo e o mosaico urbano que<br />
se caracterizava pelos contrastes. A nova fotografia da cidade, principalmente do<br />
velho Centro, começou a ser desenhada na primeira metade do século passado.<br />
Novas áreas comerciais, financeiras e, também, imponentes arranha-céus foram<br />
aos poucos tomando o espaço, já ocupado por casas de chá, polos educacionais de<br />
prestígio como o colégio estadual Caetano de Campos, a Faculdade de Direito no<br />
Largo São Francisco e escritórios de renome, como o de Ramos de Azevedo, na Rua<br />
Boa Vista. A região central impulsionou o mercado imobiliário. Até hoje imóveis<br />
localizados em edifícios icônicos da arquitetura paulistana são disputadíssimos.
Praças das Artes e Estação da Luz: tradição e arte<br />
no DNA da região central.<br />
Paulatinamente, após 1950, decresce sua importância<br />
econômica e demográfica. O percurso da primazia<br />
urbana foi do Centro para a Paulista nos anos 1960-1970<br />
e para a Faria Lima e a Berrini/Marginal em tempos mais<br />
recentes. Entretanto, a situação está se revertendo.<br />
Segundo estudos de urbanistas, a partir de 2010, o Centro<br />
expandido voltou a crescer. O estímulo ao adensamento<br />
de regiões consolidadas da cidade bem servidas de<br />
infraestrutura urbana e próximas a corredores de<br />
transporte coletivo de massa acarretou um aumento no<br />
valor de imóveis e terrenos. Houve uma intensificação<br />
na construção de novos edifícios nos principais distritos<br />
municipais da região central.<br />
Vale ressaltar que até 1970 São Paulo foi crescendo em<br />
ritmo acelerado, sem uma política urbana definida para<br />
orientar a ocupação e garantir a qualidade de vida de seus<br />
habitantes. Somente em 1972 surgia o Plano Diretor de<br />
Desenvolvimento Integrado (PDDI), primeiro do gênero a<br />
disciplinar o crescimento da cidade, bem como estipular<br />
rumos para o delineamento urbano.<br />
Foi justamente no fim dos anos 1970 que o Centro começou<br />
a perder sua atratividade, seja pela transferência das<br />
instituições financeiras para outras regiões da cidade,<br />
seja pelo aumento da degradação e violência na região.<br />
No vaivém de gestões municipais, vários projetos para<br />
recuperar áreas degradadas no Centro da capital não<br />
foram adiante. O inconformismo dos paulistanos, contudo,<br />
era grande. Como fechar os olhos para uma região rica<br />
em arquitetura, cheia de história e muito bem servida de<br />
transporte público? A pergunta atravessou praticamente<br />
duas décadas sem resposta, até que, por volta dos anos<br />
2000, a realidade começou a mudar. Devagarinho, é certo,<br />
mas começou.<br />
Entre as ações positivas que atraíram novos frequentadores<br />
para o Centro está a Praça das Artes, um complexo<br />
cultural que promove apresentações e exposições ligadas<br />
a música, dança e teatro. A construção em forma de<br />
“T” liga a rua Conselheiro Crispiano à avenida São João<br />
e ao Vale do Anhangabaú, contornando o antigo prédio<br />
tombado do Conservatório Dramático e Musical de São<br />
Paulo. O projeto leva a assinatura do arquiteto Marcos<br />
Cartum, do Núcleo de Projetos de Equipamentos Culturais<br />
da Secretaria da Cultura, e do escritório paulistano<br />
Brasil Arquitetura.<br />
Soma-se ao resgate das atividades culturais a criação de<br />
novos espaços de convívio, como o proposto pelo projeto<br />
Centro Aberto, iniciado em 2014, que instalou várias<br />
estruturas com decks, paisagismo e wi-fi em diferentes<br />
pontos do centro, a exemplo do Largo do Paissandu.<br />
Aos poucos, velhos endereços da boa gastronomia<br />
FOTOS: NELSON KON; ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />
48
foram atraindo antigos e novos frequentadores, como o<br />
Itamarati, desde 1946 no Largo São Francisco, e o Carlino,<br />
fundado em 1881, que já passou por três endereços,<br />
todos no Centro, e hoje funciona na Praça da República.<br />
Sem contar o tradicional Bar Brahma, instalado há anos<br />
na mais cantada das esquinas paulistanas – Ipiranga x<br />
São João –, e o sofisticado La Casserole, um clássico do<br />
Largo do Arouche desde 1954.<br />
E por falar em Largo do Arouche, a revitalização da área<br />
está prevista para ser concluída em meados de 2019. Além<br />
da reconstrução do Mercado das Flores, o projeto prevê<br />
a instalação de quatro quiosques, ampliação do espaço<br />
público até a calçada do La Casserole e da Academia<br />
Paulista de Letras. O projeto foi doado pelo escritório de<br />
arquitetura francês Triptyque, e prevê, ainda, reúso de<br />
água da chuva para regar as plantas e painéis fotovoltaicos<br />
para dar autonomia de energia quase total ao Arouche.<br />
FOCO NA PRATICIDADE<br />
Aos poucos o Centro foi ganhando mais vida, mais<br />
moradores. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de<br />
Geografia e Estatística) revelam que entre 2001 e 2017<br />
a população dos distritos da Sé e República cresceu<br />
27%, enquanto no resto da cidade o índice foi de 12%.<br />
A população saltou de cerca de 370 mil pessoas no<br />
início da década de 2000 para mais de 460 mil no ano<br />
passado. Uma resposta a uma oferta maior de moradias,<br />
de hotelaria e a um novo respiro de vida do Centro.<br />
De acordo com o Secovi, quase 10 mil novas unidades<br />
habitacionais foram lançadas a partir do ano 2000,<br />
a grande maioria nos últimos sete anos. As regras de<br />
construção, porém, são outras. As famílias encolheram.<br />
Há os solteiros e descasados que moram sozinhos,<br />
estudantes, executivos, aposentados e também jovens<br />
no começo da vida profissional que, em muitos casos,<br />
enxergam a região central como um excelente e prático<br />
lugar para se viver.<br />
Para atender esse público surge um novo jeito de morar<br />
em que a praticidade se sobrepõe à falta de espaço.<br />
Segundo levantamento do Secovi-SP, de janeiro a agosto<br />
deste ano houve 6.853 lançamentos imobiliários com<br />
até 45m 2 de área útil, superando os apartamentos de 1<br />
dormitório com 2.999 lançamentos no mesmo período.<br />
A região central da cidade talvez seja o lugar que mais<br />
assista à chegada dos novos lançamentos imobiliários<br />
de alto padrão com áreas que variam de 18 m 2 a 49m 2 .<br />
Isso mesmo, a partir de 18 m 2 .<br />
A <strong>Setin</strong> há tempos vem acompanhando essa transformação<br />
tanto na região central quanto em outros bairros da<br />
capital, sendo uma das primeiras a erguer por lá edifícios<br />
<strong>Setin</strong> Downtown Genebra, <strong>Setin</strong> Downtown República e <strong>Setin</strong> Downtown<br />
São Luiz (de cima para baixo): um novo jeito de viver no Centro.
Corredor verde do Minhocão soma quase 5 mil m2 de jardins verticais.<br />
modernos, eficientes, que atendam às necessidades do novo<br />
perfil de morador. A maioria na linha dos chamados studios<br />
- apartamentos compactos sem divisórias entre quarto, sala<br />
e cozinha – uma tendência mundial. Entre eles, a linha <strong>Setin</strong><br />
Downtown Praça da República, <strong>Setin</strong> Downtown Luz, <strong>Setin</strong><br />
Downtown Sé, <strong>Setin</strong> Downtown Genebra e <strong>Setin</strong> Downtown<br />
São Luiz, <strong>Setin</strong> Downtown Brigadeiro e o <strong>Setin</strong> Downtown<br />
São João. Inspirados nos studios de Londres, Nova Iorque<br />
e Tóquio, os imóveis compactos estão em pontos bem<br />
localizados e compensam o pouco espaço oferecendo áreas<br />
compartilhadas como coworking, lavanderia, lounge, fitness,<br />
bicicletário, entre outras.<br />
O engenheiro e professor Kurt Amann, coordenador do<br />
curso de Engenharia FEI, analisa que os apartamentos<br />
compactos não necessariamente reduzem o custo individual<br />
da moradia, pois ao mesmo tempo que são menores, – e<br />
isso permite mais unidades no mesmo edifício –, as regiões<br />
onde estão localizados são altamente valorizadas, também<br />
por conta do transporte público de que dispõem. “Além de<br />
manter o atendimento básico às necessidades dos usuários,<br />
o compartilhamento remete às mudanças culturais urbanas,<br />
em que a convivência passa a ganhar mais importância<br />
sobre a individualidade e a privacidade”, declara Amann. “As<br />
pessoas estão dispostas a pagar mais pelo metro quadrado<br />
para morar perto do trabalho e do transporte público”.<br />
ESCALADA VERDE<br />
Se por um lado o Centro atrai pelas construções, pela<br />
história, bons endereços gastronômicos e infraestrutura<br />
de transportes, por outro, ainda deixa a desejar quando<br />
o assunto é preservação do verde. Na região central da<br />
cidade, São Paulo tem apenas 2,6 m 2 de área verde por<br />
habitante, enquanto o recomendado pela Organização<br />
Mundial da Saúde é de, no mínimo, 12 m 2 .<br />
Diante dessa realidade, a capital paulista abraçou o<br />
conceito de corredor verde, que busca instalar jardins<br />
verticais em boa parte das empenas cegas dos edifícios,<br />
o que possibilitará a criação de 2.800 m 2 de novas áreas<br />
verdes, sem a necessidade de ocupar qualquer espaço<br />
horizontal. O projeto faz parte do trabalho de revitalização<br />
do Centro e começou em 2013, com o paisagista Guil<br />
Blanche, que defendia nas redes sociais os jardins<br />
verticais como meio de transformação da cidade. “Além<br />
da estética e do conforto visual para os moradores, as<br />
plantas são capazes de reduzir o nível de poluição do ar,<br />
com a filtragem de CO 2<br />
, de NOx (óxido de nitrogênio) e do<br />
material particulado, emitidos pelos escapamentos dos<br />
automóveis”, afirma Blanche. O projeto piloto foi feito no<br />
mesmo ano, quando ele revestiu a empena cega de um<br />
edifício na região do Minhocão.<br />
FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />
50
Em 2015 teve início a construção do Corredor Verde do<br />
Minhocão, que soma quase 5 mil m 2 de jardins verticais.<br />
O primeiro foi instalado no Edifício Hubs, na Rua Helvétia.<br />
Em 2016, sete empenas cegas estavam revitalizadas, com a<br />
ajuda de artistas nacionais e internacionais convidados para<br />
desenhar os jardins. Entre elas, a do Edifício Bonfim, na rua<br />
General Julio Marcondes Salgado, com cerca de 1.500 m 2<br />
e 83 mil mudas. Foi considerado na época o terceiro maior<br />
jardim vertical do mundo e o maior da América Latina. O<br />
corredor verde do Minhocão permitiu que mais de 62,5<br />
toneladas de material fossem reciclado.<br />
A manutenção dos jardins verticais é simples, feita com<br />
adubações diretamente na irrigação e, a cada dois meses<br />
realiza-se o controle de pragas e limpeza fitossanitária. Vale<br />
observar que a irrigação adota água de reúso que circula<br />
no jardim, reaproveitando a chuva recolhida. A empresa<br />
responsável pela implementação do jardim é encarregada<br />
pela sua manutenção nos primeiros seis meses. Depois<br />
disso, de acordo com o Decreto 56.630, a iniciativa privada<br />
adota os jardins para mantê-los.<br />
Segundo o paisagista, os efeitos provocados pelos jardins<br />
verticais são sentidos rapidamente. Em regiões centrais,<br />
onde não há espaço para plantio de árvores, eles contribuem<br />
para reduzir a temperatura, a poluição sonora e do ar.<br />
Em relação à saúde pública, ajudam a reduzir o estresse,<br />
problemas cardíacos e respiratórios, entre outros.<br />
NOVAS INTERVENÇÕES, NOVA REALIDADE<br />
Não é preciso puxar muito pela memória para confirmar<br />
que os projetos dispostos a recuperar áreas degradadas<br />
no Centro se multiplicaram nos últimos anos. Poucos<br />
avançaram. O desafio, porém, continua. Nesse sentido,<br />
um novo e ambicioso plano de revitalização está em curso.<br />
Doado há um ano à Prefeitura pelo Secovi-SP, o projeto<br />
Novo Centro faz parte do Plano de Intervenção Urbana –<br />
PIU e abrange as áreas da República, Santa Cecília, Praça<br />
Júlio Prestes, Luz, Arouche, Mercado Central, Parque D.<br />
Pedro e Praça Roosevelt. Elaborado pelo escritório do<br />
arquiteto e urbanista Jaime Lerner, o estudo foca numa<br />
melhor qualidade de vida e convívio na região.<br />
O projeto prevê grandes avenidas transformadas em<br />
bulevares como a Rio Branco e a Duque de Caxias, maior<br />
verticalização com torres que mesclam moradia, escritórios<br />
e comércio nos andares baixos, áreas de convivência<br />
próximas às estações do metrô e ainda estímulo aos polos<br />
de economia criativa, como moda, gastronomia, música,<br />
artes e multimídia. Também em pauta, um novo tipo de<br />
transporte feito por um veículo elétrico, o Circular Centro,<br />
interligando os principais pontos de serviços, cultura<br />
e turismo. Parte do aporte financeiro viria da iniciativa<br />
privada e fundos de investimentos. A operação poderá<br />
render cerca de R$ 1 bilhão de arrecadação apenas com a<br />
venda do potencial construtivo para as construtoras.<br />
De acordo com a Prefeitura, o projeto foi objeto de consulta<br />
pública para a população entre os meses de julho e agosto<br />
deste ano. A expectativa é de que seja encaminhado à Câmara<br />
Municipal até 2019, para uma nova rodada de discussão com<br />
a sociedade e, posteriormente, obter autorização legislativa<br />
para executar o projeto.<br />
Para Emilio Rached Esper Kallas, vice-presidente de<br />
Incorporação e Terrenos-SP Urbanos do Secovi, projetos<br />
desse porte são importantes para resgatar o antigo<br />
prestígio do Centro, querido pelos paulistanos. “Uma<br />
vez revitalizado, o Centro atrairia bons restaurantes,<br />
padarias, escritórios, serviços,” afirma. “As pessoas<br />
precisam se sentir seguras para andar a pé à noite,<br />
quando a cidade fica deserta”.
| NEGÓCIOS |<br />
A TECNOLOGIA<br />
CHEGA AO CANTEIRO<br />
DE OBRAS<br />
COM PROPOSTAS DISRUPTIVAS, CONSTRUTECHS PROMETEM<br />
REVOLUCIONAR O MERCADO DE CONSTRUÇÃO CIVIL, IMPRIMINDO<br />
AO SETOR MELHORIA NO NÍVEL DE PRODUTIVIDADE<br />
Katia Simões<br />
Criada em Belo Horizonte, MG, a Construct, que agrega<br />
tecnologia à medição física das obras, foi apontada em<br />
2017 como uma das 100 startups mais inovadoras do<br />
mundo na transformação da indústria da construção civil, pela<br />
consultoria americana CB Insights. A startup é responsável<br />
pela criação de um sistema que permite gerir toda a evolução<br />
das obras de qualquer lugar, pela tela do smartphone ou do<br />
computador. Ou seja, agrega tecnologia à medição física das<br />
obras, uma das tarefas que mais consomem tempo, uma<br />
média de 100 horas/mês por homem.<br />
Com foco em gestão de obras e equipes, a tecnologia,<br />
batizada Construct App, permite adicionar plantas, imagens,<br />
criar tarefas e checklists, enviar relatórios personalizados.<br />
Possibilita, ainda, a integração de toda a equipe ao sistema,<br />
atribuindo responsabilidades, prazos e acompanhando<br />
de perto a execução de todas as atividades. A tecnologia<br />
entrou em operação há dois anos, depois de muitos testes e<br />
investimentos da ordem de R$ 1 milhão. Primeiro era focada<br />
nas grandes construtoras, hoje é voltada às pequenas e<br />
médias empresas. Soma 80 clientes em carteira.<br />
“Uma medição ineficiente pode trazer grandes prejuízos<br />
para a empresa”, afirma Drew Beaurline, sócio-fundador. “A<br />
medição é a principal ferramenta de controle de um projeto,<br />
e mesmo assim, na maioria das obras, é ainda feita à mão.”<br />
Americano de nascimento, em 2013 ele trocou a Califórnia<br />
por Belo Horizonte, com o objetivo de tirar sua startup do<br />
papel. Na época, a capital mineira oferecia um programa<br />
de capital semente para empresas nascentes. Beaurline<br />
resolveu arriscar. “O Brasil tem grandes problemas de<br />
infraestrutura e grandes problemas geram oportunidades”,<br />
afirma. De fato, geraram. A Construct Latam saiu do<br />
papel, com a ajuda de investidores anjos e programas de<br />
aceleração. O trabalho, segundo o empresário, apenas<br />
começou. A meta é ser a maior empresa de medição do<br />
país em um futuro não muito distante.<br />
Espalhadas por 21 países, as<br />
construtechs movimentaram US$ 735<br />
milhões em 2017, o equivalente a<br />
R$ 2,4 bilhões<br />
A Construct é um bom exemplo de um novo modelo de<br />
startups que começa a ganhar fôlego em países como<br />
Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Índia,<br />
Austrália, Holanda, Inglaterra, Suécia, Israel, Chile e,<br />
também, no Brasil. Trata-se das construtechs, criadas<br />
com o propósito de resolver os problemas e os anseios<br />
do setor da construção civil e de toda a cadeia produtiva.<br />
FOTO: ISTOCKPHOTO.COM<br />
52
ESPALHADAS<br />
PELO BRASIL<br />
São Paulo reúne o maior número<br />
de construtechs do país<br />
Fonte: Construtech Ventures<br />
A indústria da construção civil perde produtividade há duas décadas e começa a buscar na tecnologia uma<br />
saída para diminuir perdas, ganhar tempo e diminuir os custos no canteiro de obras.
Drew Beaurline, sócio-fundador da Construct:<br />
única startup brasileira no ranking das<br />
100 mais inovadoras na transformação da<br />
construção civil, segundo a consultoria<br />
americana CB Insights<br />
Marcia Monteiro, sócia-fundadora da<br />
Upik: disposição para democratizar o<br />
acesso à arquitetura desde os tempos<br />
da universidade.<br />
Sugata Rodrigues, fundador da Indica Obra:<br />
qualificação de fornecedores e curadoria ajuda<br />
consumidor a contratar mão de obra para<br />
construção civil via internet.<br />
STARTUPS TRABALHAM PARA DEMOCRATIZAR<br />
O ACESSO À ARQUITETURA<br />
Se para as grandes construtoras o processo de gestão<br />
do canteiro de obras já é difícil, imagine para os pobres<br />
mortais, que pouco ou nada entendem do ramo. Pois é com<br />
o objetivo de deitar por terra o estigma de que obra é sempre<br />
motivo de dor de cabeça que muitas construtecs têm criado<br />
plataformas que ligam fornecedores de produtos e serviços<br />
a consumidores num mesmo espaço. Os sistemas, que<br />
estão cada vez mais fáceis de serem acessados, seja pelo<br />
computador, seja pelo celular, vêm ganhando mais adeptos.<br />
Um bom exemplo dessa nova proposta é a startup Indica<br />
Obra, um portal que entrou em operação há dois anos,<br />
oferecendo uma lista de fornecedores de serviços e produtos<br />
para construção civil, arquitetura e decoração, previamente<br />
selecionados. “Os fornecedores cadastram o preço unitário<br />
que praticam no mercado, o que gera a estimativa do custo<br />
da obra no momento em que o cliente solicita a proposta”,<br />
diz Sugata Rodrigues, CEO e fundador da startup.<br />
“A proposta formal é enviada em até 48 horas, o que garante<br />
agilidade e a certeza da realização da obra, porque todo o<br />
pagamento é feito online, assim como o acompanhamento<br />
de todas as fases do trabalho.”<br />
Rodrigues observa que com o mínimo de gestão é possível minimizar<br />
muito os transtornos, assim como economizar tempo<br />
e dinheiro. Atualmente, são 70 fornecedores cadastrados<br />
na capital paulista e Grande São Paulo, que pagam à Indica<br />
Obra uma anuidade de R$ 300, após a contratação do primeiro<br />
serviço. A construtech também recebe um percentual sobre o<br />
valor contratado. O tíquete médio é de R$ 12 mil, pois se trata<br />
de pequenas obras e não de reformas. A meta é chegar a 2 mil<br />
contratos por mês até 2020.<br />
Para a arquiteta Marcia Monteiro, democratizar o acesso<br />
à arquitetura é um desafio que ela assumiu ainda na<br />
universidade. A Upik nasceu em 2016, em São Paulo,<br />
como um escritório de arquitetura montado em um<br />
trailer, que percorria a cidade realizando projetos de até<br />
100 m 2 . A consultoria era cobrada por hora e o valor<br />
variava conforme o serviço prestado. Foram 130 projetos<br />
realizados. O modelo migrou do físico para o digital,<br />
durante o processo de aceleração pela ACE em 2017.<br />
O interessado reserva no site um horário para obter uma<br />
consultoria personalizada com um arquiteto. Paga R$ 89<br />
por hora. “Tudo é muito simples e rápido”, diz Marcia.<br />
“Enquanto os escritórios tradicionais demoram entre<br />
10 e 30 dias para fazer o projeto com orçamento, nós<br />
entregamos em duas horas”, afirma. A metodologia<br />
criada pela Upik permite que os ajustes sejam feitos<br />
durante a própria concepção do projeto. A proposta está<br />
bem avaliada, alcançando índices superiores a 85%,<br />
garante a empreendedora.<br />
Em paralelo, a Upik firmou parceria com redes de<br />
varejo do porte de Telhanorte, C&C e Leroy Merlin para<br />
prestar consultoria aos clientes. “Nosso maior desafio<br />
é driblar o tradicionalismo, que ainda é muito forte na<br />
área de arquitetura”, diz Marcia. “Até mesmo os grandes<br />
varejistas demoram para assimilar a tecnologia, que é<br />
muito disruptiva.” Em pouco mais de um ano e meio de<br />
operação no novo formato, a startup realiza uma média<br />
de 1.800 horas de atendimento por mês, com uma base<br />
de 20 arquitetos remunerados por hora/atendimento.<br />
Mas o objetivo é chegar a 52.800 horas/mês até 2020.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
54
São empresas inovadoras, que estão<br />
agregando tecnologia em áreas que<br />
vão de gerenciamento de projetos a<br />
controle de suprimentos no canteiro<br />
de obras, passando por composição de<br />
preços, controle de orçamentos e até<br />
de perdas e resíduos. Espalhadas por 21 países, movimentaram US$ 735<br />
milhões em 2017, o equivalente a R$ 2,4 bilhões. Segundo Bruno Loreto,<br />
especialista em mercado de tecnologia para a indústria da construção civil,<br />
até 2050 as construtechs influenciarão todas as etapas da obra, do projeto e<br />
processo de compras até a manutenção predial depois da entrega.<br />
25% das empresas ligadas à construção no<br />
mundo já perceberam a necessidade de<br />
investir em tecnologia para elevar a produtividade<br />
Antecipando essa realidade e inconformado com a pouca disposição do<br />
setor em mudar processos e se modernizar, Ivan Alberti, engenheiro civil<br />
de formação, arregaçou as mangas e tirou do papel o projeto de uma nova<br />
startup na área. “Eu nunca consegui entender por que um departamento<br />
como o de compras, que concentra 50% dos custos de uma obra, ainda<br />
realiza suas cotações de preços de forma tão arcaica, via e-mail ou telefone,<br />
atrasando as cotações e o fechamento dos pedidos”, afirma o empresário.<br />
No fim de 2015, ele decidiu participar de uma competição em Florianópolis,<br />
SC, que visava selecionar ideias que pudessem ser transformadas em<br />
negócio. “Fomos selecionados, o que nos deu um bom impulso para<br />
criar a Conaz, plataforma que conecta as duas pontas, o construtor<br />
e o fornecedor; e revolucionar a compra de todos os insumos para<br />
construção”, lembra.<br />
O processo é simples. O construtor preenche os requisitos técnicos do<br />
insumo que deseja comprar e as informações comerciais (condições<br />
de pagamento, quantidade, prazo de entrega). Depois, seleciona os<br />
fornecedores para os pedidos de cotação online. “Com as múltiplas<br />
cotações é possível economizar até 25% no custo do material e reduzir<br />
em 30% o tempo de cotação”, afirma Alberti. Atualmente, a startup –<br />
que recebeu aportes de investidores anjo e foi acelerada pela ACE –<br />
conta com 80 clientes, a maioria pequenas e médias construtoras do<br />
Paraná e Santa Catarina, num total de 150 obras. Realizou mais de 5,1<br />
mil cotações e transacionou cerca de R$ 80 milhões em dois anos. A<br />
sociedade cresceu, hoje é formada por quatro sócios: Alberti, Renan<br />
Lecheta, Marcus Felipe Nuremberg e Luís Paulo Magalhães. Segundo<br />
eles, a meta é chegar a 1.500 obras mensais até 2020 e transacionar<br />
cerca de R$ 7,5 milhões por ano.<br />
DISTRIBUIÇÃO<br />
DESIGUAL<br />
Concentração nas regiões<br />
Sudeste e Sul<br />
Fonte: Construtech Ventures
O mercado é mesmo promissor. Nada<br />
menos do que US$ 57 trilhões é o valor<br />
que deverá ser gasto em infraestrutura<br />
no mundo até 2030, para acompanhar<br />
o crescimento do PIB global, de<br />
acordo com levantamento feito pela<br />
consultoria McKinsey. Uma cifra de peso que sinaliza<br />
um mar de oportunidades para o setor da construção<br />
civil. Mas, que, ao mesmo tempo, apresenta-se como um<br />
desafio gigantesco, pois exige uma mudança grande no<br />
uso da tecnologia como ferramenta de melhores práticas e<br />
aumento da produtividade.<br />
Batizado “Reinventando o setor da construção por meio de<br />
uma revolução na produtividade”, o estudo da McKinsey<br />
revela que, globalmente, a produtividade da construção<br />
não acompanha a de outros setores da economia. Em<br />
média, cresce 1%, enquanto a indústria da tecnologia, por<br />
exemplo, cresce 3,6% no mesmo período. De acordo com<br />
a consultoria, esse gap na produtividade gera um impacto<br />
de US$ 1,6 trilhão na economia mundial, ou seja, se a<br />
produtividade da construção alcançasse os mesmos níveis<br />
das demais áreas, agregaria um crescimento de 2% ao ano<br />
na economia mundial, além do que é registrado hoje. O<br />
estudo destaca, ainda, que, globalmente, 25% das empresas<br />
ligadas à construção já perceberam a necessidade de<br />
investir em tecnologia para elevar a produtividade.<br />
71% das 354 startups de construção e mercado<br />
imobiliário atuantes no Brasil nasceram nos<br />
últimos cinco anos, sendo 55% de 2015 para cá<br />
Para virar esse jogo muitos países têm investido alto nas novas<br />
construtechs. Nos Estados Unidos os aportes já somam mais<br />
de US$ 1 bilhão. Os resultados não demoraram a aparecer.<br />
Um bom exemplo é a Doxel, que com um investimento de US$<br />
4,5 milhões fabricou um robô batizado de “mestre de obras do<br />
futuro”. Ele rastreia todo o canteiro de obras e faz a conferência<br />
das áreas construídas para ver se foram executadas de<br />
acordo com o projetado. Também calcula quanto um eventual<br />
retrabalho custará no orçamento da obra e qual o impacto no<br />
cronograma. Tudo sem interferência humana. O robô repassa<br />
os dados para um software, que compara as informações de<br />
acordo com o especificado em projeto.<br />
O mestre de obras do futuro já entrou em ação. Em 2017,<br />
auxiliou na construção de um prédio corporativo em San<br />
Diego, na Califórnia. De acordo com a Doxel, o equipamento<br />
atuou por quatro horas e meia, todos os dias, e ajudou a<br />
obra a obter um aumento de 38% na produtividade de mão<br />
de obra e a reduzir o orçamento em 11%.<br />
HORA DE SOMAR FORÇAS<br />
No Brasil, o movimento de apoio à criação de novas<br />
construtechs também começa a acontecer. Um dos pioneiros<br />
nessa direção é o Construtech Ventures, braço de capital<br />
de risco do Grupo Softplan, com sede em Santa Catarina.<br />
Transformou-se no primeiro venture builder – fundo que<br />
constrói startups usando recursos próprios – totalmente<br />
focado no setor de construção e imobiliário. Investe entre<br />
R$ 500 mil e R$ 2 milhões em cada projeto de impacto<br />
real no setor. “Detectamos as oportunidades e buscamos<br />
empreendedores para juntos transformarmos ideia em<br />
negócio escalável”, afirma George Lodygensky, especialista<br />
em investimentos do Construtech Ventures.<br />
É do venture builder catarinense a primeira pesquisa sobre<br />
o setor no Brasil, que mapeou em junho de 2018 nada menos<br />
do que 354 startups de construção e mercado imobiliário<br />
atuantes no país. “Dessas, 71% nasceram nos últimos cinco<br />
anos, sendo 55% de 2015 para cá”, afirma Lodygensky.<br />
“O que prova que o segmento está crescendo rapidamente.”<br />
Ele observa que assim como aconteceu na área financeira<br />
e no agronegócio, as grandes empresas do setor estão<br />
procurando se aproximar das startups a fim de acelerar o<br />
processo de inovação e diminuir seus gargalos.<br />
Em 2017, a Andrade Gutierrez deu início ao desenvolvimento<br />
de um projeto de inovação. Além de realizar o Digital Day, a<br />
empreiteira criou o Vetor AG, um programa de incubação e<br />
aceleração corporativa. Em junho deste ano, o Okara Hub,<br />
programa de aceleração focado em startups dos setores<br />
imobiliário, construção civil e engenharia, realizou o primeiro<br />
processo seletivo, do qual participaram 100 construtechs. O<br />
programa resulta da parceria do fundo latino-americano<br />
Nxtp Labs com as empresas Engeform, Grupo GPS, Temon e<br />
Athié Wohn. Na mesma linha, funciona a MitHub, associação<br />
de inovação e tecnologia do mercado imobiliário e da<br />
construção civil, criada para ajudar as empresas do setor na<br />
transformação digital. O hub conta com apoio do Grupo Zap<br />
e Construtech Ventures, entre outros.<br />
FOTO: ISTOCKPHOTO.COM<br />
56
LANÇAMENTO<br />
O LIFESTYLE INSPIRA.<br />
A VIDA NÃO PARA.<br />
O Brooklyn Studios<br />
não poderia estar em<br />
melhor lugar, a um passo<br />
do metrô Brooklin, entre<br />
a Marginal Pinheiros,<br />
Berrini, Aeroporto de<br />
Congonhas e o corredor<br />
norte-sul. Perfeito para<br />
o estilo de vida moderno<br />
e prático.<br />
Av. Roque<br />
Petroni<br />
Av. Santo<br />
Amaro<br />
STUDIOS<br />
22m<br />
2<br />
BROOKLYN STUDIOS<br />
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feriados. Creci: J 2599-9. Registro de Incorporação R.1, Matrícula 262.980, 15º Cartório de Registro de Imóveis de São Paulo/SP. Data do registro: 25/09/2018. Qualquer venda estará sujeita ao pagamento do valor correspondente à<br />
intermediação imobiliária e as respectivas comissões decorrentes deverão ser descontadas do preço de venda constante na proposta a ser assinada pelo comprador. Imagem meramente ilustrativa.
| ESTILO |<br />
LOUCOS<br />
POR VESTÍVEIS<br />
COM ESTIMATIVAS DE 500 MILHÕES DE UNIDADES VENDIDAS<br />
JÁ EM 2021, OS WEARABLES – OU SIMPLIFICADAMENTE<br />
ACESSÓRIOS INTELIGENTES – GANHAM ESPAÇO NO COTIDIANO<br />
DOS APAIXONADOS POR TECNOLOGIA<br />
Katia Simões<br />
FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; DIVULGAÇÃO<br />
58
Imagine o que aconteceria se as pessoas pudessem gravar<br />
todos os momentos das suas vidas e rever as próprias<br />
memórias. Esse foi o tema do episódio “The Entire History of<br />
You”, da série Black Mirror, produzida pela Netflix. Na ficção<br />
a tecnologia antecipava o futuro de uma maneira sombria<br />
por meio da adoção de lentes biônicas. Na realidade,<br />
embora ainda não seja possível fazer o mesmo, os avanços<br />
tecnológicos caminham nessa direção. A prova está na<br />
criação de dispositivos como o Spetacles, do Snapchat. Tratase<br />
de um óculos de sol equipado com uma câmera que pode<br />
gravar até 10 segundos de vídeo. Ou, ainda, nas lentes que<br />
estão sendo desenvolvidas pela Microsoft e pela Samsung em<br />
parceria com o Google, que utilizam microcâmeras bem em<br />
cima da íris. Quando acionadas, poderão projetar imagens<br />
e vídeos diante dos olhos, conectando-se via bluetooth à<br />
internet e ao smartphone, que funcionará como o controle<br />
remoto das lentes. A expectativa é de que se tornem comuns<br />
em 2026, portanto em menos de uma década.<br />
As inovações fazem parte de uma nova linha de produtos<br />
batizados de wearables, ou em português, vestíveis. São<br />
roupas, calçados e acessórios que podemos carregar<br />
junto ao corpo, que vão muito além de mostrar as<br />
horas, atender uma ligação ou proteger dos efeitos dos<br />
raios UV. Transformaram-se no sonho de consumo dos<br />
apaixonados por tecnologia, inclusive no Brasil. Embora<br />
desconhecidos da maioria da população, os wearables<br />
já movimentam bilhões. De acordo com a consultoria<br />
Gartner, só em 2018 serão comercializadas 347 milhões<br />
de unidades, volume que saltará para mais de 500<br />
milhões em 2021, com vendas em 2018 da ordem de US$<br />
19 bilhões ao redor do mundo.<br />
A computação vestível surgiu na década de 1980 no meio<br />
acadêmico, mas só ganhou as ruas em 2012, com o Google<br />
Glass, óculos inteligentes criado pelo Google. Em apenas seis<br />
anos, a evolução foi imensa. Tanto os óculos quanto as lentes<br />
de contato passaram a utilizar a tecnologia da realidade<br />
aumentada, que sobrepõe informações virtuais sobre as<br />
imagens do mundo real. Mas foram os relógios, sem dúvida,<br />
que primeiro despertaram a atenção e o desejo de consumo.<br />
Lá se vão oito anos desde que o empresário Erik Cavalheri,<br />
à frente de mais de 30 franquias das marcas O Boticário,<br />
New Era, Sunglass Hut e Quem Disse Berenice, adquiriu seu<br />
primeiro vestível em uma viagem ao exterior. “Tinha GPS,<br />
mapeava a corrida e era uma super novidade na época”<br />
lembra. “Hoje virou peça de museu.” A tecnologia foi evoluindo<br />
e o empresário foi colecionando cada vez mais vestíveis. Usou<br />
uma versão da Nike, que media a frequência cardíaca, vinha<br />
acoplado a uma cinta e se tornou ultrapassado rapidamente, e<br />
uma pulseira inteligente, usada só para a prática de exercícios<br />
físicos. Atualmente, não se separa de uma versão de relógio<br />
de última geração, “que permite até ver as horas”, afirma em<br />
meio a risadas.<br />
Com o novo brinquedo tecnológico, ele pode fazer pagamentos,<br />
ouvir música sem a necessidade de fone de ouvido, abrir a<br />
Google Glass<br />
Óculos Samsung Gear Vr 3d de<br />
Realidade Virtual e com controle<br />
porta de casa, conferir as mensagens das redes sociais,<br />
monitorar a frequência cardíaca e as atividades físicas.<br />
“O problema é que a carga da bateria não dura mais de um dia, o<br />
que me sinaliza que está na hora de comprar uma versão mais<br />
atualizada, com maior durabilidade”, afirma, comentando que<br />
acabou de adquirir por curiosidade um modelo chinês, por<br />
apenas US$ 40, que até permite conversações por Skype.<br />
A gigante americana, apenas em 2017, vendeu aproximadamente<br />
17,7 milhões de relógios inteligentes, o que<br />
equivale a 15,3% do mercado de wearables. A empresária<br />
Dilma Campos – que viveu a passarinha Patativa, no Castelo<br />
Ra-Tim-Bum, ainda presente na memória com seu<br />
canto: Passarinho... que som é esse?” – contribuiu para<br />
esse número. CEO da Outra Praia, agência de comunicação<br />
com foco em live marketing, ela garante ser uma<br />
Apple maníaca e uma apaixonada por vestíveis. “Eu sempre<br />
gostei de tecnologia, e quando me deparei com um<br />
relógio que interagia comigo, me lembrando da atividade<br />
física, controlando meu tipo de sono e o tipo de alimentação,<br />
fiquei fascinada”, afirma. “Minha família toda tem<br />
problemas de hipertensão, daí ficar ligada o tempo todo<br />
no que dizem as medições.”
Dilma comenta com entusiasmo que o vestível emite<br />
alertas para ela beber água várias vezes ao dia, sinaliza<br />
quantos copos foram ingeridos e quantos ainda precisam<br />
ser; funciona como agenda eletrônica e ainda controla os<br />
gastos com cartão de crédito. “Tudo isso no pulso, de fácil<br />
acesso e com uma tecnologia muito simples”, reforça.<br />
“Faço até check-in no aeroporto.”<br />
Assim como Dilma, a engenheira de qualidade Luciana<br />
Pontes comprou seu primeiro vestível há pouco mais de<br />
um ano com foco na saúde. Andava muito estressada e<br />
queria monitorar a qualidade do sono. Começou com o<br />
que os apreciadores de wearables chamam de gadgets de<br />
entrada – as pulseiras inteligentes. “Comprei pulseiras de<br />
várias cores nos Estados Unidos, não tiro do pulso para<br />
nada”, afirma. Para se ter uma ideia do quanto a variedade<br />
de pulseiras atrai o usuário, a grife de luxo Tony Burch<br />
lançou um bracelete banhado a ouro para quem desejasse<br />
transformar o rastreador em verdadeira joia eletrônica. As<br />
vendas estouraram.<br />
As pulseiras inteligentes, ou smart bands, monitoram o<br />
usuário por 24 horas, coletando dados diversos como número<br />
de passos, distâncias percorridas, calorias queimadas, horas<br />
dormidas e até a qualidade do sono. Embora ache bastante<br />
interessante, Luciana também vê a tecnologia como algo<br />
um pouco assustador. “Como monitoro as calorias, capturo<br />
as informações nutricionais dos produtos por meio do<br />
QRCode, comecei a receber uma avalanche de publicidade<br />
de comida natural”, afirma. “Trata-se de um verdadeiro<br />
Big Brother para o qual, nós usuários, abrimos as portas.”<br />
Mais acostumada com o novo acessório, ela revela que ao<br />
contrário dos primeiros meses não mais olha os gráficos<br />
de monitoramento cardíaco e do sono a cada minuto. “No<br />
começo, a primeira coisa que eu fazia ao acordar era conferir<br />
o gráfico do sono”, diz. “Hoje estou mais tranquila.”<br />
Apple Watch série 4 recebeu melhorias no<br />
leitor de batimentos cardíacos<br />
Ao contrário de Luciana, que enxerga os vestíveis ao mesmo<br />
tempo com atração e receio, o advogado e fundador da<br />
Sociedade São Paulo de Investimentos, Pedro Corino, é um fã<br />
declarado da tecnologia. “Se deixassem, implantaria um chip de<br />
monitoramento de localização no corpo”, afirma com a maior<br />
tranquilidade. Quem acredita que Corino está mais com o pé<br />
na ficção do que na realidade engana-se. O monitoramento da<br />
performance de atletas já vem sendo realizado por rastreadores<br />
físicos. Ele garante que já experimentou praticamente todas<br />
as versões de wearables disponíveis no mercado, está sempre<br />
de olho nos gastos calóricos e na atividade física. “Passei pelo<br />
modelo com GPS e com cinta, mas a percepção da revolução<br />
dos relógios inteligentes veio mesmo com o Apple Watch<br />
1, que me permitia ligar e falar no viva voz”, recorda.<br />
Atualmente, usa os dois modelos com funções diferentes.<br />
No braço esquerdo, um Tag Connected, para controlar os<br />
compromissos e o clima, e no direito, um Samsung Gear<br />
Fit 2 Pro, mais discreto e focado no esporte. “Em ambos<br />
desativei o modo notificação de ligações e mensagens,<br />
para poder trabalhar sem desviar a atenção”, declara. “Mas<br />
constantemente respondo a e-mails curtos.”<br />
O mais novo brinquedo eletrônico de Pedro Corino são os<br />
óculos 3D, tanto para ver filmes – você ganha uma tela<br />
gigantesca, diz – quanto para brincar com o filho. “É diversão<br />
com tecnologia, tem coisa melhor?”, questiona<br />
Muse, tiara para meditação<br />
REVOLUÇÃO NA PRÁTICA DE<br />
ATIVIDADE FÍSICA<br />
Conectados, funcionais e bonitos, os wearables deixaram as<br />
telas do computador para ganhar as passarelas. Ícones da<br />
moda como Paco Rabanne, André Courrèges e Pierre Cardin<br />
sonharam com isso. A inovação tecnológica começou com<br />
o uso da nanotecnologia na composição dos tecidos, que<br />
permitiu o desempenho de funções que vão além do vestir.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
60
é o mais adepto à adoção dos vestíveis. “É difícil encontrar<br />
um corredor que não use um relógio ou uma pulseira, os<br />
wearables mais comuns. Já faz parte da vestimenta”, diz. “Eu<br />
troco de roupa, mas não troco de relógio.” Embora tenha no<br />
pulso todo o controle de sua prática esportiva e indicadores<br />
de saúde, ele ainda não aderiu ao gadget como meio de<br />
pagamento, tarefa que reserva para o celular.<br />
Na visão de Eliezer Silveira Filho, CMO da Stefanini,<br />
multinacional brasileira da área de tecnologia, depois de<br />
passar por um período de modismo, os wearables entram<br />
na fase de servir e facilitar a vida das pessoas. “O vestível<br />
não deve ser algo que gere dificuldade, pelo contrário, veio<br />
para ajudar”, afirma. “Um bom exemplo é o modelo da Apple<br />
com sensor de altura. Se percebe que há uma queda, em<br />
instantes liga para a emergência.”<br />
Ralph Lauren smart t-shirt, a camiseta inteligente da Polo<br />
Tecidos antialérgicos, hidrorrepelentes, antichamas já estão<br />
disponíveis no mercado, e nas vitrines não é difícil achar<br />
edredons anti ácaros e anti odores, camisetas e linha praia<br />
com proteção UV, casacos térmicos e t-shirts que ajudam a<br />
eliminar o suor e manter a temperatura do corpo durante as<br />
atividades esportivas.<br />
O que antes era futuro, agora é realidade. As roupas<br />
esportivas já são capazes de fazer o monitoramento<br />
biométrico dos exercícios físicos por meio de minúsculos<br />
sensores inteligentes nelas embarcados. Conectadas via<br />
bluetooth aos smartphone, mostram, por exemplo, a fadiga<br />
muscular e os níveis de glicose do sangue, sugerindo o<br />
sistema de treinamento mais adequado.<br />
Especialista em treinamento físico, com formação pela<br />
Universidade do Porto, Ronaldo de Oliveira Freitas, é um<br />
adepto convicto dos wearables, principalmente das roupas<br />
esportivas inteligentes. “Além de proporcionar conforto, elas<br />
também ajudam a manter o nível do treinamento”, afirma. “Em<br />
condições de chuva e frio, ajudam a manter a temperatura<br />
corporal, o que permite que eu direcione a minha energia para<br />
o treino e não para buscar aquecimento ou uma roupa seca.”<br />
Com várias camisetas inteligentes no armário, todas com<br />
proteção contra os raios UVA e UVB, ele confessa que tem uma<br />
coleção porque não gosta de repetir a mesma com frequência.<br />
“Mas, se fosse por qualidade e eficiência, bastaria ter apenas<br />
uma que o resultado seria muito positivo.”<br />
Adepto da tecnologia e dos wearables, Eliezer usa também<br />
uma tiara para meditação. Trata-se de um gadged equipado<br />
com sensores que medem a atividade cerebral, conectado<br />
via bluetooth ao celular. “Sou muito agitado, os sensores<br />
emitem dados que permitem avaliar o meu nível de<br />
concentração para meditação”, declara. “Agora consigo<br />
meditar de verdade, coisa que não fazia antes.”<br />
O executivo também adotou sensores para localizar<br />
pequenos objetos como carteiras e mochilas. “Agora minha<br />
carteira é inteligente, por um custo bem baixo, algo em torno<br />
de US$ 15, o preço do sensor”, comemora.<br />
E nem mesmo a realeza britânica escapou da atração pelos<br />
novos brinquedinhos tecnológicos. Recentemente, o príncipe<br />
Harry passou a usar na mão direita uma nova joia. Tratase<br />
do Õura Ring, um novo gadget com inúmeras funções,<br />
entre elas escrever e-mails e fazer transferência online de<br />
dinheiro. No caso de Harry, o vestível ajuda no controle das<br />
horas dormidas. O anel, presente da mulher Meghan Markle,<br />
custa cerca de R$ 3.678.<br />
Para o especialista em tecnologia, embora os wearables<br />
estejam se multiplicando e se tornando cada vez mais<br />
acessíveis e fáceis de usar, ainda é necessário um agregador<br />
geral da captura de dados e informações, papel desempenhado<br />
pelo celular. “Os vestíveis precisam de um hub, um lugar que<br />
conecte todos os sensores”, afirma. “Hoje é o celular, amanhã<br />
pode ser a computação em nuvem.”<br />
Assim como muitos colegas, ele não demorou a usar o<br />
dispositivo com fita peitoral para controle dos batimentos<br />
cardíacos durante os treinamentos. “Era muito incômodo,<br />
porque precisava ficar muito apertada ao peito para<br />
conseguir aferir as medições”, lembra. “Hoje, consigo fazer<br />
o mesmo controle com o uso contínuo de um smart watch.”<br />
Segundo o empresário Alexandre Romero, que pratica corrida<br />
desde 2009 e em 2014 aderiu ao Triatlon, o meio esportivo<br />
Disponível em várias cores, o Õura Ring
| HOTÉIS |<br />
#360ROOM, Hotel Pullmann<br />
62
INOVAÇÃO,<br />
CONFORTO E<br />
PIONEIRISMO<br />
TECNOLOGIAS DE PONTA REVOLUCIONAM O CONCEITO DE<br />
HOSPEDAGEM EM UNIDADES EXCLUSIVAS DA REDE ACCORHOTELS,<br />
AMPLIANDO CONFORTO DE ESTILO COM RECURSOS INUSITADOS<br />
Yara Guerchenzon<br />
Em uma época em que a vida está ligada a dispositivos tecnológicos, cada vez<br />
mais buscamos todas as suas vantagens, para facilitar, simplificar e agregar<br />
maior prazer às nossas experiências. Da mesma forma, para quem viaja a<br />
trabalho por um curto período de tempo ou por semanas, durante as férias, faz<br />
toda a diferença o acesso a hotéis modernos, com quartos repletos de recursos<br />
inovadores, capazes de transformar a hospedagem de forma surpreendente.<br />
Em sintonia com essa nova realidade, a Rede AccorHotels acaba de apresentar<br />
três novidades em que a tecnologia e o design resultam numa parceria avançada,<br />
para que seus hóspedes se sintam cada vez mais especiais.
No projeto #360ROOM, em teste no Pullman São Paulo Vila Olímpia, da Rede<br />
AccorHotels, o hóspede pode controlar a intensidade e os tons da iluminação, escolher<br />
a posição das paredes ou ajustar a cama eletronicamente na direção da janela ou<br />
contra a luz do sol, entre outros recursos disponíveis<br />
#360ROOM<br />
Esqueça tudo o que você já viu no Brasil sobre sinônimo<br />
de tecnologia e conforto em um quarto de hotel. Não se<br />
trata de força de expressão, mas de realidade. Controlar a<br />
intensidade e os tons da iluminação, acionar os aparelhos<br />
eletrônicos com um simples toque na tela do iPad ou,<br />
ainda, abrir a porta do quarto via celular é apenas parte<br />
do que a AccorHotels disponibilizou para seus clientes<br />
no projeto #360ROOM, que coloca o desejo do cliente<br />
no centro de tudo. A experiência vai muito mais além.<br />
Permite escolher a posição das paredes, ajustar a cama<br />
eletronicamente na direção da janela ou contra a luz do<br />
sol; colocar as roupas para lavar e, pouco tempo depois,<br />
retirá-las, limpas, secas, esterilizadas e passadas.<br />
Tudo isso e mais um pouco já pode ser testado no hotel<br />
Pullman São Paulo Vila Olímpia. “Cada hóspede utiliza uma<br />
ou todas as funcionalidades da forma mais conveniente,<br />
como e quando quiser”, afirma Patrick Mendes, CEO da<br />
AccorHotels América do Sul. “A cada dia damos um passo<br />
além em nossos esforços para agradar ao consumidor,<br />
para oferecer-lhe uma experiência que vai além de um<br />
bom quarto tradicional.” De acordo com o executivo, o<br />
#360ROOM é uma das formas de demonstrar o quanto<br />
os hóspedes são importantes para a rede. O objetivo é<br />
utilizar tudo o que a tecnologia e o design oferecem de<br />
mais avançado, belo e funcional para entregar ao hóspede<br />
a melhor experiência, a fim de que ele se sinta cada vez<br />
mais bem-vindo nos hotéis de bandeira do grupo.<br />
O #360ROOM conta com projeto arquitetônico contemporâneo<br />
leve, com referências à natureza no uso de plantas<br />
naturais, integrando conforto e tecnologia de forma espontânea.<br />
Um bom exemplo desse conceito é a concepção<br />
dos cômodos. O banheiro, o lavabo e o closet integrados<br />
criam um Personal Spa, com cores escuras e iluminação<br />
contrastante. O resultado ultrapassa os limites funcionais<br />
para garantir ao usuário um momento de relaxamento,<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO; ISTOCKPHOTO.COM<br />
64
conforto e bem-estar. Pisos, revestimentos e bancadas<br />
foram desenvolvidos e customizados especialmente para<br />
o projeto pela Officina Portobello. Os designers Matteo<br />
Thun e Antonio Rodriguez respondem pelo projeto da banheira<br />
(Duravit Durastyle), enquanto o badalado designer<br />
francês Philippe Starck assina o vaso sanitário, criado especialmente<br />
para a Duravit, que dispõe de controle remoto,<br />
assento e tampa acionados por motor, ajuste individual<br />
de água, ar e temperatura do assento, bem como posição<br />
e intensidade do jato de água e iluminação noturna.<br />
Da união da tecnologia com o design surgem, ainda,<br />
diferenciais que possibilitam personalizar o quarto<br />
reposicionando a cama – com design assinado pelo<br />
artista plástico Gustavo Amaral – ou o sofá, e, também<br />
movimentar as paredes de modo a otimizar o espaço.<br />
Os equipamentos eletrônicos, acionados pela tela do<br />
IPad, são uma atração à parte. Além da TV Oled de 65<br />
polegadas – que permite acessar serviços como previsão<br />
do tempo, informações de voo e até mesmo opções para<br />
compra ou solicitação de serviço de quarto por controle<br />
remoto – , o hóspede conta com home theater e o TV<br />
Espelho Dual Screen, localizado na frente da banheira,<br />
ideal para assistir a uma série ou filme durante um<br />
banho relaxante. A grande novidade, contudo, fica por<br />
conta do LG Styler, um aparelho em formato de “guardaroupa”<br />
que lava, esteriliza, seca e desamassa as roupas<br />
apenas com o vapor.<br />
O carregamento do celular é por indução e o controle da<br />
iluminação viabiliza a criação de diversos ambientes, do<br />
mais calmo ao modo festa. E mais: traz peças assinadas<br />
por nomes consagrados, como a premiada luminária de<br />
piso Cosmic Leaf criada pelo designer Ross Lovergrove e<br />
a de bancada Talak, desenhada por Neil Poulton. Para o<br />
controle total da luz natural, as janelas receberam cortinas<br />
automatizadas, enquanto o living conta com uma cortina<br />
translúcida acústica no seu entorno, podendo separar os<br />
ambientes a fim de ampliar a privacidade.<br />
“O #360ROOM traduz o que há de mais atual em conceitos<br />
de hospedagem”, afirma Erwan LeGoff, vice-presidente de<br />
Tecnologia da Informação AccorHotels América do Sul. “São<br />
diversas alternativas de design, decoração, implantação e de<br />
equipamentos que mudam a forma como o cliente interage<br />
com o quarto. Cada pessoa que se hospedar ali terá uma<br />
experiência completamente diferente e personalizada.”<br />
RECONHECIMENTO FACIAL<br />
Usar a inovação como uma ferramenta para a realização de<br />
um atendimento cada vez mais personalizado tem sido um<br />
dos grandes desafios do Grupo AccorHotels. Foi com esse<br />
objetivo que a rede trouxe para o Brasil um novo sistema que<br />
promete melhorar a forma de atendimento aos hóspedes.<br />
Trata-se do reconhecimento facial, que aos poucos vai<br />
ganhando espaço no cotidiano dos brasileiros.
Nos quartos Plug & Play dos hotéis Ibis SP Morumbi e Ibis SP Ibirapuera é possível assistir a filmes, jogos e séries direto do smartphone ou tablet,<br />
num telão de 75 polegadas, por meio de um projetor HD de alta tecnologia, com som de qualidade e internet de alta velocidade<br />
“Percebemos que essa tecnologia garante um grande diferencial e será utilizada pelo setor nos<br />
próximos anos. Por esse motivo, resolvemos implantar o sistema, para melhorar a experiência dos<br />
nossos hóspedes”, afirma Erwan LeGoff, vice-presidente de Tecnologia da Informação AccorHotels<br />
América do Sul. “Com essa novidade, é possível oferecer um atendimento ainda mais diferenciado<br />
aos nossos hóspedes do Le Club AccorHotels, programa de fidelidade do Grupo.”<br />
A iniciativa é inédita no país. Os primeiros testes estão sendo realizados no Pullman Vila Olímpia. Segundo<br />
LeGoff, a principal finalidade da adoção da nova tecnologia é melhorar a forma como a rede serve sua<br />
clientela. “Um simples atendimento pelo nome, sem que o hóspede se identifique a alguém, por exemplo,<br />
já significa um grande diferencial. Seja concedendo mais poder de controle ou agilizando o processo de<br />
check in em nossos hotéis, sempre buscamos fazer com que todos se sintam bem-vindos”, afirma.<br />
PLUG & PLAY<br />
Engana-se, porém, quem acredita que somar tecnologia, conforto e design é uma exclusividade da<br />
rede Pullman. Muito pelo contrário. Desde setembro deste ano, os apaixonados por assistir filmes,<br />
jogos e séries direto do smartphone ou tablet poderão fazê-lo em um telão de 75 polegadas, por<br />
meio de um projetor HD de alta tecnologia, com som de qualidade e internet de alta velocidade.<br />
Basta hospedar-se em um dos quartos Plug & Play disponíveis nos hotéis Ibis SP Morumbi e Ibis SP<br />
Ibirapuera, ambos na capital paulista. Quem escolhe esse modelo de quarto pode desfrutar de mais<br />
interações com os dispositivos tecnológicos e ainda recebe como cortesia um travesseiro extra, para<br />
contar com mais conforto. O Plug & Play foi criado com o objetivo de tornar a experiência do cliente<br />
ainda mais confortável, em um ambiente inovador e com foco em tecnologia na marca Ibis.<br />
“Acreditamos muito no potencial desse quarto, com todos os seus diferenciais relacionados à<br />
tecnologia”, afirma Guilherme Kuntze, gerente de Operações das marcas Ibis América do Sul. “Por<br />
esse motivo, o plano é expandir esse conceito para outros hotéis Ibis do Brasil e da América do Sul.<br />
Dessa forma, o cliente terá um leque maior de opções para se hospedar.”<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
66
| SE LIGA |<br />
Loja Amazon Go e Nike Store<br />
68
O FUTURO<br />
JÁ É REALIDADE<br />
AO UNIR A EXPERIÊNCIA DO MUNDO DIGITAL À COMPRA FÍSICA,<br />
LOJA DO FUTURO CONQUISTA NOVOS CONSUMIDORES E GARANTE ÀS<br />
MARCAS MAIS ATRATIVIDADE<br />
Katia Simões<br />
FOTOS: ISTOCKPHOTO.COM; SHUTTERSTOCK<br />
São seis andares de pura experiência inaugurados<br />
na primeira semana de novembro, na esquina da 5ª<br />
Avenida com a 52nd Street. Assim pode ser definida<br />
a nova flagship aberta pela Nike, em Nova York, com a<br />
proposta de fundir o mundo físico e o digital em uma<br />
única plataforma de contato com a marca pelo cliente.<br />
Batizada House of Innovation 000, a nova loja foi totalmente<br />
planejada para funcionar com o Nike App, permitindo que<br />
consumidores finalizem as compras pelo celular, solicitem<br />
entrega de roupas nos provadores e agendem atendimento<br />
com estilistas da marca. Mais do que isso, que tenham<br />
acesso às mais diversas informações sobre as peças, além<br />
de reservá-las ou montar um look inteiro e comprá-lo<br />
automaticamente, ação que facilitará a rotação de peças<br />
de acordo com a demanda. Segundo Adam Sussman, chief<br />
digital officer da Nike, hoje o celular é o centro da vida das<br />
pessoas, e a ideia é criar uma conexão perfeita entre a<br />
experiência física e a digital. A meta é replicar o mesmo<br />
modelo de loja em Paris, já em 2019.<br />
A flagship recém-inaugurada é, na verdade, a evolução de<br />
um conceito que a Nike vinha experimentando desde 2016,<br />
quando abriu no bairro do SoHo, também em Nova York,<br />
uma loja conceito de 5 mil metros quadrados, distribuídos<br />
em cinco pavimentos, que reúnem diversão, tecnologia,<br />
experiência e esportes. No lugar dos caixas convencionais,<br />
espaços para a prática de esportes, onde os clientes podem<br />
testar o produto com a ajuda da realidade virtual. Os adeptos<br />
da corrida, por exemplo, exercitam-se em uma esteira<br />
cercada por duas câmeras e uma tela que mostra imagens<br />
do Central Park. Enquanto correm, sensores capturam os<br />
dados da corrida e indicam qual o melhor calçado para o<br />
seu perfil. Há, ainda, um meio campo de futebol e uma meia<br />
quadra de basquete, com as mesmas características.<br />
Todo o espaço foi concebido para valorizar e incentivar a loja<br />
a integrar opções de compra via aplicativo Nike+. É por meio<br />
do app e na tela do smartphone que os vendedores recebem<br />
chamados de clientes, acessam o estoque e processam as
LABORATÓRIO PRÁTICO<br />
Diante de uma plateia de mais de mil pessoas em São<br />
Paulo, Ricardo Ramos, sócio-diretor da GS&XtremeVR,<br />
braço do Grupo Gouvêa de Souza, fez a primeira compra<br />
do mundo realizada por meio da Alma, plataforma de<br />
inovação e geração de experiência de marca, produtos<br />
e serviços, com possibilidade de compra. “Com certeza<br />
é um marco de uma nova e mais desafiadora era para<br />
o varejo e os centros comerciais tradicionais”, afirma<br />
Marcos Gouvêa de Souza, diretor geral do Grupo. “Ao<br />
incorporar o VR Commerce às alternativas de canais de<br />
venda, estamos contribuindo para a criação de uma nova<br />
geração de consumidores, os omniconsumidores 2.0.”<br />
Segundo Souza, o grande diferencial está na possibilidade de<br />
intersecção no momento da compra de todas as características<br />
já aceitas pelo consumidor no e-commerce com o lúdico, a<br />
imaginação, o sonho e o desejo. “Com a Alma conseguimos<br />
trazer de volta a emoção no momento da compra”, diz. “É<br />
possível aguçar os cinco sentidos (visão, audição, tato, olfato<br />
e paladar) e a imaginação.” Trata-se de um outro tipo de<br />
experiência, muito mais imersiva, porque a pessoa tem a<br />
sensação de tocar o produto em 3D, experimentá-lo, para<br />
depois conferir o preço, colocar no carrinho de compra, pagar,<br />
determinar o local de entrega e receber.<br />
A Alma opera com a mesma tecnologia de construção de<br />
games, o que garante que a realidade virtual a ser criada,<br />
por mais distante que pareça, se torne atrativa e real para<br />
o cérebro. Por meio da nova experiência lúdica de compra,<br />
o cliente poderá tocar virtualmente os produtos, movimentálos,<br />
obter informações completas e conhecer a opinião de<br />
outros consumidores, tanto em casa quanto nas lojas físicas.<br />
A primeira loja operada 100% no conceito omnichannel com<br />
a nova tecnologia foi a Omnistory Ayrton Senna, no Shopping<br />
Villa Lobos, em São Paulo. Parte das vendas de bonés, réplicas<br />
dos carros dirigidos pelo campeão, capacetes icônicos e até<br />
a linha Senninha será destinada ao Instituto Ayrton Senna.<br />
A ambientação em homenagem ao ídolo da Fórmula 1 é a<br />
quarta roupagem que a loja recebe, em um ano de operação.<br />
Definida como um laboratório para aplicação de conceitos e<br />
soluções inovadoras para o varejo, a Omnistory – concebida<br />
pelo Grupo GS&Gouvêa de Souza – nasceu integrando loja<br />
física e e-commerce, aplicativo, vending machine e shopping<br />
TV. Na loja, é possível fazer compras em qualquer ambiente<br />
digital, seja pelo descktop, celular ou aplicativo, retirar na<br />
hora ou receber em casa ou em um locker. O cliente escolhe<br />
o locker mais próximo e recebe uma ativação de código de<br />
segurança para a retirada do produto.<br />
Uma câmera posicionada logo na entrada da loja faz o<br />
reconhecimento do cliente de acordo com o gênero e<br />
características físicas. Assim, a pessoa recebe sugestões e<br />
ofertas individualizadas diretamente nas vitrines interativas<br />
e pode concluir o pedido ali mesmo. A cada quatro meses,<br />
a Omnistory muda totalmente a oferta de produtos, serviços<br />
e experiência. O objetivo, segundo Souza, é mostrar como a<br />
loja pode e deve ser flexível para acompanhar a volatilidade<br />
do mercado e o dinamismo dos novos consumidores.<br />
compras. A loja dispõe, ainda, de serviço de concierge<br />
pessoal, teste de experimentação de produtos, experiências<br />
com realidade aumentada e customização de produtos,<br />
os quais poderão ser entregues no mesmo dia na casa<br />
dos clientes ou nos hotéis, facilitando a vida dos turistas.<br />
Nem mesmo os provadores escaparam da atratividade.<br />
São amplos e a iluminação pode simular vários ambientes,<br />
como uma sala de ginástica ou um cenário de corrida<br />
noturna, por exemplo.<br />
Os dois badalados endereços da Nike, que viraram atração<br />
turística, retratam os novos modelos de ponto de<br />
venda que começam a se espalhar pelo mundo, também<br />
chamados de “lojas do futuro”. São espaços que<br />
somam experiência, tecnologia, entretenimento, servem<br />
de ponto de encontro e trazem para o mundo físico as<br />
vantagens e as características do comércio virtual. “As<br />
pessoas não vão mais à loja física porque precisam comprar,<br />
mas porque querem se dirigir até lá”, diz Alberto<br />
Serrentino, fundador da Varese Retail Strategy, consultoria<br />
especializada em varejo. “As motivações para visitar<br />
e comprar em lojas físicas vão além das necessidades<br />
e envolvem informação, educação, interação social,<br />
inspiração, prazer e emoção.”<br />
Nessa linha, com menos pirotecnia e mais pés no chão,<br />
o varejo precisa investir em tecnologias que permitam<br />
uma interação em tempo real com o cliente e que<br />
possibilitem unir o melhor do varejo tradicional – o<br />
toque, a percepção, a experimentação, ou seja, todas as<br />
sensações atreladas à aquisição de um produto – com<br />
a praticidade do varejo virtual, que adota promoções<br />
personalizadas, redução de burocracia no processo de<br />
compra, agilidade, ausência de filas, entre outras coisas.<br />
Uma certeza, porém, todos já têm: o consumidor quer<br />
interagir com a marca, independentemente do canal.<br />
Assim, para continuarem relevantes as lojas devem conciliar<br />
duas características básicas: baixo atrito e boa experiência.<br />
Isso implica a remoção dos obstáculos que separem o cliente<br />
da compra, o que envolve desde a facilidade de acesso,<br />
estacionamento, bom sortimento, informações acessíveis e<br />
fartas, pagamento sem filas ou entraves, até a facilidade de<br />
retirada do produto e possível troca.<br />
FOTOS: EMMANUEL DENAUI; DIVULGAÇÃO<br />
70
Uma loja 100% digital que troca de “roupa” a cada quatro meses.<br />
Quem também chamou a atenção foi a Amazon, gigante do<br />
e-commerce, quando decidiu abrir uma operação física, em<br />
Seattle, nos EUA. A Amazon Go, como é conhecida, reúne<br />
todas as características das lojas do futuro. Trata-se de<br />
um minimercado de proximidade que funciona assim: o<br />
consumidor entra na loja, aproxima o smartphone de um<br />
sensor para se identificar via aplicativo, recebe notificações<br />
com ofertas personalizadas, escolhe os produtos que<br />
deseja comprar, aproxima novamente o celular do sensor<br />
e sai do estabelecimento. Nada de caixas para pagamentos,<br />
comprovantes ou pacotes. A fatura é debitada pelo aplicativo<br />
e as compras entregues no endereço combinado.<br />
A concorrente chinesa Alibaba não ficou atrás, pelo<br />
contrário, fez do supermercado Hema, em Xangai, o centro<br />
das atrações com o funcionamento do primeiro restaurante<br />
robótico. Isso mesmo, os clientes escolhem o prato principal<br />
na prateleira – ou encomendam pelo celular – e fazem<br />
check-in na mesa via aplicativo. Se o cliente escolher um<br />
peixe vivo, os funcionários enviam para a cozinha por uma<br />
esteira suspensa. Um robô leva o prato da cozinha até o<br />
cliente. O Hema transformou-se em um supermercado<br />
focado em tecnologia de alimentos frescos do Alibaba. Os<br />
consumidores podem procurar informações sobre o produto<br />
na loja, digitalizando um código de produto; fazer um pedido<br />
em domicílio, com entrega em 30 minutos em um raio de<br />
3 quilômetros; realizar o pagamento e pedir comida para<br />
ser cozida e saboreada na loja via aplicativo. Na visão dos<br />
especialistas, é um bom exemplo de novo conceito de varejo,<br />
com foco na experiência física na loja aliada à compra online.<br />
“A massificação do uso de smartphones, a adoção da<br />
tecnologia como instrumento para facilitar a vida do cliente e o<br />
comportamento da nova geração de consumidores, capitaneada<br />
pelos millennials (nascidos entre 1980 e 2000), aceleram essas<br />
mudanças”, afirma Serrentino, da Varese Retail.<br />
REALIDADE TAMBÉM POR AQUI<br />
No Brasil, um dos primeiros exemplos de loja do futuro foi a<br />
franquia 100% digital aberta em dezembro de 2016 pela rede<br />
de fast food Bob’s, no BarraShopping, no Rio de Janeiro.<br />
Os pedidos são feitos pelo terminal de autoatendimento ou<br />
pelo aplicativo, que conta com um sistema inteligente de
A MISTURA DO FÍSICO<br />
E DO DIGITAL<br />
Quem ainda não ouviu falar na palavra “phigital” pode<br />
ir se preparando para incluí-la no vocabulário. Trata-se<br />
da junção do mundo físico e do digital em operações de<br />
varejo. Uma das traduções mais claras desse novo modelo<br />
é o Pier X, aberto em fevereiro de 2017, em uma das<br />
áreas do Shopping Iguatemi de Porto Alegre. A iniciativa,<br />
capitaneada pelo empresário Gustavo Schifino, foca na<br />
experiência do consumidor, combinando lançamento de<br />
produtos, tecnologia, diversão, cultura e novas vivências<br />
em um mesmo lugar. É o primeiro marketplace digital<br />
da América Latina. “Trata-se de uma nova modalidade<br />
de negócio, considerada do futuro, que engloba entretenimento,<br />
serviço e varejo”, diz o empresário. “Nesse<br />
marketplace tudo está à venda e só pode ser pago por<br />
meio do app da plataforma, sem qualquer intermediário,<br />
seja ele um vendedor ou garçom.”<br />
Além da exibição dos principais lançamentos de<br />
marcas importantes com produtos voltados para o<br />
bem-estar do corpo e da alma, o Pier X conta com<br />
restaurante, bar, galeria de arte, escola de ioga e de<br />
rock, além de palco para shows. “Como toda oferta<br />
muito inovadora, o projeto teve de passar por ajustes<br />
no primeiro ano de operação”, observa Schifino. “As<br />
entregas, antes exclusivas em domicílio, passaram<br />
a ser feitas também no Pier, enquanto a oferta gastronômica<br />
teve de ser diversificada para atender aos<br />
diversos tipos de público.”<br />
Mas um dos grandes diferenciais do marketplace, o rodízio<br />
das marcas, foi bem recebido. De quatro em quatro<br />
meses o Pier X troca de “roupa”. Os contratos são<br />
por estação. Quem performa bem renova. Quem não<br />
atinge os resultados esperados dá lugar a outra marca.<br />
A iniciativa, que levou um ano e meio para ser desenhada,<br />
consumiu um investimento de R$ 2 milhões, divididos<br />
entre 20 empresas.<br />
armazenamento de informações de compras. Se a fome<br />
bater dias depois, basta repetir o mesmo pedido com um<br />
único clique. A loja também foi pioneira no varejo nacional<br />
na adoção da plataforma eletrônica de pagamento, que<br />
facilita a transação ao acessar as informações do cartão –<br />
de todas as bandeiras – de forma rápida e com segurança,<br />
desde que o cartão esteja cadastrado. Também foi a<br />
primeira a adotar a solução Qkr!, que permite ao usuário<br />
solicitar e pagar produtos diretamente do celular ou tablet.<br />
“Todas essas mudanças fazem parte de um processo de<br />
modernização da rede iniciado em 2014, com a implantação<br />
de um novo conceito de ponto de venda”, diz Marcello Farrel,<br />
diretor geral da rede Bob’s. Agora a novidade fica por conta<br />
da integração dos clientes na cocriação de novos produtos,<br />
além da implantação na rede, hoje com 1050 lojas, de uma<br />
plataforma de personalização de produtos.<br />
Apontada como uma das mais inovadoras marcas de<br />
moda do país, a carioca Reserva também não hesitou em<br />
transformar alguns de seus pontos de venda em um local de<br />
experimentação e concretização dos propósitos da marca.<br />
A primeira a ganhar nova roupagem foi a loja do Fashion<br />
Mall, no Rio de Janeiro, transformada em loja conceito<br />
UseReserva.com, que opera sem estoque e reúne uma série<br />
de serviços. Nas araras, uma peça de cada tamanho, apenas<br />
para o cliente provar, pois a compra é feita online, por meio<br />
de tablets ou totens. São 92m 2 que contam com a Barbearia<br />
do Zé, uma filial do restaurante Verdin, de comida saudável,<br />
e área para jogar videogame. “É um espaço para as pessoas<br />
se encontrarem e se divertirem, onde os amigos vão para<br />
relaxar, beber uma cerveja e até comprar roupas”, diz o<br />
fundador Ronny Meisler. “Além disso, é ecologicamente<br />
correta, deixa de emitir 350 kgs de gás carbônico no meio<br />
ambiente. As roupas saem do estoque para a casa do cliente<br />
e as entregas são feitas de bicicleta.”<br />
Criado em 2004, 70 lojas, 22 franquias e presente em 1.500<br />
multimarcas, o Grupo Reserva inaugurou em agosto a Oficina<br />
Reserva. Na loja instalada no Shopping Leblon, no Rio de<br />
Janeiro, o cliente por customizar produtos como camisas<br />
sociais, com confecção sob medida, e adquirir uma linha de<br />
peças básicas como camisetas, polos, calças e blazers que<br />
não saem de moda. As camisas são confeccionadas a partir<br />
de um software, unindo a qualidade da alfaiataria clássica<br />
com a precisão do algoritmo tecnológico.<br />
Embora já sejam realidade em muitos pontos de venda<br />
espalhados pelo país, a mudança do modelo de loja<br />
convencional para as chamadas lojas do futuro passa pela<br />
aculturação do consumidor, principalmente com a ausência<br />
de caixa e novos meios de pagamento, até a disponibilização<br />
de recursos para a implantação das novas tecnologias nos<br />
varejos de pequeno e médio portes. É preciso entregar uma<br />
opção de compra completa, que englobe a ambientação,<br />
personalização de produtos e serviços, atendimento eficiente,<br />
que facilite a manutenção do relacionamento entre a marca e<br />
o cliente e gere novos negócios, garantem os especialistas.<br />
FOTOS: EMMANUEL DENAUI<br />
72
wide line collection<br />
<strong>Setin</strong> e Ornare apresentam móveis sob medida de alto padrão com coleções assinadas por<br />
renomados designers e arquitetos, com infinitas opções de acabamentos e aproveitamento<br />
dos espaços, no empreendimento JL · life by design. Visite unidade decorada em 2019.<br />
Stripe Kitchen Design by Studio Ornare · www.ornare.com.br<br />
são paulo<br />
rio de janeiro<br />
new york<br />
miami<br />
los angeles
| NOTÍCIAS SETIN |<br />
BROOKLYN STUDIOS<br />
Uma sessão de cinema diferente, mais do que isso,<br />
especial. Foi o que aconteceu em agosto, no Cinemark<br />
do Shopping Market Place, durante o meeting de<br />
corretores do empreendimento Brooklyn Studios.<br />
Com localização estratégica, na Av. Roque Petroni<br />
Jr. nº 110, em frente à estação Brooklin do metrô, o<br />
novo empreendimento conta com studios de 22 m 2 .<br />
O apartamento decorado foi aberto ao público no dia 6<br />
de setembro, marcando o início oficial das vendas.<br />
RESIDENCIAL SKYPARK TUIUTI<br />
Imagine um espaço totalmente ambientado para traduzir em forma de experiências<br />
o significado de bem-estar residencial. Pois foi exatamente o que fizemos em agosto,<br />
no Teatro Gamaro, durante a apresentação do Skypark Tuiuti, quando 600 corretores<br />
puderam conferir de perto o conceito do novo empreendimento. De forma ainda mais<br />
inovadora, proporcionamos ao longo de vários fins de semana, em parceria com<br />
empresas da região, uma série de momentos de puro lazer e prazer a nossos futuros<br />
clientes. A ideia é que eles vivenciassem com intensidade o conceito de bem-estar<br />
residencial. Teve aula de Skate para crianças com a Skate Store; passeio de bike com<br />
a RVS Bikes, que também manteve no local durante todo o mês de agosto aos finais de<br />
semana uma estação de manutenção das bicicletas; degustação de massas da Di Cunto;<br />
Day Spa na Clínica Raízes; Aulas de Yoga ministradas pelo Espaço Cultural Tatuapé;<br />
recreação para pets com a presença dos goldens famosos no Instagram Bob&Marley;<br />
Degustação do La Pergoletta, além de happy hours especiais proporcionados pelo<br />
Boteco Brahma e pela Confraria da Cerveja. Em meio a todas essas experiências foram<br />
abertos em 6 de outubro os apartamentos decorados – o de 164 m 2 assinado por Débora<br />
Aguiar e os de 124 m 2 por Carlos Rossi. O lançamento oficial aconteceu nos dias 21 e 22<br />
de outubro e contou com a participação da Pizzaria 1900. O sucesso de vendas foi grande<br />
a ponto de anteciparmos para novembro a abertura da Torre Park.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
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SER – VILA MADALENA<br />
Não é de hoje que o bairro da Vila Madalena é conhecido como<br />
um reduto de arte e cultura da cidade, como uma região plural,<br />
palco de tendências nas mais variadas áreas. Pois a Vila foi o<br />
endereço escolhido para abrigar o SER, empreendimento com<br />
muito conceito e estilo, que teve sua campanha ilustrada pela<br />
artista francesa Malika Favre. O coquetel de lançamento para<br />
corretores da Lopes e <strong>Setin</strong> Vendas aconteceu em 23 de julho,<br />
no Pé de Manga Bar e Gastronomia, seguido da abertura do<br />
stand de vendas e da instalação do contêiner de apoio na rua<br />
Girassol. Dia 25 de agosto foi a vez da abertura do apartamento<br />
decorado, enquanto a pré-venda teve início em 13 de setembro.<br />
IBIS CHEGA À ZONA LESTE<br />
A esquina das ruas Catinguá e Filipe Camarão, no bairro do Tatuapé,<br />
abriga desde junho o ibis Tatuapé, o primeiro hotel da bandeira<br />
Ibis da AccorHotels da zona leste de São Paulo. Comercializado no<br />
sistema condohotel, no qual as unidades podem ser adquiridas por<br />
investidores, conta com 271 quartos.
SETIN DOWNTOWN ESTAÇÃO DA LUZ<br />
Um dos principais empreendimentos da linha <strong>Setin</strong> para revitalização do centro<br />
de São Paulo, o <strong>Setin</strong> Downtown Estação da Luz foi entregue em outubro, na<br />
presença de clientes que puderam conhecer em detalhes todas as áreas<br />
comuns. Com 247 unidades distribuídas em uma única torre, o edifício, instalado<br />
na Rua Washington Luís nº 196, Centro, já virou referência na região.<br />
SETIN DOWNTOWN PRAÇA DA SÉ<br />
Localizado na Rua Tabatinguera, 462, próximo ao marco zero da capital<br />
paulista, o <strong>Setin</strong> Downtown Praça da Sé foi entregue em outubro.<br />
O condomínio oferece áreas de lazer com piscina, churrasqueira,<br />
forno de pizza; lavanderia; além da comodidade de ter uma portaria<br />
blindada e segurança 24 horas. Trata-se de mais um empreendimento<br />
concluído da linha de produtos da <strong>Setin</strong> para a revitalização do Centro<br />
de São Paulo, que desde o seu lançamento mostrou-se bem-sucedido.<br />
FOTOS: DIVULGAÇÃO<br />
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O grupo Bracha traz a<br />
mais nova loja-conceito<br />
Todeschini.<br />
No coração da Vila<br />
Mariana, o showroom<br />
apresenta 1.000 metros de<br />
puro requinte e atualidade.<br />
NOVA LOJA<br />
TODESCHINI<br />
VILA MARIANA<br />
Faça parte deste sonho.<br />
RUA DR. AMÂNCIO DE CARVALHO, 359<br />
VILA MARIANA - TEL.: 11 2895-0300