O arquiteto costuma dizer que sente como se fizesse a conexão arquitetônica e amorosa entre o pai e o avô. “Eu percebi muito bem as perdas e ganhos do meu avô, que sempre esteve à frente do seu tempo, e também do meu pai, que atuou nos anos 70/80 no Brasil, numa época em que a arquitetura estava estagnada e só era vista dentro dos muros”, afirma. “A arquitetura pública quase não existia, o pensamento para as cidades estava praticamente desaparecido. Sinto que trago o equilíbrio entre esses dois personagens tão diferentes.” Já sobre o próprio trabalho, ele prefere deixar os rótulos de fora: “Eu sou livre de qualquer escola, carioca ou paulista, me sinto livre para criar. Acredito que a arquitetura tem de estar ligada à região em que está inserida e deve evoluir com a tecnologia da época”. Exemplo disso é o Museu de Arte do Rio (MAR), um dos seus projetos de maior destaque, do qual participou da criação e que, de forma inusitada, envolveu a adaptação de prédios existentes e de estilos arquitetônicos antagônicos, localizados no Centro da cidade do Rio de Janeiro. “Ter a oportunidade de projetar um prédio público como o Museu de Arte do Rio foi um presente. Com ele, conseguimos mostrar que a nossa arquitetura é multidisciplinar, que nosso escritório está aberto para resolver problemas de espaço, de fluxo e para pensar a cidade”, declara. “No MAR, a cobertura não é meramente um gesto espetacular. A gente queria oferecer ao público uma vista nova, por isso fizemos a praça suspensa. A grande cobertura como terceiro elemento, ligada a dois prédios com características tão diferentes, acabou virando um marco para a revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro.” De forma abstrata e etérea, essa estrutura fluida, extremamente leve, simula a ondulação da superfície da água: “Uma arquitetura de caráter poético e carregada de significado, simples e ao mesmo tempo moderna na questão de cálculo estrutural. Esse elemento será visto tanto de perto quanto de bem longe; tanto de baixo, para quem está chegando à Praça Mauá, quanto de cima, para quem está no Morro da Conceição”, detalha Thiago. Nessa mesma linha, menciona o projeto criado para a nova sede do Instituto Brincante, em São Paulo, que foi selecionado para ser exposto no Pavilhão do Brasil na última Bienal de Arquitetura de Veneza. “Ligado a uma pequena praça e mezanino abertos, que conectam a rua a seu interior, o teatro-escola faz do Brincante um marco à resistência em meio a um ambiente de especulação imobiliária agressiva”, conta. Entre os projetos residenciais, que representam a maior parte em seu escritório, ele cita a Casa Península, uma das mais recentes, e a Capela Joá. Para a primeira, cravada num terreno de declive acentuado, Thiago conta que a estratégia adotada foi trazer o mínimo de alteração para o entorno e a topografia, criando uma plataforma com a maior área possível e, sobre ela, um terreno para estruturar os demais pavimentos, divididos entre um embasamento retangular, o nível intermediário mais vazado e o Capela Joá, no Rio de Janeiro, construída nos jardins de uma residência, para as cerimônias da família. Em área de vegetação densa, proporciona a visão de céu e mar volume triangular suspenso, com uma das arestas em um grande balanço de nove metros em direção ao mar, que nos faz lembrar um grande barco. “Já o projeto de interiores foi pensado para ser tão puro e simples como as formas da arquitetura, envolvendo um mobiliário assinado por célebres designers brasileiros, na sua maioria produzido em madeira, compondo os ambientes com o mobiliário desenhado especialmente para esta casa”, ressalta. Sobre a Capela Joá, situada no bairro do Joá, no Rio de Janeiro, Thiago diz gostar bastante do resultado por sua escala reduzida e pela possibilidade de síntese dos elementos estruturais e simbólicos. Encomendada para ser construída nos jardins de uma residência, com o desafio de ser concluída em três meses, deveria comportar 20 pessoas, para ser usada nas cerimônias da família. “No terreno em declive acentuado, em área com vegetação densa e típica da Mata Atlântica, buscou-se um local reservado para implantar a capela, sem fluxo de pessoas. Deveria ser um ponto especial que proporcionasse a visão do oceano, já que, dessa forma, floresta, céu e mar estariam presentes na experiência do espaço sacro. O objeto arquitetônico deveria surgir a partir de delicada inserção FOTOS: DIVULGAÇÃO/TUCA REINÉS; FERNANDO GUERRA; DIVULGAÇÃO 32
Casa Península, um dos projetos mais recentes, cuja estrutura conta com volume triangular suspenso, com uma das arestas em balanço de 9 metros em direção ao mar
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