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Nada vai nos parar! - Dezembro 2018

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Leia na íntegra:<br />

Nota da APOINME sobre a ameaça<br />

de transferência da FUNAI vinculada<br />

ao MJ para as mãos dos ruralistas<br />

A Articulação dos Povos e<br />

Organizações Indígenas do Nordeste,<br />

Minas Gerais e Espírito Santo<br />

(APOINME) vêm a público manifestar<br />

a sua preocupação e repudiar qualquer<br />

medida do futuro Governo Bolsonaro<br />

que tenha como objetivo o enfraquecimento<br />

institucional da FUNAI, a paralisação<br />

na demarcação de terras indígenas<br />

e a defesa de ações ligadas<br />

a possibilidade de arrendamento dos<br />

territórios indígenas e uso dessas áreas<br />

para o agronegócio e a mineração<br />

em terras ocupadas pelos povos indígenas<br />

do Brasil.<br />

Recebemos com perplexidade a<br />

notícia da imprensa brasileira, dando<br />

conta de que na fala do Coordenador<br />

Político da transição do Governo<br />

Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, se cogita<br />

transferir a Fundação Nacional do Índio<br />

– FUNAI, atualmente vinculada ao<br />

Ministério da Justiça para o Ministério<br />

da Agricultura. A afirmação, ocorreu<br />

na última 2a feira (03 de <strong>Dezembro</strong>),<br />

com o seguinte teor: “A Funai está em<br />

processo de definição, mas deve ir<br />

para Agricultura. Pode”, disse o futuro<br />

ministro à imprensa no CCBB (Centro<br />

Cultural Banco do Brasil), sede da transição<br />

de governo, em Brasília.<br />

A proposta por hora anunciada,<br />

demonstra uma nítida afronta aos direitos<br />

dos povos indígenas, sobretudo,<br />

pelo fato do Ministério da Agricultura<br />

estar a serviço dos interesses do<br />

agronegócio no Brasil que em grande<br />

medida se contrapõe frontalmente<br />

aos princípios e fundamentos estabelecidos<br />

pela política Indigenista<br />

Brasileira.<br />

Vale ressaltar, que caso essa medida<br />

se concretize, além de violar tratados<br />

internacionais que versam sobre<br />

os direitos dos povos indígenas,<br />

especialmente dispositivos que asseguram<br />

aos povos indígenas o direito<br />

a consulta prévia, livre e informada<br />

sobre medidas administrativas ou legislativas<br />

capazes de afetar os <strong>nos</strong>sos<br />

povos, o Estado Brasileiro estará<br />

chancelando institucionalmente o genocídio<br />

de diversas comunidades indígenas<br />

no Brasil.<br />

Criada em 1967, a Funai tem a<br />

atribuição principal de coordenar a<br />

Política Indigenista Brasileira, promovendo<br />

a proteção dos direitos dos<br />

povos indígenas e a demarcação das<br />

terras indígenas. A FUNAI acumulou<br />

ao longo de sua história capilaridade e<br />

expertise que só ela possui. A capacidade<br />

de atuar com a diversidade indígena<br />

no Brasil precisa continuar sem<br />

que interesses escusos de seguimentos<br />

que são historicamente inimigos<br />

dos povos indígenas possam incidir na<br />

essência do órgão.<br />

Por fim, vale lembrar que a situação<br />

da demarcação dos territórios<br />

indígenas no Brasil está longe de ser<br />

resolvida. São mais de 100 processos<br />

de demarcação se arrastando no órgão<br />

motivada pela limitação de recursos<br />

huma<strong>nos</strong> e financeiros, mas também<br />

com forte pressão da Bancada Ruralista<br />

no Congresso Nacional que domina o<br />

Ministério da Agricultura e pelo me<strong>nos</strong><br />

mais 420 terras indígenas estão registradas<br />

como demandas para regularização.<br />

Por tanto, a superação desse<br />

cenário desolador deve ser a prioridade<br />

de um governo que realmente esteja<br />

comprometido com a temática indígena<br />

e não de entregar a pauta de forma<br />

escandalosa e violadora aos ruralistas.<br />

Nossos povos estarão dispostos a<br />

resistir, como sempre estivemos para<br />

defender o direito a mãe terra e o futuro<br />

dos <strong>nos</strong>sos povos e do <strong>nos</strong>so planeta.<br />

Não a morte da FUNAI e ao<br />

genocídio dos Povos Indígenas!<br />

Terra Demarcada, Vida Garantida!<br />

E digam ao Povo que avancem!<br />

Avançaremos!<br />

Recife (PE), 04 de <strong>Dezembro</strong> de <strong>2018</strong><br />

10<br />

EDIÇÃO DEZEMBRO <strong>2018</strong>

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