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Leia na íntegra:<br />
Nota da APOINME sobre a ameaça<br />
de transferência da FUNAI vinculada<br />
ao MJ para as mãos dos ruralistas<br />
A Articulação dos Povos e<br />
Organizações Indígenas do Nordeste,<br />
Minas Gerais e Espírito Santo<br />
(APOINME) vêm a público manifestar<br />
a sua preocupação e repudiar qualquer<br />
medida do futuro Governo Bolsonaro<br />
que tenha como objetivo o enfraquecimento<br />
institucional da FUNAI, a paralisação<br />
na demarcação de terras indígenas<br />
e a defesa de ações ligadas<br />
a possibilidade de arrendamento dos<br />
territórios indígenas e uso dessas áreas<br />
para o agronegócio e a mineração<br />
em terras ocupadas pelos povos indígenas<br />
do Brasil.<br />
Recebemos com perplexidade a<br />
notícia da imprensa brasileira, dando<br />
conta de que na fala do Coordenador<br />
Político da transição do Governo<br />
Bolsonaro, Onyx Lorenzoni, se cogita<br />
transferir a Fundação Nacional do Índio<br />
– FUNAI, atualmente vinculada ao<br />
Ministério da Justiça para o Ministério<br />
da Agricultura. A afirmação, ocorreu<br />
na última 2a feira (03 de <strong>Dezembro</strong>),<br />
com o seguinte teor: “A Funai está em<br />
processo de definição, mas deve ir<br />
para Agricultura. Pode”, disse o futuro<br />
ministro à imprensa no CCBB (Centro<br />
Cultural Banco do Brasil), sede da transição<br />
de governo, em Brasília.<br />
A proposta por hora anunciada,<br />
demonstra uma nítida afronta aos direitos<br />
dos povos indígenas, sobretudo,<br />
pelo fato do Ministério da Agricultura<br />
estar a serviço dos interesses do<br />
agronegócio no Brasil que em grande<br />
medida se contrapõe frontalmente<br />
aos princípios e fundamentos estabelecidos<br />
pela política Indigenista<br />
Brasileira.<br />
Vale ressaltar, que caso essa medida<br />
se concretize, além de violar tratados<br />
internacionais que versam sobre<br />
os direitos dos povos indígenas,<br />
especialmente dispositivos que asseguram<br />
aos povos indígenas o direito<br />
a consulta prévia, livre e informada<br />
sobre medidas administrativas ou legislativas<br />
capazes de afetar os <strong>nos</strong>sos<br />
povos, o Estado Brasileiro estará<br />
chancelando institucionalmente o genocídio<br />
de diversas comunidades indígenas<br />
no Brasil.<br />
Criada em 1967, a Funai tem a<br />
atribuição principal de coordenar a<br />
Política Indigenista Brasileira, promovendo<br />
a proteção dos direitos dos<br />
povos indígenas e a demarcação das<br />
terras indígenas. A FUNAI acumulou<br />
ao longo de sua história capilaridade e<br />
expertise que só ela possui. A capacidade<br />
de atuar com a diversidade indígena<br />
no Brasil precisa continuar sem<br />
que interesses escusos de seguimentos<br />
que são historicamente inimigos<br />
dos povos indígenas possam incidir na<br />
essência do órgão.<br />
Por fim, vale lembrar que a situação<br />
da demarcação dos territórios<br />
indígenas no Brasil está longe de ser<br />
resolvida. São mais de 100 processos<br />
de demarcação se arrastando no órgão<br />
motivada pela limitação de recursos<br />
huma<strong>nos</strong> e financeiros, mas também<br />
com forte pressão da Bancada Ruralista<br />
no Congresso Nacional que domina o<br />
Ministério da Agricultura e pelo me<strong>nos</strong><br />
mais 420 terras indígenas estão registradas<br />
como demandas para regularização.<br />
Por tanto, a superação desse<br />
cenário desolador deve ser a prioridade<br />
de um governo que realmente esteja<br />
comprometido com a temática indígena<br />
e não de entregar a pauta de forma<br />
escandalosa e violadora aos ruralistas.<br />
Nossos povos estarão dispostos a<br />
resistir, como sempre estivemos para<br />
defender o direito a mãe terra e o futuro<br />
dos <strong>nos</strong>sos povos e do <strong>nos</strong>so planeta.<br />
Não a morte da FUNAI e ao<br />
genocídio dos Povos Indígenas!<br />
Terra Demarcada, Vida Garantida!<br />
E digam ao Povo que avancem!<br />
Avançaremos!<br />
Recife (PE), 04 de <strong>Dezembro</strong> de <strong>2018</strong><br />
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EDIÇÃO DEZEMBRO <strong>2018</strong>