UMA LUTA CONTRA O AMANHÃ Álvaro, orgulhoso mostra uma das raridades que ainda aparecem O tempo não para, mas os relógios sim Com passos ligeiros, tal qual um tic tac de relógio, pode-se perceber o andar de Álvaro Francisco de Souza, 60 anos, subindo a Avenida 36 até chegar a sua Relojoaria O’clock, instalada ali há 15 anos. “Acredito que seja uma profissão com hora marcada para terminar. Os tempos são outros”. Álvaro Francisco de Souza mais um relojoeiro, porque não existe demanda”. Acredita também que é uma profissão com hora marcada para chegar ao fim, pois não há quem aprenda atualmente e as peças em sua maioria são da China e o que é chinês não tem reposição. “Hoje um relógio suíço de 30 anos, que para muitos é uma relíquia, não existe peça no mercado, assim como no Japão e Estados Unidos onde não se consertam relógios, tudo caminha para o fim da atividade”. Aposentado como relojoeiro há sete anos, Álvaro continua na ativa e sua loja tem ainda um bom fluxo de pessoas, pois relógios antigos que carecem de recuperação à cada dez anos, estão entre os mais elegantes, amparados na mesa à espera de mãos habilidosas que entendam da engrenagem para que voltem a badalar. O que lhe entristece é o fato de que, daqui a 10 anos, talvez já não esteja com as portas abertas para novamente voltar a fazer o Cuco cantar. Álvaro começou a se interessar por consertos de relógios aos 13 anos, quando o irmão mais velho abriu uma relojoaria e convidou-o para trabalhar, ainda em São Paulo no bairro da Lapa. Lá permaneceu por 14 anos aprendendo a profissão. Em <strong>19</strong>85 o irmão veio para o interior e se instalou em Bariri, onde atualmente conserva também sua relojoaria e um dos filhos tem outra em Ibitinga, levando adiante a tradição da família no conserto de relógios. Álvaro ficou em São Paulo após o irmão se aventurar pelo interior, mas logo, mudou-se para Itápolis, depois Ibitinga e também Conchal, até aportar em Araraquara. Morador do bairro Santana, diz que vem para o trabalho a pé para se exercitar, pois o trabalho é sedentário e precisa fazer suas caminhadas. Em seu estabelecimento é possível ver todos os tipos de relógios para conserto, mecânicos, automáticos e também os Quartz, além da venda de variadas marcas. Para o relojoeiro que tem em sua lista de consertos, relógios com mais de cem anos, ele diz que hoje nada é feito para durar, e caminha para que nada tenha conserto, mas enquanto conseguir consertar, continua trabalhando. Ele diz que faz o serviço porque gosta, por amor. Casado e hoje com três filhos, diz que ninguém seguiu seus passos pois, acreditam que é uma profissão em extinção. “Hoje as grandes lojas só vendem, nem têm Álvaro Francisco de Souza, o relojoeiro da Avenida 36 e os seus 47 anos de profissão |24
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