RCIA - EDIÇÃO 169 - AGOSTO 2019
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A CRISE<br />
Para isso, além da qualidade musical<br />
e empenho do Mestre Regente<br />
e dos músicos, contávamos também<br />
com o importante apoio dos Comandantes<br />
que consideravam a banda o<br />
“cartão de visitas do Batalhão”, uma<br />
espécie de Relações Públicas. Neste<br />
período que engloba os anos 60<br />
e 70, era comum os ensaios serem<br />
frequentados por músicos, compositores<br />
e simpatizantes. As retretas aos<br />
domingos, amplamente divulgadas,<br />
tinham sempre grande número de<br />
apreciadores. Foram anos áureos.<br />
Com a extinção do quadro de músicos,<br />
as bandas de todas as unidades<br />
da Polícia Militar entraram em crise e<br />
perderam muito espaço. Com o efetivo<br />
reduzido, dividem suas atividades<br />
com o policiamento de rua. Em Araraquara,<br />
no 13º BPM/I, atualmente<br />
sob o comando do Ten. Cel. Adalberto<br />
José Ferreira, a banda que é dirigida<br />
pelo 1º Sgt. Luis Fabiano Ribeiro<br />
conta como número insuficiente de<br />
apenas 10 músicos.<br />
RELAÇÕES PÚBLICAS<br />
Em 1971, Araraquara sediou o “Torneio<br />
de Consolação” do VI Campeonato<br />
Mundial Feminino de Basquetebol.<br />
As seis equipes que não se classificaram<br />
para o turno final, vieram a nossa<br />
cidade para disputar do 8º ao 13°<br />
lugares, na classificação final entre todas<br />
as seleções que desembarcaram<br />
no Brasil e que também disputavam<br />
concomitantemente em São Paulo.<br />
Então, aqui estavam as seleções dos<br />
O 147° aniversário da cidade (22/08/1963), a banda descendo a Rua 9 de Julho<br />
Estados Unidos, Austrália, Canadá,<br />
Argentina, Equador e Madagascar.<br />
O torneio organizado pela Federação<br />
Internacional de Basquetebol e Confederação<br />
Brasileira de Basquetebol<br />
foi disputado no recém inaugurado,<br />
Ginásio de Esportes Castelo Branco<br />
– Gigantão, de 22 a 27 de maio. Nessa<br />
circunstância, coube à Banda do<br />
13º BPM/I, executar antes dos jogos,<br />
o hino nacional das equipes. Tínhamos<br />
todas as partituras, exceção feita<br />
à Madagascar, devido a sua recente<br />
independência da França em 1960.<br />
Então o Mestre Regente, Subten. Sobrinho,<br />
escalou os músicos 3º Sgt.<br />
Etevaldo Barbosa Adorno, Cb. Pedro-<br />
Pollis e eu (3º Sgt. Juraci Brandão de<br />
Paula), para conseguirmos o hino.<br />
Fomos então ao Hotel Uirapuru, na<br />
avenida Portugal, onde estava hospedada<br />
a delegação malgaxe e com o<br />
meu inglês de principiante descobrimos<br />
que eles também não tinham as<br />
partituras. Entretanto um deles sabia<br />
tocar piano, o que nos ajudou muito.<br />
Fomos todos até a Rádio Cultura, ainda<br />
na Av. Espanha, e o membro da<br />
comitiva malgaxe tocou a melodia do<br />
hino no piano cedido pela emissora.<br />
Ouvimos, escrevemos a parte e de<br />
Amir Spínola e Sua<br />
Orquestra em 1965 na<br />
Nipo Brasileira: Zaga,<br />
Marcos, Nivaldo Dal-Ri,<br />
Amir Spínola (Mizinho),<br />
Ariovaldo Spínola (Tio<br />
Vado), Délio Souza<br />
Oliveira, Pedrão,<br />
Jura, Antônio Ramos,<br />
Arnaldo Delboni,<br />
Tocantis, Biroca,<br />
Bidinho, José Maria e<br />
Bento Luiz Nogueira<br />
volta ao quartel fizemos a distribuição<br />
de vozes, baixo e harmonia.<br />
Deu certo e ainda naquela mesma<br />
noite tocamos o hino antes do jogo da<br />
equipe de Madagascar. Então, durante<br />
o torneio, as atletas e toda a delegação<br />
malgaxe puderam ouvir pela<br />
primeiríssima vez o hino do seu país<br />
em terras estrangeiras, coisa que, segundo<br />
eles, não aconteceu em outras<br />
cidades onde jogaram.<br />
Ficaram todos muito emocionados<br />
e agradecidos. Estabelecemos então<br />
um laço de amizade e durante a semana<br />
que estiveram em Araraquara,<br />
era comum a presença dos alegres<br />
e simpáticos membros da delegação<br />
de Madagascar nos nossos ensaios.<br />
Chegavam no Corpo da Guarda do<br />
Quartel e nem se identificavam mais.<br />
Entravam e iam direto para a sala da<br />
BRM. Já eram considerados da casa.<br />
BENEVOLÊNCIA<br />
Fomos tocar na cidade de Jales, e<br />
lá, o 1º Sgt. Hernani encontrou numa<br />
praça, uma jovem chorando desesperada.<br />
A garota havia sido colocada<br />
para fora de casa porque seus<br />
pais não aceitavam sua condição de<br />
solteira grávida. O Sgt. Hernani não<br />
teve dúvidas. Trouxe a jovem para a<br />
sua casa em Araraquara, arcando<br />
com todas as despesas dos exames<br />
pré-natal e alimentação. Ao mesmo<br />
tempo negociava com a família, o seu<br />
retorno. Após o parto, os pais, agora<br />
também avós, vieram buscara filha e<br />
a criança. Poucos na banda ficaram<br />
sabendo. Não é fácil ver coisas como<br />
essa . . .<br />
CONTINUA NAS PÁGINAS SEGUINTES<br />
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