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Hagiografia<br />
Arquivo<br />
ferenciação, essa hierarquia que é a<br />
própria imagem do Céu, e compreendemos<br />
melhor aquela afirmação<br />
de Pio XII de que, até mesmo nas<br />
democracias verdadeiramente cristãs,<br />
é indispensável que as instituições<br />
sejam de um alto tonus aristocrático.<br />
Condição psíquica de<br />
sobrevivência na Terra<br />
Praça de São Pedro durante a proclamação do dogma da Assunção<br />
de Maria, pelo Papa Pio XII, em 1 de Novembro de 1950<br />
um brilho, um esplendor, uma dignidade<br />
na mansão celeste correspondente<br />
às tarefas das quais são incumbidos,<br />
tarefas essas que, por sua vez, correspondem<br />
à própria natureza deles.<br />
Assim, é de acordo com a ordem<br />
do universo que os seres humanos<br />
sejam regidos pelos Anjos, e estes<br />
sejam intercessores dos homens junto<br />
a Deus. De maneira que é verdadeiramente<br />
uma vida de corte, com<br />
um protocolo, uma dignidade, que<br />
serve de padrão para todas as cortes<br />
terrestres, e indica a necessidade<br />
de existir um protocolo, uma hierarquia,<br />
uma diversificação de funções.<br />
Temos o exemplo contrário disso<br />
nos discursos de chefes de Estado<br />
e de sindicalistas modernos, onde<br />
há uma pilha de gente atrás, dezenas<br />
de microfones, gente em volta<br />
conversando; o indivíduo interrompe<br />
a arenga, dá uma ordem para este<br />
e aquele, conta uma piada, depois<br />
continua a falar para a massa. Uma<br />
bagunça em que não há compostura<br />
nem dignidade. E essa carência de<br />
ordem, compostura e dignidade vão<br />
constituindo a igualdade e a democracia.<br />
Ao contrário, no estilo aristocrático-monárquico<br />
nós temos essa di-<br />
A festa de São Rafael nos conduz<br />
exatamente a essa ideia. É um intercessor<br />
celeste de alta categoria que<br />
leva nossas preces a Deus, porque é<br />
um dos espíritos angélicos mais elevados<br />
que assistem junto a Ele e,<br />
portanto, estão mais próximos d’Ele<br />
para pedir por nós, constituindo os<br />
canais naturais das graças que desejamos.<br />
Essa consideração nos conduz à<br />
ideia de reforçarmos cada vez mais<br />
em nós o desejo de que as realidades<br />
terrestres sejam semelhantes às celestes.<br />
Porque apenas na medida em<br />
que amarmos as realidades terrenas<br />
parecidas com o Céu é que preparamos<br />
as nossas almas para a beatitude<br />
celeste. Se, ao morrermos, não tivermos<br />
apetência das realidades terrestres<br />
parecidas com as celestes, não<br />
teremos apetência do Céu.<br />
Há, portanto, algo nesse espírito<br />
de hierarquia, de distinção, de nobreza,<br />
de elevação que corresponde<br />
a uma verdadeira preparação para o<br />
Céu; preparação esta tanto mais desejável<br />
quanto mais vamos afundando<br />
num mundo de horror, no qual<br />
todas as exterioridades com as quais<br />
tomamos contato são monstruosas,<br />
caóticas, desorganizadas.<br />
É uma necessidade do espírito<br />
humano, para não afundar no desespero,<br />
que a pessoa possa pousar<br />
as suas vistas extenuadas e doloridas<br />
em algo digno e bem ordenado. Não<br />
é próprio ao homem viver no mare<br />
magnum de coisas que caem, afundam,<br />
se deterioram. Em algum lugar<br />
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