Contato VIP - Setembro de 2019 - Passo Fundo
Edição da Revista Contato VIP do mês de Setembro de 2019, com a capa de circulação da cidade de Passo Fundo/RS
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<strong>VIP</strong> | Entrevista<br />
Como a experiência no BOPE auxiliou<br />
na função <strong>de</strong> Secretário <strong>de</strong> Segurança<br />
e hoje te auxilia nas palestras e conferências?<br />
Na verda<strong>de</strong>, foi o conjunto <strong>de</strong> todo<br />
conhecimento e experiências acumuladas<br />
ao longo <strong>de</strong> vinte cinco anos <strong>de</strong> vida<br />
profissional, na Polícia Militar, no BOPE,<br />
na Guarda Municipal do Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />
na assessoria dos Jogos Pan-americanos,<br />
nas duas graduações, nos diversos cursos<br />
<strong>de</strong> especialização, nos cursos <strong>de</strong> pós-graduação<br />
e mestrado em Antropologia que<br />
me permitiram ser o que sou e fazer o<br />
que faço, amparado por padrões <strong>de</strong> alto<br />
<strong>de</strong>sempenho que aprendi no BOPE.<br />
O que o BOPE tem em comum com os<br />
ambientes empresariais?<br />
É preciso que as pessoas vejam o BOPE<br />
como uma organização <strong>de</strong> pessoas, que<br />
foram selecionadas e capacitadas para<br />
atuar em <strong>de</strong>terminadas circunstâncias,<br />
e <strong>de</strong> recursos materiais disponibilizados<br />
para aten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>mandas específicas com<br />
um alto nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empenho<br />
e <strong>de</strong>sempenho. Desta forma, po<strong>de</strong>mos<br />
<strong>de</strong>terminar os pontos em comum entre as<br />
duas realida<strong>de</strong>s por se tratar <strong>de</strong> gente que<br />
se utiliza <strong>de</strong> recursos materiais e tecnológicos<br />
para cumprir sua missão.<br />
De que forma os conceitos e métodos<br />
que constituem os fundamentos<br />
culturais e motivacionais das equipes<br />
do BOPE se adaptam ao dia a dia das<br />
empresas?<br />
Para falar sobre isto, preciso esclarecer que<br />
estamos tratando <strong>de</strong> “alto <strong>de</strong>sempenho”, e<br />
reconhecer que no Brasil vivemos a cultura<br />
do “<strong>de</strong>sempenho”. Então, os conceitos e<br />
métodos do BOPE só teriam sentidos para<br />
as organizações que buscam os melhores<br />
resultados e reconhecem que precisam<br />
investir na seleção do perfil a<strong>de</strong>quado,<br />
em capacitação permanente, melhorar<br />
a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejar e executar,<br />
bem como <strong>de</strong>senvolver instrumentos <strong>de</strong><br />
monitoramento da performance individual<br />
e coletiva. Assim, quando se adotam<br />
essas medidas, as organizações contrariam<br />
a cultura do “mediano”, do “mais ou<br />
menos” ou do “estudar para passar”, o que<br />
po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> “cultura da mediocrida<strong>de</strong>”<br />
i<strong>de</strong>ntificada nas formas <strong>de</strong> sentir,<br />
pensar e agir <strong>de</strong> gerações <strong>de</strong> pessoas que<br />
foram preparadas para “<strong>de</strong>sempenhar”,<br />
e não em “alto <strong>de</strong>sempenhar”. Este é o<br />
principal motivo das críticas aos mo<strong>de</strong>los<br />
<strong>de</strong> alta performance, pois se tivéssemos<br />
sido preparados para isso durante nossa<br />
educação familiar e na formação escolar as<br />
pessoas não se sentiriam pressionadas, os<br />
resultados seriam melhores e o país estaria<br />
em outro nível <strong>de</strong> importância no cenário<br />
mundial, como os Tigres Asiáticos. Quero<br />
<strong>de</strong>ixar claro que não <strong>de</strong>fendo um ou<br />
outro mo<strong>de</strong>lo e que <strong>de</strong>vemos respeitar<br />
limites individuais e legais, mas <strong>de</strong>vemos<br />
reconhecer que cada pessoa <strong>de</strong>ve fazer<br />
sua escolha sobre qual caminho seguir, eu<br />
escolhi assumir riscos, me preparar e fazer<br />
o melhor.<br />
É preciso que as<br />
pessoas vejam o BOPE<br />
como uma organização<br />
<strong>de</strong> pessoas, que<br />
foram selecionadas<br />
e capacitadas para<br />
atuar em <strong>de</strong>terminadas<br />
circunstâncias, e <strong>de</strong><br />
recursos materiais<br />
disponibilizados para<br />
aten<strong>de</strong>r <strong>de</strong>mandas<br />
específicas com um<br />
alto nível <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> empenho e<br />
<strong>de</strong>sempenho.<br />
Como a frase “missão dada é missão<br />
cumprida” po<strong>de</strong> ser trabalhada <strong>de</strong> forma<br />
positiva no meio empresarial?<br />
Primeiro <strong>de</strong>vemos esclarecer que esta frase<br />
não é a versão pós-mo<strong>de</strong>rna do famoso<br />
“Manda quem po<strong>de</strong>, obe<strong>de</strong>ce quem tem<br />
juízo”. Na verda<strong>de</strong>, ela está centrada no<br />
conceito <strong>de</strong> “Missão”, não aquela que fundamenta<br />
na <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> das<br />
organizações, mas aquela que traz sentido<br />
para nossa existência como pessoa, como<br />
profissional e como cidadão, pois dialoga<br />
com nossos valores pessoais e gera o motivo<br />
para a ação.<br />
Quais são os maiores <strong>de</strong>safios que lí<strong>de</strong>res<br />
e gestores encontram para construir<br />
uma equipe <strong>de</strong> alta performance?<br />
Primeiro é abandonar os conceitos que relacionam<br />
li<strong>de</strong>rança à chefia. Segundo, é ter<br />
a consciência que um lí<strong>de</strong>r é, sobretudo,<br />
um mo<strong>de</strong>lo a ser seguido, muito mais pelo<br />
exemplo que dá, do que pelos discursos<br />
que profere. Terceiro, que <strong>de</strong>spertar as<br />
pessoas para alta performance será um<br />
trabalho árduo e contínuo, pois <strong>de</strong>verá<br />
li<strong>de</strong>rar um movimento <strong>de</strong> contracultura.<br />
O que é necessário fazer para superar<br />
esses <strong>de</strong>safios?<br />
Primeiro, não ter dúvidas que está no<br />
caminho certo. Segundo <strong>de</strong>senvolver<br />
um plano com objetivos específicos,<br />
estratégias claras e responsabilida<strong>de</strong>s e<br />
prazos bem <strong>de</strong>finidos. Terceiro, montar<br />
uma equipe que esteja sintonizada com a<br />
missão.<br />
Sabemos que todos os ambientes<br />
<strong>de</strong> trabalho envolvem momentos <strong>de</strong><br />
dificulda<strong>de</strong> e estresse. Como é possível<br />
garantir, além <strong>de</strong> uma alta performance,<br />
um ambiente harmonioso entre as<br />
pessoas que compõem uma equipe?<br />
Não há como garantir isso. Mas coragem,<br />
integrida<strong>de</strong> e sincerida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m gerar<br />
maior harmonia e atenuar os impactos dos<br />
momentos voláteis, incertos, complexos e<br />
ambíguos.<br />
O que faz um bom lí<strong>de</strong>r?<br />
Boas batalhas, on<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>rá com seus<br />
acertos e, principalmente, com seus erros.<br />
De que forma o lí<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ve se portar<br />
para inspirar sua equipe?<br />
Sempre <strong>de</strong>monstrando em suas atitu<strong>de</strong>s<br />
aquilo que <strong>de</strong>seja <strong>de</strong> seus li<strong>de</strong>rados.<br />
Recentemente você lançou o livro Vá<br />
e vença: <strong>de</strong>cifrando a Tropa <strong>de</strong> Elite. O<br />
que te motivou a escrevê-lo?<br />
As pessoas que assistem minhas palestras<br />
sempre cobram uma fonte <strong>de</strong> referência.<br />
Me senti impelido por essa <strong>de</strong>manda e<br />
pelo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> compartilhar o que aprendi<br />
com as mais <strong>de</strong> duas mil e quinhentas<br />
organizações que atendi ao longo <strong>de</strong> onze<br />
anos como conferencista e consultor. No<br />
livro, faço uma análise comparativa da<br />
cultura brasileira, da cultura das organizações<br />
e da cultura do BOPE, fundamentado<br />
nos princípios <strong>de</strong> alta performance. Todos<br />
os recursos provenientes dos direitos<br />
autorais são <strong>de</strong>stinados à construção<br />
do Centro Cultural Pedro Storani, uma<br />
organização <strong>de</strong>stinada à educação gratuita<br />
<strong>de</strong> música e dança <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s<br />
carentes na Zona Oeste do Rio<br />
<strong>de</strong> Janeiro. Pedro é meu saudoso filho,<br />
<strong>de</strong>sencarnado há três anos e meio, que nos<br />
inspirou a realizar essa obra social, como<br />
ele sempre dizia, “o ser humano foi feito<br />
para voar em bando, sozinhos dificilmente<br />
chegamos aon<strong>de</strong> queremos”, <strong>de</strong>cidimos<br />
formar o lindo bando <strong>de</strong> AMIGOS DO<br />
PEDRO.<br />
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