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Ciências Sociais UNIP

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Unidade I<br />

As mercadorias produzidas nas fábricas encontravam também um mercado<br />

interno simultâneo ao mercado externo. Isso devido ao crescimento da<br />

população da própria Inglaterra (HUBERMANN, 2010, p. 138).<br />

No interior das fábricas, as condições de trabalho eram ruins. As fábricas não possuíam ventilação ou<br />

iluminação e os trabalhadores eram submetidos a jornadas de trabalho de até 16 horas por dia. Como<br />

ilustra Huberman:<br />

Os fiandeiros de uma fábrica próxima de Manchester trabalhavam 14 horas<br />

por dia numa temperatura de 26 a 29ºC, sem terem permissão de mandar<br />

buscar água para beber (...) Quando os trabalhadores conquistaram o direito<br />

de trabalhar em dois turnos de 12 horas, consideraram isto uma “benção”<br />

(HUBERMAN, 2010, p. 143).<br />

A cultura que os operários levavam para o ambiente industrial era a apreendida no meio rural. Isso conduzia<br />

os empresários a perceber que a gestão dos recursos humanos constituía um problema a ser solucionado.<br />

Dessa forma, um rígido sistema disciplinar acompanhado de constante supervisão dos empresários foi<br />

introduzido nas indústrias para garantir a produtividade com eficiência. Como informa Dias (2004, p. 19): “o<br />

fator disciplina assume um papel fundamental na nova forma de organizar a empresa, não só pelo aspecto<br />

cultural – com a necessidade de desenvolvimento de novos hábitos”. Os operários tinham grande dificuldade<br />

de adaptação ao sistema disciplinar, que não era pautado na liberdade e igualdade dos indivíduos.<br />

Era usual nas fábricas a presença de mulheres e crianças a partir de cinco anos atuando na linha de<br />

produção com salários inferiores aos dos homens. Quanto aos homens, naquela época estes já sofriam<br />

com os efeitos do desemprego.<br />

A princípio, os donos de fábricas compravam o trabalho das crianças pobres nos<br />

orfanatos; mais tarde, como os salários do pai operário e da mãe operária não<br />

eram suficientes para manter a família, também as crianças que tinham casa<br />

foram obrigadas a trabalhar nas fábricas e minas (HUBERMAN, 2010, p. 144).<br />

A seguir, a maneira como Engels (2010) descreve o trabalho infantil sob a ótica de um empresário:<br />

34<br />

Visitei várias fábricas em Manchester e em seus arredores e jamais vi crianças<br />

maltratadas, submetidas a castigos corporais ou mesmo que estivessem de mau<br />

humor. Pareciam todas alegres e espertas, tendo prazer em empregar seus músculos<br />

sem fadiga e dando livre vazão à vivacidade própria da infância. O espetáculo do<br />

trabalho na fábrica, longe de despertar-me pensamentos tristes, foi, para mim,<br />

sempre reconfortante. Era delicioso observar a agilidade com que reuniam os<br />

fios rompidos em cada recuo do carreto da mula e vê-las, depois de segundos<br />

de atividades com seus dedinhos delicados, divertirem-se muito a descansar nas<br />

posições que lhes davam prazer, até que a atividade recomeçasse. O trabalho<br />

desses elfos velozes parecia um jogo, que executavam com a encantadora destreza<br />

que um longo treinamento lhes conferira. Conscientes de sua própria habilidade,

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