13.12.2019 Views

RT0160-webe

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

56 DEZEMBRO 2019<br />

ESPECIAL EDUCAÇÃO<br />

ENSINO MÉDIO<br />

MEU FILHO REPETIU DE ANO NA ESCOLA, E AGORA?<br />

Cada caso deve ser observado e analisado à parte para que haja um direcionamento<br />

Segundo o Unicef, cerca de 3,5 milhões de alunos<br />

reprovaram ou abandonaram a escola em<br />

2018. O estudo, divulgado recentemente em<br />

parceria com o Instituto Claro, analisou o Censo<br />

Escolar 2018 e mostrou que esse número reflete a<br />

realidade, principalmente, dos anos finais da Educação<br />

Básica, no Ensino Médio. Saber como lidar com<br />

a notícia de repetência escolar do filho não é uma<br />

tarefa fácil e exige atenção dos pais para a tomada<br />

de decisão que diz respeito ao próximo ano letivo.<br />

Arquivo<br />

PROCESSO<br />

Para Tania Fontolan, educadora e diretora do<br />

Programa Semente – metodologia que desenvolve<br />

a aprendizagem socioemocional em escolas brasileiras<br />

– a repetência escolar é o resultado final de<br />

um processo que aconteceu durante todo o ano,<br />

e o primeiro passo após a notícia é analisar qual a<br />

razão que levou à reprovação. “Foi uma dificuldade<br />

de aprendizagem? Foi uma incompatibilidade entre<br />

determinadas características cognitivas desse aluno<br />

e o modelo de ensino da escola? Foi o resultado<br />

de um processo de pouca dedicação? ”, questiona.<br />

COMPREENSÃO<br />

Entender o que levou à reprovação mostra o que<br />

faltou no ensino e na aprendizagem do aluno no<br />

decorrer do ano e, dependendo da razão, a postura<br />

da família deve ser diferente. “Se o aluno se dedicou,<br />

mas obteve notas ruins, a razão pode ter sido dificuldades<br />

reais de aprendizagem. Neste caso, vale pedir<br />

uma reconsideração na escola pensando no próximo<br />

ano como uma nova oportunidade. Se a reprovação<br />

for por conta da incompatibilidade cognitiva entre<br />

aluno e escola, a sugestão é mudar de instituição.<br />

Se a razão for falta de dedicação, os pais precisam<br />

tentar mostrar como más decisões, - não estudar, por<br />

exemplo - têm consequências”, ressalta Tania.<br />

ESFORÇO<br />

O ideal é que os pais saibam cobrar esforço e empenho<br />

do filho, e não resultado. “Às vezes a nota 5<br />

de um aluno vale mais do que a nota 9 do outro”,<br />

diz a diretora do Programa Semente. “A questão do<br />

empenho é crucial. Porque ninguém é bom em tudo<br />

o que faz, mas com dedicação, esforço e perseverança,<br />

é possível alcançar o seu máximo. ”<br />

PERSISTÊNCIA<br />

A persistência é uma das habilidades ensinadas<br />

no Programa Semente. Ao aprender como<br />

A repetência escolar é o resultado final de um processo<br />

que aconteceu durante todo o ano<br />

ter foco, os alunos adquirem mais autonomia<br />

e consciência sobre o esforço para alcançar<br />

os objetivos. “A reprovação às vezes surge por<br />

uma falta de avaliação de consequência. A família<br />

não deve tentar reverter a repetência se o<br />

aluno de fato não se empenhou”.<br />

MENINOS REPROVAM MAIS<br />

Quando se trata dos meninos, por exemplo, a<br />

atenção deve ser ainda maior. De acordo com a<br />

pesquisa do Unicef, os meninos têm 64% mais<br />

chance de repetirem de ano do que meninas.<br />

Segundo Tania Fontolan, as meninas amadurecem<br />

mais cedo cognitiva e neurologicamente<br />

e isso reflete em sua autopercepção e exteriorização<br />

de seus medos e dificuldades. Por isso<br />

pedem ajuda com mais facilidade. Já os meninos,<br />

geralmente, apresentam mais dificuldade<br />

em falar sobre suas próprias emoções, o que, às<br />

vezes, gera uma barreira para que ele consiga<br />

externar suas dificuldades.<br />

“As meninas desenvolvem a perseverança de<br />

um jeito mais responsável e antes dos meninos;<br />

além disso, há um pensamento de que se o menino<br />

for focado e centrado, ele será o ‘bobo’, o<br />

‘nerd’. Então por vezes, considera-se mais natural<br />

que ele ‘bagunce’, que jogue futebol e vá<br />

bem nos esportes e não se empenhe nas disciplinas<br />

obrigatórias na escola, esse pensamento<br />

cultural precisa ser mudado”, conclui Tania.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!