A abóboda_Alexandre Herculano
O arquiteto português Afonso Domingues desenha uma complexa abóbada para o Mosteiro da Batalha, mas fica cego, em 1401, antes de a edificar… O rei D. João I contrata, então, um arquiteto irlandês, mestre Ouguet, para a terminar, que não acredita no projeto inicial. Uma delas desaba... a outra ainda hoje lá está! Mas a de quem?
O arquiteto português Afonso Domingues desenha uma complexa abóbada para o Mosteiro da Batalha, mas fica cego, em 1401, antes de a edificar… O rei D. João I contrata, então, um arquiteto irlandês, mestre Ouguet, para a terminar, que não acredita no projeto inicial. Uma delas desaba... a outra ainda hoje lá está! Mas a de quem?
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devem, provavelmente, fazê lo esquecer. Persuadido de ter por isso direito à indulgência,
resolveu se a transportar para o livro aquilo que, considerado em si, não mereceria, talvez, sair
nunca das colunas do fugitivo jornal, salvando assim, não, escritos cuja apreciação exija largas
páginas na história literária, mas um marco humilde e tosco, que, nesta espécie de literatura,
indique o ponto donde se partiu.
ADVERTÊNCIA DA 2ª EDIÇÃO
(1858)
A advertência que precedia a anterior edição deste livro e que deixamos reproduzida
explica sobejamente porque as primeiras tentativas de um género de escritos que só muito tarde
foi cultivado em Portugal se publicaram em volumes, quando, talvez, não devessem sair das
colunas dos jornais onde viram a luz pública. Considerámo los então e consideramo los agora
apenas como balizas no campo da nossa história literária, balizas que nos parecem ainda mais
toscas actualmente; porque, ao passo que a reflexão e o tempo nos amaduram o espírito, os
defeitos de composição e de estilo cada vez se vão avolumando mais aos olhos da nossa
consciência retrospectiva. Reputando os, todavia, hoje, como há oito anos, simples marcos
miliários, a presente edição absolve se pelos mesmos títulos por que devia ser absolvida a edição
anterior.
Esperávamos, e dissemo lo sinceramente, que estas desadornadas tentativas
esqueceriam em breve ofuscadas pelas brilhantes composições que começavam a avultar no
caminho que havíamos aberto. O público entendeu de outro modo. Sem deixar de apreciar o
melhor, não esqueceu estes mal delineados esboços, que ficaram na sua memória, como nos
ficam para a saudade os dias do nosso balbuciar infantil.
Quinze a vinte anos são decorridos desde que se deu um passo, bem que débil, decisivo,
para quebrar as tradições do Alívio de Tristes(13) e do Feliz Independente(14) , tiranos que
reinavam sem émulos e sem conspirações na província do romance português. Nestes quinze ou
vinte anos criou se uma literatura, e pode dizer se que não há ano que não lhe traga um
progresso. Desde as Lendas e Narrativas até o livro Onde Está a Felicidade(15)? que vasto
espaço transposto!