Boletim 486 - Março de 2020
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2020 • Março
DIOCESE DE GUARAPUAVA • 13
19 de abril de 2020 26 de abril de 2020
2º DOMINGO DA PÁSCOA 3º DOMINGO DA PÁSCOA
At 2, 42-47 | 1Pd 1, 3-9 | Jo 20, 19-31 At 2, 14.22-23 | 1Pd 1, 17-21 | Lc 24, 13-35
“MEU SENHOR E MEU DEUS!”
“FIQUE CONOSCO, POIS JÁ É TARDE E
O DIA ESTÁ TERMINANDO” LC 24,29
A liturgia deste domingo leva-
-nos a refletir sobre a comunidade
de fé e partilha que é capaz de
surgir a partir de circunstâncias
difíceis. A ressurreição que brota
da Cruz de Cristo, e a sua infinita
misericórdia que alcança os
homens é uma vida nova que brota
dentro da comunidade.
Na primeira leitura, percebemos
a comunidade que nasce do Espírito
Santo, uma comunidade onde
reina a fraternidade e a partilha, o
amor mútuo e a comunhão entre
os irmãos. Também é uma comunidade
que expressa a sua fé a partir
da fração do pão e da oração, duas
características importantes que
mostram a união com Jesus Cristo.
Além disso, é uma comunidade
empenhada em acolher e conhecer
a mensagem e o projeto de Jesus a
partir do testemunho dos Apóstolos,
escutando perseverantemente
o que eles ensinavam.
A segunda leitura nos mostra
como a confiança na misericórdia
de Deus torna-nos mais firmes
diante das provações, dificuldades
e aflições. Assim, o crente é
chamado a percorrer a vida com
esperança e fé em Jesus, que é
fonte de alegria e caminho para a
salvação. A entrega a Cristo e ao
amor do Pai conduz à ressurreição,
que é vida plena e vida nova.
Pelo batismo, o crente identifica-se
com Cristo na sua missão,
à medida que os sofrimentos e
provações purificam a fé do crente,
que o leva a ser transformado
pela ação do Espírito Santo. A
caminhada que percorre o critão
é a caminhada em direção à ressurreição
e à salvação definitiva,
marcada pela esperança e fé.
No Evangelho, o que está no
cerne é a centralidade de Jesus
na comunidade, ou seja, Jesus
aparece como referência, como
aquele que dá sustento e que permite
à comunidade vencer as hostilidades
e sofrimentos do mundo.
Jesus se põe no meio da comunidade,
é Ele quem deve ser visto
como modelo de esperança em
meio às angústias do mundo. Ele
diz: “A paz esteja convosco”. É uma
palavra de consolo àqueles que
estão revolvidos pelo medo e pela
insegurança. Ele também revela
a sua identidade quando mostra
suas mãos, sinal do seu amor pela
humanidade que se renova todos
os dias. São nestes sinais que a
comunidade é capaz de reconhecer
Jesus ressuscitado, reconhecer
a vida plena e a esperança que
estão na base da vida cristã.
Ademais, está presente a figura
de Tomé que, em princípio, fecha-
-se em si mesmo e não acredita
no testemunho da comunidade,
nem mesmo nos sinais que nela
irradiam. Ele não se integra junto
com a experiência da comunidade,
antes, pretende ter um sinal
particular vindo de Deus, apenas
para si próprio. Entretanto, Tomé
é capaz de fazer a experiência
com Cristo, voltando a fazer parte
de sua comunidade. É nela que o
amor fraterno ocorre e é nela que
podemos descobrir Jesus ressuscitado,
junto com nossos irmãos.
Que Nossa Senhora de Belém
interceda por nós e por nossas
comunidades!
Mais do que apenas o anúncio da
ressurreição, a liturgia deste domingo
enfatiza a presença de Jesus no
caminho de seus discípulos e hoje,
em nosso trajeto rumo ao céu. O
Livro de Atos dos Apóstolos reforça
um critério para a concretização
da história da salvação: a doação
de vida. Ao apontar diretamente
para a crucificação de Jesus como
elemento necessário para a ressurreição,
Lucas relembra que muitas
vezes, entregar-se totalmente aos
desígnios de Deus é a opção essencial
e necessária para o alcance do
Seu Reino. O Livro de Atos insere na
boca de Davi a chave para a certeza
que devemos cultivar em nossa
jornada “O Senhor está sempre na
minha presença, com Ele a meu lado
não vacilarei.” (At 2, 25).
A insistência em evidenciar a
morte de Jesus, contida na liturgia
de hoje, quer, sobremaneira, evidenciar
a consequência desta morte,
manifesta como maior glória e
vitória no episódio salvífico da Ressurreição.
De modo simples, a catequese
contida na primeira leitura é
aquela que caracteriza o kerigma, ou
seja, o primeiro anúncio, anunciando
Jesus que passou pelo mundo,
viveu a condição humana em um
ambiente humano, foi rejeitado
pelos homens, morto e, enfim, Ressuscitado
por Deus Pai. De modo
que o processo pelo qual passa
Jesus, caracteriza a insistência santificadora
de Deus na vida humana,
em nos dar Seu Filho como dom da
salvação. Como pecadores, muitas
vezes recusamos Seu projeto de
vida, contudo sempre há a vitória
de Seu dom de Amor.
Quando nos percebemos distanciados
de Jesus e de seu projeto de
vida, precisamos repetir o pedido
dos dois caminhantes de Emaús:
“Fica Conosco, Senhor”. Constantemente,
a necessidade de pedir a
Deus a Sua presença em nossa vida
nos faz conhecer melhor a necessidade
humana de nunca estar
sozinho. Semelhante àqueles que
caminhavam tristes e solitários pela
partida de seu Senhor, muitas vezes
nos encontramos enlutados por
tantas perdas materiais e espirituais.
Não raras as vezes, sufocamos
a alegria da ressurreição em nossos
corações e por consequência fechamos
os olhos para os sinais de Deus.
A experiência humana da tristeza
faz com que não vejamos quem
está ao nosso lado, esqueçamos do
outro e do próprio Cristo que se faz
no outro e em nós. Desce constantemente
sobre a vida humana, a
escuridão da noite. Tudo fica difícil
de ser visto e tocado. Aparentemente
nada mais tem a possibilidade
de ser encontrado, nem mesmo
Jesus que está dentro e fora de nós.
Nestes momentos nos fixamos na
morte, na ausência que sentimos
de Deus e de sua manifestação,
achamos que Ele está morto, e até
mesmo que não voltará mais. Contudo,
a escuta de Sua palavra e o
cumprimento de Sua proposta nos
faz abrir os olhos.
Estar triste ou desanimado na
trajetória da fé é uma porta para
o esquecimento da promessa de
Deus. A tristeza, quando cultivada,
sepulta a alegria, nos faz vislumbrar
apenas a pedra que fecha o sepulcro.
Mas, a tristeza, quando partilhada
e iluminada pela palavra de
Deus, elimina toda sombra da morte.
Esta experiencia faz arder o coração,
faz compreender que a Palavra
não está distante da Vida. Dialogar,
rezar, e entregar as angústias nas
mãos de Deus nos faz contemplar
que em Jesus está a nossa vida, e
com Ele haveremos de ressuscitar.
Não nos cansemos de constantemente
suplicar ao Bom Deus que
permaneça conosco, que nos fale ao
coração quando pelo caminho desanimarmos.
Fica conosco Senhor!
Reflexão elaborada pelos seminaristas de nossa
diocese que estão estudando teologia em Curitiba:
José Vitor Cozechen, Anselmo Freski Oliveira,
Lucas Ribas, Matheus Kurta e Gabriel Belisario.
Reflexão elaborada pelos seminaristas de nossa
diocese que estão estudando teologia em Curitiba:
José Vitor Cozechen, Anselmo Freski Oliveira,
Lucas Ribas, Matheus Kurta e Gabriel Belisario.