Boletim 486 - Março de 2020
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6 • DIOCESE DE GUARAPUAVA Março • 2020
CNBB esclarece detalhes da Exortação Apostólica Querida Amazônia
Do anúncio da realização do Sínodo pelo Santo Padre, em Porto Maldonado, no Peru,
em janeiro de 2018 até o lançamento da Exortação “Querida Amazônia” um longo processo sinodal foi desenvolvido.
“Essa necessidade urgente me
leva a exortar todos os bispos,
especialmente os da América Latina
(...), a serem mais generosos em
incentivar aqueles que demonstram
uma vocação missionária a optar
pela região amazônica.”
Papa Francisco
CNBB
O Papa Francisco publicou na
manhã de 12 de fevereiro a Exortação
Apostólica “Querida Amazônia”, documento
feito a partir da realização da
Assembleia Especial do Sínodo dos
Bispos para a Região Pan-Amazônica,
realizado de 6 a 27 de outubro de
2019, no Vaticano.
Em seguida, a Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Rede
Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) promoveram
uma coletiva de imprensa
sobre a Exortação Apostólica e os desdobramentos
no Brasil. O evento foi
realizado na sede da CNBB, em Brasília.
Participaram da coletiva o arcebispo
de Belo Horizonte (MG) e presidente
da CNBB, Dom Walmor Oliveira de
Azevedo, e o relator do Sínodo para a
Amazônia, cardeal Cláudio Hummes,
arcebispo emérito de São Paulo.
O tema do Sínodo foi “Amazônia:
novos caminhos para a Igreja e para
uma Ecologia Integral”. O objetivo
traçado pelo Papa Francisco foi “identificar
novos caminhos para a evangelização
daquela porção do Povo de Deus,
especialmente dos indígenas, frequentemente
esquecidos e sem perspectivas de
um futuro sereno, também por causa da
crise da Floresta Amazônica, pulmão de
capital importância para nosso planeta”.
Durante o processo do Sínodo,
religiosos e religiosas, leigos e leigas
e representantes das populações tradicionais
prepararam um documento
com as reflexões sobre novos caminhos
para a Igreja na Amazônia e
para a ecologia integral, que foi encaminhado
ao Papa como ajuda à construção
do texto final.
Do anúncio da realização do Sínodo
pelo Santo Padre, em Porto Maldonado,
no Peru, em janeiro de 2018
até o lançamento da Exortação “Querida
Amazônia” um longo processo
sinodal foi desenvolvido. Por isso,
antes de se conhecer a Exortação é
importante retomar todo caminho
percorrido, a fim de compreender
os passos dados para chegar até o
momento considerado crucial, que é
a elaboração do documento.
FASE DE PREPARAÇÃO E
ESCUTA SINODAL
De junho 2018 a abril de 2019, foi
desenvolvida, nos Países que integram
a região Pan-Amazônica (Brasil, Peru,
Colômbia, Bolívia, Venezuela, Guiana,
Guiana Francesa e Suriname), uma
série de atividades como parte do processo
de escutas pré-sinodais coordenado
pela Rede Eclesial Pan-Amazônica
(REPAM). A escuta ouviu os povos amazônicos,
com destaque para indígenas,
ribeirinhos, quilombolas, mulheres,
jovens, religiosos e religiosas.
Ao todo, foram realizadas 57
assembleias, 21 fóruns nacionais,
17 fóruns temáticos e 179 rodas de
conversa. No Brasil, foram 182 atividades.
Ao todo, estima-se que 87
mil pessoas tenham sido ouvidas na
fase de preparação. Como fruto desta
escuta, a secretaria-executiva do Sínodo
elaborou o Instrumentum Laboris
(Instrumento de Trabalho) do Sínodo
Amazônico, material de estudo dos
bispos em preparação ao evento.
O Papa convocou bispos dos nove
Países que integram a Pan-Amazônia.
O Brasil ficou com a maior delegação
entre os participantes, sendo 58 bispos
da Região Amazônica, além de
outros nomes na cúpula do encontro
como o cardeal brasileiro Dom Claudio
Hummes, relator-geral do sínodo.
O presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom
Walmor Oliveira de Azevedo, também
participou. O pontífice convidou ainda
cientistas, nomes ligados à Organização
das Nações Unidas (ONU), representantes
de igrejas evangélicas, de
ONGs e povos indígenas.
ASSEMBLEIA ESPECIAL DO
SÍNODO DOS BISPOS PARA A
REGIÃO PAN-AMAZÔNICA
Segundo relatório final, a celebração
do Sínodo, realizado de 6 a 27 de
outubro de 2019, no Vaticano, conseguiu
destacar a integração da voz da
Amazônia com a voz e o sentimento
dos pastores participantes. Participaram
da Assembleia Sinodal, 250 pessoas,
sendo 184 bispos e 35 mulheres.
Segundo o documento final “foi uma
nova experiência de escuta para discernir
a voz do Espírito Santo que conduz
a Igreja a novos caminhos de presença,
evangelização e diálogo intercultural na
Amazônia. A afirmação, que surgiu no
processo preparatório, de que a Igreja
era aliada do mundo amazônico, foi
fortemente confirmada. A celebração
termina com grande alegria e esperança
de abraçar e praticar o novo paradigma
da ecologia integral, o cuidado da “casa
comum” e a defesa da Amazônia”.
Após a realização do Sínodo, que
tem caráter consultivo, cabe sempre
ao Papa a decisão de escrever
ou não uma Exortação Apostólica
pós-sinodal. No documento, o Santo
Padre expõe o seu parecer final
sobre as sugestões dos participantes
da reunião de bispos.
COMISSÃO PÓS-SINODAL
Os nomes dos 16 membros que
integram a Comissão Pós-Sinodal,
cuja tarefa é aplicar as indicações
da Assembleia dos Bispos, foram
divulgados pelo Vaticano dia 23 de
novembro de 2019. Entre eles, constam
quatro brasileiros: Dom Alberto
Taveira, arcebispo de Belém (PA),
Dom Erwin Kräutler, bispo emérito da
prelazia do Xingu (PA) – agora diocese
de Xingu-Altamira –, Dom Cláudio
Hummes, arcebispo emérito de São
Paulo e Dom Roque Paloschi, bispo de
Porto Velho (RO).
DOCUMENTO FINAL
O documento final, com 5 capítulos,
reconhece a Amazônia como coração
biológico, para a terra cada vez mais
ameaçada. Aponta a importância
da Amazônia para a distribuição das
chuvas nas regiões da América do
Sul e para os movimentos de ar ao
redor do planeta. Alerta para os riscos
de desmatamento evidenciados
pela comunidade científica que até
então encontra-se no patamar em
17% do total da floresta Amazônica.
Isto, segundo os cientistas, ameaça a
sobrevivência de todo o ecossistema,
pondo em perigo a biodiversidade e
mudando o ciclo vital da água, para a
sobrevivência da floresta tropical.
O documento, fruto do Sínodo, fala
de um chamado à conversão integral
(pastoral, cultural, ecológica e sinodal)
que promove a criação de estruturas
em harmonia com o cuidado da criação;
uma conversão baseada na sinodalidade,
que reconheça a interação
de tudo que foi criado. Conversão que
leve a ser uma Igreja em saída que
entre no coração de todos os povos
amazônicos. Conhecer o Documento
Final é importante para ver que
propostas apresentadas e aprovadas
pelos bispos no Sínodo serão acolhidas
na Exortação “Querida Amazônia”.
O documento está disponível no
seguinte endereço eletrônico:
www.sinodoamazonico.va