Revista Mistérios de Órunmilá - 03
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CÉLIA DOMINGUES
A EMPREENDEDORA DO CARNAVAL
Ela se encantou com o mundo do carnaval aos 8 anos desfilando
na ala das baianinhas e hoje promove a lavagem das baianas no
carnaval na Sapucaí.
Mistérios de Orunmilá: Como foi o seu inicio no mundo do
carnaval?
Célia Domingues: Eu nasci no morro do Telégrafo, uma
comunidade na Mangueira e comecei a desfilar aos 8 anos de
idade. Mesmo a minha família não sendo frequentadora da
escola, eu me identificava com todo aquele esplendor, aquela
expressão cultural e desfilava na ala das baianinhas.
Aos 16 anos saí da comunidade da Mangueira, mas já trazia
intrinsecamente a percepção de que o carnaval era de interesse
da comunidade e continuei a interagir com esse mundo do
carnaval, pois observei que existia muito trabalho para se fazer
no carnaval e que existiam poucas pessoas com empregos na
comunidade.
Naquela época não se usava o termo “desigualdade social”,
mas eu já observava essa diferença.
Quando fui trabalhar na empresa Leite de Rosas, que era
vizinha da comunidade da Mangueira, eu tive a oportunidade de
participar de um programa social esportivo e fui me aproximando
ainda mais da escola. Continuava a desfilar na Escola e quando
Elmo, meu marido, foi presidente da Mangueira, ele cedeu a
parte social para eu administrar e como filha dessa comunidade,
o carnaval se tornou uma crescente em apoio à comunidade.
Mistérios de Orunmilá: Quais são as suas atividades no
momento?
Célia: Desde que o meu marido se tornou presidente da Mangueira
fiquei muito envolvida com projetos sociais. Percebi que no
mundo do carnaval existia dificuldade para os carnavalescos
conseguirem profissionais qualificados, pois eles empregavam
as pessoas da comunidade sem treinamento, sem técnica e por
isso havia uma perda muito grande de material e de eficiência
necessária para movimentar esse espetáculo. E assim surgiu a 1°
oficina que fizemos de qualificação profissional para o carnaval.
Esse trabalho foi crescendo e com ele surgiram novas
técnicas. Em 1998 nasce a AMEBRAS (Associação de Mulheres
Empreendedoras do Brasil).
A AMEBRAS é uma instituição de mulheres para mulheres,
ou seja, para empoderar e articular. Essa instituição foi feita para
a mulher se encontrar e se qualificar para o mundo profissional,
para o mercado de trabalho. Esse trabalho resgata a dignidade,
distribui renda e coloca o cidadão no mercado de trabalho, e
são pessoas que trabalham com “paixão” porque acreditam e
confiam no que fazem.
A AMEBRAS otimiza, economiza e contribui para a qualidade
do espetáculo do carnaval sempre crescer.
10 Mistérios de Órunmilá Fevereiro 2017
Hoje, a AMEBRAS é responsável pela qualificação de
profissionais avançados, não primários, e colocamos esses
profissionais à disposição das Escolas de Samba e nas
produtoras de eventos.
Além de todo esse trabalho, ainda temos uma linha de
produtos que chamamos de Souvenir do Carnaval, que é uma
produção de economia criativa que permite ao profissional
trabalhar em casa e ter sua produção comercializada em
pontos de vendas. As artesãs conseguem receber uma renda
e a cultura do carnaval é representada nessa renda para cada
pessoa que adquiriu e leva para sua casa um “pedacinho do
mundo do carnaval”.
Mistérios de Orunmilá: Quais os desafios nesse carnaval?
Célia: A crise financeira! Esse ano está sendo um ano atípico,
mais difícil que os outros, mas usamos ainda mais a criatividade
e colocamos os nossos ideais na frente das dificuldades.
Queremos passar o carnaval com a certeza que fizemos o
melhor e conseguimos no final, todos estão satisfeitos com o
espetáculo. O carnaval é agregador por isso, todos precisam
colaborar porque a crise não nos assusta, mas precisamos
saber lidar com ela. Passar pela festa todos unidos e aguardar
o próximo desafio.
Mistérios de Orunmilá: Existe alguma atividade que a senhora
esteja envolvida no pós-carnaval?
Célia: Já temos todo o planejamento de 2017 e já está em