Revista Mistérios de Órunmilá - 03
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
AGENDA HOLÍSTICA
Em 2011, a felicidade foi elevada pela ONU ao status de Direito
Humano Fundamental, a ser assegurado através do Estado de Direito,
e ingressou definitivamente nas tabulações estatísticas econômicas
bancadas por agências de avaliação para investidores e na agenda dos
teóricos da Economia. Também ganhou data comemorativa, o 20
de março, Dia Internacional da Felicidade. Mesmo assim, as nações
continuam a perseguir o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB)
como meta de desenvolvimento, as corporações inexoravelmente
buscam aumentar seus lucros, e as pessoas se exaurem para ganhar mais
dinheiro, engolidas pelo círculo vicioso do consumismo.
O Relatório da Felicidade Mundial do ano passado (World Happiness
Report 2016), ranking da ONU adotado a partir de 2012, se dedicou, pela
primeira vez, a medir as consequências da desigualdade na distribuição
do bem-estar. Até então, o estudo afirmava que a felicidade fornecia
melhores indicadores de bem-estar do que renda, pobreza, educação,
saúde e boa governança, medidos separadamente. Entretanto, os
pesquisadores entenderam agora que desigualdade de bem-estar é algo
bem mais amplo do que mensurar apenas “desigualdade”. Eles afirmam
que pessoas são mais felizes quando vivem em sociedades com menos
“desigualdade de felicidade”, ou seja, quando não há uma disparidade
grande entre os números daqueles que se consideram felizes e os que
se dizem infelizes. A chamada “desigualdade de felicidade” aumentou
nos 157 países estudados nos últimos anos. É o caso do Brasil, que
embora esteja em 17º lugar entre os mais felizes, porém, está entre
os que têm a felicidade pior distribuída entre os indivíduos. Assim
como é um país com renda desigual, apesar de ter um dos maiores
PIBs do mundo, o Brasil é um país com felicidade desigual e alta
felicidade total. “Medir a felicidade e alcançar o bem-estar das pessoas
deve estar na agenda de cada nação, de maneira que todos consigam
alcançar as metas estabelecidas pelos Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável”, assinalou Jeffrey Sachs, diretor do Earth Institute, da
Universidade de Columbia, durante o lançamento do relatório, na Itália.
“Na verdade, os próprios objetivos incorporam a ideia de que o bemestar
humano deve ser alimentado através de uma abordagem holística,
que combina elementos econômicos, sociais e ambientais. Ao invés
de ter uma abordagem restrita, focada exclusivamente no crescimento
financeiro, devemos promover sociedades que são prósperas, justas e
ambientalmente sustentáveis”, explicou.
Os países que aparecem nos dez primeiros lugares do ranking de
2016 são os mesmos que encabeçaram a lista na edição de 2015.
Houve apenas uma pequena troca de posições. Oito deles ficam no
Hemisfério Norte sendo cinco deles na Escandinávia, onde existe um
grande comprometimento com as questões ambientais e a luta contra
as mudanças climáticas. As últimas colocações do ranking ficam para
aqueles lugares onde existe uma desigualdade social e econômica brutal
na sociedade – a grande maioria no continente Africano e regiões que
passam por graves conflitos armados, como a Síria.
INSPIRAÇÃO
Ao sul da Ásia, na fronteira entre China e Índia, próximo às montanhas
do Himalaia, fica um dos menores países do mundo, o Reino do Butão.
Sua população de cerca de 750 mil pessoas é majoritariamente budista e
vivem principalmente da agricultura, do trabalho com a terra. A energia
é gerada através de hidrelétricas e o excedente da produção é exportado
para a vizinha Índia. O turismo no local é restrito porque paga-se uma
taxa diária altíssima para visitar o país, com o intuito de preservar o
meio ambiente.
Já no século passado, na década de 70, o Butão refutou o uso do
indicador econômico global PIB – Produto Interno Bruto – que analisa
as riquezas econômicas do país para avaliar seu desenvolvimento e
progresso. Começou a utilizar então o conceito de Felicidade Interna
Bruta (FIB) para analisar o bem-estar da população. O termo foi criado
pelo rei Jigme Singye Wangchuck, em resposta a críticas que afirmavam
que a economia do seu país crescia miseravelmente, marcando o seu
compromisso de construir uma economia adaptada à cultura do país,
que é baseada nos valores espirituais budistas.
O economista Dasho
Ura, vice-presidente
do Conselho Nacional
do Butão, presidente
do Centro para os
Estudos do Butão, um
centro multidisciplinar
de pesquisas fundado
pelo Programa de
Desenvolvimento das
Nações Unidas (PNUD)
para formular as análises
estatísticas do FIB, e
membro da Comissão
do FIB do Ministério do
Planejamento daquele
país, usa a imagem de
uma roda para explicar
o cálculo do FIB - no
centro dela está a meta
final: a satisfação com a
Dasho Ura
vida, a felicidade propriamente dita; os meios para chegar a ela são
os raios do círculo, entre eles: uso equilibrado do tempo, vitali¬dade
comunitária e sustentabilidade. O trabalho não remunerado, como
cuidar de crianças e idosos - atividades desconsideradas na contagem de
“produção de riqueza” do Produto Interno Bruto (PIB) -, por exemplo,
é valorizado por essa medição. Na constituição do Butão, ratificada em
2008, entre os cinco primeiros artigos aparecem temas como cultura,
herança espiritual e meio ambiente. De maneira clara, o governo se
responsabiliza por proteger e preservar florestas e a biodiversidade do
reino. Mais recentemente, em junho deste ano, os butaneses entraram
para o livro Guinness de Recordes ao plantar 50 mil mudas de árvores
em apenas 60 minutos. Cerca de 75% do território do Butão é coberto
por florestas.
Guerra na Síria
Fontes:
https://goo.gl/hZumWO
https://goo.gl/ra4b7l
http://www.felicidadeinternabruta.org.br/
Colaboradora: Mirela Maria
Fevereiro 2017 Mistérios de Órunmilá 27