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LANÇAMENTO
O senhor sempre escreveu livros e contos
com pitada de humor. De onde vem esta inspiração?
Doc Mariz- A inspiração vem do cotidiano da vida de
um profissional da área da saúde. São centenas de consultas
por mês e algumas foram curiosas. Assim, decidi
começar a escrevê-las mudando os nomes e lugares, é
claro.
Foto: Daniel Lewinsohn
Um cronista deve ter um olhar crítico sobre
tudo que o cerca?
Doc Mariz- Algo um tanto critico, algo um pouco
irônico, debochado. Certa vez persegui uma mulher
nas ruas de Copacabana simplesmente porque ela
carregava displicentemente, em uma das mãos, as
chaves do seu carro e balançava junto com o movimento
dos seus quadris. Fantástico. Nunca soube
quem ela era nem vi o seu rosto. Só as chaves e os
quadris.
Todos seus personagens possuem um pouco
da realidade ou são fictícios?
Doc Mariz- Em algum livro meu escrevi a estória
de um senhor com bastante idade, velhinho mesmo,
que se consultava comigo. Um dia perguntei qual
era o segredo da sua longevidade e disposição.
Ele respondeu que era “chuchu”. “Comer chuchu
todas as semanas”. Achei estranho, mas continuei
a consulta. Ao se despedir de mim ele chamou a
sua acompanhante de vinte e poucos anos: Vamos
embora “chuchu”. É claro que rendeu uma bela
estória...
O careca de ''Os carecas não comem
quibe'' é um personagem que o senhor
encontrou por suas andanças?
Foto: Daniel Lewinsohn
Doc Mariz- Foi uma viagem de ônibus a trabalho
que fiz. Chovia muito e fecharam todas as janelas. O
ar-condicionado não funcionava. Um calor daqueles
dentro do ônibus. Alguém soltou um pum horroroso.
Daqueles intoxicantes. Acusaram o careca que estava
na minha frente de ser o autor do gás venenoso.
Disseram que ele havia comido algo na lanchonete
da rodoviária. Eu me lembrei que tentei comer algo
na rodoviária, mas só tinha quibe e com uma cara
esquisita de velho. Resolvi interceder a favor do meu
vizinho de poltrona e soltei a frase que todos riram:
“Não foi ele e eu tenho certeza de que não foi ele o
autor do pum. Pois “carecas não comem quibe!”
Este é o seu sétimo livro. Pode me dizer
um pouco de cada um deles?
Doc Mariz- Amadureci nesses vinte anos que
escrevo. O primeiro livro chamava-se “Contos que
REVISTA CARIOCAS - 16