07.01.2021 Views

Revista Dr Plinio 274

Janeiro de 2021

Janeiro de 2021

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Luzes da Civilização Cristã<br />

Heidas (CC3.0)<br />

O espírito de cruz<br />

Não posso terminar esse comentário sem uma bofetada<br />

na Revolução.<br />

A Revolução diz: “O pobre plebeu, esmagado...” Se for<br />

para gozar a vida, eu acho discutível o que é melhor, se<br />

é essa vida numa casa burguesa ou em um palácio. Passar<br />

num palácio quinze dias pode ser muito agradável.<br />

Será igualmente agradável viver a vida inteira nele, numa<br />

contínua representação, numa perpétua ostentação?<br />

Nunca sustentei que o palácio fosse o melhor lugar para<br />

gozar a vida. O gozo da vida, mais na proporção do homem,<br />

é o do burguês da Idade Média. Palácio corresponde<br />

a sacrifício. Parece-me indispensável termos isso em vista.<br />

Na casa burguesa pode haver espírito de cruz. Em certo<br />

sentido, o palácio é uma cruz para o indivíduo que mora<br />

nessa casa e não se dá bem conta de como é o palácio,<br />

pois ele precisa ter muita resignação para não residir e<br />

não invejar quem resida no palácio. Por outro lado, essa<br />

própria vida que estou descrevendo com todo o seu conforto<br />

comporta um lado de trabalho muito duro. De maneira<br />

que não é a casa, mas na vida de trabalho duro do<br />

burguês que entra a cruz.<br />

A patriarcalidade do espírito alemão<br />

Praça do mercado em Hildesheim, Alemanha<br />

Histórica Cervejaria Schlenkerla, desde<br />

1405, Bamberg, Alemanha<br />

Consideremos agora uma praça pública de uma cidade<br />

alemã, já de um certo desenvolvimento, como Frankfurt.<br />

Vê-se uma fonte em estilo rococó, uma grade bonita,<br />

flores maravilhosas que ninguém rouba e nenhum moleque<br />

acha bonito escangalhá-las durante a noite e voltar<br />

com riso de bandido de oito anos para casa, contando<br />

que estraçalhou tudo quanto viu.<br />

O edifício da prefeitura se prestava à maior solenidade<br />

do Sacro Império. Tudo dentro dele é lindíssimo, soleníssimo.<br />

Há um soalho tão precioso que só se entra no<br />

prédio com chinelos de feltro enormes que cobrem os sapatos<br />

para não o estragar.<br />

Do terraço, o Imperador recém-eleito aparecia para o povo,<br />

jogava moedas de ouro e começava a tocar um sininho<br />

que logo depois dava origem ao repicar de todos os sinos da<br />

cidade, anunciando que a Cristandade tinha um novo chefe.<br />

A monarquia alemã era de um fausto, de uma glória<br />

extraordinária, mas conservou sempre uma nota patriarcal<br />

que a monarquia francesa não tinha. Mesmo<br />

São Luís IX, sentado num trono debaixo do carvalho de<br />

Vincennes, julgando, não tinha no seu perfil espiritual<br />

algo que é a síntese de todas as classes sociais. Ele era<br />

um aristocrata que se aproximava do povo.<br />

Os Imperadores do Sacro Império e os da Casa d’Áustria<br />

não eram a culminância da ordem social afável para com o<br />

povo, mas eram uma espécie de síntese de todas as classes,<br />

por onde a monarquia austríaca, mais esplendorosa do que<br />

a francesa por vários lados, comportava cenas como essas:<br />

Século XVIII, a Imperatriz Maria Teresa está no teatro,<br />

Ópera de Viena, soleníssima, e recebe a notícia de<br />

que havia nascido o filho de seu filho mais velho. Ela faz<br />

um sinal, interrompe a orquestra e grita para o povo:<br />

— José teve um filho!<br />

Asio otus (CC3.0)<br />

34

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!