Diário de Campo sobre a Comunidade prática de formadores de formador
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Formar pessoas formadas, implica na sutil presunção de acreditar que discute-se o óbvio.
No entanto, a realidade encontrada as vezes, nos apresenta um cenário ainda desprovido
de algum entendimento lógico acerca daquilo que se julgava próximo, e destaco isso,
observando municípios que empreenderam na formação continuada de suas redes há
dez, ou mais anos.
Onde estariam ai os desvios, as curvas do caminho deste processo? Para responder a
estas indagações cabe ao formador uma paciência reflexiva, ruminar cada estratégia
colocada no espaço formativo, tomando distância dela para melhor observá-la. Esta ação,
implica em uma calma pedagógica, que não desprovida do compromisso e da
responsabilidade, deve acentuar seu olhar para a própria ação. Para isso, o formador tem
como instrumento a seu favor a escrita profissional – pauta.
Elaborar pautas, implica em desenvolver uma tecnologia de formação, necessita de uma
pesquisa intensa por parte do formador, ao considerar o contexto em que se insere o
grupo em formação. Ao escrevê-la, esta realidade é presumida, ainda não chegou. É na
execução do trabalho que toda esta engenhosidade planejada acontece, ou não
acontece!
Volto à calma pedagógica, pois a pauta exige mais que lançar questões, estudos,
formação de grupo, elaboração de proposições. Exige o diálogo pedagógico, imersão do
formador junto e com o grupo, retomado, registrando pontos de entendimento,
apresentado pontos que causariam obstáculos a compreensão naquilo que se espera. A
pauta não é mais do formador, tampouco dos formandos, passa a ser um instrumento de
aprendizagem para todos! Ao formar, o formador aprende, se questiona, oferece mais ou
menos ajuda, se movimenta, coloca questões, que contribui para o alinhamento no
entendimento de pares que trabalham em grupos e a partir desse movimento dinâmico,
faz a grande mágica, pois retoma o que cada um compreendeu, pontua na lousa,
esquematiza. E por meio dessas sínteses generosas, vai costurando no entendimento de
todos alguns aspectos que tenham ficado fragilizados.
A pauta do formador se constitui no uso de estratégias de formação que dialogam
diretamente com a condição de cada um em aprender, considera o movimento
metodológico (coletivo, grupo, dupla, individual), tendo no formador o grande mestre
para alinhar tudo isso em um movimento coletivo e dialógico. A calma pedagógica assim
constituída terá o poder de transformar concepções equivocadas, mediante um
conhecimento que atravessa o corpo daquele que se coloca na formação, não apenas
passar por ele.