Diário de Campo sobre a Comunidade prática de formadores de formador
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09 de outubro
Muito mobilizada pelos fazeres invisíveis da formadora de formador escrevi a narrativa Casa,
a qual publiquei na comunidade. Digo invisíveis porque se misturam ao dia a dia da mulher,
dona de casa, esposa, mãe.
Casa
Trabalhar em casa também faz parte de meu cotidiano como formadora. Há momentos intensos de viagens,
formações por tantos lugares, espaços e tempos, que quando fico por mais de uma semana trabalhando de
casa, estranho e provoco estranhamentos. Os filhos, a funcionária logo vem a perguntar: mas você vai ficar em
casa hoje? Essa semana não vai viajar? Ao ficar em casa, o espaço se mantém e o tempo, este corre do
mesmo jeito!
Estar em casa se configura em momentos de respiro, na possibilidade de revisitar a minha essência. Iniciar o
dia caminhando no parque, depois de ler algumas notícias no jornal, indignar-me, tomar o café.
Estar no meu escritório, de frente a uma parede azul, cercada por meus livros organizados na estante, outros
tantos deitados sobre a minha mesa; ficar próxima as minhas coleções: imagens de Espírito Santo; artesanatos
– sempre trago das viagens um objeto feito por algum artesão local.
Passar o dia diante de meu computador e nem perceber que escureceu. Ter os filhos, marido, circulando pelos
espaços solicitando atenção; a cachorra pedindo carinho enquanto estou a digitar.
Perceber o barulho das cigarras em determinada época do ano a preencher o silêncio entre meus
pensamentos; o som do piano tocado pela filha a ensaiar.
Pensar no que comer, o que precisa comprar, paradas para um café, saídas para levar e pegar filhos em
algum lugar, responder mensagens de email, atender o telefone fixo para nada, porque quem me conhece e
sabe que pouco estou em casa não liga no telefone de casa; participar de reuniões a distância, fazer
relatórios, apresentações, elaborar planejamentos, ler, escrever devolutivas...
Enfim ser mulher, esposa, mãe, dona de casa, formadora.
Campinas, outubro 2019