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o estúdio no qual os workshops eram realizados fica num terreno
localizado atrás da casa da farnflia Ohno. Em 1961, os dirigentes da escola
da Missão Batista Soshin, na qual Ohno trabalhava, lhe ofereceram as
tábuas retiradas dos prédios da escola, que na época estavam sendo
demolidos. Com elas, Ohno construiu o teto, o piso e as janelas de seu
estúdio, que desde então vem sendo progressivamente renovado e reformado.
Esse recinto de madeira branca, com quase sete metros de largura
por catorze de profundidade, serviu como seu espaço pessoal de ensaio
e como sede para os workshops, realizados duas vezes por semana. Não
se trata de um estúdio de dança típico: trajes e objetos de cena ficam
espalhados pelo chão e pendurados nas paredes, e não há nem barra de
exercícios nem espelhos. Ao entrar no estúdio, é possível que um visitante
se sentisse entrando num dos quartos da casa de Ohno.
Ainda que nunca tenhamos feito as contas, não seria exagerado
dizer que um número expressivo de pessoas participou dos workshops
durante os cerca de trinta anos de sua existência. Parte considerável
dos frequentadores não era de estudantes no sentido estrito do termo;
eles vinham de todos os lugares, uma vez que os workshops não eram
elaborados exclusivamente para dançarinos ou performers. Vinham de
perto e de longe - muitos até cruzavam oceanos para estudar com Ohno.
Havia idosos, pessoas de meia-idade e jovens. Alguns compareciam a
uma única sessão; outros frequentavam religiosamente cada workshop.
.Alguns somente assistiam e escutavam; outros participavam de maneira
ativa. Ohno não exigia nenhum tipo de qualificação ou experiência de
palco daqueles que desejavam participar. Na verdade, não lhes perguntava
nada. Não havia cronogramas ou exercícios definidos, e rostos novos
eram vistos a cada sessão. Era impossível prever quem ou quantas pessoas
viriam num determinado dia. Mas quaisquer que fossem as variáveis,
o modo como Ohno conduzia aqueles workshops nunca mudava.
Talvezo que mais confundisse quem comparecia ao seu estúdio é que
Ohno deixava perfeitamente claro que não tinha nada a ensinar. Ainda
assim, enquanto planejava seus workshops, ele colocava inúmeras questões
a si mesmo. Via de regra, Ohno preparava sua fala através de anotação
rápidas e de rascunhos de ideias sobre um tema específico; e o