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Tese doutorado Juliana Luz Zago

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elementos senão na descrição animada dos corpos orgânicos, animais

ou plantas, desenvolvendo-se como exemplos da vida universal, no

meio dos diversos acidentes da superfície terrestre, nas condições da

Paisagem e do lugar em que os colocou a natureza? (HUMBOLDT,

1957, p. 261).

Para Humboldt, tudo anunciava um mundo de forças orgânicas em

movimento, que deviam ser observadas pelo olhar sensível e, nesse sentido, o autor

apresenta o conceito de paisagem. “Em cada matagal, na casca gretada das árvores e na

terra que cavam os himenópteros, a vida agita-se e faz-se ouvir, como uma das mil vozes

que a natureza envia à alma piedosa e sensível do homem” (HUMBOLDT, 1957, p. 270).

Essa sensibilidade, presente em seus trabalhos, é resultado da influência de autores como

Kant, Goethe, Schiller, Novalis e Schelling. “Tais pensadores contribuíram

decisivamente, para que a cosmovisão de Humboldt não se engessasse no dogmatismo

metafísico e materialista” (BARBOSA, 2011, p. 17).

Segundo Humboldt,

[...] o conhecimento do aspecto próprio de certas regiões liga-se

intimamente com a história da raça humana e da civilização. Se os seus

primeiros progressos não são unicamente determinados por influências

físicas, o caminho que em seguida toma o carácter nacional e as

disposições mais sombrias ou mais serenas dos espíritos dependem, em

grande parte, das circunstâncias climatéricas. Que poder não exerceu o

céu da Grécia no génio dos habitantes desse país! (HUMBOLDT, 1957,

p. 285).

Barbosa (2011) defende que, se a dicotomia na ciência geográfica é, ainda

hoje, atual, para Humboldt tal questão já estava superada, tendo em vista que, para ele

homem e a natureza eram compreendidos como oriundos da mesma matriz.

Para o autor,

[...] as obras de Humboldt, sem dúvida, apresentaram ao mundo outra

composição quanto às interpretações do Cosmos. A sua sistematização

das observações presas às concepções estéticas românticas fomentaram

os estudos das paisagens e como consequência as paisagens tornaramse

objeto primordial de suas análises. Posteriormente, para a Geografia

Científica a Paisagem se tornou categoria. (BARBOSA, 2011, p. 17,

grifo nosso).

Nesse contexto, Barbosa discute que

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