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Tese doutorado Juliana Luz Zago

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histórico. E chega aos dias de hoje como algo fluido, no sentido de não

ser único, acabado e rígido, e não necessariamente obedecendo à lógica

de uma única escola ou corrente teórica específica. (SALVIO, 2008, p.

13, grifo nosso).

Ainda de acordo com a autora,

[…] da mesma forma como em abordagens do início do século XX, esta

relação continua sendo analisada através das marcas que os grupos

humanos impõem ao meio ambiente que os encerra. O que difere as

abordagens contemporâneas daquelas anteriormente formuladas é

aquilo que são considerados os “incentivos”, ou motivações, que agem

ou estão embutidos nos grupos humanos. Em novas propostas de estudo

da Paisagem, não é a necessidade de “dominar” e se adaptar ao meio

que age estruturando as ações e comportamentos humanos. São

aspectos culturais, que abarcam não somente as relações de

sobrevivência, mas também os fenômenos de percepção e atribuição de

significados aos lugares. (SALVIO, 2008, p. 27).

Sendo assim, nota-se que as diferentes abordagens da categoria paisagem,

desenvolvidas historicamente, apresentaram contribuições significativas para a reflexão

do objeto de estudo abordado na presente pesquisa, e que as contribuições positivas foram

incorporadas às discussões acerca de sua investigação. Contudo, apesar das diferentes

contribuições, neste estudo privilegiou-se a perspectiva da Geografia Cultural, que

dialoga com a Arqueologia da Paisagem, ao analisar a paisagem como resultado de

agentes naturais e humanos interligados num espaço, ao longo do tempo. Dessa forma, as

paisagens são memórias, heranças com significados subjetivos carregados de valores

relacionados à cultura das sociedades que as habitaram.

Trabalhou-se assim com a perspectiva de Anschuetz, Wilshusen e Scheik

(2001). Os autores definem quatro premissas inter-relacionadas na conceituação da

Paisagem:

1. Paisagem não é sinônimo de ambiente natural. (...) 2. Paisagens são

um mundo de produção cultural. Através de suas atividades diárias,

crenças e valores, as comunidades transformam os espaços físicos em

lugares significativos. (...) 3. Paisagens são as arenas para todas as

atividades de uma comunidade. Assim sendo, paisagens não são apenas

construções de populações humanas, mas também são os arredores

nos quais as populações sobrevivem e de onde tiram seu sustento. (...)

4. Paisagens são construções dinâmicas, com cada comunidade e cada

geração impondo seu próprio mapa cognitivo em um mundo

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