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Victor Melo e João Santos<br />
Barra da Tijuca, <strong>clubes</strong>, urbanização<br />
Introdução<br />
Todos devem estar lembrados de que, antes do aparecimento dos<br />
diversos <strong>clubes</strong> recreativos, a Barra da Tijuca se encontrava<br />
praticamente abandonada, desmerecendo a atenção não só das<br />
autoridades estaduais como também dos poucos proprietários de<br />
residências naquele local 1 .<br />
Em geral, sugere-se que o surgimento de <strong>clubes</strong> recreativos,<br />
expressão da adoção de certos padrões de sociabilidade, é uma<br />
decorrência do processo de urbanização – do crescimento populacional<br />
e da diversificação societária (AGULHON, 2009; MELO, 2020a).<br />
Assim sendo, o trecho acima citado nos chamou a atenção: teria sido<br />
distinto o que ocorreu na Barra da Tijuca, região da Zona Oeste do Rio<br />
de Janeiro? As agremiações precederam a existência de núcleos<br />
habitacionais mais consolidados? O que teria tal fato a nos informar<br />
sobre o desenvolvimento do local e da cidade como um todo?<br />
Tendo em vista tais questionamentos, o objetivo deste livro é<br />
discutir o processo recente de urbanização da Barra da Tijuca por meio<br />
de um indicador específico: a criação de <strong>clubes</strong> recreativos, entendidos<br />
como agências que atuaram na produção do espaço, intervenientes no<br />
forjar de perfis que cada bairro/região foi ganhando no decorrer das<br />
décadas investigadas.<br />
Carlos (2020), dialogando com a obra de Henri Lefebvre, chama<br />
a atenção para a importância de entender a cidade como “trabalho ma-<br />
1<br />
TURISMO na Barra da Tijuca. O Jornal, 18 ago. 1963, p. 4 (4º caderno).<br />
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