06 Imaginação e Criatividade na Infância
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50 IMAGINAÇÃO E CRIATIVIDADE NA INFÂNCIA
à mesa, o rei disse-lhe: Traz-me, por favor, um copo
grande com a cerveja. Ela então trouxe-lhe um copo de
cerveja com três arshin 1 de altura. Depois disso, todos
adormeceram, menos o rei que ficou a vigiar por eles,
e se eles ainda não morreram, é porque devem estar
vivos ainda hoje.»
«Este exagero», diz Groos, «é despertado pelo
interesse por tudo o que é extraordinário e invulgar,
ao qual se junta o sentimento de orgulho agregado à
ideia de se possuir alguma coisa imaginada e especial:
Eu tenho trinta moedas, não, cinquenta; não, cem;
não, mil! Ou: Eu acabei de ver agora uma borboleta do
tamanho de um gato; não, do tamanho de uma casa!»
Bühler especifica, com toda a razão, que neste processo
de modificações, e especialmente no exagero, ocorre na
criança o exercício de lidar com grandezas desconhecidas
na sua experiência direta. É fácil de ver a enorme
importância aceite por estes processos de modificação
e, em especial, de exagero nos exemplos da imaginação
numérica citados por Ribot.
A imaginação numérica nunca atingiu o grande e
raro valor», diz ele, «como entre os povos do Oriente. Eles
jogam com os números arrojadamente e esbanjam-nos com
um brilhantismo admirável. Na cosmogonia caldeica narra-
-se que o deus peixe Oannes consagrou 259 mil e 200 anos
à educação da humanidade, e depois, durante 432 mil anos
reinaram na terra diferentes figuras mitológicas, e ao fim
destes 691 mil e 200 anos, a face da terra foi renovada pelo
dilúvio... Os habitantes da Índia foram ainda mais longe.
Copyright © Dinalivro, Lev Semenovitch Vygotsky e João Pedro Fróis, 2012 (Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida ou difundida electronicamente)
1
Arshin: 0,71 metros.