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DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA
PROJETO DE EXTENSÃO
Cientistas Negras
do IFMG –
Representatividade,
Empoderamento e
Re-existência
Coordenadores: Bruno Gonçalves,
Taciana Resende, Monica Barros,
Manuella Felicissimo
Equipe: Michelle Gonçalves e
Vitoria Vieira (alunas)
Público atendido: cerca de 5000
pessoas, entre participantes dos
eventos, estudantes dos campi
atingidos e comunidades
Período: setembro de 2021 a
junho de 2022
Campus: Betim e Itabirito
CIENTISTAS NEGRAS
O projeto teve como finalidade mapear a
produção acadêmica e as trajetórias profissionais
e de vida de servidoras pesquisadoras
negras do IFMG. Como resultado,
foi planejada a produção de materiais para
a comunidade, por meio de publicações
em redes sociais, plataformas de vídeos e
revistas acadêmicas. Além da divulgação
em eventos virtuais e presenciais.
A iniciativa busca auxiliar a difusão do
conhecimento científico e tecnológico
produzido por pesquisadoras negras do
Instituto. O projeto integra ação conjunta
dos campi Itabirito e Betim, iniciada nas
regionais Inconfidentes e Metropolitana-
-BH. Como consequência, pretende amparar,
por meio de dados, possíveis políticas
institucionais futuras, sendo a Pesquisa
parte indissociável e necessária no escopo
da proposta extensionista.
Embora o racismo estrutural seja muito
debatido no meio acadêmico, a compreensão
dessa realidade ainda foge à consciência
e realidade institucional. Com base nos
dados institucionais, o IFMG conta com
mais de 1800 servidores, dos quais 42% são
mulheres, apenas 7,1% são negros e somente
3% são de mulheres negras. Entre os docentes,
mulheres negras estão ainda menos
representadas, com 2,5%. E como indicação
de uma estrutura interna que reproduz o
racismo estrutural, a representação de mulheres
negras nos 432 servidores em cargos
de direção ou em funções gratificadas é de
apenas oito mulheres, ou seja, 1,9%.
Os resultados do projeto foram apresentados
durante a “Semana Integrada da Consciência
Negra: compartilhando saberes,
dividindo experiências” (https://youtu.
be/g5USeyR8G0o). O grupo organizou
ainda a palestra “Descolonizando saberes:
o protagonismo de mulheres negras
nas áreas científico-tecnológicas”, com a
professora Bárbara Carine (https://youtu.
be/Ez4DJWSFVtM). As informações estão
divulgadas na página do Instagram
@projeto.cientistasnegras.
“Minha experiência neste projeto é
marcante. Não posso olhar para o IFMG
com tranquilidade após ver a realidade dos
números. Não posso continuar vivendo
minha vida sem reconhecer que a branquitude
precisa agir. Não basta não ser racista,
é preciso ser anti-racista. São necessárias
ações reais, agora, já. Não há tempo para
esperar que as próximas gerações corrijam
problemas. O problema é atual e imediato.
O que devemos fazer para corrigir o
rumo, para que mulheres e meninas negras
cheguem aonde podem chegar, começa
com reconhecer o nosso lugar de privilégio
enquanto homens, héteros, cis, brancos. É
reconhecer que os lugares de poder ainda
são ocupados por nós, que na prática não
temos o apreço pela diversidade que deveríamos
ter. Que embora possamos achar
que estamos em um ambiente plural,
ainda não é plural o bastante. É preciso
sair dessa zona de conforto. Sair dessa
realidade paralela que estamos. O IFMG
ainda precisa ser pluralizado e inclusivo.
Precisa ser um ambiente de acolhida. É
nosso papel enquanto educadores formular
essas políticas de inclusão”.
(Bruno Gonçalves, um dos coordenadores
do projeto)
Anuário de Extensão do IFMG | 77