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Jornal Paraná Março 2024

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OPINIÃO<br />

Brasil tem tecnologia que capta,<br />

armazena e transmite energia renovável<br />

Etanol já descarbonizou boa parte da matriz de transporte<br />

nacional; agora é hora de ver o que pode fazer pelo mundo<br />

Por Ricardo Mussa<br />

Você já deve ter lido<br />

que o Brasil é referência<br />

mundial na transição<br />

energética para<br />

uma economia de baixo carbono.<br />

Temos a matriz elétrica<br />

mais limpa do mundo, com<br />

84,8% oriunda de fontes renováveis,<br />

contra uma média<br />

mundial de 29%.<br />

Diante dos desafios globais de<br />

descarbonização, isso levanta<br />

uma pergunta simples: como<br />

se exporta energia renovável<br />

para a China, para os EUA ou<br />

para qualquer outro país distante?<br />

Fontes fantásticas, como<br />

a solar e a eólica, podem<br />

gerar energia em abundância,<br />

que, no entanto, não pode ser<br />

armazenada nem embarcada<br />

em um navio cargueiro.<br />

O que você talvez ainda não<br />

tenha lido é que temos no país<br />

uma "tecnologia" capaz de<br />

captar, armazenar e transmitir<br />

energia para o outro lado do<br />

planeta. Ela se chama canade-açúcar.<br />

Uma bateria natural, que absorve<br />

luz no canavial e vira<br />

matéria-prima para diferentes<br />

soluções energéticas que têm<br />

como ser transportadas de<br />

um porto no Brasil a outro em<br />

Xangai ou na Califórnia. Mas<br />

imagino que a sua dúvida<br />

ainda persista: como fazer<br />

uma lâmpada acender lá a<br />

partir daqui?<br />

Para entender melhor, é importante<br />

dividir toda a riqueza<br />

da cana em três terços: primeiro,<br />

o caldo da cana, que é<br />

base para a produção de açúcar<br />

e etanol de primeira geração,<br />

tecnologia conhecida e<br />

dominada há muitos anos<br />

pelo setor; depois, o resíduo<br />

da extração do caldo, o bagaço<br />

da cana, usado para produzir<br />

bioeletricidade e, mais<br />

recentemente, o etanol de segunda<br />

geração, que será fundamental<br />

para alimentar soluções<br />

em desenvolvimento,<br />

como o SAF (combustível<br />

sustentável de aviação), o biobunker<br />

(combustível sustentável<br />

marítimo) e o hidrogênio<br />

verde; por fim, a folha, que<br />

antes era queimada nos canaviais<br />

e hoje ainda fica jogada<br />

no campo e contém o último<br />

terço da energia total da cana,<br />

mas que ainda é pouco aproveitado.<br />

Outro resíduo da produção da<br />

cana é a vinhaça, que recentemente<br />

se tornou fonte para<br />

produção de biogás, que pode<br />

ser convertido em biometano<br />

para ser injetado nas redes de<br />

gás natural ou substituir o diesel<br />

na frota de caminhões.<br />

De todas essas soluções, somente<br />

a bioeletricidade não<br />

pode ser vendida para outros<br />

lugares do mundo. Portanto,<br />

ela fica como alternativa de<br />

energia limpa para o mercado<br />

interno, abastecendo pequenos,<br />

médios e grandes consumidores<br />

locais, em substituição<br />

a fontes como o óleo combustível,<br />

que ainda é usado em<br />

indústrias ou termelétricas, por<br />

exemplo.<br />

Já o etanol, seja o de primeira<br />

geração (E1G), seja o de segunda<br />

(E2G), é a melhor alternativa<br />

para cruzar o Atlântico e<br />

atender às necessidades de diferentes<br />

mercados, que têm<br />

seus próprios desafios e mandatos<br />

para redução de emissões.<br />

Só uma explicação: o E2G é<br />

um subproduto que emite 30%<br />

menos gases de efeito estufa,<br />

quando comparado ao E1G, e<br />

tem melhor precificação em<br />

mercados internacionais.<br />

Melhor do que exportar o etanol<br />

seria usá-lo na indústria nacional<br />

na produção de SAF, biobunker e<br />

hidrogênio verde, produtos com<br />

enorme potencial de exportação<br />

e maior valor agregado<br />

Uma opção ainda melhor do<br />

que exportar o etanol seria<br />

usá-lo na indústria nacional<br />

como matéria-prima na produção<br />

de SAF, biobunker e hidrogênio<br />

verde, produtos com<br />

enorme potencial de exportação<br />

e maior valor agregado.<br />

O SAF pode reduzir em até<br />

80% as emissões dos aviões.<br />

Como a produção de uma molécula<br />

de SAF demanda 1,7<br />

molécula de etanol, do ponto<br />

de vista logístico seria muito<br />

melhor desenvolver a indústria<br />

aqui no Brasil e exportar o SAF<br />

já pronto.<br />

O etanol já descarbonizou boa<br />

parte da matriz de transporte<br />

nacional. Agora é hora de ver o<br />

que ele pode fazer pelo mundo.<br />

Ricardo Mussa<br />

é CEO da Raízen<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SAFRA DE CANA<br />

Usinas começam a<br />

colheita no <strong>Paraná</strong><br />

Próxima safra pode ser menor do que a que está sendo finalizada.<br />

Clima mais seco e forte calor tende a reduzir produtividade dos canaviais<br />

Aunidade de Nova<br />

Londrina da Destilaria<br />

Companhia Melhoramentos<br />

Norte do <strong>Paraná</strong><br />

foi a primeira indústria<br />

sucroenergética do <strong>Paraná</strong> a<br />

retomar a colheita de cana-deaçúcar<br />

no <strong>Paraná</strong> depois de a<br />

maioria das unidades industriais<br />

terem interrompido os<br />

trabalhos no ano passado.<br />

Mais seis usinas paranaenses<br />

devem colocar as indústrias<br />

em funcionamento ainda em<br />

março, antes do início oficial<br />

da safra <strong>2024</strong>/25 de cana-deaçúcar<br />

no Brasil, que começa<br />

em 1 de abril. Tudo que for<br />

colhido ainda neste mês será<br />

computado como da safra<br />

2023/24. O restante das indústrias<br />

sucroenergéticas devem<br />

entrar em operação durante<br />

o mês de abril, especialmente<br />

na primeira quinzena.<br />

Até quando interromperam as<br />

operações no campo e na indústria<br />

no final do ano passado,<br />

as unidades industriais<br />

paranaenses tinham esmagado<br />

35.483.818 toneladas<br />

de cana, volume 15,4% superior<br />

à moagem realizada na<br />

safra anterior 2022/23<br />

(30.746.358 toneladas), afirma<br />

o presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin.<br />

A produção de açúcar no acumulado<br />

da safra registrada no<br />

mesmo período foi de<br />

2.733.397 toneladas, crescimento<br />

de 23,6%. Já a produção<br />

de etanol total foi de<br />

1,182 bilhão de litros, crescimento<br />

de 11,3%, sendo<br />

675,712 milhões de anidro e<br />

505,813 milhões de hidratado,<br />

respectivamente, 18,2%<br />

e 3,3% a mais que no período<br />

anterior.<br />

O rendimento industrial<br />

(ATR/Tc) no acumulado é de<br />

138,24 Kgs, uma alta de 2,4%<br />

em relação ao valor registrado<br />

na safra 2022/23 de 134,97<br />

Kgs. Do volume total de matéria-prima,<br />

58,25% foram destinados<br />

a produção de açúcar,<br />

aumento de 4,5% em relação<br />

a safra passada, e 41,75%<br />

para a produção de etanol,<br />

5,7% a menos.<br />

Com relação as expectativa<br />

para a próxima safra, Tranin diz<br />

que ainda é cedo para se fazerem<br />

projeções por conta dos<br />

variados efeitos climáticos na<br />

lavoura, mas que agora, com o<br />

início da colheita, será possível<br />

avaliar com maior precisão a<br />

perspectiva média de produtividade.<br />

O presidente da Alcopar<br />

adianta, entretanto, que os<br />

números da safra em andamento<br />

não devem se repetir,<br />

podendo ficar abaixo do volume<br />

colhido.<br />

“Em 2023 fechamos o ano<br />

com cerca de 200 milímetros<br />

de chuva a menos do que a<br />

média normalmente registrada<br />

no <strong>Paraná</strong> nas regiões canavieiras<br />

e nos dois primeiros<br />

meses de <strong>2024</strong>, o volume de<br />

chuvas registrado é de 100<br />

milímetros abaixo da média<br />

paranaense. Esse clima mais<br />

seco e as altas temperaturas<br />

que vem sendo registradas<br />

desde o final do ano passado<br />

podem afetar a próxima safra”,<br />

avalia Tranin.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


MERCADO INTERNO<br />

Vendas de hidratado<br />

crescem 11% em fevereiro<br />

Estão em operação 17 unidades produtoras no Centro-Sul, sendo cinco com<br />

processamento de cana, nove que fabricam etanol a partir do milho e três usinas flex<br />

Amoagem de cana-deaçúcar<br />

na segunda<br />

quinzena de fevereiro<br />

na região Centro-Sul<br />

totalizou 551,73 mil toneladas.<br />

Nesse mesmo período no ano<br />

anterior, a quantidade processada<br />

foi de 71,79 mil toneladas.<br />

No acumulado da safra<br />

2023/24, a moagem atingiu<br />

647,15 milhões de toneladas,<br />

ante 543,28 milhões de toneladas<br />

registradas no mesmo<br />

período no ciclo 2022/23 – um<br />

avanço de 19,12%.<br />

Na segunda metade de fevereiro,<br />

duas unidades deram início<br />

à safra <strong>2024</strong>/25. Ao término<br />

da quinzena, estão em<br />

operação 17 unidades produtoras<br />

na região Centro-Sul,<br />

sendo cinco unidades com<br />

processamento de cana, nove<br />

empresas que fabricam etanol<br />

a partir do milho e três usinas<br />

flex. No mesmo período, na<br />

safra 22/23, operaram 15 unidades<br />

produtoras. Nessa quinzena<br />

foi registrado o início de<br />

operação de uma nova unidade<br />

de etanol de milho no<br />

Mato Grosso do Sul.<br />

Em levantamento preliminar realizado<br />

pela UNICA, espera-se<br />

que 28 unidades produtoras<br />

reiniciem as atividades durante<br />

a primeira quinzena de março.<br />

O ritmo de retorno das usinas<br />

pode sofrer alterações a depender<br />

das condições climáticas<br />

de cada região canavieira.<br />

A qualidade da matéria-prima<br />

colhida acumulada desde o<br />

início da safra até a segunda<br />

metade de fevereiro, mensurada<br />

em kg de ATR por tonelada<br />

de cana-de-açúcar processada,<br />

apresentou redução<br />

de 1,13% na comparação<br />

com o mesmo período do último<br />

ciclo agrícola, atingindo<br />

139,55 kg de ATR por tonelada<br />

nesta safra.<br />

Mercado<br />

de CBios<br />

Dados da B3, até o dia 8 de março,<br />

indicam a emissão de 7,68 milhões<br />

de créditos em <strong>2024</strong>. Em posse da<br />

parte obrigada do programa RenovaBio<br />

há 41,23 milhões de créditos<br />

de descarbonização - esse montante<br />

já é superior à meta estabelecida<br />

para o ano de 2023, de 37,47<br />

milhões de CBios, e cujo prazo de<br />

cumprimento se encerra em 31 de<br />

março.<br />

4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


A produção de açúcar na segunda<br />

metade de fevereiro foi<br />

de 16,13 mil toneladas. No<br />

acumulado desde 1º de abril,<br />

a fabricação do adoçante totaliza<br />

42,18 milhões de toneladas,<br />

contra 33,56 milhões<br />

de toneladas do ciclo anterior<br />

(+25,66%).<br />

Na segunda quinzena de fevereiro,<br />

328,83 milhões de litros<br />

(+114%) de etanol foram fabricados<br />

pelas unidades do<br />

Centro-Sul. Do volume total<br />

produzido, o etanol hidratado<br />

alcançou 294,65 milhões de<br />

litros (+197%), enquanto a<br />

produção de etanol anidro totalizou<br />

34,18 milhões de litros<br />

(-37,86%). No acumulado<br />

desde o início do atual ciclo<br />

agrícola até 1º de março, a fabricação<br />

do biocombustível<br />

totaliza 32,70 bilhões de litros<br />

(+15,68%), sendo 19,72 bilhões<br />

de etanol hidratado<br />

(+21,44%) e 12,98 bilhões<br />

de anidro (+7,91%).<br />

Produção de açúcar e etanol<br />

Da produção total de etanol<br />

registrada na segunda metade<br />

de janeiro, 89% foram provenientes<br />

do milho, cuja produção<br />

atingiu 292,94 milhões de<br />

litros neste ano, contra<br />

149,81 milhões de litros no<br />

mesmo período do ciclo<br />

22/23 – aumento de 95,53%.<br />

No acumulado desde o início<br />

da safra, a produção de etanol<br />

de milho atingiu 5,70 bilhões<br />

de litros – expressivo avanço<br />

de 42,82% na comparação<br />

com igual período do ano passado.<br />

Vendas de etanol<br />

No mês de fevereiro de <strong>2024</strong>,<br />

as vendas de etanol totalizaram<br />

2,82 bilhões de litros, o<br />

que representa aumento de<br />

32,44% em relação ao mesmo<br />

período da safra 22/23. O<br />

volume comercializado de<br />

etanol anidro no período foi de<br />

998,80 milhões de litros - aumento<br />

de 5,28% - enquanto o<br />

etanol hidratado registrou<br />

venda de 1,82 bilhão de litros<br />

- crescimento de 54,24%.<br />

No mercado doméstico, as<br />

vendas de etanol hidratado<br />

em fevereiro totalizaram 1,68<br />

bilhão de litros - variação de<br />

53,91% em relação ao ano<br />

passado. Na comparação<br />

com janeiro de <strong>2024</strong>, a elevada<br />

competitividade do biocombustível<br />

ante o concorrente<br />

fóssil mantém a demanda<br />

aquecida pelo renovável,<br />

indicando um crescimento<br />

de 11% nas vendas<br />

por dia útil, mesmo em um<br />

mês com três úteis dias a<br />

menos que janeiro. A comercialização<br />

de etanol anidro,<br />

por sua vez, foi de 975,91<br />

milhões de litros - aumento<br />

de 10,70%. Com esse resultado,<br />

o volume comercializado<br />

no mercado interno totalizou<br />

2,66 bilhões de litros,<br />

34,63% superior ao registrado<br />

no mesmo mês do ano<br />

anterior.<br />

No acumulado da safra 23/24,<br />

a comercialização de etanol<br />

soma 29,76 bilhões de litros,<br />

representando um aumento<br />

de 11,19%. O hidratado compreende<br />

uma venda no volume<br />

de 18,08 bilhões de<br />

litros (+18,63%), enquanto o<br />

anidro de 11,68 bilhões<br />

(+1,35%).<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5


APROVADO<br />

Combustível do Futuro coloca o Brasil<br />

na vanguarda da sustentabilidade<br />

Projeto de Lei aprovado no Plenário da Câmara dos Deputados estabelece marco<br />

legal para o setor e reconhece seu importante papel na transição energética<br />

OPlenário da Câmara<br />

dos Deputados aprovou<br />

o projeto de lei<br />

528/2020 e apensados,<br />

conhecido como Combustível<br />

do Futuro, que estabelece<br />

marco legal para o setor de biocombustíveis<br />

e reconhece seu<br />

importante papel na transição<br />

energética. A proposta, com relatoria<br />

do deputado Arnaldo Jardim<br />

(Cidadania-SP), segue agora<br />

para o Senado.<br />

"Parabenizamos os deputados<br />

federais por dar tração a esse<br />

importante projeto, desenvolvido<br />

a várias mãos no âmbito<br />

do Ministério de Minas e Energia,<br />

sob a liderança do ministro<br />

Alexandre Silveira", afirmou o<br />

presidente da União da Indústria<br />

de Cana-de-Açúcar e Bioenergia<br />

(UNICA), Evandro Gussi. "O<br />

programa reforça o lugar do<br />

Brasil na vanguarda da transição<br />

para baixo carbono".<br />

O diretor de Inteligência Setorial<br />

da UNICA, Luciano Rodrigues,<br />

destacou que o Combustível do<br />

Futuro é inovador em vários aspectos.<br />

"Na mobilidade, por<br />

exemplo, o Programa incorpora<br />

a avaliação de ciclo de vida para<br />

mensurar a redução de emissões<br />

de gases de efeito estufa<br />

por quilômetro rodado, estabelecendo<br />

uma diretriz tecnicamente<br />

fundamentada para as<br />

inovações em curso, com garantia<br />

de neutralidade tecnológica".<br />

A proposta prevê a avaliação<br />

no ciclo poço-a-roda em<br />

uma primeira etapa e berço-aotúmulo<br />

a partir de 2032.<br />

Desde que a tecnologia flex foi<br />

lançada no Brasil, permitindo<br />

que os carros circulassem com<br />

etanol ou gasolina ou ambos,<br />

em qualquer proporção, mais<br />

de 660 milhões de toneladas de<br />

CO2eq deixaram de ser lançadas<br />

na atmosfera, impactando<br />

positivamente na saúde de milhões<br />

de pessoas e no meio<br />

ambiente. Para atingir a mesma<br />

economia de CO2eq, seria preciso<br />

plantar quase cinco bilhões<br />

de árvores nativas e mantê-las<br />

em pé por 20 anos.<br />

Programas de biometano e de SAF<br />

Outra mudança é a criação do<br />

Programa Nacional de Biometano.<br />

Com composição semelhante<br />

ao gás natural e<br />

pegada de carbono bastante<br />

inferior, o biometano é obtido<br />

a partir do biogás, que por sua<br />

vez pode ser fabricado a partir<br />

dos subprodutos da cana, a<br />

partir da palha, da vinhaça e<br />

da torta de filtro.<br />

A proposta prevê a criação de<br />

um mandato de descarbonizacao<br />

com biometano no gás<br />

natural comercializado, previsto<br />

para começar em 1% em<br />

2026. A evolução da implantação<br />

a cada ano também<br />

será fixada pelo CNPE.<br />

O texto também cria um programa<br />

para produção de combustível<br />

sustentável de aviação<br />

(SAF, na sigla em inglês),<br />

estabelecendo que as companhias<br />

aéreas devem reduzir<br />

suas emissões nos voos nacionais<br />

a partir da utilização<br />

de SAF. Esse biocombustível<br />

pode ser produzido a partir de<br />

diferentes rotas, inclusive com<br />

utilização do etanol, considerada<br />

bastante efetiva na descarbonização<br />

aérea.<br />

Outro ponto em destaque é arcabouço<br />

legal para a captura<br />

e armazenamento de carbono<br />

(CCS). Esse processo com<br />

bioenergia pode ser uma alternativa<br />

importante nos próximos<br />

anos, utilizando o gás<br />

emitido durante o processo de<br />

fermentação do etanol ou<br />

mesmo durante a conversão<br />

do biogás em biometano.<br />

"O PL estabelece mais um<br />

passo importante na consolidação<br />

da bioenergia como<br />

uma alternativa efetiva de<br />

Descarbonizacao no Brasil. As<br />

diretrizes estabelecidas incluem<br />

ações que darão tração<br />

a inovações fundamentais<br />

com bioenergia na mobilidade,<br />

no setor de gás, no setor<br />

aéreo e nos processos de produção<br />

dos biocombustíveis",<br />

ressalta Luciano Rodrigues.<br />

Ao defender o PL apresentado<br />

ao Plenário da Câmara, o relator<br />

Arnaldo Jardim destacou<br />

que as mudanças incorporadas<br />

reforçam o diálogo do<br />

Combustível do Futuro com<br />

outras propostas, como o<br />

Mover (Mobilidade Verde), o<br />

Mercado de Carbono e o Paten<br />

(Programa de Aceleração da<br />

Transição Energética).<br />

6 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


SEGURANÇA<br />

Cooperval realiza a Sipat <strong>2024</strong><br />

A Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho busca conscientizar<br />

os colaboradores sobre os cuidados com saúde e segurança<br />

De 4 a 8 de março a<br />

Cooperval - Cooperativa<br />

Agroindustrial Vale<br />

do Ivaí Ltda., com<br />

sede no município de Jandaia<br />

do Sul, realizou a Semana Interna<br />

de Prevenção de Acidentes<br />

do Trabalho - Sipat <strong>2024</strong>,<br />

que busca conscientizar os colaboradores<br />

sobre os cuidados<br />

com a saúde e a segurança.<br />

Sob a coordenação do Serviço<br />

Especializado em Engenharia<br />

de Segurança e em Medicina<br />

do Trabalho (Sesmt) e do setor<br />

de Recursos Humanos, os colaboradores<br />

participaram de<br />

ampla programação voltada<br />

para ações de conscientização,<br />

principalmente, nos aspectos<br />

que evidenciam a saúde<br />

e a segurança.<br />

Uma das principais ações, de<br />

incentivo a doação de sangue,<br />

foi realizada em parceria com o<br />

Hemonúcleo de Apucarana,<br />

cujo representante esteve na<br />

cooperativa falando com os colaboradores<br />

e incentivando-os<br />

a doar sangue.<br />

A equipe do Sesmt também esteve<br />

em todos os setores da<br />

cooperativa fazendo palestras<br />

sobre os acidentes mais comuns<br />

que ocorrem em cada<br />

setor, orientando sobre os cuidados<br />

necessários para garantir<br />

a segurança de todos. E como<br />

parte das atividades recreativas,<br />

um quis, com perguntas sobre<br />

segurança no trabalho, testou o<br />

conhecimento de todos sobre o<br />

assunto, com premiação aos<br />

vencedores.<br />

Já o bate papo com a liderança,<br />

outra ação importante da Sipat<br />

<strong>2024</strong>, envolveu palestras a respeito<br />

de segurança e saúde no<br />

trabalho ministradas por profissionais<br />

da cooperativa: a advogada<br />

Ibina Bernedete, o engenheiro<br />

de segurança Gustavo<br />

Henrique Butieri, a enfermeira<br />

do trabalho Gislaine Camargo<br />

Manoto e a gerente de RH Ana<br />

Paula Morelli.<br />

Projeto de doação<br />

de sangue é contínuo<br />

Levando em consideração a<br />

demanda por doadores de sangue<br />

na região e o número de<br />

funcionários que trabalham na<br />

Cooperval, a cooperativa,<br />

desde 2007, desenvolve o projeto<br />

de incentivo a doação de<br />

sangue em prol do Hemonúcleo<br />

de Apucarana.<br />

Para isso, a Cooperval mantém<br />

um cadastro interno de doadores<br />

de sangue, que conta atualmente<br />

com 50 doadores ativos<br />

que realizam três doações ao<br />

ano e a todo novo colaborador<br />

é apresentado o programa.<br />

Considerando que cada doação<br />

pode salvar até quatro<br />

vidas, a cada ano os funcionários<br />

da Cooperval impactam<br />

em média 600 vidas.<br />

Um jantar comemorativo com<br />

homenagem para as cooperadas<br />

que integraram e integram<br />

o Conselho Fiscal e de<br />

Administração da cooperativa<br />

marcou o Dia da Mulher na<br />

Cooperval. As mulheres representam<br />

16% do quadro de<br />

funcionários da empresa.<br />

Dia da Mulher<br />

A Missa de Abertura<br />

de Safra da Cooperval<br />

foi realizada dia 7<br />

de março e contou<br />

com a participação<br />

de funcionários<br />

e cooperados.<br />

8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


INDÚSTRIA<br />

Santa Terezinha discute<br />

impermeabilização das lagoas<br />

A partir das reuniões, cada unidade iniciou a elaboração de um plano de ação,<br />

que deverá ser avaliado e aprovado antes da implantação dos projetos<br />

As unidades industriais<br />

da Usina Santa Terezinha<br />

têm discutido as<br />

condições das lagoas<br />

industriais de vinhaça e água residuária,<br />

visando a melhoria<br />

dos seus processos e planejamento<br />

de futuros projetos. As<br />

reuniões contaram com profissionais<br />

de diversas áreas, englobando<br />

agrícola, industrial e<br />

meio ambiente, além de profissionais<br />

externos de empresas<br />

parceiras.<br />

Devido à diversidade das unidades,<br />

as discussões foram bastante<br />

ricas, pois o benchmark<br />

interno auxiliou na avaliação<br />

das melhorias, de acordo com<br />

cada realidade. Foram avaliados<br />

ainda aspectos relevantes,<br />

como terreno, alocação das lagoas,<br />

das fábricas de adubo, logística<br />

e aplicação dos<br />

resíduos.<br />

A partir das reuniões, cada unidade<br />

iniciou a elaboração de<br />

um plano de ação, que deverá<br />

ser avaliado e aprovado antes<br />

da implantação dos projetos<br />

sugeridos. Será feito um levantamento<br />

das condições, a avaliação<br />

da capacidade de<br />

redução do consumo e captação<br />

de água, e, consequentemente,<br />

da geração de resíduos,<br />

para planejamento e execução<br />

de melhorias.<br />

Terra Rica investe na redução<br />

de perdas industriais<br />

O cluster Norte tem investido<br />

em melhorias para redução<br />

das perdas industriais na unidade<br />

de Terra Rica. Para isso<br />

conta com a experiência de<br />

profissionais nas áreas de automação,<br />

moagem, produção<br />

de açúcar/etanol e controle de<br />

qualidade, que, em conjunto<br />

com os profissionais da unidade,<br />

realizaram um excelente<br />

trabalho de identificação de<br />

pontos de melhoria e diminuição<br />

de perdas, melhorando<br />

todo o resultado de eficiência<br />

da planta, gerando valor à unidade<br />

e ao grupo Usina Santa<br />

Terezinha.<br />

O diferencial desse projeto foi<br />

a união da equipe em “colocar<br />

a mão na massa” junto com o<br />

time interno. A participação<br />

ativa e o incentivo da diretoria<br />

agroindustrial foram decisivos<br />

para o sucesso do projeto.<br />

Proatividade, dinamismo,<br />

comprometimento e parceria<br />

foram as palavras-chave do<br />

sucesso desta ação, reforçando<br />

a importância dos valores<br />

UST no atingimento das<br />

metas, com a integração das<br />

áreas e a capacidade de crescimento<br />

conjunto da equipe.<br />

Cidade Gaúcha implanta<br />

amostradores contínuos<br />

no processo<br />

Em busca de superar desafios,<br />

a equipe industrial de Cidade<br />

Gaúcha, no decorrer da safra<br />

2023, fabricou amostradores<br />

contínuos internamente, para<br />

amostragens de torta de filtro,<br />

lavagem de cana, águas residuárias<br />

e multijatos fábrica/evaporação.<br />

Com isso, foi possível<br />

identificar as perdas industriais.<br />

Como plano de ação, os funcionários<br />

atuaram na parametrização<br />

de procedimentos no<br />

processo e melhorias em automação,<br />

visando a melhor<br />

eficiência industrial e, consequentemente,<br />

menores perdas.<br />

A equipe Cidade Gaúcha evidenciou,<br />

com esforços, dedicação<br />

e união, que é possível<br />

fazer a diferença.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


LAVOURA<br />

Equipe técnica da UST<br />

faz treinamento de roguing<br />

Prática é importante para garantir a qualidade, principalmente das áreas de muda,<br />

pois permite a detecção de doenças, pragas e variedades indesejadas<br />

Aequipe técnica da<br />

Usina Santa Terezinha<br />

(UST) recebeu treinamento<br />

para a realização<br />

do procedimento de<br />

roguing na cana-de-açúcar,<br />

oferecido pela RIDESA-PR<br />

(Rede Interuniversitária para o<br />

Desenvolvimento do Setor Sucroenergético)<br />

na sede Regional<br />

em Paranavaí, PR.<br />

O treinamento foi conduzido<br />

por profissionais altamente<br />

qualificados, com ampla experiência<br />

no melhoramento genético<br />

da cana-de-açúcar, do<br />

quadro de técnicos da UFPR<br />

(Universidade Federal do <strong>Paraná</strong>).<br />

O roguing consiste na avaliação<br />

visual do canavial, identificando<br />

problemas que possam<br />

existir. É uma prática importante<br />

para garantir a qualidade,<br />

principalmente das áreas de<br />

muda, pois permite a detecção<br />

de doenças, pragas e variedades<br />

indesejadas, além da<br />

avaliação da sanidade e desenvolvimento<br />

das folhas e colmos.<br />

As equipes foram treinadas na<br />

metodologia adequada para o<br />

roguing, realizando práticas de<br />

execução. No dia, foram realizadas<br />

dinâmicas de campo<br />

para um melhor entendimento<br />

da equipe, além da apresentação<br />

dos descritores varietais<br />

como ferramenta de auxílio<br />

para a identificação de misturas<br />

varietais. As equipes retornaram<br />

preparadas para o<br />

roguing, garantindo mudas e<br />

canaviais de qualidade.<br />

Mix de cobertura em rotação melhora o solo<br />

No último ano, as Unidades<br />

da Usina Santa Terezinha<br />

(UST) implementaram o uso<br />

de mix de coberturas, com a<br />

intenção de ampliar os benefícios<br />

da rotação de culturas.<br />

Os mix de coberturas são<br />

compostos por diferentes<br />

culturas, como leguminosas,<br />

grãos e gramíneas. Essa diversificação<br />

ajuda a quebrar<br />

o ciclo de pragas e doenças,<br />

disponibiliza nutrientes, melhora<br />

a microbiologia do solo<br />

e aumenta os teores de matéria<br />

orgânica.<br />

A rotação de culturas é uma<br />

prática agrícola que consiste<br />

em alternar espécies vegetais<br />

no decorrer do tempo, numa<br />

mesma área agrícola. Ela traz<br />

diversos benefícios, como a<br />

melhoria da fertilidade do solo,<br />

o controle de pragas e doenças<br />

e a redução da dependência<br />

de insumos específicos.<br />

Para garantir a boa implantação<br />

e acompanhamento do<br />

uso do mix de coberturas, as<br />

Unidades da UST realizaram<br />

visitas técnicas com o especialista<br />

na área, o professor<br />

Ademir Calegari. Nas visitas,<br />

as equipes técnicas puderam<br />

aprender sobre os benefícios<br />

de cada planta presente no<br />

mix plantado e conhecer um<br />

pouco mais sobre as características<br />

e morfologia de cada<br />

uma das plantas.<br />

A implementação bem-sucedida<br />

de uma rotação de culturas<br />

e/ou mix de cobertura em<br />

plantações de cana-de-açúcar<br />

exige um planejamento cuidadoso<br />

e a consideração das<br />

condições locais.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

11


USINA<br />

Ações sociais da Usiban beneficiam<br />

colaboradores e comunidade<br />

Entre os vários projetos desenvolvidos está o da Usina da Cidadania, que atende<br />

cerca de 40 crianças e adolescentes do município de Bandeirantes<br />

Sempre preocupada<br />

com questões sociais<br />

do município e<br />

de seus colaboradores,<br />

a Usiban desenvolve diversas<br />

ações e apoia entre<br />

outros, o Projeto Usina da Cidadania<br />

que é uma instituição<br />

filantrópica, sem fins lucrativos,<br />

que atende cerca de 40<br />

crianças e adolescentes do<br />

município de Bandeirantes<br />

com atividades educativas,<br />

psicossociais, assistenciais,<br />

culturais e recreativas por<br />

meio de diversas oficinas,<br />

além de festividades e alimentação.<br />

Com funcionamento de segunda<br />

a sexta em período integral,<br />

o projeto atende crianças<br />

carentes no contra turno<br />

escolar, possibilitando assim<br />

uma qualidade de vida e evitando<br />

que essas crianças estejam<br />

desamparadas nas ruas<br />

correndo o risco de se envolverem<br />

em problemas que<br />

podem comprometer sua integridade<br />

física e emocional.<br />

A Usiban é uma das parceiras<br />

da instituição, que conta também<br />

com o apoio de outras<br />

instituições e da comunidade<br />

para manutenção e funcionamento,<br />

contribuindo para garantir<br />

um futuro melhor para<br />

as crianças.<br />

Com esse mesmo princípio,<br />

em comemoração ao Dia Internacional<br />

das Mulheres, a<br />

Usiban realizou um dia das<br />

mulheres solidário em <strong>2024</strong>,<br />

através de visita agendada e<br />

doação de mais de 2.000 fraldas<br />

para a instituição Lar das<br />

Crianças Bezerra de Menezes,<br />

em Bandeirantes-PR.<br />

Dando ênfase em saúde e segurança<br />

do trabalho, a usina<br />

também desenvolve o Programa<br />

Lay-off online. E buscando<br />

colaborar com o<br />

hemocentro da região, incentiva<br />

a doação de sangue coletiva<br />

dos participantes do<br />

Programa de Qualificação da<br />

empresa, disponibilizando<br />

cerca de 50 doadores de sangue<br />

nos meses de janeiro e<br />

fevereiro.<br />

Outra ação social importante<br />

foi a ampliação do atendimento<br />

da psicóloga da empresa<br />

(tempo integral – das 7<br />

às 17), para atendimento aos<br />

colaboradores e dependentes,<br />

possibilitando melhoria na<br />

qualidade de vida e a saúde<br />

mental do trabalhador e de<br />

sua família.<br />

E para garantir um Natal mais<br />

farto para todos os trabalhadores<br />

da empresa e parceiros,<br />

no final do ano passado a Usiban<br />

entregou cerca de 1.200<br />

cestas natalinas contendo<br />

itens de produtos voltados<br />

para uma ceia de Natal completa<br />

e requintada. A ação festiva<br />

e descontraída foi realizada<br />

pelo setor de Recursos<br />

Humanos do dia 6 de dezembro<br />

de 2023.<br />

12 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


A discussão sobre o aumento<br />

da mistura de biodiesel no<br />

óleo diesel comercializado no<br />

Brasil tem provocado um impasse<br />

entre o agronegócio e<br />

o setor de energia, do qual<br />

faz parte a Petrobras. Essa<br />

medida foi incluída em um<br />

projeto de lei votado na Câmara<br />

dos Deputados, batizado<br />

de “Combustível do<br />

Futuro”. A proposta faz parte<br />

da chamada “agenda verde”<br />

DOIS<br />

Biodiesel<br />

Cronograma<br />

PONTOS<br />

abraçada pelo Legislativo<br />

com o objetivo de tornar o<br />

País mais sustentável do<br />

pon-to de vista ambiental e<br />

ampliar as fontes renováveis<br />

de energia. O ponto mais divergente<br />

da proposta é o aumento<br />

gradual da mistura de<br />

biodiesel no óleo diesel, que<br />

chegaria a 20% em 2030,<br />

com adição de um ponto porcentual<br />

ao ano. Hoje, esse<br />

porcentual está em 14%.<br />

O objetivo é tornar o uso de combustível cada vez menos poluente, mas o setor energético<br />

afirma que seria necessária a previsão de mais testes técnicos para evitar que a<br />

mudança danifique motores de veículos. Uma ala do setor, ligada à Petrobras, rejeita<br />

também a possibilidade de perda de mercado do diesel, do qual a estatal é líder na produção<br />

nacional. A escala gradual é uma das principais e mais antigas demandas do<br />

setor do biodiesel, desde os produtores de soja, processadores até fabricantes do biocombustível.<br />

Industriais alegam que um cronograma de mistura previsto em lei confere<br />

previsibilidade para os investimentos em ampliação da capacidade fabril. A medida é<br />

vista como necessária após a mistura ter sido reduzida frequentemente nos últimos tempos<br />

e a indústria registrar ociosidade de quase 50%.<br />

Mistura<br />

As entidades ligadas à produção<br />

de biodiesel afirmam que<br />

o setor está preparado para<br />

uma eventual elevação da mistura<br />

para 20% de biodiesel no<br />

diesel. Após uma redução do<br />

percentual de mistura para<br />

10%, a taxa subiu para 12%<br />

em abril de 2023 e vai a 13%<br />

em <strong>2024</strong>. Deverá atingir 14%<br />

em 2025 e 15% em 2026,<br />

conforme resolução do Conselho<br />

Nacional de Política<br />

Energética. Projeto votado na<br />

Câmara, propõe 20%. Há ainda<br />

uma demanda do governo<br />

para até 25%. Com o aumento<br />

para 20%, a demanda de biodiesel<br />

subiria para 13,2 bilhões<br />

de litros, um volume ainda inferior<br />

à capacidade de produção<br />

da indústria, que é de 14,7<br />

bi-lhões, informam as empresas<br />

do setor. Se aprovada, a<br />

mudança demandaria 8,7 milhões<br />

de toneladas de óleo de<br />

soja, com a utilização de 42<br />

milhões de toneladas da oleaginosa,<br />

acima dos 30 milhões<br />

na mistura de 14%, segundo<br />

dados da Associação Brasileira<br />

das Indústrias de Óleos<br />

Vegetais.<br />

Um teste realizado pela JBS,<br />

empresa de alimentos líder no<br />

mundo, revela que a redução<br />

da pegada de carbono é possível<br />

com o uso do biodiesel<br />

100% (B100), fabricado por<br />

ela. Na experiência realizada<br />

em sua frota, ao longo dos últimos<br />

seis meses, um caminhão<br />

DAF 530, da montadora holandesa<br />

DAF, foi utilizado pela JBS<br />

B100<br />

Etanol<br />

Transportadora na rota logística<br />

entre Lins (SP) e o porto de<br />

Santos, no litoral paulista, e<br />

abastecido exclusivamente<br />

com o biodiesel produzido pela<br />

JBS Biodiesel. O resultado<br />

mostrou que o veículo abastecido<br />

com biodiesel B100 apresentou<br />

rendimento equivalente<br />

ao diesel fóssil e emissão de<br />

até 80% menos gás carbônico.<br />

O governo federal quer dar<br />

“gás” ao Projeto de Lei do<br />

“Combustível do Futuro” e elevar<br />

a mistura de etanol na gasolina<br />

dos atuais 27,5% para<br />

35%, acima dos 30% que<br />

constam no PL 4.513/2023,<br />

votado na Câmara dos Deputados.<br />

A proposta de uma mistura<br />

de 35% de biocombustível<br />

no combustível fóssil foi defendida<br />

pelo relator do PL, deputado<br />

Arnaldo Jardim, que<br />

ressaltou ser necessária viabilidade<br />

técnica para isso seguir<br />

em frente.<br />

Centro-Sul<br />

A próxima safra de cana, que<br />

começa em abril, deve apresentar<br />

recuo de 9,8% em relação<br />

ao montante colhido na<br />

safra 2023/24 no Centro-Sul<br />

do país, região que concentra<br />

os principais estados produtores.<br />

Os dados da safra<br />

<strong>2024</strong>/25 foram divulgados<br />

durante o 8º Santander Datagro.<br />

De acordo com a Datagro,<br />

a previsão indica que a<br />

safra alcançará 592 milhões<br />

de toneladas de cana, ante<br />

as 656,1 milhões da safra<br />

que oficialmente termina dia<br />

31 deste mês.<br />

14<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


El Niño<br />

Subsídios<br />

O fenômeno meteorológico El<br />

Niño, que alcançou intensidade<br />

máxima em dezembro, é um<br />

dos cinco mais fortes já registrados<br />

segundo a Organização<br />

Meteorológica Mundial. A entidade<br />

prevê temperaturas superiores<br />

à média de março a maio<br />

no planeta. O El Niño está perdendo<br />

força progressivamente,<br />

mas continuará tendo um impacto<br />

sobre o clima mundial<br />

nos próximos meses, alimentando<br />

o calor captado pelos<br />

gases do efeito estufa emitidos<br />

pelas atividades humanas, explicou<br />

a organização. O El Niño<br />

contribuiu para as temperaturas<br />

recordes, mas os gases do<br />

efeito estufa que retêm o calor<br />

são os principais responsáveis.<br />

O Brasil e a Tailândia encerraram<br />

formalmente o contencioso<br />

bilateral sobre subsídios<br />

tailandeses ao setor de<br />

cana e de açúcar, iniciado<br />

pelo governo brasileiro em<br />

2016. O contencioso restringiu-se<br />

à fase de consultas,<br />

sem estabelecimento de painel<br />

na Organização Mundial<br />

do Comércio. O Brasil optou<br />

pelo diálogo continuado com<br />

a Tailândia, o que culminou<br />

na alteração definitiva da política<br />

tailandesa de apoio ao<br />

setor de açúcar, com a eliminação<br />

dos subsídios, afirmou<br />

o Itamaraty.<br />

Energia limpa<br />

Os investimentos em energia<br />

limpa aumentaram quase<br />

50% de 2019 a 2023, atingindo<br />

US$ 1,8 trilhão (R$<br />

8,91 trilhões) no ano passado,<br />

segundo a Agência Internacional<br />

de Energia. O<br />

crescimento da geração de<br />

O Brasil voltou ao grupo das<br />

10 maiores economias do<br />

mundo, depois de registrar<br />

um crescimento de 2,9% no<br />

Produto Interno Bruto (PIB)<br />

de 2023. Um levantamento<br />

da consultoria Austin Ratings<br />

- com base nos dados preliminares<br />

de PIBs em valores<br />

Transição energética<br />

eletricidade a partir da energia<br />

limpa superou o dobro do<br />

crescimento da geração a<br />

partir de combustíveis fósseis.<br />

A produção de eletricidade<br />

de baixas emissões<br />

cresceu cerca de 1.800 TWh<br />

(Terawatt-hora), apesar da<br />

Economia<br />

O Brasil chega à transição<br />

energética com metade da infraestrutura<br />

que deveria ter,<br />

apesar das vantagens comparativas<br />

do País, afirmou a<br />

diretora de infraestrutura,<br />

transição energética e mudança<br />

climática do Banco<br />

Nacional de Desenvolvimento<br />

Social (BNDES), Luciana<br />

Costa. Ela listou como vantagens:<br />

estabilidade geopolítica;<br />

matriz energética 47%<br />

limpa (87%, se considerada<br />

só a matriz elétrica); minerais<br />

críticos; garantia de segurança<br />

alimentar para o País e<br />

para o mundo; etanol; biomassa;<br />

e o fato de ser o<br />

quinto produtor de biometano<br />

do mundo. “Nenhum país<br />

tem todas essas vantagens<br />

comparativas combinadas,<br />

só que a gente tem um País<br />

estagnação da energia hidrelétrica<br />

e da queda da energia<br />

nuclear por causa da seca e<br />

das paradas forçadas da<br />

frota nuclear na União Europeia.<br />

Já a geração de eletricidade<br />

à base de combustíveis<br />

fósseis cresceu 850 TWh.<br />

correntes que já foram divulgados<br />

por 54 países - mostra<br />

que o Brasil ultrapassou o<br />

Canadá e a Rússia, para ocupar<br />

a 9ª posição do ranking,<br />

com um PIB de US$ 2,17 trilhões<br />

no ano passado. Em<br />

2022, o país foi a 11ª maior<br />

economia do mundo, segundo<br />

dados do Fundo Monetário<br />

Internacional (FMI).<br />

Os Estados Unidos continuam<br />

liderando o ranking<br />

com um PIB de US$ 26,9 trilhões,<br />

seguidos pela China,<br />

com US$ 17,7 trilhões, e Alemanha,<br />

com US$ 4,4 trilhões.<br />

que tem metade da infraestrutura<br />

que deveria ter. O<br />

nosso desafio é o custo de<br />

capital e concorrer com países<br />

que estão lançando planos<br />

de subsídios. A gente<br />

está vendo algumas indústrias<br />

que poderiam estar aqui<br />

indo para os Estados Unidos<br />

produzir SAF (bioquerosene<br />

de aviação e biocombustíveis”,<br />

explicou.<br />

Participação<br />

A Petrobras pretende ser um<br />

dos últimos produtores de<br />

petróleo do planeta, disse o<br />

presidente da empresa brasileira<br />

de energia, Jean Paul<br />

Prates, ao apresentar um<br />

plano de investimento de<br />

mais de US$ 100 bilhões<br />

(cerca de R$ 496 bi) concentrado<br />

na exploração e produção<br />

de petróleo offshore. O<br />

grupo controlado pelo Estado<br />

também buscará estabelecer<br />

o Brasil como líder em energia<br />

eólica offshore, como<br />

Petrobras<br />

A participação do etanol no<br />

mercado de combustíveis caiu<br />

pela metade nos últimos anos.<br />

Em 2019, o produto da cana<br />

respondeu por 29% de todo o<br />

combustível de veículos no<br />

país. No ano passado, a fatia foi<br />

de 20%. A percepção de que a<br />

gasolina está barata e até a propagação<br />

de notícias falsas têm<br />

prejudicado a demanda. O mercado<br />

de etanol tem vivido um<br />

momento de dúvida. O combustível<br />

voltou a ser mais competitivo<br />

que a gasolina no<br />

centro-sul do país, mas a demanda<br />

não tem reagido como<br />

aconteceu no passado.<br />

parte de um impulso de diversificação<br />

para se preparar<br />

para a transição mundial para<br />

longe dos combustíveis fósseis,<br />

disse ele.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

15


ARTIGO<br />

Produção de bioeletricidade<br />

bate recorde em 2023<br />

Aumento foi de 14,6%, influenciado pela safra canavieira, já que a biomassa<br />

da cana é o principal combustível na geração de bioeletricidade no país<br />

Por Zilmar Souza<br />

De janeiro a dezembro<br />

do ano passado, a<br />

geração de bioeletricidade<br />

para a rede<br />

foi de 29.285 GWh, de acordo<br />

com levantamento inédito da<br />

União da Indústria de Canade-Açúcar<br />

e Bioenergia<br />

(UNICA), realizado com base<br />

em dados de medição de janeiro<br />

a novembro e da medição<br />

preliminar de dezembro<br />

apresentados recentemente<br />

pela Câmara de Comercialização<br />

de Energia Elétrica<br />

(CCEE), representando um recorde<br />

de produção anual de<br />

energia elétrica à rede pela<br />

fonte biomassa, que inclui bagaço<br />

e palha de cana-de-açúcar,<br />

biogás, lixívia, resíduos de<br />

madeira, dentre outras.<br />

Em relação à produção de<br />

2022, houve um aumento de<br />

3.732 GWh, um crescimento<br />

de 14,6%. Essa variação positiva<br />

foi fortemente influenciada<br />

pela safra canavieira, já que a<br />

biomassa da cana (bagaço e<br />

palha da cana) é o principal<br />

combustível na geração de<br />

bioeletricidade no país. De<br />

acordo com a Unica, no acumulado<br />

da safra 23/24, a moagem<br />

na região Centro Sul<br />

atingiu 644,14 milhões de toneladas<br />

de cana entre 1º de<br />

abril de 2023 e 1º de janeiro de<br />

<strong>2024</strong>, ante 542,39 milhões de<br />

toneladas registradas no<br />

mesmo período no ciclo 22/23<br />

– um avanço de 18,76%.<br />

A bioeletricidade ofertada para<br />

a rede no ano passado foi estratégica<br />

para o setor elétrico<br />

brasileiro, sendo equivalente a<br />

atender por dois meses o consumo<br />

integral de energia elétrica<br />

da indústria brasileira em<br />

2023 ou suprir todo o consumo<br />

de energia elétrica da região<br />

Centro-Oeste por mais de<br />

oito meses.<br />

Do lado do ranking da geração<br />

centralizada à rede, o desempenho<br />

da bioeletricidade em<br />

2023 garantiu a terceira posição<br />

para a fonte, atrás apenas<br />

da fonte hidrelétrica e eólica.<br />

Trata-se de uma geração não<br />

intermitente e complementar à<br />

fonte hidrelétrica, com 76,3%<br />

da geração da biomassa para<br />

a rede em 2023 ocorrendo<br />

entre os meses de maio e novembro,<br />

considerado o período<br />

seco e crítico do Sistema Interligado<br />

Nacional.<br />

São dados que indicam quão<br />

estratégica essa fonte já é para<br />

o setor elétrico brasileiro e que<br />

tem oportunidades para avançar<br />

na matriz. Uma expansão<br />

robusta e regular da bioeletricidade,<br />

tanto no mercado regulado<br />

quanto no mercado livre<br />

(que passa a ganhar mais representatividade),<br />

proporcionará<br />

cada vez maiores volumes<br />

de uma energia renovável,<br />

sustentável, não intermitente e<br />

efetivamente complementar à<br />

fonte hidrelétrica, poupando<br />

água nos reservatórios, principalmente<br />

no submercado Sudeste/Centro-Oeste,<br />

ao mesmo<br />

tempo proporcionando<br />

uma real modicidade nas contas<br />

do consumidor, sobretudo,<br />

em momentos de escassez hídrica,<br />

por serem térmicas renováveis<br />

que representam<br />

reservatórios virtuais no sistema.<br />

A abertura total do ambiente<br />

livre para a alta tensão, seguindo<br />

para a média e baixa<br />

tensão no futuro, o funcionamento<br />

adequado das liquidações<br />

financeiras no mercado<br />

de curto prazo, um desenho<br />

que estimule a participação da<br />

A bioeletricidade ofertada para a rede no ano passado<br />

foi estratégica para o setor elétrico brasileiro, sendo<br />

equivalente a atender por dois meses o consumo integral<br />

de energia elétrica da indústria brasileira em 2023<br />

biomassa nos leilões de reserva<br />

de capacidade, a retomada<br />

dos leilões de energia<br />

nova em virtude do crescimento<br />

econômico, a valoração<br />

dos atributos ambiental e geoelétricos<br />

da bioeletricidade, a<br />

demanda por fontes não intermitentes<br />

na produção de hidrogênio<br />

renovável etc. são algumas<br />

das questões que devem<br />

abrir oportunidades para<br />

a bioeletricidade continuar expandindo<br />

na matriz elétrica<br />

brasileira e apresentando uma<br />

oferta estratégica, renovável e<br />

sustentável para o setor elétrico<br />

brasileiro nos próximos<br />

anos.<br />

Zilmar Souza é gerente de<br />

Bioeletricidade na Única<br />

16

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