Jornal Paraná Abril 2024
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OPINIÃO<br />
Recuperações judiciais:<br />
O agro está em crise?<br />
O que explica esse momento desafiador<br />
no agro e o que ele de fato significa<br />
Por Helen Jacintho (*)<br />
Temos recebido uma<br />
enxurrada de notícias<br />
sobre o aumento das<br />
recuperações judiciais<br />
no agronegócio nacional, um<br />
barulho ruim e desproporcional<br />
quando analisamos os números.<br />
Sem dúvida estamos<br />
enfrentando um ano desafiador,<br />
uma conjuntura de quebra<br />
de safra com queda de preços,<br />
não será uma safra recorde, a<br />
rentabilidade do produtor será<br />
menor, entretanto o produtor<br />
rural, como qualquer empresário,<br />
conta com anos bons e<br />
ruins.<br />
O setor viveu 5 anos extraordinários<br />
de bonança, com preços<br />
de commodities nas alturas,<br />
entretanto, esta variabilidade<br />
faz parte do negócio. Depois<br />
de anos de excelentes<br />
resultados, o agronegócio nacional<br />
tem enfrentado a tempestade<br />
perfeita, uma conjunção<br />
de redução dos valores<br />
das commodities, somado a<br />
efeitos climáticos sobre a produção<br />
agrícola, além do descasamento<br />
dos valores das<br />
commodities e dos maquinários<br />
e insumos adquiridos.<br />
O setor é resiliente e continuará<br />
como o principal pilar da economia<br />
brasileira. Produziremos<br />
uma safra menor, mas será<br />
uma grande safra, que irá diminuir<br />
a inflação do país, produzindo<br />
alimentos a preços acessíveis<br />
para nossa população e<br />
equilibrando a balança comercial<br />
brasileira através das exportações.<br />
O setor não “quebra” por uma<br />
única safra, se esta situação se<br />
repetir por duas, três safras, aí<br />
sim, estaremos falando de<br />
uma crise. O que houve até o<br />
momento, foi excesso de otimismo<br />
e que levou a um erro<br />
de estratégia do produtor, de<br />
não vender a produção antecipadamente,<br />
aproveitando os<br />
preços altos, o que acarretou<br />
um acúmulo de produto. Se o<br />
produtor tivesse vendido antecipadamente,<br />
estaríamos enfrentando<br />
somente o problema<br />
climático que resultou na quebra<br />
de safra. O setor trabalha<br />
historicamente com a flutuação<br />
das commodities, a queda<br />
da soja iria ocorrer de qualquer<br />
maneira.<br />
De acordo com os números do<br />
Serasa Experian, 127 produtores<br />
entraram com pedidos de<br />
recuperação judicial em 2023,<br />
no universo de 5 milhões de<br />
produtores rurais existentes no<br />
país. Apesar do aumento de<br />
pedidos de recuperação judicial,<br />
os números representam<br />
0,000025% dos produtores<br />
nacionais.<br />
O aumento dos pedidos de RJ<br />
(Recuperação Judicial) preocupa<br />
muito, o instrumento<br />
acaba tornando o crédito mais<br />
caro para o setor e deve ser<br />
utilizado somente para situações<br />
onde o produtor não consegue<br />
pagar as contas. O<br />
aumento do número de pedidos<br />
de recuperação assusta,<br />
pois existe uma suspeita de<br />
que o instrumento esteja sendo<br />
utilizado de maneira abusiva<br />
por parte das empresas que<br />
oferecem as RJ.<br />
A maior parte do agro<br />
brasileiro tem conseguido<br />
superar os desafios<br />
mantendo-se produtiva<br />
sem arriscar sua reputação<br />
de crédito no mercado<br />
Alguns setores estão indo<br />
muito bem como a cana, algodão<br />
e citrus, mas a soja é o<br />
carro chefe da nossa produção<br />
e os produtores de soja<br />
estão trabalhando com as piores<br />
margens dos últimos 10<br />
anos. Em alguns estados como<br />
o Mato Grosso a situação<br />
é mais alarmante, mas estados<br />
como SP e Matopiba estão<br />
com margens apertadas,<br />
mas não estão no negativo. O<br />
Ministro da agricultura Carlos<br />
Fávaro do Ministério da Agricultura,<br />
declarou que serão tomadas<br />
medidas emergenciais<br />
como a disponibilização de<br />
crédito, renegociação de dívidas<br />
e apoio à comercialização<br />
como formas de mitigar esses<br />
desafios.<br />
Apesar do aumento, nota-se<br />
pelos números, que a maior<br />
parte do agro brasileiro tem<br />
conseguido superar os desafios<br />
mantendo-se produtiva<br />
sem arriscar sua reputação de<br />
crédito no mercado.<br />
(*) Engenheira de alimentos<br />
por formação, trabalha há<br />
mais de 15 anos na Fazenda<br />
Continental, na Fazenda Regalito<br />
e no setor de seleçaõ<br />
genética na Brahmânia Continental.<br />
Fez Business for Entrepreneurs<br />
na Universidade<br />
do Colorado e é juiźa de morfologia<br />
pela ABCZ. Também<br />
estudou marketing e carreira<br />
no agronegoćio<br />
2<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
CANA-DE-AÇÚCAR<br />
Safra paranaense<br />
supera expectativas<br />
A colheita finalizou com 36,199 milhões de toneladas de cana,<br />
15,6% acima do projetado inicialmente pela Alcopar e usinas do Estado<br />
Asafra 2023/24 do <strong>Paraná</strong><br />
, encerrada dia<br />
31 de março, superou<br />
as expectativas<br />
do setor sucroenergético do<br />
Estado. De acordo com as estimativas<br />
da Alcopar, era esperado<br />
o esmagamento de<br />
31,303 milhões de toneladas<br />
de cana-de-açúcar. A colheita,<br />
entretanto finalizou com<br />
36,199 milhões de toneladas<br />
de cana, 15,6% acima do projetado<br />
inicialmente, segundo o<br />
presidente da entidade, Miguel<br />
Tranin.<br />
“Os excelentes resultados se<br />
devem ao clima favorável,<br />
com chuvas abundantes,<br />
ocorrido em 2022 e no início<br />
de 2023. Este ano, entretanto<br />
o clima não tem ajudado. A<br />
safra tem sido bem seca e<br />
desde o início deste ano o déficit<br />
de chuvas na região canavieira<br />
já supera os 250 milímetros<br />
em relação à média do<br />
Estado para o período. Confirmada<br />
a tendência de ocorrência<br />
do fenômeno climático La<br />
Niña no segundo semestre<br />
deste ano, quando o clima<br />
costuma ser mais quente e<br />
seco, a situação pode se<br />
complicar ainda mais”, avalia<br />
Tranin.<br />
Até o dia 1 de abril, quando iniciou<br />
a safra <strong>2024</strong>/25 de canade-açúcar,<br />
sete usinas paranaenses<br />
estavam em operação,<br />
mas todas as demais devem<br />
entrar em operação ainda<br />
neste mês. A moagem de<br />
cana-de-açúcar realizada pelas<br />
7 unidades que iniciaram<br />
suas atividades no mês de<br />
março totalizou 715.201 toneladas.<br />
Toda a matéria-prima<br />
esmagada foi contabilizada<br />
ainda como da safra 2023/24.<br />
No mesmo período do ano anterior,<br />
apenas 6 indústrias sucroenergéticas<br />
estavam operando,<br />
totalizando uma moagem<br />
de 556.362 toneladas.<br />
A produção de açúcar na safra<br />
2023/24 finalizou com 2,765<br />
milhões de toneladas, 23,4%<br />
acima dos 2,241 milhões de<br />
toneladas do período anterior.<br />
A produção de etanol total foi<br />
de 1,212 bilhão de litros,<br />
12,6% a mais do que os 1,077<br />
bilhão de litros da safra anterior,<br />
sendo 680,66 milhões de<br />
litros (+16,9%) de anidro e<br />
531,7 milhões de litros<br />
(+7,5%) de hidratado.<br />
Já o rendimento industrial -<br />
ATR por tonelada de cana -<br />
teve um crescimento de 2,6%<br />
totalizando 137,87 Kgs, quando<br />
comparado com a safra<br />
passada de 134,39 Kgs.<br />
Quanto ao mix de produção,<br />
mais uma vez, como é tradição<br />
no <strong>Paraná</strong>, a safra foi mais<br />
açucareira com 57,91% da<br />
matéria prima destinados a<br />
produção de açúcar, 4% a<br />
mais do que no ano passado,<br />
e 42,09% para a produção de<br />
etanol, 5% a menos.<br />
Com relação a estimativa do<br />
volume de cana-de-açúcar a<br />
ser produzido na próxima<br />
safra, Tranin diz que ainda é<br />
cedo para se fazer projeções<br />
por conta dos variados efeitos<br />
climáticos na lavoura, mas<br />
que agora, com o início da colheita,<br />
será possível avaliar<br />
com maior precisão a perspectiva<br />
média de produtividade.<br />
O presidente da Alcopar<br />
adianta, entretanto, que os números<br />
da safra em andamento<br />
não devem se repetir, podendo<br />
ficar abaixo do volume colhido.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3
CENTRO-SUL<br />
Safra 2023/24 é a maior da história<br />
Produção foi de 654,43 milhões de toneladas, crescimento de 19,29%.<br />
Maior aumento na moagem foi observado em São Paulo, 23,24%<br />
As unidades produtoras<br />
da região Centro-Sul<br />
do Brasil concluíram a<br />
safra 2023/24 com<br />
654,43 milhões de toneladas<br />
de cana-de-açúcar processadas,<br />
crescimento de 19,29%<br />
sobre as 548,62 milhões de toneladas<br />
registradas na temporada<br />
2022/23. Esse montante<br />
representa recorde histórico na<br />
oferta de matéria-prima na região<br />
Centro-Sul.<br />
Entre os Estados do Centro-<br />
Sul, o maior aumento na moagem<br />
foi observado em São<br />
Paulo, que registrou avanço de<br />
23,24% (387,60 milhões de toneladas<br />
na safra 2023/24, ante<br />
314,51 milhões no ciclo passado).<br />
Nos Estados de Goiás,<br />
Minas Gerais, Mato Grosso e<br />
Mato Grosso do Sul também<br />
foram registrados recordes de<br />
processamento de cana-deaçúcar,<br />
com crescimento variando<br />
de 8,74% em Goiás a<br />
17,47% no Mato Gros-so do<br />
Sul.<br />
De acordo Luciano Rodrigues,<br />
diretor de Inteligência Setorial<br />
da UNICA, "pela primeira vez<br />
registramos recorde na moagem,<br />
na fabricação de etanol e<br />
na fabricação de açúcar no<br />
mesmo ano. A expectativa no<br />
início da safra já indicava um<br />
crescimento de produção, mas<br />
os valores registrados no final<br />
do ciclo surpreenderam".<br />
A safra recém encerrada, no<br />
aspecto agronômico, foi marcada<br />
por uma notável recuperação<br />
da produtividade agrícola<br />
nos canaviais da região Centro-<br />
Sul. As lavouras registraram<br />
rendimento de 87,2 toneladas<br />
de cana por hectare colhido,<br />
aumento de 19% no índice<br />
apurado na safra 2022/2023,<br />
de acordo com o levantamento<br />
do Centro de Tecnologia Canavieira<br />
(CTC).<br />
O Estado de São Paulo, responsável<br />
por 60% da moagem de<br />
cana-de-açúcar no Centro-Sul,<br />
apresentou crescimento de<br />
23% (90,7 toneladas por hectare<br />
nesta safra versus 73,7 toneladas<br />
por hectare no ciclo<br />
anterior), com destaque para<br />
as regiões de Araçatuba, Ribeirão<br />
Preto e São José do Rio<br />
Preto que registraram índice<br />
médio de 94,6 toneladas por<br />
hectare e aumentos de 31,5%,<br />
20,2% e 24,8%, respectivamente.<br />
Nos demais Estados<br />
produtores, o crescimento variou<br />
de 9,0% em Goiás a 20%%<br />
no Mato Grosso do Sul.<br />
"Esse resultado observado no<br />
campo advém principalmente<br />
de um regime climático excepcional<br />
na primavera-verão de<br />
2022 e início de 2023, aliado<br />
ao esforço constante da cadeia<br />
sucroenergética para a incorporação<br />
recursos tecnológicos<br />
que permitam maximizar os resultados<br />
na lavoura", acrescentou<br />
Rodrigues.<br />
A qualidade da matéria-prima<br />
colhida na safra 2023/24,<br />
mensurada em kg de ATR por<br />
tonelada de cana-de-açúcar<br />
processada, apresentou<br />
redução de 1,10% na<br />
comparação com o último<br />
ciclo agrícola, atingindo<br />
139,22 kg de ATR por tonelada.<br />
"A redução na concentração<br />
de açúcares na planta<br />
foi menos drástica do que o<br />
esperado diante índice de<br />
precipitação pluviométrica<br />
acima da média e do alongamento<br />
do período de moagem<br />
registrados neste ano",<br />
disse o executivo.<br />
Produção de açúcar e etanol tem recorde histórico<br />
A produção final de açúcar<br />
atingiu o recorde histórico de<br />
42,42 milhões de toneladas na<br />
safra 2023/24, aumento de<br />
25,7% sobre as 33,75 milhões<br />
de toneladas registradas no<br />
ciclo passado, e crescimento<br />
de 10,3% na comparação com<br />
o recorde anterior de produção,<br />
verificado na safra 2020/21<br />
(38,46 milhões de toneladas).<br />
Rodrigues salientou que apesar<br />
do avanço na produção de<br />
açúcar, apenas 48,83% da<br />
cana-de-açúcar foi direcionado<br />
à fabricação do adoçante,<br />
sendo a maior parte da cana<br />
moída utilizada na produção de<br />
etanol. "A produção de açúcar<br />
cresceu 8,67 milhões de toneladas,<br />
mas apenas 2,16 milhões<br />
ocorreram em função da<br />
mudança no mix de produção,<br />
os outros 6,51 milhões de toneladas<br />
foram resultado do<br />
avanço na moagem", explica.<br />
Nesse contexto, a produção<br />
de etanol no ciclo 2023/24<br />
também registrou recorde histórico<br />
de produção no Centro-<br />
Sul, com destaque para o<br />
impressionante aumento de<br />
1,83 bilhão de litros de biocombustível<br />
produzidos a<br />
partir do milho de segunda<br />
safra. No total, as unidades do<br />
Centro-Sul produziram 33,59<br />
bilhões de litros do renovável.<br />
Trata-se de uma alta expressiva<br />
de 16,16% em relação ao<br />
volume da última safra (28,92<br />
bilhões de litros) e crescimento<br />
de 1,01% na comparação<br />
com o recorde anterior de<br />
4 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
produção verificado no ciclo<br />
2019/20 (33,26 bilhões de litros).<br />
Do volume total produzido,<br />
foram fabricados 13,10 bilhões<br />
de litros foram de etanol<br />
anidro, aumento de 6,61% em<br />
relação ao total do último ciclo,<br />
que era até então o volume<br />
recorde de produção do<br />
aditivo. A produção de etanol<br />
hidratado registrou 20,49 bilhões<br />
de litros, aumento de<br />
23,23% ou 3,86 bilhões de litros<br />
em relação aos 16,62 bilhões<br />
de litros contabilizado<br />
no ano safra anterior.<br />
A produção de etanol de milho<br />
na safra 2023/24 cresceu<br />
41,39% na comparação com o<br />
volume produzido na safra<br />
2022/2023, somando 6,26 bilhões<br />
de litros, sendo responsável<br />
por 18,65% do total de<br />
biocombustível produzido no<br />
Centro-Sul.<br />
Com isso, a produção de etanol<br />
realizada por destilarias, de<br />
cana-de-açúcar e milho, representou<br />
42,03% do total de biocombustível<br />
fabricado pelas<br />
unidades do Centro-Sul ante<br />
40,29% no ciclo anterior –<br />
14,12 bilhões de litros na safra<br />
2023/<strong>2024</strong> versus 11,65 bilhões<br />
de litros na safra 2022/<br />
23.<br />
Produção e moagem na 2ª quinzena de março<br />
Na segunda metade de março<br />
de <strong>2024</strong>, a moagem na região<br />
Centro-Sul alcançou 5,04 milhões<br />
de toneladas contra 4,73<br />
milhões de toneladas processadas<br />
na última quinzena da<br />
safra 2022/2023.<br />
Do total de matéria-prima disponível,<br />
33,5% foram direcionados<br />
para a produção de<br />
açúcar, totalizando 182,91 mil<br />
toneladas (+8,98%) e a maior<br />
parcela foi destinada para a fabricação<br />
de biocombustível,<br />
com 225,59 milhões de litros<br />
para etanol. Adicionalmente a<br />
este volume foram fabricados<br />
302,65 milhões de litros de<br />
etanol de milho, de modo que<br />
a produção total de etanol na<br />
quinzena somou 528,24 milhões<br />
de litros (+37,42%). Do<br />
volume total de etanol produzido,<br />
o etanol hidratado alcançou<br />
429,37 milhões de litros<br />
(+92,87%), enquanto a produção<br />
de etanol anidro totalizou<br />
98,87 milhões de litros<br />
(-38,89%).<br />
A qualidade da matéria-prima<br />
colhida da segunda metade<br />
de março, mensurada em kg<br />
de ATR por tonelada de ca<br />
na-de-açúcar processada,<br />
apresentou aumento de<br />
9,08% na comparação com<br />
o mesmo período do último<br />
ciclo agrícola, atingindo<br />
113,60 kg de ATR por tonelada<br />
nesta safra.<br />
Nos últimos 15 dias de março,<br />
33 unidades deram início à<br />
safra <strong>2024</strong>/25. Ao término da<br />
quinzena, estão em operação<br />
74 unidades produtoras na região<br />
Centro-Sul, sendo 61 unidades<br />
com processamento de<br />
cana, nove empresas que fabricam<br />
etanol a partir do milho e<br />
quatro usinas flex operando<br />
apenas com a produção de etanol<br />
de milho. No mesmo período,<br />
na safra 22/23, operaram<br />
65 unidades produtoras, sendo<br />
54 unidades com processamento<br />
de cana, sete empresas<br />
que fabricam etanol a partir do<br />
milho e quatro usinas flex.<br />
Em levantamento realizado<br />
pela UNICA, espera-se que durante<br />
o mês de abril 131 unidades<br />
produtoras de cana-deaçúcar<br />
reiniciem as atividades<br />
na primeira quinzena de abril e<br />
outras 25 a partir do dia 15/04.<br />
Além destas, das quatro usinas<br />
flex em operação na segunda<br />
quinzena de março, três<br />
possuem perspectiva de retornar<br />
com o processamento de<br />
cana-de-açúcar na primeira<br />
quinzena de abril. Importante<br />
ressaltar que as empresas dedicadas<br />
ao etanol de milho<br />
operam de forma ininterrupta<br />
ao longo do ano.<br />
Com isso, o número de unidades<br />
em operação até o final da<br />
primeira quinzena do mês deverá<br />
totalizar 205 empresas<br />
neste ano, contra 167 unidades<br />
operando em igual período de<br />
2023. E até o final do mês de<br />
abril o número deve atingir 230<br />
empresas versus 212 empresas.<br />
O ritmo de retorno das usinas<br />
pode sofrer alterações a<br />
depender das condições climáticas<br />
de cada região canavieira.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 5
CENTRO-SUL<br />
Consumidores economizam R$ 7 bilhões com etanol<br />
As vendas de etanol pelas unidades<br />
produtoras da região<br />
Centro-Sul mantiveram o ritmo<br />
observado aquecido dos últimos<br />
meses e, em março de<br />
<strong>2024</strong>, atingiram o maior volume<br />
transacionado no ciclo que<br />
se encerra. No total, foram comercializados<br />
3,01 bilhões de<br />
litros no mês, sendo 247,94<br />
milhões de litros destinados à<br />
exportação e 2,77 bilhões de<br />
litros ao mercado doméstico.<br />
2023/24 possui forte relação<br />
com a recuperação da demanda<br />
pelo biocombustível,<br />
principalmente a partir de julho<br />
de 2023, quando foi restabelecido<br />
o diferencial tributário dos<br />
tributos federais entre o renovável<br />
e o fóssil. A partir deste<br />
momento, os preços relativos<br />
favoráveis ao hidratado e a robusta<br />
oferta de biocombustível<br />
garantiram uma expansão significativa<br />
do consumo.<br />
No mercado interno, as vendas<br />
de etanol hidratado totalizaram<br />
1,83 bilhão de litros em março,<br />
com expressiva alta de 59,25%<br />
na comparação com o mesmo<br />
período de 2023. Além disso,<br />
contrariando o padrão sazonal<br />
da demanda do biocombustível,<br />
o mês de março consagrou<br />
o recorde de vendas na<br />
safra 2023/24.<br />
No acumulado da safra 2023/<br />
24, as vendas de hidratado no<br />
mercado interno totalizaram<br />
18,65 bilhões de litros, registrando<br />
variação positiva de<br />
20,65% frente ao ciclo agrícola<br />
anterior.<br />
O relevante crescimento observado<br />
nas vendas de etanol<br />
hidratado durante a safra<br />
De fato, de acordo com os<br />
dados da ANP a paridade de<br />
preços na bomba entre o etanol<br />
hidratado e a gasolina C no<br />
período de abril de 2023 a<br />
março de <strong>2024</strong> atingiu, na<br />
média do País, 65,1%, com<br />
uma diferença de R$ 2,00/litro<br />
entre os combustíveis (R$<br />
5,726/ litro – preço de bomba<br />
da gasolina C e R$ 3,727/litro<br />
– preço de bomba do etanol hidratado).<br />
Segundo Luciano Rodrigues,<br />
"se contabilizarmos o menor<br />
gasto por quilômetro percorrido<br />
toda vez que o preço do<br />
etanol hidratado se situa abaixo<br />
do diferencial energético em<br />
relação à gasolina, é possível<br />
concluir que a presença do<br />
etanol no mercado nacional e<br />
possibilidade de escolha dos<br />
proprietários de veículos flex<br />
fuel geraram uma economia de<br />
R$ 7 bilhões nos gastos dos<br />
consumidores brasileiros com<br />
combustíveis no ciclo 2023/<br />
24".<br />
"Além do benefício econômico,<br />
a oferta recorde do biocombustível<br />
na safra encerrada evitou<br />
a emissão de 44 milhões<br />
de toneladas de CO2eq. Essa<br />
redução de emissão de gases<br />
de efeito estufa em apenas<br />
uma safra é equivalente a<br />
todas as emissões anuais de<br />
como o Equador", acrescentou<br />
Rodrigues.<br />
As vendas de etanol anidro domesticamente,<br />
por sua vez, registram<br />
937,47 milhões de<br />
litros comercializados em março<br />
de <strong>2024</strong>, com ligeiro aumento<br />
de 0,96% em relação ao<br />
mesmo período de 2023. No<br />
total da safra 2023/24, foram<br />
vendidos 11,67 bilhões de litros<br />
de anidro no mercado interno,<br />
com crescimento de<br />
5,73% em relação ao ciclo<br />
2022/2023.<br />
Quanto às exportações, o ciclo<br />
agrícola 2023/24 se encerra<br />
totalizando 2,48 bilhões de litros<br />
(-4,72%) de etanol destinados<br />
ao mercado internacional,<br />
sendo 1,42 bilhão de litros<br />
(+25,79%) de etanol hidratado<br />
e 1,06 bilhão<br />
(-28,07%) de etanol anidro.<br />
Nesse contexto, o balanço de<br />
vendas da safra 2023/24 na<br />
região Centro-Sul do Brasil se<br />
encerra registrando 32,8 bilhões<br />
de litros de etanol comercializados<br />
pelas unidades<br />
produtoras, com crescimento<br />
de 12,72% em relação à safra<br />
2022/23. Na abertura por produto,<br />
foram comercializados<br />
20,07 bilhões de litros de hidratado<br />
(+21,00%) e 12,73<br />
bilhões de litros de etanol anidro<br />
(+1,75%).<br />
Mercado de CBios<br />
A meta compulsória de descarbonização<br />
de 2023 estabeleceu<br />
a necessidade de compra<br />
e aposentadoria de 37,47<br />
milhões de Créditos de Descarbonização<br />
(CBios) até 31<br />
de março deste ano. Dados<br />
publicados pela B3, por sua<br />
vez, indicaram que em 31/03/<br />
<strong>2024</strong> havia em pose da parte<br />
obrigada, da parte não obrigada<br />
e das emissões cerca de<br />
53,63 milhões de créditos,<br />
atestando uma oferta muito<br />
superior àquela necessária para<br />
o cumprimento das metas<br />
dos distribuidores.<br />
A meta compulsória de descarbonização<br />
para <strong>2024</strong>, por<br />
sua vez, foi definida em 38,78<br />
milhões de CBios, conforme a<br />
Resolução CNPE nº 6/2023, e<br />
deve ser cumprida até 31 de<br />
dezembro de <strong>2024</strong>. Dados da<br />
B3 até o dia 08/04/<strong>2024</strong> indicam<br />
que o setor de biocombustíveis<br />
já ofertou mais 50%<br />
da meta de CBios para <strong>2024</strong>.<br />
Somente no primeiro trimestre<br />
de <strong>2024</strong>, a quantidade de<br />
CBios emitidos foi 25% superior<br />
ao apontado em mesmo<br />
período de 2023. Adicionalmente,<br />
no mês de março,<br />
recém encerrado, a ANP registrou<br />
a maior quantidade<br />
mensal de créditos gerados<br />
desde o início do RenovaBio<br />
(3,90 milhões de CBios).<br />
"A suposta falta de CBios alegada<br />
por alguns agentes nos<br />
períodos de cumprimento das<br />
metas é falaciosa, pois não<br />
encontra nenhum amparo nos<br />
dados públicos registrados<br />
pela B3 e pela ANP", afirma<br />
Rodrigues.<br />
Atualmente, estão certificadas<br />
no RenovaBio 280 unidades<br />
produtoras de etanol, quatro<br />
unidades de biometano e 39<br />
unidades de biodiesel. A soma<br />
do volume comercializado por<br />
essas 323 empresas representa<br />
cerca de 90% da produção<br />
de biocombustível no<br />
Brasil e denota o comprometimento<br />
ininterrupto do setor<br />
com as metas de descarbonização<br />
assumidas pelo Brasil.<br />
6 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
PRODUÇÃO DE MPB<br />
Usaçucar investe na<br />
Biofábrica em São Tomé<br />
O objetivo é garantir altos padrões fitossanitários das áreas de muda<br />
da usina, além de sempre estar inovando com novas variedades de cana<br />
Com uma capacidade<br />
instalada para produção<br />
de 12 milhões<br />
de mudas pré-brotadas<br />
(MPB), a Biofábrica MPB<br />
da Usina Santa Terezinha, localizada<br />
em São Tomé, está e<br />
em projeto de expansão para<br />
buscar produzir 15 milhões de<br />
mudas até o final de 2025. O<br />
objetivo desse projeto é garantir<br />
altos padrões fitossanitários<br />
das áreas de muda da<br />
usina, além de sempre estar<br />
inovando com novas variedades<br />
de cana-de-açúcar, sendo<br />
referência cada dia mais para<br />
o setor sucroenergético no<br />
<strong>Paraná</strong>.<br />
A Biofábrica de produção de<br />
mudas MPB da Santa Terezinha<br />
deu início à sua atividade<br />
em São Tomé em setembro<br />
de 2019, sendo um<br />
importante passo tecnológico<br />
para a busca de altas produtividades<br />
nos canaviais das<br />
unidades industriais do grupo.<br />
As mudas pré-brotadas<br />
são uma excelente ferramenta<br />
para a expansão de variedades<br />
promissoras, além da<br />
garantia de controle de pragas<br />
e doenças no momento<br />
da implantação dos canaviais.<br />
Todas as mudas produzidas<br />
na Biofábrica são extraídas do<br />
viveiro instalado na Fazenda<br />
Cecom, onde são introduzidas<br />
novas variedades todos os<br />
anos. Além disso, a usina<br />
mantém campos varietais instalados<br />
dos institutos Ridesa,<br />
IAC e CTC. Todos os processos<br />
de produção das mudas<br />
são planejados para atender<br />
as unidades do Grupo Santa<br />
Terezinha ao longo de todo o<br />
ano. Em cada Cluster, existe<br />
uma estrutura para a realização<br />
do plantio mecanizado<br />
das MPB.<br />
Desde a instalação do projeto,<br />
a Biofábrica vem passando<br />
por processos de melhorias,<br />
evoluindo tanto a produção de<br />
mudas anuais quanto a qualidade<br />
das mudas entregues<br />
para as unidades. A produção<br />
anual de mudas passou de<br />
1,3 milhões em 2019 para<br />
12,54 milhões em 2023, superando<br />
a produção de 2022,<br />
que foi de 11,5 milhões.<br />
8 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
USINA<br />
Justiça decreta encerrada Recuperação<br />
Judicial da Santa Terezinha<br />
Conselho de Administração e a Diretoria agradeceram aos funcionários,<br />
parceiros agrícolas e parceiros comerciais pela confiança depositada<br />
No último dia 26 de<br />
março, o Juiz da 4º<br />
Vara Cível de Maringá<br />
proferiu decisão que<br />
declarou cumprido o Plano de<br />
Recuperação Judicial da Usina<br />
Santa Terezinha durante o período<br />
de fiscalização e decretou<br />
o encerramento da sua Recuperação<br />
Judicial.<br />
O Conselho de Administração<br />
e a Diretoria da Usina Santa<br />
Terezinha agradeceram a todos<br />
os funcionários, parceiros<br />
agrícolas e parceiros comerciais<br />
pela confiança depositada,<br />
permitindo a superação de<br />
mais esta etapa, que ficará<br />
marcada na história da empresa<br />
como um momento de<br />
transformação e resiliência.<br />
O pedido de recuperação judicial<br />
da Usina Santa Terezinha,<br />
com sede em Maringá, e das<br />
outras empresas que compõem<br />
o grupo Usaçucar foi<br />
deferido pela juíza substituta<br />
da 4ª Vara Cível de Maringá,<br />
Roberta Scramim de Freitas,<br />
dia 15 de abril de 2019.<br />
A Santa Terezinha, que é a<br />
maior usina sucroenergética<br />
do <strong>Paraná</strong> e uma das dez<br />
maiores do país, entrou com<br />
o pedido de recuperação judicial<br />
no dia 22 de março após<br />
um revés nas negociações<br />
com os 18 bancos credores.<br />
Os pedidos de execução na<br />
Justiça pegou a empresa paranaense<br />
de surpresa na época,<br />
já que ela estava prestes a<br />
assinar um acordo de renegociação<br />
dos termos de sua dívida.<br />
Na época, a preocupação da<br />
Santa Terezinha foi de permitir<br />
a continuidade das atividades<br />
operacionais e preservar os<br />
empregos gerados direta e indiretamente,<br />
continuando a<br />
contribuir com o desenvolvimento<br />
socioeconômico em<br />
toda sua área de abrangência.<br />
Com mais de 7 mil funcionários,<br />
a Santa Terezinha está<br />
entre as empresas do agronegócio<br />
brasileiro que mais empregam<br />
e é também a terceira<br />
maior exportadora de açúcar<br />
do país.<br />
Dentro do trabalho de reestruturação<br />
financeira que vinha realizando,<br />
a Santa Terezinha fez<br />
mudanças em sua estrutura de<br />
governança para profissionalizar,<br />
sobretudo, a gestão operacional,<br />
contratando executivos<br />
do mercado e formando clusters<br />
de produção, integrando as<br />
atividades operacionais de usinas<br />
geograficamente próximas.<br />
A Usina de Açúcar Santa Terezinha<br />
Ltda. foi fundada em<br />
1964 e é uma empresa brasileira<br />
de capital fechado com<br />
negócios no setor sucroenergético,<br />
presente no <strong>Paraná</strong> e<br />
Mato Grosso do Sul. Sua história<br />
iniciou no município de Maringá<br />
(PR), produzindo e comercializando<br />
atualmente açúcar<br />
VHP, etanol (anidro e hidratado)<br />
e bioletricidade.<br />
Sete unidades produtivas estão<br />
ativas com suas atividades<br />
agroindustriais divididas em<br />
três clusters UST (UST Norte,<br />
UST Centro e UST Sul), sendo<br />
capaz de gerar uma força de<br />
trabalho de mais de 7 mil pessoas<br />
em mais de 35 municípios<br />
dos dois estados, mantendo-se<br />
assim como uma das<br />
maiores empresas do segmento<br />
Açúcar e Álcool da região Sul<br />
do Brasil.<br />
Maior exportadora de açúcar<br />
com sede na região Sul, possui<br />
dez unidades produtivas no<br />
estado do <strong>Paraná</strong> e um projeto<br />
greenfield (Usina Rio <strong>Paraná</strong><br />
S.A) no Mato Grosso do Sul,<br />
com sede corporativa e terminal<br />
logístico em Maringá e terminal<br />
rodoferroviário em Paranaguá.<br />
10<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
ARTIGO<br />
Etanol faz Brasil ter recorde de<br />
investimentos de grandes montadoras<br />
País foi pioneiro em energia renovável há quase meio século, com criação<br />
do Proálcool; programa nasceu para proteger Brasil das altas do petróleo<br />
Por Luiz Carlos<br />
Trabuco Cappi (*)<br />
Produzido com canade-açúcar,<br />
milho e derivados,<br />
o etanol é o<br />
biocombustível que<br />
desponta como uma solução<br />
simples, eficiente e competitiva<br />
no esforço pela descarbonização<br />
do planeta. Já consolidado<br />
no mercado, esse combustível<br />
renovável é uma das razões<br />
pelas quais o Brasil se tornou<br />
o epicentro de uma rodada de<br />
investimentos de R$ 117 bilhões<br />
de grandes montadoras<br />
de veículos, um volume recorde.<br />
O programa Mover do governo<br />
federal foi o catalisador desse<br />
movimento ao promover vários<br />
indutores e incentivos. Os<br />
aportes serão realizados até<br />
2030, abrangendo novas plantas<br />
industriais e o desenvolvimento<br />
de uma nova geração<br />
de carros híbridos.<br />
Trata-se de uma vitória da matriz<br />
energética brasileira. O<br />
País foi pioneiro em energia<br />
renovável há quase meio século,<br />
em 1975, com a criação<br />
do Proálcool. Na época, o<br />
Brasil importava 80% dos<br />
combustíveis, hoje é exportador<br />
líquido. O programa nasceu<br />
para proteger o País das<br />
altas do petróleo.<br />
É preciso comemorar. Inicialmente,<br />
o Proálcool consistia só<br />
na adição de etanol à gasolina.<br />
Com o tempo foi ocupando espaços,<br />
com o desenvolvimento<br />
de motores a álcool. O primeiro<br />
protótipo flex surgiu em<br />
1994. Em 2005, a Embraer<br />
anunciou a produção de um<br />
avião movido a etanol.<br />
Os vilões do aquecimento global<br />
são os combustíveis fósseis.<br />
E os veículos com motores<br />
a combustão estão entre<br />
os principais responsáveis<br />
pelas emissões de CO2. Uma<br />
solução apontada é a substituição<br />
dos motores de combustão<br />
pelos elétricos. Todavia, a<br />
matriz energética de diversos<br />
países ainda se baseia no carvão<br />
e outros combustíveis fósseis.<br />
O carro elétrico não emite<br />
gases diretamente, mas a<br />
energia usada nesses países,<br />
sim.<br />
O caminho pragmático seria a<br />
convivência das várias matrizes<br />
de modo a suavizar os<br />
custos e impactos da transição<br />
energética. O etanol torna-se<br />
assim solução rápida e<br />
econômica entre várias alternativas.<br />
A convergência anunciada pelas<br />
montadoras, o governo e o<br />
setor sucroalcooleiro é uma<br />
bússola que aponta na direção<br />
certa. Ela se encaixa na<br />
agenda de prioridades que começa<br />
pelo crescimento econômico.<br />
O desenvolvimento moderno<br />
é o que traz empregos,<br />
renda e medidas de combate à<br />
crise climática.<br />
Ele resulta de confiança no futuro.<br />
E confiança é a soma da<br />
coragem empreendedora, da<br />
estabilidade macroeconômica<br />
e da política que busque o consenso.<br />
Esse contexto propicia<br />
inúmeras oportunidades ao<br />
Brasil, um país que oferece soluções<br />
econômicas, práticas e<br />
opções viáveis de transição<br />
energética, como o etanol.<br />
(*) Presidente do Conselho de<br />
Administração do Bradesco<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
11
DOIS<br />
PONTOS<br />
Economia Verde<br />
Segundo levantamento do<br />
Fórum Econômico Mundial, o<br />
Brasil está no 14º lugar no<br />
ranking dos países que lideram<br />
a transição energética,<br />
uma lista encabeçada por<br />
Suécia, Dinamarca e Noruega.<br />
Em parte, a boa colocação do<br />
País é mera consequência do<br />
fato de as fontes de energia já<br />
serem renováveis – há décadas<br />
o território brasileiro é<br />
abastecido principalmente pela<br />
geração proveniente das<br />
usinas hidrelétricas. Primeiro<br />
entre os emergentes na lista,<br />
o Brasil tem perdido para alguns<br />
quando a evolução dos<br />
últimos anos é analisada. Entre<br />
2014 e 2023, o País avançou<br />
4,61 pontos no “Índice de<br />
Transição Energética” do fórum,<br />
atingindo uma “nota” de<br />
69,9, enquanto países como<br />
China e Índia ganharam, respectivamente,<br />
12,78 pontos e<br />
7,97 pontos. Hoje, o índice<br />
chinês é de 64,9 e o indiano,<br />
de 54,3.<br />
As anomalias atmosféricas no Pacífico equatorial estão enfraquecendo desde o início<br />
do ano, o que aponta uma transição do fenômeno El Niño para o La Niña de maneira<br />
"muito rápida", segundo o boletim meteorológico da Noaa (agência de tempo e clima<br />
do governo dos Estados Unidos). O La Niña manifesta-se por um esfriamento anormal<br />
nas águas superficiais do oceano. No Brasil, o La Niña tende a causar aumento no volume<br />
de chuvas nas regiões Norte e Nordeste. Já no Sul, a tendência é de mais seca e<br />
calor, enquanto, no Centro-Oeste e no Sudeste, os impactos oscilam.<br />
A cadeia produtiva da soja e<br />
do biodiesel agregou Produto<br />
Interno Bruto de R$ 636 bilhões<br />
no ano passado, 21% a<br />
mais do que em 2022. Com<br />
isso, o setor representa<br />
23,2% do PIB do agronegócio.<br />
O maior segmento da cadeia<br />
é o do agrosserviços,<br />
La Niña<br />
Cadeia produtiva<br />
que gerou R$ 358 bilhões. A<br />
soja dentro da porteira somou<br />
R$ 171 bilhões, e a<br />
agroindústria, R$ 76 bilhões.<br />
Dentro da agroindústria, o esmagamento<br />
e o refino representam<br />
R$ 63 bilhões. A seguir<br />
vem rações (soja), com<br />
R$ 9 bilhões, e biodiesel com<br />
Petróleo<br />
R$ 5. Apesar do crescimento<br />
de 2023, a participação do<br />
PIB da cadeia produtiva da<br />
soja e do biodiesel no agronegócio<br />
é a menor dos últimos<br />
três anos, ao se situar em<br />
23,2%. Em 2021, era 28,8%,<br />
recuando para 25,3% em<br />
2022.<br />
Temperatura<br />
As temperaturas devem ficar<br />
acima da média em praticamente<br />
todo o País em abril,<br />
principalmente na parte oeste<br />
das regiões Sul e Sudeste,<br />
além da Região Centro-<br />
Oeste. A previsão é do Instituto<br />
Nacional de Meteorologia<br />
(Inmet), órgão do Ministério<br />
da Agricultura e Pecuária. Segundo<br />
o Inmet, nas regiões<br />
Norte e Nordeste, as temperaturas<br />
podem ultrapassar a<br />
média de 26 graus. Na Região<br />
Sudeste, devem variar<br />
entre 22 graus e 26 graus e,<br />
na Região Sul, entre 18 graus<br />
e 24 graus. Já em áreas de<br />
maior altitude das regiões Sul<br />
e Sudeste, são previstas temperaturas<br />
inferiores a 17<br />
graus.<br />
Copersucar<br />
A Copersucar, líder global na<br />
comercialização de açúcar e<br />
etanol, e a Comerc Energia<br />
anunciaram a formação de<br />
uma joint venture para trading<br />
de energia elétrica no mercado<br />
livre, em acordo que garante<br />
robustez financeira e acesso a<br />
novos mercados para as empresas.<br />
A parceria se dará por<br />
meio de investimento da Copersucar<br />
para aquisição de<br />
50% de participação da Newcom,<br />
uma das comercializadoras<br />
do grupo Comerc, que tem<br />
a Vibra como sócia. Por meio<br />
da joint venture, a Copersucar<br />
poderá comercializar no mercado<br />
livre a energia produzida<br />
a partir da biomassa de suas<br />
37 usinas associadas. Usinas<br />
de cana utilizam resíduos da<br />
produção para gerar eletricidade<br />
para suas próprias atividades<br />
industriais e geralmente<br />
comercializam o excedente.<br />
Renegociação<br />
de dívidas<br />
Mesmo após o Brasil ter se<br />
comprometido no debate internacional<br />
com a transição para<br />
uma economia global longe de<br />
combustíveis fósseis, o ministro<br />
Alexandre Silveira (Minas e<br />
Energia) diz que o país deve<br />
continuar a exploração de petróleo<br />
até alcançar os mesmos<br />
indicadores sociais de economias<br />
desenvolvidas.<br />
O Conselho Monetário Nacional<br />
autorizou instituições financeiras<br />
a renegociarem até<br />
100% das parcelas que vencem<br />
este ano de operações<br />
de crédito rural de investimento<br />
relacionadas à produção<br />
de soja, milho e bovinocultura<br />
em 17 estados. A<br />
medida pode ser tomada a<br />
critério dos bancos para produtores<br />
familiares e empresariais<br />
que tenham sido prejudicados<br />
por adversidades climáticas<br />
ou dificuldades de<br />
comercialização. Ela vale para<br />
operações contratadas com<br />
recursos controlados ao amparo<br />
dos programas de investimento<br />
rural do BNDES, assim<br />
como linhas dos fundos<br />
constitucionais.<br />
12<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>
Hidrogênio verde<br />
Alerta vermelho<br />
Até 2030, o Brasil pode produzir<br />
o hidrogênio verde mais<br />
barato do mundo, sob o valor<br />
de US$1,45 por quilo. A informação<br />
é de um estudo da<br />
empresa de pesquisas sobre<br />
finanças energéticas BloombergNEF.<br />
O estudo considera<br />
os métodos mais baratos de<br />
geração de hidrogênio verde<br />
de acordo com as condições<br />
de cada país. Para o Brasil, o<br />
uso de energia eólica terrestre<br />
e eletrólise alcalina seria o<br />
mais benéfico. Outros países<br />
que apresentaram valores baixos<br />
são China, também com<br />
energia eólica, e Chile, com<br />
uso de fontes solares.<br />
A Organização Meteorológica<br />
Mundial confirmou que<br />
2023 foi o ano mais quente<br />
já registrado em 174 anos,<br />
provocando efeitos que fazem<br />
da mudança climática<br />
"o desafio essencial da humanidade".<br />
A entidade alertou<br />
ainda que há uma "alta<br />
probabilidade" de que <strong>2024</strong><br />
seja outro ano de calor recorde.<br />
A temperatura média<br />
mundial foi 1,45 grau superior<br />
à média da era pré-industrial<br />
(1850-1900) e 12%<br />
superior ao recorde anterior<br />
(em 2016 o aumento médio<br />
foi de 1,29 grau).<br />
Mercado global<br />
Brasil<br />
O mercado global de açúcar<br />
deverá ter um excedente<br />
maior do que o esperado na<br />
temporada 2023/24, devido<br />
às recuperações de produção<br />
na Índia e na Tailândia<br />
nos estágios finais de suas<br />
safras, disse a corretora StoneX<br />
. Ela projetou que a produção<br />
global de açúcar excederia<br />
a demanda total em<br />
3,88 milhões de toneladas,<br />
acima das 3,4 milhões de toneladas<br />
previstas em fevereiro.<br />
A StoneX revisou para<br />
cima sua projeção para a<br />
produção da Índia em 1,7 milhão<br />
de toneladas, para 32,8<br />
milhões de toneladas, e<br />
acrescentou 500 mil toneladas<br />
à sua estimativa para a<br />
Tailândia, para 9,1 milhões<br />
de toneladas. Ambos os países<br />
estão tendo uma safra<br />
melhor, com rendimentos<br />
mais altos na fase final. A<br />
produção melhor do que o<br />
esperado na Ásia compensou<br />
os cortes no México e<br />
no Brasil, disse a corretora.<br />
A StoneX também divulgou<br />
uma nova estimativa para a<br />
safra atual do centro-sul do<br />
Brasil. Ela reduziu drasticamente<br />
sua visão para a moagem<br />
total de cana-de-açúcar<br />
de 622 milhões de toneladas<br />
em janeiro para 602 milhões<br />
de toneladas, dizendo que a<br />
produtividade agrícola cairá<br />
cerca de 9% devido ao clima<br />
mais seco do que o normal. A<br />
corretora não vê mais uma<br />
produção recorde de açúcar<br />
no centro-sul em <strong>2024</strong>/25 -<br />
apesar do maior foco na produção<br />
de açúcar pelas usinas<br />
- já que volumes menores de<br />
cana impedirão que a região<br />
ultrapasse a produção da safra<br />
anterior. O relatório prevê que<br />
a produção de açúcar do centro-sul<br />
será de 42,3 milhões<br />
de toneladas, abaixo das 43,1<br />
milhões de toneladas projetadas<br />
em janeiro. Outros analistas<br />
esperam uma produção<br />
ainda menor no Brasil, em<br />
torno de 40 milhões de toneladas.<br />
Carros flex<br />
A maioria dos veículos vendidos<br />
no Brasil é flex - ou seja,<br />
pode ser abastecida com etanol<br />
ou gasolina, em qualquer proporção<br />
-, mas somente 30% da<br />
frota utiliza o combustível derivado<br />
da cana-de-açúcar. É o<br />
que aponta um estudo da consultoria<br />
Datagro referente ao<br />
mês de janeiro. Se comparado<br />
ao mesmo mês do ano passado,<br />
houve avanço - o índice<br />
era de 19,4% -, mas o patamar<br />
está muito abaixo dos 41,5% já<br />
Grandes produtores de petróleo<br />
e gás nos Estados Unidos<br />
podem estar emitindo três vezes<br />
mais metano, gás que<br />
aquece o planeta, do que as<br />
estimativas oficiais, de acordo<br />
com uma nova pesquisa. Este<br />
é o mais recente de uma série<br />
de estudos que sugerem que<br />
as emissões do setor de combustíveis<br />
fósseis podem estar<br />
Metano<br />
obtidos pelo setor, em outubro<br />
de 2018. “Tem um trabalho<br />
muito grande para ser feito,<br />
para ampliar o uso de hidratado<br />
na frota flex", afirmou Plínio<br />
Nastari, presidente da Datagro.<br />
No mínimo, o consumo no período<br />
atual, de entressafra, deveria<br />
estar em 35%, mas executivos<br />
do setor relatam que o<br />
patamar recorde já obtido ainda<br />
é aquém do ideal. Para Nastari,<br />
50% é um índice "absolutamente<br />
viável".<br />
sendo subestimadas. O metano<br />
é o principal componente<br />
do gás natural e, quando liberado<br />
sem queima na atmosfera,<br />
atua como um gás de<br />
efeito estufa extremamente poderoso.<br />
Ele pode aquecer o planeta<br />
mais de 80 vezes mais do<br />
que a mesma quantidade de<br />
dióxido de carbono ao longo de<br />
um período de 20 anos.<br />
<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />
13
COMITÊ JOVEM<br />
Cooperval promove<br />
ação social na Páscoa<br />
Para não deixar passar<br />
em branco uma das<br />
datas mais importantes<br />
do calendário religioso, a Páscoa,<br />
o Comitê Jovem da Cooperval<br />
- Cooperativa Agroindustrial<br />
Vale do Ivaí Ltda., com<br />
sede no município de Jandaia<br />
do Sul, organizou uma ação<br />
social com o objetivo de levar<br />
alegria a crianças carentes.<br />
Foram arrecadados e doados<br />
caixas de bombons às crianças<br />
do Lar São Francisco, de<br />
Jandaia do Sul, e ovos de<br />
páscoa para crianças carentes<br />
em Bom Sucesso.<br />
14 <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>