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O que é a Capoeira - Asociacion Cultural de Capoeira Angola

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apidamente à nova situação. Tanto homens, como mulheres - pois estas<br />

tamb<strong>é</strong>m pegavam na foice e na enxada, nos canaviais, nas oficinas ou na<br />

casa gran<strong>de</strong>.<br />

Apenas um número pe<strong>que</strong>no <strong>de</strong> trabalhadores livres, assalariados,<br />

<strong>de</strong>sempenhando funções <strong>de</strong> vigilância ou <strong>que</strong> exigiam conhecimento<br />

t<strong>é</strong>cnico - como no caso do preparo do açúcar - aumentavam a enorme<br />

multidão <strong>de</strong> explorados.<br />

Formadas <strong>de</strong> roças e pomares, as gran<strong>de</strong>s fazendas alcançavam<br />

praticamente a auto-suficiência. Era comum os escravos terem um dia na<br />

semana para plantarem para si; o básico em sua alimentação era a<br />

mandioca. Havia ainda nos engenhos outros homens livres e expropriados,<br />

<strong>que</strong> não foram integrados à produção mercantil. Como trabalhavam nas<br />

roças <strong>de</strong> subsistência eram chamados roceiros.<br />

Como pagamento do seu trabalho os escravos recebiam castigos,<br />

pano e pão. E reagiam. Em troca dos tormentos, assassinavam feitores,<br />

suicidavam-se, evitavam a reprodução, eliminavam capitões-do-mato e<br />

mesmo proprietários. A resistência se manifestava nos seus cultos, on<strong>de</strong> a<br />

dominação era simbolicamente contestada. O candombl<strong>é</strong> foi - e ainda <strong>é</strong> -<br />

um ritual <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, protesto, reação à cruelda<strong>de</strong> e opressão do Deus dos<br />

brancos. Dançar, batucar, rezar e cantar eram modos encontrados para<br />

alívio da asfixia da escravidão. A dominação era contestada tamb<strong>é</strong>m ao<br />

nível do real - na fuga das fazendas e na formação <strong>de</strong> quilombos, al<strong>de</strong>ias <strong>de</strong><br />

negros foragidos, on<strong>de</strong> tentavam reconstituir em matas brasileiras o modo<br />

<strong>de</strong> vida <strong>que</strong> levavam na África.<br />

Prosseguindo em seu esforço para estabelecer a verda<strong>de</strong> quanto ao<br />

autêntico trabalho <strong>de</strong> construção do Brasil, informa ainda Ribeyrolles: “Nas<br />

chácaras, nas fazendas, nas moradas urbanas, nas ruas e nas praças das<br />

gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, sobre <strong>que</strong>m recaíam os trabalhos servis e dom<strong>é</strong>sticos? Nas<br />

fábricas e nas oficinas, <strong>que</strong>m girava as molas, acendia os fornos, esfregava,<br />

suava, carregava e se incumbia, numa só palavra, dos mais baixos<br />

misteres? Os negros, os negros, quase unicamente os negros. O trabalho<br />

africano, em todas as coisas e todas as tarefas, foi o instrumento, a mão, a<br />

roda e a ferramenta, intervindo em tudo como agente <strong>de</strong> produção, dos<br />

transportes e das mudanças, vivendo para todos os serviços e todos os<br />

encargos.”<br />

Os castigos corporais eram uma constante. Punições inimagináveis<br />

aplicadas sem compaixão. O trabalho diário constituía jornada estafante e<br />

muitos senhores estabeleciam <strong>que</strong> os negros <strong>de</strong>viam prover o próprio

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