O que é a Capoeira - Asociacion Cultural de Capoeira Angola
O que é a Capoeira - Asociacion Cultural de Capoeira Angola
O que é a Capoeira - Asociacion Cultural de Capoeira Angola
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
‘Já <strong>de</strong>u meia noite<br />
O sol está pen<strong>de</strong>nte<br />
Um quilo <strong>de</strong> carne<br />
Para tanta gente!’<br />
'Oh! Suave ironia dos malandros! Na baiúca havia alegria, parati,<br />
álcool, fantasia, talvez o amor nascido <strong>de</strong> todas a<strong>que</strong>las danças e do<br />
insuportável cheiro do <strong>é</strong>ter floral...<br />
'Não havia, por<strong>é</strong>m, com <strong>que</strong> comer. Diante <strong>de</strong> Jesus, <strong>que</strong> só lhes <strong>de</strong>ra<br />
o dia <strong>de</strong> amanhã, a <strong>que</strong>ixa se <strong>de</strong>sfazia num quase riso. Um quilo <strong>de</strong> carne<br />
para tanta gente!<br />
'Talvez nem isso! Saí, <strong>de</strong>ixei o último presepe.<br />
'De longe, a casinhola com as suas iluminações tinha um ar <strong>de</strong> sonho<br />
sob a chuva, um ar <strong>de</strong> milagre, o milagre da crença, sempre eterna e vivaz,<br />
saudando o natal <strong>de</strong> Deus, atrav<strong>é</strong>s da ingenuida<strong>de</strong> dos pobres. Como seria<br />
bom dar-lhes <strong>de</strong> comer, ó Deus Po<strong>de</strong>roso!<br />
'Como lhes daria eu um farto jantar se, como eles, não tivesse apenas<br />
a esperança <strong>de</strong> amanhã obter um quilo <strong>de</strong> carne só para mim!”<br />
João Moniz, poeta nascido em Santo Amaro da Purificação, na<br />
Bahia, <strong>de</strong>ixou nas páginas do jornal A Tar<strong>de</strong> um relato das suas impressões<br />
acerca do famoso capoeira Besouro, personagem <strong>que</strong> at<strong>é</strong> os dias <strong>de</strong> hoje <strong>é</strong><br />
cantado nas rodas do jogo. Com palavras <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte admiração, afirmou o<br />
poeta: “Besouro foi a maior atração <strong>de</strong> minha infância. Seus combates<br />
simulados com Doze Homens, Ioiô, Nicori e outros capoeiristas seus<br />
amigos, ao som do berimbau e do pan<strong>de</strong>iro, eram espetáculos magníficos<br />
<strong>de</strong> força, agilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>lica<strong>de</strong>za, em <strong>que</strong> os suarentos e leais contendores se<br />
aplicavam, mutuamente, os perigosos preceitos <strong>de</strong> ata<strong>que</strong> e <strong>de</strong>fesa,<br />
cuidadosos <strong>de</strong> se não machucarem, por <strong>que</strong> não saíssem malavindos do<br />
brin<strong>que</strong>do. E Besouro, então, primava por essas atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> nobreza, ele<br />
<strong>que</strong> era respeitado como o primus inter pares, no recôncavo e no costeiro<br />
baianos, da luta, <strong>que</strong> lhe levaria o nome, em situação privilegiada, ao nosso<br />
folclore.<br />
'Conheci Besouro na pujança dos seus vinte e poucos anos. Era<br />
amável, brincalhão, amigo das crianças e ‘respeitador dos brancos’. De<br />
uma coragem pessoal <strong>que</strong> parecia loucura, gostava <strong>de</strong> ‘buli’ com a polícia.<br />
E não raro explodia um turundundum dos diabos em frente à ca<strong>de</strong>ia velha,