04.02.2013 Views

Nação, guerra e utopia em - Adelino Torres

Nação, guerra e utopia em - Adelino Torres

Nação, guerra e utopia em - Adelino Torres

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

NAÇÃO, GUERRA E UTOPIA EM PEPETELA<br />

acrescentando que a sua preocupação vai antes no sentido de incluir entre as<br />

tarefas de qualquer intérprete (e a palavra “entre” é sublinhada) a “reconstituição<br />

das intenções do autor ao escrever o que ele ou ela escreveram” (2005 [2002]:<br />

143). 17<br />

Assim, a par de uma tentativa de restaurar a importância das intenções do<br />

autor na análise dos textos e das obras, Skinner não deixa de considerar a<br />

possibilidade de nestes existir<strong>em</strong> significados não intencionados por esse autor.<br />

É neste sentido que escreve que “qualquer texto incluirá normalmente um<br />

significado intencional e a reconstituição desse significado é uma pré-condição<br />

para compreender o significado que o seu autor poderá ter pretendido<br />

transmitir. Mas um texto com alguma complexidade incluirá s<strong>em</strong>pre muitos<br />

outros significados que até o autor mais vigilante e imaginativo jamais poderia<br />

ter pretendido atribuir às suas afirmações” (Id<strong>em</strong>: 159).<br />

Se, <strong>em</strong> termos teóricos, Skinner reconhece a possibilidade de a<br />

interpretação não se confinar à determinação das intenções do autor, quando<br />

passa a referir as implicações metodológicas dos princípios teóricos que expôs,<br />

dessa asserção não retira a inferência que se impõe – que o estudo das obras não<br />

se esgota na sua contextualização. Quando descreve o modo como as teorias que<br />

defende dev<strong>em</strong> influenciar a interpretação, Skinner praticamente submete toda a<br />

análise dos textos à determinação das intenções do autor. Referindo-se à<br />

interpretação de um dos mais importantes textos gregos, defende que “pode de<br />

facto ser impossível recuperar mais do que uma pequena fracção daquilo que<br />

Platão, digamos, estava a fazer <strong>em</strong> A República. O que eu pretendo dizer é apenas<br />

que aquilo que pod<strong>em</strong>os almejar compreender do conteúdo de A República<br />

depende, <strong>em</strong> parte, daquilo que conseguirmos recuperar do que Platão estava a<br />

fazer ao escrever essa obra” (2005 [2002]: 150). Esta compreensão – ou<br />

17 Noutro texto Skinner refere mesmo que “seria extraordinário se todos os significados,<br />

implicações, conotações e ressonâncias identificados por um intérprete honesto reflectiss<strong>em</strong><br />

todas as intenções do autor. E seria um erro absoluto partir do princípio, face a um aspecto<br />

obviamente não intencional, que o deveríamos excluir da análise do significado do texto” (2005<br />

[2002]: 155-156).<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!