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08 - A Importância do Lúdico na Educação Infantil - Faculdades do ...

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A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:<br />

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />

RESUMO<br />

C a d e r n o M u l t i d i s c i p l i n a r d e P ó s - G r a d u a ç ã o d a U C P , P i t a n g a , v . 1 , n . 1 , p . 1 0 6 -<br />

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SENA, Sandra Satorato 1<br />

AYRES DA SILVA, Jayme 2<br />

O foco temático deste artigo traz a importância <strong>do</strong> lúdico para o desenvolvimento<br />

infantil, embasan<strong>do</strong>-se <strong>na</strong> consideração de que o processo de ensino-aprendizagem deve<br />

ser um procedimento prazeroso para alunos e professores. A fundamentação para a<br />

realização deste trabalho foi feita através de um levantamento bibliográfico qualitativo<br />

de vários autores acerca de como a criança se desenvolve, seus aspectos cognitivo,<br />

afetivo e psicomotor, evidencian<strong>do</strong> que o lúdico é fator importante no desenvolvimento<br />

infantil. Através desta pesquisa, pode-se compreender que o processo de aquisição de<br />

conhecimentos e habilidades passa por diversas fases, durante as quais se pode lançar<br />

mão das brincadeiras para obter um melhor desempenho <strong>do</strong>s alunos, pois o lúdico faz<br />

<strong>do</strong> ato de educar um compromisso consciente e intencio<strong>na</strong>l, visto que, indiscutivelmente<br />

as atividades lúdicas constituem-se num <strong>do</strong>s mais completos veículos educacio<strong>na</strong>is <strong>na</strong><br />

formação e desenvolvimento escolar. Desta forma devem-se introduzir cada vez mais as<br />

brincadeiras no cotidiano pré-escolar, dan<strong>do</strong> oportunidade para que a formação total e<br />

eficaz <strong>do</strong> indivíduo se concretize, dan<strong>do</strong>-lhe bases sólidas para sua formação cidadã.<br />

Palavras-chave: <strong>Lúdico</strong>. <strong>Educação</strong> infantil. Desenvolvimento. Ensino-aprendizagem.<br />

Eficácia.<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

A proposta deste artigo fundamenta-se <strong>na</strong> idéia de que o processo ensino-<br />

aprendizagem <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> pode e deve ser uma tarefa agradável e eficaz, para<br />

alunos e professores nele inseri<strong>do</strong>s.<br />

O desenvolvimento infantil e a influência <strong>do</strong> lúdico neste aspecto constituem o<br />

tema gera<strong>do</strong>r deste artigo, que foi elabora<strong>do</strong> para compreender melhor a criança <strong>na</strong><br />

1 Pedagoga graduada pela UNOPAR- Universidade Norte <strong>do</strong> Paraná – pós graduanda em Psicopedagogia Clínica e Institucio<strong>na</strong>l<br />

pelo Instituto Rhema <strong>Educação</strong> / UCP – <strong>Faculdades</strong> Centro <strong>do</strong> Paraná – educa<strong>do</strong>ra no CEMAF – Centro Municipal de<br />

Aprendizagem Femini<strong>na</strong>.<br />

2 Professor orienta<strong>do</strong>r, Biólogo gradua<strong>do</strong> pela Universidade Estadual <strong>do</strong> Paraná, Especialista em Ecologia pela UNICENTRO-PR;<br />

Especialista em Meto<strong>do</strong>logia Científica pela UNOESTE-SP, Especialista em Ciências Biológicas pelo CRBio-RS, Especialista em<br />

Biomedici<strong>na</strong> pela UNIGUAÇU-PR, escritor, Mestre em Engenharia de Produção e Gestão da Qualidade Ambiental pela UFSC de<br />

Florianópolis-SC, <strong>do</strong>utoran<strong>do</strong> pela UFPR, <strong>do</strong>cente de graduação e pós-graduação da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde<br />

de União da Vitória/PR; <strong>do</strong>cente de graduação e pós-graduação da UCP/<strong>Faculdades</strong> Centro <strong>do</strong> Paraná (campus de Pitanga e<br />

Ivaiporã), <strong>do</strong>cente da Faculdade Estadual <strong>do</strong> Paraná – FAFI em Cursos de pós-graduação, <strong>do</strong>cente de Meto<strong>do</strong>logia Científica <strong>do</strong><br />

Instituto RHEMA Educacio<strong>na</strong>l de Arapongas – Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Paraná.


<strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> e as fases pelas quais ela passa e como desenvolve sua aprendizagem,<br />

evidencian<strong>do</strong> que o lúdico é fator de extrema importância e grande influência no<br />

desenvolvimento infantil.<br />

A problemática está em utilizar ou não, o lúdico em favor <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

da criança <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong>. Ora, se é pela curiosidade que se prende a atenção e<br />

nisto se foca o processo de ensino-aprendizagem, por que não utilizar o brinque<strong>do</strong><br />

infantil, que desperta a curiosidade da criança, exercita a inteligência e vai aprimoran<strong>do</strong><br />

sua habilidades?<br />

O brinque<strong>do</strong> é um objeto universal, ou seja, todas as crianças <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> podem<br />

utilizá-lo a partir de sua imagi<strong>na</strong>ção. Brincan<strong>do</strong>, a criança pode vivenciar uma mesma<br />

situação diversas vezes. Isso, além de permitir que ela repita brincadeiras que lhe dão<br />

prazer, possibilita que ela solucione problemas e aprenda processos e comportamentos<br />

adequa<strong>do</strong>s.<br />

De acor<strong>do</strong> com VELASCO (1996), o brinque<strong>do</strong> é capaz de estimular a criança a<br />

desenvolver muitas habilidades <strong>na</strong> sua formação geral e isso ocorre espontaneamente,<br />

sem compromisso e obrigatoriedade.<br />

A brincadeira é a essência da infância e seu uso <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> permite um<br />

trabalho pedagógico que possibilita a produção de conhecimento, da aprendizagem e <strong>do</strong><br />

desenvolvimento.<br />

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS<br />

2.1 Área de Estu<strong>do</strong><br />

Huma<strong>na</strong>s – <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong><br />

2.2 Descrição Meto<strong>do</strong>lógica<br />

O presente artigo tem caráter bibliográfico, o qual, segun<strong>do</strong> LAKATOS (1983,<br />

p.44) “é uma procedimento reflexivo sistemático, controla<strong>do</strong> e crítico, que permite<br />

descobrir novos fatos ou da<strong>do</strong>s, relações ou leis, em qualquer campo <strong>do</strong> conhecimento”.<br />

Em outras palavras, a pesquisa bibliográfica requer uma profunda análise <strong>do</strong>s<br />

da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s que tenham relação com o tema em estu<strong>do</strong>, para que haja um controle<br />

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crítico por parte <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r, acerca das afirmações elencadas, permitin<strong>do</strong> o reforço<br />

paralelo ou manipulação de informações.<br />

Toda pesquisa se orienta para um ou <strong>do</strong>is fins: ampliação de conhecimento ou<br />

solução de um problema. A pesquisa bibliográfica oferece meios que permitem ao<br />

cientista definir, resolver problemas já conheci<strong>do</strong>s e explorar novas áreas <strong>do</strong><br />

conhecimento ainda não alicerçadas.<br />

Esta pesquisa é <strong>do</strong> tipo qualitativo, que busca uma profunda compreensão <strong>do</strong><br />

contexto, emprega, geralmente, mais de uma fonte de da<strong>do</strong>s e é bastante flexível.<br />

Sobre a pesquisa qualitativa, DENCKER (2001, p.186) afirma que “tem o<br />

ambiente <strong>na</strong>tural, com sua fonte direta de da<strong>do</strong>s, e o pesquisa<strong>do</strong>r é seu principal<br />

instrumento”. Ou seja, o pesquisa<strong>do</strong>r é o atuante direto que irá ler, selecio<strong>na</strong>r, refletir,<br />

a<strong>na</strong>lisar e arquivar tópicos de <strong>do</strong>cumentos interessantes à pesquisa em pauta.<br />

A ênfase, neste tipo de pesquisa, é maior no processo <strong>do</strong> que no produto. O<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> vai se aprofundan<strong>do</strong> e afunilan<strong>do</strong>-se, até que no fi<strong>na</strong>l o<br />

conhecimento a respeito <strong>do</strong> foco da pesquisa tor<strong>na</strong>-se claro e específico.<br />

Já MARCONI e LAKATOS (2007, p.272) afirmam que “<strong>na</strong> pesquisa qualitativa<br />

há um mínimo de estruturação prévia. Não se admitem regras precisas, como<br />

problemas, hipóteses e variáveis antecipadas; e as teorias aplicáveis deverão ser<br />

empregadas no decorrer da investigação”.<br />

A pesquisa bibliográfica qualitativa tem muitas vantagens, pois, além de não<br />

exigir muitas regras em sua realização, deixa o pesquisa<strong>do</strong>r à vontade e em contato<br />

direto com o material de pesquisa.<br />

3 REFERENCIAL TEÓRICO<br />

3.1 Conceito <strong>do</strong> <strong>Lúdico</strong><br />

Etimologicamente a palavra “lúdico” vem <strong>do</strong> latim (ludus) e, segun<strong>do</strong><br />

XIMENES (2000, p.591), significa “tu<strong>do</strong> o que é relativo a, ou que tem caráter de jogo,<br />

divertimento ou brincadeiras”.<br />

Entende-se como lúdico, brinque<strong>do</strong>s, brincadeiras e jogos, que têm um alto valor<br />

no desenvolvimento global da criança. De acor<strong>do</strong> com KISHIMOTO (1990, p.37) “a<br />

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utilização <strong>do</strong> jogo potencializa a exploração e a construção <strong>do</strong> conhecimento por contar<br />

com a motivação inter<strong>na</strong>, típico <strong>do</strong> lúdico”.<br />

Segun<strong>do</strong> REDIN (2000), o lúdico é a mediação universal para o<br />

desenvolvimento e a construção de todas as habilidades huma<strong>na</strong>s. De to<strong>do</strong>s os<br />

elementos <strong>do</strong> brincar, este é o mais importante: o que a criança faz e com quem<br />

determi<strong>na</strong> a importância ou não <strong>do</strong> brincar.<br />

O lúdico é um típico divertimento da infância, é uma atividade <strong>na</strong>tural da<br />

criança, que não implica em compromissos, planejamento e seriedade e que envolve<br />

comportamentos espontâneos e gera<strong>do</strong>res de prazer.<br />

A atividade lúdica está diretamente relacio<strong>na</strong>da com a pré-história de vida. É,<br />

antes de qualquer coisa, um esta<strong>do</strong> de espírito e um saber que progressivamente vai se<br />

instalan<strong>do</strong> <strong>na</strong> conduta <strong>do</strong> ser devi<strong>do</strong> ao seu mo<strong>do</strong> de vida.<br />

3.2 Crianças de Zero a Seis anos<br />

O desenvolvimento humano é muito complexo, rico e diversifica<strong>do</strong>, com muitas<br />

surpresas e diversas fases, através das quais o indivíduo se constituirá em ser dinâmico,<br />

ativo e interativo.<br />

Para que a apropriação das características huma<strong>na</strong>s aconteça, é necessário que<br />

ocorra atividades por parte <strong>do</strong> sujeito, forman<strong>do</strong> ações e operações motoras e mentais.<br />

humano:<br />

São quatro os aspectos básicos sob os quais pode se entender o desenvolvimento<br />

*Aspecto físico-motor: sua característica principal é a capacidade de andar;<br />

ocorre o crescimento orgânico e maturação fisiológica.<br />

*Aspecto intelectual: é a capacidade que a criança adquire de pensar,<br />

racioci<strong>na</strong>r, compreender-se como sujeito no mun<strong>do</strong> que a cerca.<br />

*Aspecto afetivo-emocio<strong>na</strong>l: desenvolve-se logo após o <strong>na</strong>scimento; é o mo<strong>do</strong><br />

particular pelo qual o indivíduo expressa seus sentimentos, suas emoções. A<br />

sexualidade faz parte deste aspecto.<br />

*Aspecto social: é o mo<strong>do</strong> de agir que o indivíduo tem diante <strong>do</strong> contato com as<br />

pessoas que o cercam <strong>na</strong>s diversas situações <strong>do</strong> cotidiano.<br />

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Esses quatro aspectos não são delimita<strong>do</strong>s por idade e podem relacio<strong>na</strong>r-se ao<br />

mesmo tempo durante o desenvolvimento da criança, pois o ser humano desenvolve-se<br />

global e intensivamente.<br />

Desde o <strong>na</strong>scimento e até aproximadamente os <strong>do</strong>is anos de idade a criança<br />

baseia-se exclusivamente em percepções sensoriais e em esquemas motores para<br />

resolver seus problemas práticos. Nesta fase, a criança não dispõe ainda da capacidade<br />

de representar eventos, de evocar o passa<strong>do</strong> e de referir-se ao futuro. Ela vive o aqui e o<br />

agora das situações.<br />

Os bebês costumam brincar com o próprio corpo. À medida que crescem, vão<br />

amplian<strong>do</strong> a capacidade de perceber o mun<strong>do</strong> através <strong>do</strong> contato com outras pessoas e<br />

exploração de objetos, incorporan<strong>do</strong> ao cérebro, por meio <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s (ouvir, pegar,<br />

ver, sugar) impressões verdadeiras que vão aflorar no desenvolvimento cognitivo.<br />

Gradativamente a criança vai diferencian<strong>do</strong> objetos e manipulan<strong>do</strong>-os com<br />

maior maleabilidade. As concepções de espaço, tempo e causalidade começam a ser<br />

construídas por volta <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is anos, possibilitan<strong>do</strong> à criança novas formas de ação<br />

prática para lidar com o meio.<br />

A criança da <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> encontra-se <strong>na</strong> fase denomi<strong>na</strong>da pré-operatória,<br />

que vai <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is aos sete anos de idade. Nesta fase a criança desenvolve a linguagem, a<br />

coorde<strong>na</strong>ção motora fi<strong>na</strong>, sofre modificações nos aspectos intelectual, afetivo e social,<br />

exterioriza sua vida interior, acelera a capacidade de pensamento, entre outros.<br />

Neste perío<strong>do</strong> a criança adquire novas possibilidades de substituir objetos, ações,<br />

situações e pessoas por símbolos, que são as palavras; desenvolven<strong>do</strong> assim uma<br />

inteligência capaz de ações interiorizadas, ações mentais, mas ainda pouco<br />

desenvolvidas como no pensamento <strong>do</strong> adulto.<br />

A criança é um ser histórico, social, que busca a construção de seu próprio<br />

conhecimento e, é nesta fase que essa construção se tor<strong>na</strong> muito importante, pois é <strong>na</strong><br />

interação que estabelecem desde ce<strong>do</strong> com pessoas que lhes são próximas e com o meio<br />

que as circunda, que as crianças revelam seu esforço <strong>na</strong> busca pela compreensão <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> em que vivem.<br />

Como já foi demonstra<strong>do</strong>, a criança de zero a seis anos passa por diversas<br />

mudanças durante este perío<strong>do</strong>.<br />

É muito interessante e importante conhecer as diversas características de cada<br />

idade, principalmente para educa<strong>do</strong>res, professores, pais e to<strong>do</strong>s os que trabalham,<br />

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educam e cuidam de crianças nessa faixa etária. Portanto estas pessoas têm um papel<br />

fundamental de servir de intérpretes entre elas e o mun<strong>do</strong><br />

A criança está inserida num contexto social forma<strong>do</strong> por classes, etnias, gêneros,<br />

qualidades, onde ela participa da formação, construção e modificação da sociedade.<br />

Para tanto ela precisa adquirir confiança em si mesma, contan<strong>do</strong> com o carinho e<br />

respeito <strong>do</strong>s adultos.<br />

É importante também lembrar que o processo de desenvolvimento da criança é<br />

bastante amplo e cumulativo e que são as primeiras experiências que influenciam<br />

comportamentos posteriores.<br />

3.3 <strong>Lúdico</strong>: brincan<strong>do</strong> também se aprende<br />

Existe uma grande discussão de vários pontos de vista sobre a brincadeira no<br />

espaço escolar. Muitos acham que a brincadeira só deve acontecer no horário de lazer<br />

da criança, pois se a brincadeira for oferecida durante as aulas, haverá um grande<br />

descontrole sobre as crianças por parte <strong>do</strong> professor. Outros, porém, afirmam que é<br />

através da brincadeira que a escola e sua equipe pedagógica conhecem melhor o aluno e<br />

prende sua atenção para o aprendiza<strong>do</strong>.<br />

O brincar relacio<strong>na</strong>-se com o prazer. Se brincar é prazer, aprender brincan<strong>do</strong><br />

será um prazer para a criança.<br />

Uma escola que integra o brincar ao processo de ensino e aprendizagem, está<br />

preocupada com a formação <strong>do</strong> to<strong>do</strong> <strong>do</strong> homem, ou seja, sua objetividade, sua<br />

autonomia, sua criatividade, suas funções sociais, o exercício da cidadania e a atuação<br />

<strong>na</strong> sociedade <strong>na</strong> qual está inseri<strong>do</strong>.<br />

Nas palavras de REDIN (2000, p.65), “o brinque<strong>do</strong> deve ter uma dimensão<br />

fundamental de socialização: os joga<strong>do</strong>res se encontram e aprendem a coexistir numa<br />

situação de igualdade, criam noções de propriedade, de relacio<strong>na</strong>mento, de respeito e de<br />

normas”.<br />

Quan<strong>do</strong> brinca, a criança desenvolve ações físicas, mentais, afetivas, violentas,<br />

de cooperação, de competição, entre outras. No início, são somente ações físicas, mas<br />

aos poucos vão se tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> mais complexas e evoluem para habilidades cognitivas,<br />

emocio<strong>na</strong>is e sociais.<br />

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O brinque<strong>do</strong> infantil desperta a curiosidade da criança, exercita a inteligência,<br />

permite a invenção e a imagi<strong>na</strong>ção, possibilitan<strong>do</strong> que a criança, aos poucos, descubra<br />

suas próprias capacidades de compreensão.<br />

Para que o brinque<strong>do</strong> possa corresponder a todas essas expectativas, é necessário<br />

que tenha senti<strong>do</strong> experimental, tenha valor de estruturação, tenha condições de<br />

relacio<strong>na</strong>mento e dê prazer à criança.<br />

Dentro <strong>do</strong> desenvolvimento infantil, há determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s brinque<strong>do</strong>s a ser<br />

ofereci<strong>do</strong>s à criança, de acor<strong>do</strong> com sua faixa etária, e que propiciam um melhor<br />

aprimoramento de suas habilidades.<br />

De zero a <strong>do</strong>is anos, a criança passa por um perío<strong>do</strong> de exploração e descobertas.<br />

Neste perío<strong>do</strong> os brinque<strong>do</strong>s devem promover a facilitação desse desenvolvimento<br />

motor, como os de encaixe, cavalinhos, velocípedes, etc.<br />

Dos <strong>do</strong>is aos quatro anos é a fase de formação de conceitos e os brinque<strong>do</strong>s mais<br />

indica<strong>do</strong>s são os de empilhar, encaixe, modelagem, construção.<br />

Dos quatro aos seis anos, a criança está <strong>na</strong> fase <strong>do</strong> faz-de-conta, quan<strong>do</strong><br />

apresenta grande criatividade. Devem-se oferecer a ela carrinhos, bonecas, diversos<br />

utensílios.<br />

Portanto, o brinque<strong>do</strong> deve ter uma dimensão fundamental de socialização, onde<br />

os joga<strong>do</strong>res possam se encontrar, aprender a coexistir e criar noções de propriedade, de<br />

relacio<strong>na</strong>mento, de respeito e de normas.<br />

Muitas vezes vemos crianças brincan<strong>do</strong> com determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s brinque<strong>do</strong>s, não da<br />

forma como nós adultos sabemos que deve ser utiliza<strong>do</strong>, mas de uma forma totalmente<br />

diferente, próprio da criança, pois ela imagi<strong>na</strong> de outro mo<strong>do</strong>, vê o objeto com uma<br />

função própria, conforme sua imagi<strong>na</strong>ção e o utiliza de outra maneira, própria <strong>do</strong> seu<br />

pensar e <strong>do</strong> seu agir sobre o objeto.<br />

O brincar é o mun<strong>do</strong> da criança, é através dele que ela se manifesta. A criança<br />

peque<strong>na</strong> usa da brincadeira para imitar e assim experimentar suas relações com o<br />

mun<strong>do</strong> e com outras pessoas. Segun<strong>do</strong> REDIN (2000, p.64) “a ação, a atividade no<br />

brinque<strong>do</strong> infantil <strong>na</strong>sce da discrepância entre o real (o objeto) e o possível, via<br />

imagi<strong>na</strong>ção. A ação não <strong>na</strong>sce origi<strong>na</strong>riamente da imagi<strong>na</strong>ção, mas são as condições<br />

reais da ação de tor<strong>na</strong>m necessária a imagi<strong>na</strong>ção e dá origem a ela”.<br />

Os companheiros de brincadeira também são muito importantes. Diferentes<br />

companheiros geram diferentes tipos de brincadeiras e estabelecem diferentes relações<br />

com a criança. Portanto é interessante que a criança brinque com amigos da mesma<br />

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idade, amigos mais velhos e mais novos, pais, familiares, vizinhos, etc. Cada uma<br />

dessas pessoas pode estimular coisas diferentes numa criança, diversifican<strong>do</strong> sua<br />

relação com o mun<strong>do</strong> em que vive. É interessante, também, que a criança seja capaz de<br />

brincar sozinha, usan<strong>do</strong> sua imagi<strong>na</strong>ção para criar e organizar situações novas.<br />

Quanto mais a criança brinca, mais ela exibe a ampliação da coorde<strong>na</strong>ção <strong>do</strong>s<br />

papéis assumi<strong>do</strong>s durante as brincadeiras ou ações conjuntas. Nas brincadeiras infantis a<br />

criança aprende gradativamente a supor o que as outras crianças podem estar pensan<strong>do</strong>,<br />

para então procurar se inserir <strong>na</strong> fantasia e coorde<strong>na</strong>r ativamente seus comportamentos e<br />

suas atitudes, combi<strong>na</strong>n<strong>do</strong>-as com o comportamento de seus colegas.<br />

Estas atitudes podem ser observadas quan<strong>do</strong> as crianças brincam de ser mãe, ser<br />

pai ou bebê, e de vários perso<strong>na</strong>gens que ela conhece a partir de sua vivência. Este tipo<br />

de brincadeira denomi<strong>na</strong>-se brincadeira simbólica, o que leva a criança à construção de<br />

um mun<strong>do</strong> ilusório no qual ela cria situações imaginárias utilizan<strong>do</strong> objetos como<br />

substitutos de outros objetos ou pessoas, de acor<strong>do</strong> com sua necessidade, sua fala e seus<br />

gestos.<br />

A brincadeira simbólica possui outra função muito importante para a criança<br />

peque<strong>na</strong>. Durante este tipo de brincadeira, a criança pode reviver situações que lhe<br />

causaram muita alegria e prazer ou alguma outra situação que lhe provocou ansiedade,<br />

raiva ou me<strong>do</strong>. Consequentemente, ao reviver estas situações de forma descontraída e<br />

descompromissada, a criança expressa e trabalha as emoções fortes ou difíceis de<br />

suportar.<br />

A este respeito, ALMEIDA (2003, p.46) afirma que “experimentan<strong>do</strong>, ven<strong>do</strong>,<br />

manipulan<strong>do</strong> as coisas, a criança descobre a possibilidade de dar forma ao mun<strong>do</strong> de<br />

acor<strong>do</strong> com suas impressões, passan<strong>do</strong> não só a evocar e registrar fatos <strong>na</strong> memória,<br />

mas a recriá-los”.<br />

Nessa perspectiva, os educa<strong>do</strong>res e auxiliares da educação infantil cumprem um<br />

papel fundamental <strong>na</strong>s instituições quan<strong>do</strong> interagem com as crianças através de ações<br />

lúdicas.<br />

Ás vezes, o adulto até posa interagir com as crianças, desempenhan<strong>do</strong> algum<br />

papel <strong>na</strong> brincadeira, desde que seja garanti<strong>do</strong> a elas desempenhar seu próprio papel e<br />

de sua própria maneira, sem que o adulto queira conduzir a brincadeira, evitan<strong>do</strong> assim<br />

que as crianças fiquem inibidas de expressar seu comportamento.<br />

Na <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong>, é importante que se dê prioridade ao direito da brincadeira<br />

para a criança, pois isto possibilita o seu desenvolvimento cognitivo resultan<strong>do</strong>, no<br />

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contato posterior com a escrita, o aproveitamento da sistematização da mesma, tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong><br />

seu aprendiza<strong>do</strong> mais <strong>na</strong>tural e sem nenhuma dificuldade.<br />

Ao utilizar o jogo ou o brinque<strong>do</strong> <strong>na</strong> educação, o professor estará transportan<strong>do</strong><br />

para o campo <strong>do</strong> ensino-aprendizagem condições para atingir o ponto máximo da<br />

construção <strong>do</strong> conhecimento, introduzin<strong>do</strong> o prazer, a motivação, a capacidade de<br />

iniciação e ação ativa, contan<strong>do</strong> ainda com a motivação inter<strong>na</strong>.<br />

Mesmo as brincadeiras mais simples das quais a criança participa, implicam em<br />

verdadeiros e importantes estímulos para seu desenvolvimento intelectual. Quanto<br />

maior for o número de informações recebidas <strong>na</strong>s diferentes situações de brincadeiras<br />

que se encontrar, mais registro ocorrerá em seu cérebro.<br />

A brincadeira é, assim, um espaço de aprendizagem significativa para a criança.<br />

A fi<strong>na</strong>lidade de trabalhar o lúdico como possibilidade <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> é importante<br />

para que ela viva o presente com to<strong>do</strong>s os seus direitos e é fundamental que o educa<strong>do</strong>r<br />

considere toda a riqueza da cultura lúdica infantil e to<strong>do</strong> o repertório corporal que a<br />

criança traz consigo para a escola.<br />

Por intermédio <strong>do</strong> lúdico, a criança encontra o equilíbrio entre o real e o<br />

imaginário, incorporan<strong>do</strong> valores, desenvolven<strong>do</strong>-se culturalmente, assimilan<strong>do</strong> novos<br />

conhecimentos e desenvolven<strong>do</strong> a sociabilidade e a criatividade.<br />

3.4 A <strong>Importância</strong> <strong>do</strong> <strong>Lúdico</strong> <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong><br />

A ludicidade é um fator muito importante para o desenvolvimento infantil, pois,<br />

além de colaborar para a saúde mental <strong>do</strong> ser humano, é um espaço para a expressão<br />

mais genuí<strong>na</strong> <strong>do</strong> ser, é o espaço e o direito de toda criança para sua relação afetiva com<br />

o mun<strong>do</strong>, com as pessoas e com os objetos.<br />

Brincan<strong>do</strong>, a criança experimenta, descobre, inventa, aprende, confere<br />

habilidades, além de estimular a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia;<br />

proporcio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> ao mesmo tempo o desenvolvimento da linguagem, <strong>do</strong> pensamento e da<br />

concentração e atenção.<br />

Segun<strong>do</strong> VELASCO (1996, p.53) o brincar “promove a atenção e concentração<br />

da criança, induzin<strong>do</strong>-a a criatividade e ao conhecimento de novas situações, palavras e<br />

habilidades”.<br />

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São diversos os benefícios que o lúdico proporcio<strong>na</strong>. As atividades recreativas<br />

possibilitam, além <strong>do</strong> desenvolvimento pessoal, o <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> próprio corpo, pois as<br />

brincadeiras fazem com que a criança trabalhe o seu aspecto psicomotor, o que se pode<br />

realizar com to<strong>do</strong> o corpo e com cada uma das partes. Ela aprende também a <strong>do</strong>mi<strong>na</strong>r<br />

coisas que a cercam, como utilizá-las, como se situar no tempo e no espaço, bem como<br />

o desenvolvimento das qualidades sociais de cooperação, solidariedade e comunicação.<br />

Através <strong>do</strong>s jogos e brincadeiras, a criança aprimora também seu vocabulário,<br />

desenvolve sua expressão e seu pensamento, pois os momentos recreativos quase<br />

sempre propõem uma atividade a ser realizada. Atividade esta da qual o professor da<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> pode apropriar-se, utilizan<strong>do</strong> o lúdico como media<strong>do</strong>r <strong>do</strong> processo de<br />

ensino e aprendizagem.<br />

Mencio<strong>na</strong><strong>do</strong> como media<strong>do</strong>r, o lúdico possui como elemento essencial a magia,<br />

pela qual a criança sente-se atraída e livre para desempenhar seus aspectos de<br />

imagi<strong>na</strong>ção e criatividade sem limites, transforman<strong>do</strong> a realidade, as pessoas e os<br />

objetos em alia<strong>do</strong>s durante o brincar.<br />

Segun<strong>do</strong> ALMEIDA (2003, p.37) “é fundamental compreender que o conteú<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong> brinque<strong>do</strong> não determi<strong>na</strong> a brincadeira da criança. Ao contrário, o ato de brincar<br />

(jogar, participar) é que revela o conteú<strong>do</strong> <strong>do</strong> brinque<strong>do</strong>”.<br />

A criança utiliza os brinque<strong>do</strong>s de acor<strong>do</strong> com sua necessidade imediata. Assim,<br />

muitas vezes uma tampa de panela transforma-se em volante de carro, uma vassoura<br />

vira um cavalo, e não só estes tipos de objetos, mas outros brinque<strong>do</strong>s em si não são<br />

utiliza<strong>do</strong>s em sua função declarada, mas sim, de acor<strong>do</strong> com o momento que a criança<br />

está viven<strong>do</strong> <strong>na</strong> brincadeira.<br />

Através <strong>do</strong> jogo e da brincadeira, a criança libera e ca<strong>na</strong>liza suas energias, tem o<br />

poder de transformar uma realidade difícil, propicia condições de fantasiar e é uma<br />

grande fonte de prazer. Além <strong>do</strong> mais, o lúdico ainda proporcio<strong>na</strong> à criança toda a<br />

riqueza <strong>do</strong> aprender fazen<strong>do</strong>, espontaneamente, sem pressão ou me<strong>do</strong> de errar.<br />

O desempenho psicomotor da criança enquanto brinca, alcança níveis que só<br />

mesmo a motivação intrínseca consegue. Ao mesmo tempo favorece a concentração, a<br />

atenção, o engajamento e a imagi<strong>na</strong>ção. Consequentemente a criança fica mais calma,<br />

relaxada e aprende a pensar, estimulan<strong>do</strong> sua inteligência.<br />

É através da brincadeira que a criança aprende a se socializar, pois o contato<br />

com outras crianças faz com que ela aprenda a respeitar o direito das outras crianças e<br />

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saiba que ela também tem seus próprios direitos. Assim, ela descobre o mun<strong>do</strong> ao seu<br />

re<strong>do</strong>r, dentro das possibilidades e limites de seu momento.<br />

Quan<strong>do</strong> brinca, a criança aprende que ela pode se preparar para o futuro. Quan<strong>do</strong><br />

experimenta o mun<strong>do</strong> ao seu re<strong>do</strong>r, adquire conhecimentos para tor<strong>na</strong>r-se uma pessoa<br />

alegre, inteligente e criativa.<br />

É o que afirma CUNHA (2001, p.13): “brincan<strong>do</strong> a criança está nutrin<strong>do</strong> sua<br />

vida interior, descobrin<strong>do</strong> sua vocação e buscan<strong>do</strong> um senti<strong>do</strong> para sua vida.”<br />

As situações e problemas contidas <strong>na</strong> manipulação <strong>do</strong>s jogos e brincadeiras<br />

fazem a criança crescer através da procura de soluções e de alter<strong>na</strong>tivas. A qualidade de<br />

oportunidades oferecidas à criança através de brincadeiras ou jogos garante que suas<br />

potencialidades e sua afetividade se harmonizem.<br />

Durante as brincadeiras simbólicas a criança passa a questio<strong>na</strong>r as regras sociais<br />

que conhece e cria também suas próprias regras ou em outras situações pode reproduzir<br />

as regras que conhece e vivenciá-las <strong>do</strong> seu mo<strong>do</strong> próprio.<br />

Estes comportamentos ocorrem de acor<strong>do</strong> com a experimentação da criança em<br />

vários perso<strong>na</strong>gens durante o brincar, levan<strong>do</strong>-a a inter<strong>na</strong>lizar regras de conduta,<br />

desenvolver o sistema de valores que irão orientar seu comportamento posterior.<br />

Outro aspecto importante ao qual o lúdico contribui no desenvolvimento da<br />

criança é o trabalho com a ansiedade. Quan<strong>do</strong> a criança é muito ansiosa e não consegue<br />

se concentrar, sua aprendizagem fica prejudicada. Neste senti<strong>do</strong> o lúdico proporcio<strong>na</strong> a<br />

criação de novos hábitos salutares, que são automaticamente incorpora<strong>do</strong>s à vida da<br />

criança, poden<strong>do</strong>, através da aquisição da capacidade de refletir suas ações e pensar <strong>na</strong>s<br />

suas decisões, recriar sua visão de mun<strong>do</strong> e sua atuação nele.<br />

O brinque<strong>do</strong> traduz o real para a realidade infantil. Para que o brinque<strong>do</strong> ou jogo<br />

seja significativo e tenha importância no desenvolvimento da criança é preciso que<br />

tenha pontos de contato com a sua realidade.<br />

O momento em que a criança está absorvida pela brincadeira ou jogo é um<br />

momento mágico e precioso, pois está sen<strong>do</strong> exercitada a capacidade de observar e<br />

manter a atenção concentrada, o que irá inferir <strong>na</strong> sua eficiência e produtividade quan<strong>do</strong><br />

adulto.<br />

Brincan<strong>do</strong> ou jogan<strong>do</strong> com amigos, a criança desenvolve seu senso de<br />

companheirismo, aprende a conviver, ganhan<strong>do</strong> ou perden<strong>do</strong>, procuran<strong>do</strong> aprender<br />

regras e conseguir uma participação satisfatória. No jogo, ela aprende a aceitar e<br />

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espeitar regras, esperar sua vez, aceitar o resulta<strong>do</strong>, lidar com frustrações e elevar o<br />

nível de motivação.<br />

Muitas crianças não têm noção de limites, devi<strong>do</strong> ao mo<strong>do</strong> como são criadas por<br />

seus pais que, <strong>na</strong> intenção de compensar a sua ausência <strong>na</strong> vida <strong>do</strong>s filhos devi<strong>do</strong> ao<br />

grande tempo de trabalho, acabam dan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> o que o filho pede. Assim a utilização <strong>do</strong><br />

lúdico pode contribuir <strong>na</strong> reversão deste quadro, aplican<strong>do</strong> brincadeiras com regras e<br />

desafios em grupos.<br />

Para esse tipo de dificuldade, como sugere LOPES (2000, p. 39) “os jogos<br />

competitivos com regras levam a criança a aprender conceitos básicos da vida. sen<strong>do</strong><br />

obriga<strong>do</strong>s a se enquadrar em determi<strong>na</strong>das regras para realizar algo, aprenden<strong>do</strong> a<br />

respeitar para ser respeita<strong>do</strong>, e a situação lúdica é transportada para outras situações da<br />

vida”.<br />

Alguns jogos e brincadeiras proporcio<strong>na</strong>m também o desenvolvimento e a<br />

organização espacial. A desorganização espacial é um grande problema <strong>na</strong> vida da<br />

criança. Isto dificulta a realização de certas atividades que envolvem o cálculo e a<br />

percepção <strong>do</strong> espaço disponível, calculo de distância e posicio<strong>na</strong>mento de objetos no<br />

espaço.<br />

A criança que não tem esta organização espacial geralmente é desastrada,<br />

esbarra em tu<strong>do</strong>, derruba coisas com freqüência, não consegue orde<strong>na</strong>r os objetos e<br />

fatos em sequência lógica de acontecimento.<br />

Atuan<strong>do</strong> neste campo, o lúdico proporcio<strong>na</strong> o desenvolvimento da organização<br />

espacial, pois a criança aprende desde ce<strong>do</strong> a se localizar no tempo e no lugar em que<br />

está e também em relação aos objetos que está manipulan<strong>do</strong>, através de ações cognitivas<br />

<strong>na</strong>s atividades simbólicas.<br />

As relações cognitivas e afetivas da interação lúdica são muito importantes, pois<br />

propiciam amadurecimento emocio<strong>na</strong>l e vão pouco a pouco construin<strong>do</strong> a sociabilidade<br />

infantil. Por isso a brincadeira tem um papel decisivo <strong>na</strong>s relações entre a criança e o<br />

adulto, entre as próprias crianças e entre a criança e o meio ambiente.<br />

Por volta <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is anos a criança busca cada vez mais tomar o papel <strong>do</strong> outro<br />

para melhor compreendê-lo. Suas atitudes são de imitação das diversas pessoas com as<br />

quais ela convive, reproduzin<strong>do</strong> o comportamento que estas pessoas a<strong>do</strong>tam<br />

relacio<strong>na</strong><strong>do</strong>s a ela mesma ou que ela vê a pessoa a<strong>do</strong>tar em relação a outros elementos<br />

<strong>do</strong> meio.<br />

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É preciso que os educa<strong>do</strong>res tenham consciência ple<strong>na</strong> de que o lúdico deve<br />

fazer parte <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> da criança, oportunizan<strong>do</strong> situações para que ela possa interagir de<br />

forma sistemática com o brinque<strong>do</strong> visan<strong>do</strong> sua formação integral.<br />

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

A<strong>na</strong>lisan<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s, percebe-se que, enquanto brinca ou joga, a<br />

criança desenvolve seu aspecto intelectual, pois é preciso que a criança utilize seus<br />

mecanismos de pensamento e de raciocínio para que possa realizar as atividades<br />

propostas.<br />

Atualmente o jogo ou brincadeira pode ser muito utiliza<strong>do</strong> <strong>na</strong> área da educação,<br />

pois são ótimos meios de fornecer à criança um ambiente agradável, motiva<strong>do</strong>r,<br />

planeja<strong>do</strong> e enriqueci<strong>do</strong>, possibilitan<strong>do</strong> a aprendizagem de várias habilidades.<br />

A criança, através das brincadeiras, está em mediação direta com o mun<strong>do</strong>. A<br />

<strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> tem como principal objetivo contribuir para a aprendizagem e o<br />

desenvolvimento <strong>do</strong>s aspectos físicos, sócio-emocio<strong>na</strong>is e intelectuais da criança.<br />

Tor<strong>na</strong>-se necessário uma infinidade de recursos que posam ser ofereci<strong>do</strong>s para que as<br />

crianças possam desenvolver suas capacidades de criar e aprender.<br />

A brincadeira constitui um meio que leva a criança a um crescimento global. Os<br />

jogos são atividades extremamente importantes, pois através deles a criança desenvolve<br />

funções que ainda não amadureceram, mas que se encontram em processo de<br />

maturação.<br />

Ainda há opiniões que consideram a brincadeira como um meio de socialização,<br />

pois através da brincadeira a criança relacio<strong>na</strong>-se com outras crianças, conhece suas<br />

características, aprende a respeitar e ser respeitada.<br />

De acor<strong>do</strong> com ZEN (2001), “brincan<strong>do</strong>, as crianças se organizam mutuamente<br />

<strong>na</strong>s ações, intensificam comunicações e cooperam. Os jogos e brincadeiras coletivas<br />

permitem a descoberta <strong>do</strong> ‘outro’ e isso repercute sobre a descoberta de si mesmo”.<br />

O jogo ou brincadeira é como um parceiro da criança que a leva à ação e à<br />

representação, a agir e a imagi<strong>na</strong>r, colaboran<strong>do</strong> para a ampliação e desenvolvimento <strong>do</strong><br />

seu pensar e <strong>do</strong> seu racioci<strong>na</strong>r.<br />

A criança desenvolve também sua habilidade de descentrar e coorde<strong>na</strong>r<br />

diferentes pontos de vista. Ela tor<strong>na</strong>-se alerta, curiosa, crítica e confiante <strong>na</strong> sua<br />

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capacidade de imagi<strong>na</strong>r coisas e dizer o que pensa realmente. Desenvolve a capacidade<br />

de iniciativa, elaborar idéias e perguntas, problemas interessantes e relacio<strong>na</strong>r umas<br />

coisas às outras.<br />

De acor<strong>do</strong> com KISHIMOTO (1999, p.36) “o jogo contempla várias formas de<br />

representação da criança ou suas múltiplas inteligências, contribuin<strong>do</strong> para a<br />

aprendizagem e o desenvolvimento infantil.”<br />

Quan<strong>do</strong> o professor apresenta a brincadeira com a criança, está in<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong><br />

dela; a adesão é fácil, ela participa com interesse, rende melhor e estabelece uma relação<br />

de confiança com seus colegas e com o educa<strong>do</strong>r.<br />

5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Ao término <strong>do</strong> presente artigo, constata-se que o lúdico é um excelente meio <strong>do</strong><br />

qual o professor pode lançar mão e utilizá-lo em suas aulas para obter os melhores<br />

resulta<strong>do</strong>s no processo de ensino e aprendizagem, pois o lúdico envolve to<strong>do</strong>s os<br />

aspectos necessários ao processo educativo.<br />

É através da brincadeira que o professor pode se aproximar mais da criança que<br />

está sob seus cuida<strong>do</strong>s, poden<strong>do</strong> conhecê-la melhor e proporcio<strong>na</strong>r-lhe to<strong>do</strong>s os<br />

conhecimentos necessários à construção de uma pessoa totalmente formada.<br />

É brincan<strong>do</strong> que a criança pode experimentar situações novas e até mesmo<br />

cotidia<strong>na</strong>s, fazen<strong>do</strong> da brincadeira um meio de comunicação, recreação e prazer. E neste<br />

aspecto a <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong> pode contribuir tor<strong>na</strong>n<strong>do</strong> o ato de ensi<strong>na</strong>r um momento de<br />

busca para construir uma formação integral, desenvolven<strong>do</strong> valores morais, éticos<br />

estéticos e cognitivos através <strong>do</strong> lúdico que possibilita a esperança para a criança<br />

sonhar, sorrir, pensar e construir conhecimentos.<br />

O lúdico, que já faz parte <strong>na</strong>turalmente da vida da criança, faz <strong>do</strong> ato de educar<br />

um compromisso modifica<strong>do</strong>r da sociedade, pois capacita a criança a tor<strong>na</strong>r-se um<br />

cidadão crítico, ativo e atuante <strong>na</strong> sociedade <strong>na</strong> qual está inserida.<br />

Além <strong>do</strong> mais, o lúdico é capaz de desenvolver <strong>na</strong> criança a auto-expressão,<br />

auto-realização, inteligência, sensibilidade, o aspecto psicomotor, a concentração, a<br />

atenção, entre outros. Assim, o lúdico tor<strong>na</strong>-se um valioso instrumento à aprendizagem<br />

da criança.<br />

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Na brincadeira, os si<strong>na</strong>is, gestos e objetos valem e significam outras coisas <strong>do</strong><br />

que aparentam ser. O principal indica<strong>do</strong>r da brincadeira é o papel que as crianças<br />

assumem enquanto brincam. Em suas brincadeiras, elas transformam conhecimentos<br />

adquiri<strong>do</strong>s em conceitos gerais com os quais brincam, contribuin<strong>do</strong> para a interiorização<br />

de determi<strong>na</strong><strong>do</strong>s modelos de adultos.<br />

Portanto é preciso proporcio<strong>na</strong>r à criança uma educação que respeite seu<br />

processo de construção <strong>do</strong> pensamento que lhe permita desenvolver-se nos diversos<br />

aspectos, para que haja uma formação total, eficaz e sólida da criança, o que pode ser<br />

mais facilmente alcança<strong>do</strong> através da utilização <strong>do</strong> lúdico.<br />

É necessário que as crianças, quan<strong>do</strong> brincam, tenham a independência para<br />

escolherem seus companheiros e os papéis que assumirão em determi<strong>na</strong><strong>do</strong> tema ou<br />

enre<strong>do</strong>, cujo desenvolvimento depende exclusivamente da vontade de quem brinca.<br />

Não importa com quais brinque<strong>do</strong>s a criança brinca. O foco é o próprio ato <strong>do</strong><br />

brincar que se tor<strong>na</strong> significativo para a criança e possibilita que ela se torne um ser<br />

humano ativo <strong>na</strong> sociedade, honesto, generoso, crítico e compromissa<strong>do</strong> com seu<br />

mun<strong>do</strong> e com as gerações futuras.<br />

Sugere-se que a este artigo seja dada continuação, para que outras pesquisas<br />

possam trazer mais da<strong>do</strong>s sobre a influência <strong>do</strong> lúdico <strong>na</strong> <strong>Educação</strong> <strong>Infantil</strong>.<br />

ABSTRACT<br />

The thematic focus of this article brings the importance of the game for the infantile<br />

development, being based in the consideration that the teaching-learning process should<br />

be a procedure pleasure for students and teachers. The fundamentation for the<br />

accomplishment of this work was made through a qualitative bibliographical rising of<br />

several authors concerning as the child it is developed, its cognitive, affective aspects<br />

and psychomotive, evidencing that the game is important factor in the infantile<br />

development. Through this research, it can be understood that the process of acquisition<br />

of knowledge and abilities raisin for several phases, during which it can rush hand of<br />

the games to obtain a better acting of the students, because the game <strong>do</strong>es of educating a<br />

conscious commitment and minded of the act, because, incontestablement the activities<br />

games is constituted in an of the most complete educatio<strong>na</strong>l vehicles in the formation<br />

and school development. This way it should be introduced the games more and more in<br />

the daily preschool, giving opportunity so that the individual's total and effective<br />

formation is summed up, giving it solid bases for its formation citizen.<br />

Keywords: Game. <strong>Infantil</strong>e education. Development, Teaching-learning, Effectiveness.<br />

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