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JULIO MIZUNO

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “<strong>JULIO</strong> DE MESQUITA FILHO”FACULDADE DE CIÊNCIASDEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICACAMPUS DE BAURUPerfil Bioquímico da Glicose e Prática de AtividadeFísica nos Nipo-brasileiros de Segunda Geração daCidade de Bauru.<strong>JULIO</strong> <strong>MIZUNO</strong>BAURU2007


<strong>JULIO</strong> <strong>MIZUNO</strong>Perfil Bioquímico da Glicose e Prática de AtividadeFísica nos Nipo-brasileiros de Segunda Geração daCidade de Bauru.Monografia apresentada como requisitoparcial ao Departamento de EducaçãoFísica da Faculdade de Ciências daUniversidade Estadual Paulista “Juliode Mesquita Filho”, campus de Bauru,para a obtenção do certificado deconclusão do Curso de Graduação emLicenciatura Plena em EducaçãoFísica.Orientador: Prof. Dr. CASSIANO MERUSSI NEIVABAURU


2007


DEDICATÓRIADedico este trabalho à minha esposa Priscila, aos meus pais Akio e Mitiko e meusirmãos Hélio eTatiane.


AGRADECIMENTOSFica registrada a minha gratidão a todos que colaborarampara a elaboração deste trabalho, sem esta ajuda especialseria difícil até mesmo começá-lo.Ao Prof. Dr. Cassiano Merussi Neiva, pelaorientação objetiva e pontual, conduzida de maneirasutil, compartilhando seu conhecimento e suasexperiências.A todos os Docentes do Departamento deEducação Física da Faculdade de Ciências daUnesp, campus de Bauru que colaboraram para aminha formação acadêmica.A Profa. Dra. Sandra Roberta Gouvêa Ferreirae Profa. Dra. Luiza Kimiko Matsumura doDepartamento de Medicina Preventiva daUniversidade Federal de São Paulo e a todos oscolegas do Grupo de Estudos do Diabetes naPopulação Nipo-brasileira (JBSDG), especialmente aogrupo de Educação Física.E aos grandes amigos da turma de Educação Física 2007 – noturno (André,Andrea, Kaká, Fer, Matão, Graci, João Victor, Julio Henrique, Karen, Léo, Lucas,Luiz Fernando, Luiz Pires, Manu, Makoto, Marcus Paulo, Keko, Natália, Paty,Priscila, Jaú, Renato Sanches, Ricardo, Rodrigo, Vinicius e Virginia).Namastê!


SUMÁRIOLISTA DE TABELAS ........................................................................................ 6RESUMO .......................................................................................................... 7ABSTRACT ...................................................................................................... 81 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 92 REVISÃO DA LITERATURA ......................................................................... 102.1 Metabolismo dos carboidratos no organismo ........................................ 102.2 Insulina ................................................................................................... 132.3 Diabetes Mellitus .................................................................................... 162.4 Fisiopatologia e complicações do Diabetes Mellitus .............................. 172.5 Diagnóstico do Diabetes Mellitus ........................................................... 182.6 Diabetes do Tipo 1 e do Tipo 2 ............................................................... 202.7 Estilo de vida e tratamento do Diabetes Tipo 2 ...................................... 222.8 Papel do exercício para diabéticos tipo 2 ............................................... 242.9 Epidemiologia do Diabetes no Brasil, no Japão e entreos migrantes Japoneses no Brasil e seus descendentes .................... 262.10 Avaliação da atividade física pelo IPAQ (InternationalPhysical Activity Questionnaire) .......................................................... 273 OBJETIVOS ................................................................................................. 304 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................... 314.1 Casuística e Sujeitos ............................................................................. 314.2 Aspectos Éticos ..................................................................................... 314.3 Análise Bioquímica ................................................................................ 314.4 Nível de Atividade Física ....................................................................... 32


4.5 Método de Análise de Estudo ................................................................ 334.6 Tratamento Estatístico ........................................................................... 335 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 346 CONCLUSÃO ............................................................................................... 40REFERÊNCIAS................................................................................................ 41ANEXO ........................................................................................................... 43


A síndrome metabólica, obesidade, diabetes e dislipidemias não são distúrbiosunitários e existe uma grande lista de fatores envolvidos, entre os quais, hábitoalimentar, atividade física, meio ambiente, taxa metabólica de repouso e genética.Este trabalho avalia a prática usual de atividade física através de um questionárioreconhecido internacionalmente (IPAQ) e o perfil sangüíneo da glicose, a principalreferência para o diagnóstico de estados pré-diabéticos e de diabetes. A atividadefísica desempenha um importante papel no metabolismo dos carboidratos. Apopulação avaliada tem alta incidência de diabetes mellitus tipo 2, e vem sendoestudada pelo Grupo de Estudos do Diabetes na Comunidade Nipo-brasileira(JBDSG) do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal deSão Paulo e atualmente está em sua terceira fase. Neste estudo, foram coletadasinformações acerca das atividades físicas realizadas durante uma semana normal.As atividades incluíam tarefas feitas no trabalho, em casa e nas horas de lazer.Concomitantemente, foram realizadas análises bioquímicas de concentraçãosangüínea de glicose de jejum (GPJ) e Teste de Tolerância à Glicose (TTG). Ossujeitos foram distribuídos em grupos segundo a classificação fornecida pelo IPAQe então buscou-se uma correlação com o perfil glicêmico encontrado. Os resultadosmostram que os grupos ativos fisicamente apresentam melhores índices detolerância a sobrecarga glicêmica, assim como encontramos na literatura, porém, aglicemia plasmática de jejum não apresentou os resultados esperados em um dosgrupos fisicamente ativos. Fatores não analisados neste estudo podem tercontribuído para esse evento, o que nos encoraja à continuar os estudos sobre opapel da atividade física no perfil glicêmico.Palavras chave: Perfil Glicêmico, Diabetes, IPAQ, Atividade Física e Nipobrasileiros.


ABSTRACTThe metabolic syndrome, obesity, diabetes and dislipidemias are no disturbancesunit and there is a long list of factors involved, including, food habits, physical activity,environment, a resting metabolic rate and genetics. This objective of our study wasexamined the practice of physical activity through a questionnaire recognizedinternationally (IPAQ) and the control of glycemia, the main reference for thediagnosis of pre-diabetic states and diabetes. The physical activity daily an importantrole in the metabolism of carbohydrates. The population has evaluated highincidence of type 2 diabetes mellitus, and is being studied by the Group of Studies ofDiabetes in the Community Japanese-Brazilian (GSDJB) of the Department ofPreventive Medicine at the Federal University of Sao Paulo and is currently in its thirdphase. In this study were collected information on the physical activities performedfor a week normal. The activities included work done at work, at home and in thehours of leisure. Accordingly, were performed biochemical analysis of concentrationof fasting glycemia (FG) and the Oral Glucose Tolerance Test (OGTT). The subjectswere divided into groups according to the classification provided by IPAQ and thensought to be a correlation with the glycemic profile found. The results show that thegroups active physically present best indices of the overhead glycemic tolerance, aswell as find in the literature, however, the blood glucose levels of fasting plasma notproduced the expected results in one of the groups physically active. Factors notanalyzed in this study may have contributed to this event, which encourages us tocontinue the studies on the role of physical activity in the profile glucometer.Keywords: Glycemic homeostasis, Diabetes, IPAQ, Physical Activity and Japanese-Brazilians.


1 INTRODUÇÃOO diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica extremamente presente nomundo moderno, causada por fatores hereditários e ambientais, que acomete ohomem em qualquer idade, classe social e localização geográfica. Atualmente suaprevalência mundial é de 171 milhões de pessoas e a previsão para 2030 é deatingir 366 milhões de indivíduos (LIRA, 2006). Segundo a Organização Mundial deSaúde, dentre as principais causa mortis de todo mundo em 2000, as complicaçõesadvindas do DM, somam cerca de 5,2% da mortalidade geral, além de ser uma dasdoenças mais onerosas para os sistemas de saúde (NASCIMENTO, 2003). OsEstados Unidos calculam ter gastado em 2002 cerca de 132 bilhões de dólares comcustos diretos e indiretos com a doença (LIRA, 2006), sendo a sexta principal causade morte por doença (McARDLE, 2003).O diabetes mellitus pode à longo prazo causar diversas complicações para asaúde, como a retinopatia (acometimento de pequenos vasos na retina ou no fundodo olhos, maior responsável por cegueira em adultos), nefropatia (acomete cerca deum terço dos diabéticos, evoluindo para a insuficiência renal crônica), neuropatia(sistema nervoso periférico e autonômico) e macroangiopatia (aterosclerose,afetando principalmente o coração, cérebro, aorta e membros inferiores). Nosindivíduos diabéticos o risco de morte por doença cardiovascular é o dobro dapopulação geral (JBDSG, 2004).Mudanças no estilo de vida como alimentação equilibrada e prática deatividade física diminuem a incidência de DM do tipo 2, melhorando a qualidade devida, evitando complicações e outras doenças. A atividade física tem sidoamplamente recomendada para diabéticos do tipo 2 devido aos bons resultadosapresentados em diversos estudos.No Brasil, os imigrantes japoneses apresentam uma das maiores prevalênciasde diabetes mellitus tipo 2 do mundo. Pesquisas conduzidas pelo Departamento deMedicina Preventiva da UNIFESP com descendentes de japoneses residentes emBauru investigam os hábitos alimentares e a prática de atividade física, além deorientarem para um estilo de vida saudável.O presente estudo tem por finalidade descrever o perfil bioquímico e a práticade atividade física da população nipo-brasileira de segunda geração da cidade deBauru coletadas no ano de 2005.


2 REVISÃO DA LITERATURA2.1 Metabolismo dos carboidratos no organismoA energia necessária para preservar as funções fisiológicas e metabólicasprovém da respiração e dos alimentos. Além do papel como combustível, osnutrientes mantêm a integridade funcional e estrutural do organismo. Os nutrientes,denominados de macronutrientes são os carboidratos (açúcares), os lipídios(gorduras e óleos) e as proteínas (McARDLE, 2003).Os carboidratos são moléculas formadas pela combinação de átomos decarbono, hidrogênio e oxigênio. As plantas são as principais fontes de carboidratos,exceto para a galactose (leite) e uma pequena quantidade de glicogênio.A glicose forma-se naturalmente no alimento ou no organismo pela digestãodos carboidratos mais complexos. A glicose consiste em 6 átomos de carbono, 12de hidrogênio e 6 de oxigênio, sua fórmula química é C 6 H 12 O 6 . Frutose e galactosepossuem a mesma formula porém com uma ligação C-H-O ligeiramente diferente, oque as torna substâncias bioquimicamente diferentes.Ao ser absorvida pelo intestino delgado, a glicose pode tornar-se disponívelcomo fonte energética para o metabolismo celular, formar glicogênio paraarmazenamento no fígado e nos músculos ou ser transformada em triglicerídeo earmazenada em forma de gordura para posterior utilização como fonte energética.Os carboidratos são classificados de forma geral como:a) monossacarídeos: unidade básica dos carboidratos, encontrado nas frutassob a forma de frutose e no leite sob a forma de galactose, outros menosconhecidos são: arabinose, ribose, manose e xilose;b) oligossacarídeos: formados pela ligação química de 2 à 10monossacarídeos. Os monossacarídeos (açúcares simples) e osdissacarídeos (açúcares duplos, formados pela ligação de duasmoléculas de monossacarídeos), são considerados os açúcares simples evendidos comercialmente como açúcar mascavo, açúcar refinado, melado,mel, adoçantes naturais, etc. Encontramos três tipos principais dedissacarídeos: sacarose (glicose mais frutose), na beterraba, cana-deaçúcare mel; lactose (glicose mais galactose), no leite e; maltose (glicosemais glicose), na beterraba, nos cereais matinais e nas sementes em fasede germinação;


c) polissacarídeos: é a união de três à milhares de moléculas de açúcarformadas durante o processo químico da síntese por desidratação. Podemser de origem vegetal ou animal.Os polissacarídeos vegetais mais comuns são o amido e as fibras. O amido éa forma mais familiar de polissacarídeo vegetal, é encontrado nas sementes, nomilho, nos grãos para pães, cereais e massas. As ervilhas, feijões, batatas e raízesarmazenam quantidades de amido como reserva de energia para futura utilizaçãodas plantas. Há duas formas de amido, uma formada por uma cadeia retificada demoléculas de glicose trançadas de forma helicoidal denominada amilose e outra commuitas ramificações denominada amilopectina. Os amidos com grande quantidadede amilopectina são digeridos e absorvidos rapidamente, enquanto os amidos comalto conteúdo de amilose são fracionados mais lentamente pelo sistema digestivo.As fibras ocorrem exclusivamente nos vegetais e são polissacarídeosdiferentes do amido. Estão nas folhas, caules, raízes, cascas e sementes na formade celulose, hemicelulose e pectina. As fibras resistem ao processo químico defracionamento das enzimas digestivas humanas. A ingestão regular de fibras decereais integrais está associada a uma menor ocorrência de obesidade, doençascardíacas, distúrbios digestivos e diabetes.Recentes estudos mostram que o consumo de fibras constitui um melhorprognosticador (poderosa relação inversa) dos níveis de insulina, do aumento depeso e de diversos fatores de risco para a doença arterial coronariana. As fibrasdietéticas reduzem a secreção de insulina por tornar mais lenta a absorção dosnutrientes pelo intestino delgado após as refeições. Porém o consumo excessivo defibras pode diminuir a absorção intestinal de cálcio, fósforo e ferro. O consumo diáriode fibras pode ser de 25 a 35 gramas.O consumo excessivo de alguns carboidratos pode aumentar o risco dediabetes. Dietas pobres em fibras e rica em amidos (batatas, arroz brancoprocessado, massas e pão branco) aumentam em 2,5 vezes o risco de diabetes tipo2 em comparação com dietas de cereais integrais com fibras, frutas e vegetais.Os amidos processados pobres em fibras são rapidamente digeridos edisparam a produção de insulina, estimulando a superprodução e acentua ahiperinsulinemia. Este processo reduz a sensibilidade do organismo à ação dainsulina, isto é, os tecido periféricos se tornam resistentes à insulina exigindo umaprodução cada vez maior para controlar os níveis sanguíneos de açúcar. Já as fibras


tornam a digestão mais lenta minimizando as oscilações da glicose sangüínea. Paraas pessoas fisicamente ativas, o exercício aprimora a sensibilidade à insulina,reduzindo a quantidade de insulina para determinada captação de glicose.O consumo de carboidratos complexos não refinados e de baixo índiceglicêmico reduz o risco para diabetes do tipo 2. Esses alimentos demoram mais aserem digeridos evitando o aumento repentino da glicose no sangue (LIRA, 2006).Em uma dieta típica os carboidratos representam cerca de 50% a 60% dototal de calorias consumidas, e o seu papel principal é como fonte de energia paraas contrações musculares intensas. A glicose é armazenada no organismo sob aforma de glicogênio muscular e hepático, sendo reconvertida quando os níveisplasmáticos de glicose diminuem. A ingestão excessiva de carboidratos além dolimite de armazenamento sobre a forma de glicogênio, faz com que o excesso deglicose seja convertido para a forma de triglicerídeo e armazenada no tecidoadiposo (McARDLE, 2003).A ingestão adequada de carboidratos ajuda a preservar a proteína tecidual, jáque na falta desta fonte de energia, o organismo passa a mobilizar os ácidos graxose proteínas para a síntese de glicose.A glicose é o combustível primário para o metabolismo do tecido neural e aúnica fonte energética para as hemácias. Em condições normais quase toda glicoseutilizada pelos neurônios é difundida através da membrana celular sem a mediaçãoda insulina. Portanto, mesmo pacientes diabéticos sem produção de insulina nãoperdem suas funções mentais.A queda da concentração de glicose sangüínea é conhecida comohipoglicemia. Os sintomas da hipoglicemia, diminuição da glicose sangüínea, são:fome, fraqueza e vertigem, este quadro prolongado pode gerar inconsciência eproduzir um dano cerebral irreversível. O excesso de glicose sangüínea ouhiperglicemia ocorre após as refeições. O diabetes é a doença em que aconcentração de glicose está sempre acima dos padrões normais. O diabetes podea longo prazo causar uma série de complicações.Além dos carboidratos, o excesso na ingestão dos lipídios pode constituir umrisco para diabetes (McARDLE, 2003).


2.2 InsulinaA insulina é um hormônio secretado por uma região do pâncreas chamada deilhotas de Langherhans, mais precisamente nas células beta. Foi isolada dopâncreas em 1992, o que transformou drasticamente o prognóstico do diabético, queera de rápido declínio e morte.Formada por duas cadeias de aminoácidos, conectadas por pontes dissulfeto,a insulina humana é pequena, com peso molecular de 5.808. Tem meia-vidaplasmática média de 6 min, é depurada da circulação entre 10 e 15 minutos. Estaremoção rápida do plasma é devido à importância tanto de ligar como desligar omecanismo ativado pela insulina (GUYTON, 1997).A secreção da insulina está intimamente ligada ao excesso de energia.Quando há grande quantidade de carboidratos e proteínas na alimentação, ainsulina é secretada em grandes quantidades. Ela faz com que a energia sejaarmazenada nos músculos e no fígado sobre a forma de glicogênio e no tecidoadiposo como triglicerídeo, além de promover a captação dos aminoácidosconvertendo-os em proteínas.Todos esses processos ocorrem quando a insulina se liga em uma proteínareceptora na membrana da célula alvo. É este receptor ativado que gera essesprocessos. Os efeitos finais da estimulação da insulina são os seguintes:a) segundos após a fixação da insulina nos receptores das membranas,cerca de 80% das células do corpo tornam-se altamente permeáveis àglicose, especialmente as musculares e adiposas, permitindo a rápidaentrada da glicose nas células. No interior da célula a glicose érapidamente utilizada como fonte energética;b) além da permeabilidade aumentada à glicose, os aminoácidos, íonspotássio e íons sódio também entram mais facilmente;c) após 10 à 15 minutos ocorrem efeitos mais lentos, alterando o efeitometabólico de outras enzimas intracelulares;d) outros efeitos continuam a acontecer mesmo durante horas e dias, comotradução dos ARNs e ADN. Portanto a insulina remodela grande parte damaquinaria enzimática celular.A insulina regula a entrada de glicose em quase todos os tecidos por meio deproteínas transportadoras de glicose (GLUT), sem insulina apenas quantidadesmínimas de glicose penetram nas células, aumentando a concentração plasmática


normal de glicose de 90mg/dl para até 300 à 1200 mg/dl de sangue. A fibra muscularcontém o GLUT-4, um transportador de glicose que é ativado pela ação da insulina.Após uma refeição rica em carboidratos, a glicose absorvida no sangue se eleva eestimula a rápida secreção de grandes quantidades de insulina pelo pâncreas. Ainsulina por sua vez, causa rápida captação, armazenamento e uso da glicose porquase todos os tecidos do corpo, principalmente pelos músculos, tecido adiposo efígado. A insulina pode aumentar a taxa de transporte de glicose em até 15 vezes nomúsculo em repouso. Nas horas que seguem após as refeições, os tecidosmusculares utilizam grandes quantidades de glicose como fonte energética, pois elaesta disponível em grandes quantidades no sangue e no interior das células. Se aglicose não for prontamente utilizada pelo músculo, é armazenada sobre a forma deglicogênio muscular para posterior utilização, até um limite de concentração de 2% à3% (McARDLE, 2003; MACHADO, 2006).No fígado, a insulina faz com que grande parte da glicose absorvida apósuma refeição seja armazenada sobre a forma de glicogênio e posteriormenteliberada na forma de glicose quando a concentração sangüínea de glicose cairabaixo do normal. A insulina inativa a enzima fosforilase hepática, preservando oglicogênio armazenado; causa captação acentuada de glicose do sangue pelascélulas hepáticas, que sintetizam através de enzimas as moléculas de glicogênio.Entre 5% e 6% da massa do fígado é formada por glicogênio.Quando a ingestão de carboidratos excede os limites de utilização pelosmúsculos e o limite de armazenamento sobre a forma de glicogênio hepático, ainsulina promove a síntese de ácidos graxos principalmente pelo fígado. A insulinaaumenta o transporte de glicose para o fígado. No fígado a glicose é convertida empiruvato, e depois em acetilcoenzima A para formar os ácidos graxos. Esses ácidossão sintetizados e formam triglicerídeos, a forma usual da gordura armazenada, quesão transportados para o tecido adiposo.No tecido adiposo, a insulina inibe a ação da lipase sensível à hormônio, quecausa a hidrólise dos triglicerídeos armazenados nas células adiposas. A insulinatambém promove o transporte de glicose através da membrana para dentro dacélula adiposa, onde é convertida em ácidos graxos e o mais importante, convertidoem alfa-glicerofosfato. Esta substância fornece o glicerol, que se combina comácidos graxos para formar os triglicerídeos. Portanto, sem insulina, mesmo o


armazenamento de grandes quantidades de ácidos graxos pelo tecido adiposo ficabloqueado (McARDLE, 2003).Durante o período entre as refeições, a concentração de glicose sangüíneacai e a quantidade de insulina secretada é muito pequena para promover a entradasignificativa de glicose para o interior das células musculares. Por isso, a fonte deenergia dos músculos durante grande parte do dia vem dos ácidos graxos. Naausência de insulina, a enzima lipase sensível à hormônio nas células adiposastorna-se fortemente ativada. Os triglicerídeos armazenados são hidrolisados,liberando grande quantidade de ácido graxo e glicerol no sangue. O excesso deácido graxo no sangue promove a conversão hepática em fosfolipídios e colesterol,e juntamente com os triglicerídeos aumentam a concentração lipídica do sangue ematé três vezes na falta de insulina.A insulina também é necessária para o armazenamento das proteínas nostecidos. Porém a maneira como isso ocorre não é tão bem compreendida. Ainsulina causa o transporte ativo de aminoácidos para dentro das células,compartilhando esta função com o hormônio do crescimento. Alguns aminoácidos,principalmente a arginina e a lisina, quando presentes no plasma juntamente com aglicose aumenta a secreção de insulina, mas isoladamente, causam pouca alteraçãona secreção de insulina.As proteínas constituem principalmente a massa dos músculos esqueléticos,contribuem para a estrutura tecidual e é uma componente importante dos sistemasmetabólico, de transporte e hormonal.A síntese de proteínas pelos ribossomos pára na ausência de insulina, elaaumenta a tradução de ARN-mensageiro, de forma não compreendida. Aumentatambém a transcrição de seqüências genéticas de ADN selecionadas nos núcleosdas células, promovendo uma variada coleção de enzimas para o armazenamentode carboidratos, gorduras e proteínas.A insulina inibe o catabolismo das proteínas, poupando especialmente osaminoácidos das células musculares. No fígado, a insulina deprime a taxa degliconeogenese, poupando da mesma forma os aminoácidos nas reservas deproteína do corpo (McARDLE, 2003).


2.3 Diabetes mellitusO diabetes mellitus consiste em subgrupos de distúrbios que comprometem ometabolismo da glicose no organismo, elevando as taxas glicêmicas a níveisperigosos para a saúde (GROSS, 2002).Na maioria dos casos, o diabetes mellitus resulta da secreção diminuída deinsulina pelas células beta das ilhotas de Langerhans ou pela deficiência da ação dainsulina nos receptores das células alvo (GUYTON, 2000). Alguns estudos mostramque a hereditariedade desempenha um papel importante no desenvolvimento dadoença. Em gêmeos idênticos, a concordância para diabetes mellitus se aproximade 100%; em algumas populações a prevalência é alta - os índios Pima dos EstadosUnidos por exemplo, aproximadamente 50% dos indivíduos desenvolvem o diabetes(JBDSG, 2004), além da natureza familiar da doença. Muitas vezes, o aumento dasuscetibilidade das células beta, produtores de insulina, à destruição por vírus ou porfavorecer o desenvolvimento de anticorpos auto-imunes contra as células beta dopâncreas, destruindo-as leva ao surgimento da doença. Em outros casos hátendência hereditária para a degeneração das células beta. A destruição das célulasbeta incapacita o pâncreas de produzir insulina e responder adequadamente aoaumento da glicemia plasmática.Apesar da influência genética ser reconhecida, ainda não foram identificadosos genes responsáveis. O comportamento genético do diabetes é complexo, e namaioria das vezes, a herança é poligênica (presença de vários genes alteradossimultaneamente), além de supor-se que a doença seja também multigênica(diferentes combinações de defeitos entre os pacientes portadores de diabetes)(JBDSG, 2004).Entre os 10% dos fatores de risco genético identificados, estão os genesmitocondriais. Nas células Beta do pâncreas, as mitocôndrias estão envolvidas nasecreção da insulina, alterações nos genes mitocondriais podem levar à diminuiçãoda secreção de insulina e conseqüentemente ao diabetes mellitus. Essa mutaçãomitocondrial é de transmissão materna. Nos nipo-brasileiros de Bauru, essaalteração é rara, pois não foi identificado nenhum caso entre os 491 indivíduosanalisados pelo JBDSG em 1995. Porém, no Japão ela é responsável por 1% à 3%dos casos (JBDSG, 2004).A obesidade, outro fator de risco para o diabetes, diminui o número dereceptores de insulina na célula alvo por todo o corpo, tornando a quantidade de


insulina disponível menos eficaz na promoção de seus efeitos metabólicos,desenvolvendo assim o diabetes clínico. Fatores genéticos associados a fatoresambientais contribuem para o desenvolvimento da obesidade e do diabetes. Napopulação japonesa, é freqüente a mutação do receptor B3-adrenérgico das célulasadiposas, que causam diminuição do gasto energético e conseqüentemente levam àobesidade (JDBSG, 2004).2.4 Fisiopatologia e complicações do diabetes mellitusO grupo de doenças que constitui o DM é caracterizado principalmente porvalores alterados de glicemia no sangue. As características patológicas do diabetes,na sua maioria são os decorrentes da falta de insulina ou da deficiência na ação dainsulina:a) utilização diminuída de glicose pelos tecidos corporais, aumentando aconcentração sangüínea da glicose a altos níveis (300 à 1200 mg/dl).Sem insulina apenas quantidades mínimas de glicose são transportadaspara as células musculares e tecido adiposo, o restante fica no sanguecirculante;b) mobilização dos ácidos graxos como fonte energética, aumentando ometabolismo lipídico e causando acúmulo de colesterol nas artérias(aterosclerose);c) depleção das proteínas dos tecidos do corpo, pois não háarmazenamento de proteínas sem a insulina. O catabolismo de proteínasaumenta e a síntese protéica cessa, podendo resultar em fraquezaextrema e comprometimento das funções orgânicas;d) perda de glicose na urina, quando a concentração de glicose sangüíneasobe para 300 à 500 mg/dl, o diabético chega a perder até 100mg deglicose na urina durante o dia;e) choque circulatório por desidratação extrema. O diabetes extremo e nãotratado (glicose sangüínea 10 a 12 vezes acima do normal) pode levar asevera desidratação por perda excessiva de água e glicose na urina,elevados pela pressão osmótica aumentada e pela diurese osmótica. Adesidratação atinge o meio extra e intracelular. Os indivíduos diabéticostêm muita sede e acordam freqüentemente durante a noite para beberágua (GROSS, 2002; McARDLE, 2003).


As complicações advindas com o diabetes comprometem o funcionamento detodo o organismo à medida que a doença evolui, diminuindo a qualidade de vida dospacientes. Dentre as complicações crônicas debilitantes do diabetes destacam-se:a) microangiopatia: complicação de pequenos vasos, como os da retina oufundo do olho (retinopatia) e dos rins (nefropatia). A retinopatia diabéticaé a maior causa de cegueira em adultos, sendo 25 vezes mais freqüenteem diabéticos, quando comparados aos não diabéticos. A nefropatiaatinge um terço dos diabéticos e pode evoluir para a insuficiência renalcrônica;b) macroangiopatia ou doença cardiovascular: complicação em vasos demédio e grande calibre. Aterosclerose afetando comumente os vasoscoronarianos, cerebrais, aorta e dos membros inferiores;c) neuropatia: comprometimento do sistema nervoso periférico eautonômico causando uma série de manifestações clínicas (JBDSG,2004).O diabetes esta constantemente associado a outros quadros como:obesidade, dislipidemia e hipertensão arterial. Este conjunto de doenças éfreqüentemente denominado Síndrome Metabólica ou Síndrome “X” (McARDLE,2003).2.5 Diagnóstico do Diabetes MellitusOs primeiros sintomas do diabetes podem ser: poliúria, eliminação excessivade urina devido ao efeito diurético osmótico da glicose nos túbulos renais; polidipsia,aumento na ingestão de água devido à poliúria; polifagia, consumo excessivo decomida; perda de peso e astenia, falta de força e energia.Para se identificar a presença do Diabetes Mellitus, existem vários métodos,geralmente baseados em exames de sangue e de urina. É possível diagnosticar odiabetes sentindo o cheiro do hálito dos diabéticos, pois são carregados de acetona.A grande quantidade de ácido acetoacético no sangue do diabético, se converte emacetona, um produto volátil que acaba sendo eliminada no ar expirado. Oscetoácidos também podem ser coletados na urina através de exames químicos, suaquantificação ajuda a determinar a gravidade da doença.Outro elemento presente na urina dos diabéticos é a glicose. Nos indivíduosnormais apenas quantidades não perceptíveis estão presentes na urina, enquanto


no diabético, dependendo da gravidade da doença e da ingestão de carboidratos,pequenas e grandes quantidades de glicose são perdidas na urina (GUYTON,1997).Porém, o diagnóstico do diabetes baseia-se fundamentalmente nas alteraçõesda glicose plasmática de jejum ou após uma sobrecarga de glicose por via oral. Amedida da glico-hemoglobina não apresenta acurácia diagnóstica adequada e nãodeve ser utilizada para o diagnóstico de diabetes (GROSS, 2002).A American Diabetes Association (ADA) recomenda desde 1997 o teste deglicose plasmática após 8 horas de jejum noturno (GPJ). A concentração de açúcarno sangue pela manhã, após o jejum noturno é de 80 à 90 mg/dl. Se o indivíduoapresenta até 100 mg/dl é considerado normal. Valores entre 100 e 125 mg/dlclassifica-se como glicose plasmática de jejum alterada (GJA) e acima de 125 mg/dlsuspeita de diabetes, que deve ser confirmada após repetir o exame no dia seguinte(ADA, 2004). Este é o teste mais simples, visto que atualmente há aparelhosportáteis que medem o valor da glicemia capilar com apenas uma gota de sangueem menos de 10 segundos. O custo do teste é baixo, porém é importante que oaparelho esteja sempre calibrado.O teste de tolerância à glicose (TTG), avalia a concentração sangüínea deaçúcar duas horas após o indivíduo beber uma solução concentrada contendoglicose. Em jejum, a pessoa ingere 1 grama de glicose por quilograma corporal.Logo após a ingestão, a concentração de glicose plasmática se elevará para valoresacima do normal, no individuo saudável esse valor retorna a níveis normais emcerca de duas horas, quando é coletado novamente o valor da glicose plasmática.Se após 2 horas a concentração de glicose plasmática estiver entre 140 e 200 mg/dl,o indivíduo enquadra-se na categoria de Tolerância à Glicose Diminuída (TGD),enquanto pessoas com valores acima de 200 mg/dl como Diabetes mellitus. Esteteste não é utilizado rotineiramente, apenas para fins de estudo e pesquisa ou emalguns casos clínicos (MCARDLE, 2003; GROSS, 2002).A partir desses dois métodos diagnósticos, a ADA (2004) classifica osindivíduos da seguinte forma:Para o exame de glicose plasmática de jejum:a) GPJ


c) GPJ >=126 mg/dl (7.0 mmol/l) = diagnóstico provisório de diabetes (odiagnóstico deve ser confirmado após novos exames).Para o exame de tolerância oral à glicose:a) 2 horas após sobrecarga de glicose = 200 mg/dl (11.1 mmol/l) =diagnóstico provisório de diabetes (o diagnóstico deve ser confirmadoapós novos exames)Atualmente, pacientes com tolerância à glicose diminuída e glicose plasmáticade jejum alterada são considerados pré-diabéticos, indicando o alto risco dedesenvolverem o diabetes.O diagnóstico correto e precoce do diabetes mellitus e das alterações datolerância à glicose são extremamente importantes porque permitem que sejamadotadas medidas terapêuticas que podem evitar o aparecimento de diabetes nosindivíduos com tolerância diminuída e retardar o aparecimento das complicaçõescrônicas nos pacientes diagnosticados com diabetes (SIXT, 2004).2.6 Diabetes tipo 1 e tipo 2O diabetes é dividido em subgrupos, e os principais são identificados com ostermos tipo 1 e tipo 2. As mulheres podem desenvolver o diabetes durante agravidez, que é chamado de diabetes gestacional.O diabetes tipo 1 ocorre principalmente em indivíduos jovens tendo comocausa primária uma resposta auto-imune do organismo à uma proteína que torna ascélulas beta do pâncreas incapazes de produzir insulina e outros hormôniopancreáticos. Este tipo de diabetes corresponde à aproximadamente 5-10% doscasos e está ligado a fatores genéticos. O paciente diabético do tipo 1 recebeinsulina exógena a fim de realizar o metabolismo dos carboidratos, gorduras eproteínas de forma normal (McARDLE, 2003).O diabetes tipo 2 é mais comum do que o tipo 1, perfazendo cerca de 90%dos casos de diabetes. É uma entidade heterogênea, caracterizada por distúrbios daação e secreção da insulina, com predomínio de um ou outro componente. Aetiologia específica deste tipo de diabetes ainda não está claramente estabelecida


como no diabetes tipo 1. A destruição auto-imune do pâncreas não está envolvida.Também ao contrário do diabetes tipo 1, a maioria dos pacientes apresentamobesidade. Esta doença resulta provavelmente de componentes hereditários e doestilo de vida, como o sedentarismo, aumento de peso, alimentação inadequada eestresse psicológico.A idade de início do diabetes tipo 2 é variável, embora seja mais freqüenteapós os 40 anos de idade, com pico de incidência ao redor dos 60 anos. Emfinlandeses, 97% dos pacientes tipo 2 iniciam o diabetes após os 40 anos de idade.Estudos que aliam a obesidade à idade superior a 40 anos indicam este ponto decorte da idade como discriminatório entre os dois tipos de diabetes. Por outro lado,outros autores associam a ausência de episódio agudo de cetoacidose e idadesuperior a 20 anos como indicadores da presença de diabetes do tipo 2. Portanto, aidade de forma isolada parece não definir a classificação, mas se aliada a outrasvariáveis como obesidade e ausência de cetoacidose podem sugerir o tipo dediabetes. Deve ser levado em conta que, embora a ocorrência de cetoacidose sejacaracterística do estado de deficiência insulínica do tipo 1, o paciente tipo 2 podeapresentar este quadro na vigência de intercorrências graves como infecções ouepisódios agudos de doença cerebrovascular (GROSS, 2002; SIXT, 2004).A ocorrência de agregação familiar do diabetes é mais comum no diabetestipo 2 do que no tipo 1. No entanto, estudos recentes descrevem uma prevalênciaduas vezes maior de diabetes do tipo 1 em famílias com tipo 2, sugerindo umapossível interação genética entre os dois tipos de diabetes.Os fatores freqüentemente associados ao diabetes do tipo 2 são:a) incapacidade do corpo de responder adequadamente à insulina, associadaa uma resistência significativa às ações da insulina (resistência à insulina);b) secreção de insulina anormal porém relativamente bem preservada, e;c) níveis plasmáticos de insulina normais à altos. A resistência à insulina nosdiabéticos tipo 2 relaciona-se à um distúrbio nas capacidades glicolíticas eoxidativas do músculo esquelético.A resistência a insulina é um termo que designa o paciente que produz umagrande quantidade de insulina, mas essa insulina não é suficiente para transportartoda a glicose para as células. O excesso de glicose é metabolizada em ácidosgraxos e armazenadas nos tecidos adiposos que hipertrofiam e aumentam aindamais a resistência à insulina (McARDLE, 2003).


O diabetes tipo 2 é resultado da associação de fatores genéticos e fatoresligados ao estilo de vida como o sedentarismo, aumento de peso e ingestãoexcessiva de gorduras.A resistência a insulina e hiperinsulinemia induzida pela dieta ocorrem comfreqüência antes da manifestação da síndrome metabólica de obesidade,intolerância a glicose, dislipidemias e hipertensão.Os riscos para desenvolver o diabetes tipo 2 são (MCARDLE, 2003):a) peso corporal acima de 20% do ideal, calculado pelo Índice de MassaCorporal (IMC);b) parente de 1º grau com diabetes, influência genética;c) membro de um grupo étnico de alto risco (negros, hispânicos, asiáticos);d) gravidez: diabetes gestacional;e) pressão arterial acima de 140/90 mm/Hg;f) HDL colesterol abaixo de 36 ml/dl e/ou triglicerídios acima de 250 mg/dl;g) GPJ ou tolerância à glicose alterada em testes anteriores.2.7 Estilo de vida e tratamento do diabetes tipo 2As opções para prevenção e tratamento do diabetes mellitus tipo 2 e suascomplicações estão ligados principalmente ao estilo de vida. Diversos estudosmostram que apenas a mudança de hábito é suficiente para controlar o perfilglicêmico à níveis normais, sem a utilização de insulina exógena ou de outrosmedicamentos. As mudanças no estilo de vida se referem à dieta balanceada e aprática regular de atividade física (SIXT, 2004; ARAÚJO, 2000).A importância de um diagnóstico precoce de diabetes foi mostrado no EstudoProspectivo de Diabetes do Reino Unido (UKPDS). Esses dados foram confirmadospor um estudo com 84.941 enfermeiros, em que pôde ser demonstrado em umsubgrupo com perfil de baixo risco (índice de massa corporal menor que 25, dietasaudável, 30 minutos ou mais de exercícios físicos por dia, não fumantes, menosque meia dose de bebida alcoólica por dia) que a incidência de diabetes mellitus tipo2 era significativamente menor que para o resto dos enfermeiros. Foi tambémmostrado que 91% dos casos de diabetes recentemente desenvolvidos poderiam tersido evitados por um estilo de vida semelhante ao dos enfermeiros com o perfil debaixo risco. Outro estudo comparou a influência de um estilo de vida saudável com aprevenção ou o retardo no desenvolvimento de diabetes pelo uso da metformina.


Após uma média de 2,8 anos, foi demonstrado que um estilo de vida saudávelpoderia prevenir o diabetes mellitus tipo 2 mais eficientemente (58%) do que aterapia com metformina (31%) (McARDLE, 2003).O estudo STENO-2 investigou a influência da terapia conservadora e de umaterapia intensificada (mudança de hábitos visando à redução de peso, aumento daatividade física e terapia farmacológica otimizada) em pacientes com diabetes tipo 2com microalbuminúria. Após um tempo médio de estudo de 7,8 anos, a terapiaotimizada estava apta a reduzir os eventos cardiovasculares e microvasculares em50%.Com atividades físicas regulares podemos tratar e prevenir o surgimento daresistência à insulina, da tolerância à glicose e do DM tipo 2 e suas complicações(MERCURI, 2001; SIXT, 2004; ARAUJO, 2000; LIRA, 2006).A incidência de diabetes mellitus relaciona-se inversamente com o grau deatividade física. Isso é mais bem documentado para pacientes com alto risco dedesenvolver diabetes. Exercícios físicos regulares (ex.: 30min/dia de exercíciosaeróbicos em intensidade moderada) podem reduzir o risco da intolerância à glicosepela metade e os riscos de diabetes em até três quartos.Uma metanálise poderia mostrar que pacientes normoglicêmicos tiramproveito de exercícios de resistência como parte de programas de reabilitação paraos com doença arterial coronariana, com redução da mortalidade em 31%. Aimportância do exercício físico, especialmente para pacientes diabéticos, e o efeitoprognóstico foram demonstrados por muitos estudos. O consumo de energia deveriaestar idealmente entre 1.000 e 2.000 kcal/semana, que corresponde a 3-5 horas detreinamento submáximo de resistência por semana (não apenas o treinamentoestacionário, mas também os em grupo ambulatorial, além de exercícios domésticosdiários, podem melhorar o perfil dos fatores de risco).Várias associações de saúde pelo mundo, como o American College of SportsMedicine, o Centers for disease Control and Prevention, American Heart Association,National Institutes of Healtf, US Surgeon General, Sociedade Brasileira deCardiologia, entre outros recomendam a prática regular de atividade física para aprevenção e reabilitação do diabetes, doenças cardiovasculares e outras doençascrônicas. O condicionamento físico deve ser estimulado para todas as pessoas commúltiplos fatores de risco e também para as pessoas saudáveis, desde que sejamcapazes de aderir à um programa de condicionamento físico (CIOLAC, 2004).


O exercício regular promove o controle glicêmico a longo prazo pelo aumentoda sensibilidade à insulina dos músculos ativos muito mais do que pelas adaptaçõesteciduais induzidas pelo exercício.A cada sessão de exercício, a sensibilidade à insulina se mantém. Ao adotarum estilo de vida sedentário, a sensibilidade à insulina dos músculos diminuem equantidades maiores de insulina são necessárias para remover a glicose do sangue.O treinamento físico proporciona uma terapia para os diabéticos tipo 2 que reduz asquantidades diárias de insulina.A sensibilidade aumentada à insulina nos tecidos musculares e adipososapós uma sessão de exercícios está relacionada com a translocação da proteínatransportadora da glicose GLUT-4 do retículo endoplasmático para a superfície dacélula e por um aumento da quantidade total de GLUT-4, que pode dobrar após 4dias de treinamento vigoroso no músculo esquelético, aumentando o transporte deglicose para dentro da célula. Os maiores benefícios do exercício são para opaciente hiperinsulinêmico, que precisa secretar grandes quantidades de insulinapara regular o metabolismo da glicose. Portanto o exercício físico atua revertendo oquadro de resistência à insulina. Os melhores benefícios são obtidos combinandoexercícios aeróbios com exercícios resistidos, já que esse último mobiliza grandesgrupos musculares e aumenta o gasto energético. O treinamento físico faz aumentartambém a sensibilidade do fígado à insulina (MACHADO, 2006).É importante a regularidade na prática de atividade física, pois a interrupçãopor algumas semanas de inatividade faz com todos os benefícios obtidos sejamrapidamente perdidos (SILVA, 2002).Os exercícios diminuem o risco para complicações cardiovasculares comodoença cardíaca coronariana, acidente vascular cerebral e doença vascularperiférica em virtude da aterosclerose. O exercício melhora quadros de:hiperinsulinemia, hiperglicemia, lipoproteínas plasmáticas anormais e algunsparâmetros da coagulação sangüínea e hipertensão.O programa de treinamento físico para o individuo diabético, deve serorientado por um profissional de Educação Física competente, visto que algumascomplicações podem acontecer ao longo do programa, é importante a triagemapropriada dos pacientes e monitorá-los com extremo cuidado durante o programaa ser realizado. As principais complicações que podem ocorrer são:


a) sistêmicas: hemorragia retiniana, aumento da proteinúria, aceleração daslesões microvasculares;b) cardiovasculares: arritmias cardíacas, doença cardíaca isquêmica,pressão arterial excessiva durante o exercício, hipertensão ortostáticapós-exercício;c) metabólico: aumento da hiperglicemia, aumento da cetose;d) muscular: ulceras no pé (na presença de neuropatia), lesão ortopédicarelacionada à neuropatia e doença articular degenerativa acelerada(GUYTON, 1997).2.9 Epidemiologia do diabetes no Brasil, no Japão e entre os migrantesJaponeses no Brasil e seus descendentesOs casos de DM tipo 2 respondem por 90 à 95% dos casos (JBDSG, 2004).Estima-se que na população brasileira, a prevalência seja de 7%, mas em São Pauloesse número chegaria a 9% nos indivíduos de 30 à 59 anos, enquanto entre os 60 e69 anos essa prevalência chega à 13,4% (NASCIMENTO, 2003).O movimento migratório de japoneses para o Brasil trouxe hábitos e costumesque ainda são mantidos pelos imigrantes e seus descendentes, mas houve tambémmuitas mudanças no estilo de vida, como a alimentação e a atividade física. Asmudanças e os novos padrões alimentares vêm sendo estudados pelo JBDSG, emuitos artigos e estudos já foram publicados, porém os dados sobre a atividadefísica ainda são escassos.Na população japonesa residente no Japão, a prevalência de DM tipo 2 em1999 era de 7 para cada 100 indivíduos. Na população nipo-brasileira de Bauru, aprevalência obtida em 2000 era uma das maiores já registradas no mundo: 36,1%dos indivíduos acima de 30 anos, índice quatro vezes maior que populaçãobrasileira. Esta mesma prevalência pode ser encontrada na população japonesa queimigrou para os Estados Unidos. Populações migrantes que deixam seu país deorigem instalando-se em outras regiões também podem ter uma prevalência maiorde resistência à insulina e diabetes (JBDSG, 2004).Este alto índice de DM nas populações migrantes pode estar relacionado como estilo de vida (inatividade física, estresse e padrões alimentares) e o componentegenético. Muitos estudos mostram que o risco de DM 2 se eleva à medida que oíndice de massa corporal (IMC) e a circunferência abdominal aumentam. Para as


populações asiáticas o IMC deve estar entre 19 e 22 kg/m², e a circunferênciaabdominal para mulheres abaixo de 90cm e para homens menor que 85centímetros. O aumento de 5 à 8 centímetros nessas medidas é um sinal deadvertência. Com IMC de 23,5 é grande o risco de desenvolver glicose plasmáticade jejum alterada, IMC acima de 24,7 intolerância à glicose e IMC acima de 25,9diabetes tipo 2 (JBDSG, 2004).2.10 Avaliação da atividade física pelo IPAQ (International Phisical ActivityQuestionnaire)Diversos questionários são utilizados para estimar o nível de atividade física.As medidas da atividade física incluem dois tipos principais: aquelas que utilizaminformação fornecida pelas pessoas (questionários, entrevistas ou diários) e aquelasque utilizam indicadores fisiológicos (consumo de oxigênio, freqüência cardíaca) ousensores de movimento, que registram objetivamente certas características dasatividades durante um período determinado. Os questionários têm sido usadosextensivamente por sua aplicabilidade para grandes grupos, seu baixo custo e porpermitirem coletar informações precisas sobre o tipo de atividades e o contexto emque acontecem.São requerimentos mínimos para um instrumento de coleta de informaçõessobre atividades físicas realizadas a fidedignidade e validade das medidas, a fáciladministração e a não interferência com os padrões habituais de comportamento.Para que um instrumento seja considerado válido, é preciso que ele seja fidedigno,quer dizer, se aplicado repetidas vezes num período de tempo em que o nível deatividades físicas não tenha mudado, os resultados devem ser semelhantes. Afidedignidade (ou reprodutibilidade) de um instrumento pode ser absoluta ou relativa.Ela é absoluta quando se compara diversas aplicações de uma medida num mesmogrupo, considerando-se a significância da diferença absoluta (entre os escores). Afidedignidade relativa é a mais importante neste processo de validação deinstrumentos de medida e geralmente é determinada por algum coeficiente decorrelação (GUEDES, 2005).O IPAQ estima o nível de prática habitual de atividade física, e foidesenvolvido pelo Grupo Internacional para Consenso em Medidas da AtividadeFísica, constituído sob a chancela da OMS para ser utilizado em vários países(GUEDES et al, 2005; GUEDES, 2007), dentre eles Brasil e Japão (CORA, 2003)


Os resultados obtidos em um estudo feito por Guedes et al (2005) sugeremque a versão em português do IPAQ-6 tem boa fidedignidade, confirmando-se osresultados de outros estudos de que a reprodutibilidade das medidas de atividadesvigorosas (6 METs ou mais) é superior à reprodutibilidade das medidas deatividades moderadas (3 a 6 METs). Os coeficientes de correlação intraclassepodem ser considerados moderados a altos (R = 0,60 a 0,92). Os coeficientesKappa para consistência podem ser considerados moderados para a classificaçãoteste-reteste.Há dois modelos de questionário do IPAQ, uma longa e uma curta. Na versãolonga, divide-se o dia em períodos de 15 minutos e à cada período é anotada aatividade realizada e a sua intensidade. Na forma curta, são utilizadas quatroquestões para avaliar a atividade física dentro de uma semana normal. Oentrevistado relata as atividades realizadas ao longo da semana em casa, notrabalho e nas horas de lazer e descanso, a freqüência semanal e o tempo diário decada atividade. As atividades são classificadas como: 1) vigorosas (correr, fazerginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar rápido na bicicleta, jogar basquete, fazerserviços domésticos pesados em casa, no quintal ou no jardim, carregar pesoselevados); 2) moderadas (pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginásticaaeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticosna casa, no quintal ou jardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim), 3) caminhada(no trabalho ou por lazer) e; 4) sem gasto calórico (sentado assistindo TV ou lendo).À partir dessas informações, é possível estimar o gasto energético em METs.Um MET representa o consumo de oxigênio em repouso ou taxa metabólica derepouso. Uma atividade que requer o dobro de energia do repouso requer 2 MET’s eassim sucessivamente. Para o cálculo do gasto em METs, o IPAQ usa as seguintesformulas:a) caminhada MET-minuto/semanal = 3.3 * tempo diário de caminhada *freqüência semanal;b) moderado MET- minuto/semanal = 4.0 * tempo diário de atividademoderada * freqüência semanal;c) vigoroso MET- minuto/semanal = 8.0 * tempo diário de atividade vigorosa *freqüência semanal;d) total da atividade física MET- minuto/semanal = soma da Caminhado +Moderado + Vigoroso MET - minutos/semanal.


Com essas informações classificamos o indivíduo em uma das seguintescategorias:a) baixo (Low);- nenhuma atividade ou,- atividades que não se enquadram nas categorias 2 e 3,b) moderado (Moderate);Qualquer um dos critérios abaixo:- 3 ou mais dias de atividade vigorosa por no mínimo 20 minutos, ou,- 5 ou mais dias de atividade moderada e/ou caminhada de no mínimo30 minutos diários, ou,- 5 ou mais dias de qualquer combinação de caminhada, atividademoderada ou vigorosa com gasto mínimo de 600 met-min/semana,c) alto (High);Um dos dois critérios abaixo:- atividade vigorosa em no mínimo 3 dias da semana, com gastomínimo de 1500 MET-minuto/semana , ou,- 7 ou mais dias de combinação de caminhada, atividade moderada evigorosa, com gasto mínimo de 3000 met-minuto/semana (IPAQ).


3 OBJETIVOSEsta pesquisa teve como objetivo descrever os valores e classificações doperfil bioquímico de glicose sangüínea encontrado na população nipo-brasileira desegunda geração da cidade de Bauru, as classificações do nível de atividade físicaobtidas pelo International Physical Activity Questionnaire – IPAQ dessa mesmapopulação, bem como as possíveis correlações entre essas duas variáveis.


4 MATERIAL E MÉTODO4.1 Casuística e SujeitosParticiparam deste estudo 396 nipo-brasileiros de segunda geração, isto é,filhos de imigrantes japoneses nascidos no Brasil (nissei), acima de 30 anos, sendo172 homens e 224 mulheres, sem miscigenação, residentes na cidade de Bauru,constituindo uma população etnicamente estável.Todos os sujeitos do estudo participaram das atividades conduzidas peloDepartamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo, noprojeto temático: Grupo de Estudos do Diabetes na Comunidade Nipo-Brasileira –Terceira Fase. Os dados foram coletados pelo grupo nas dependências daUniversidade do Sagrado Coração (USC), de Bauru, no ano de 2005 nos meses deabril, maio e junho.4.2 Aspectos ÉticosO estudo que foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFESP,teve seu início após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido, o queocorreu após a explicação dos procedimentos do estudo por parte dospesquisadores envolvidos. Os indivíduos foram submetidos a entrevistas comaplicação de questionários padronizados, com perguntas sobre saúde, hábitosalimentares e atividade física. Após a entrevista, os indivíduos foram agendadospara realizar o exame médico e as dosagens laboratoriais.4.3 Análise BioquímicaPara a coleta de material (sangue), os participantes foram divididos em váriosgrupos e encaminhados às dependências das clínicas da USC. A cada dia um grupose apresentava de jejum noturno mínimo de 8 horas. Era explicado o procedimento aser realizado e a confirmação do período de jejum.Foram determinadas a glicemia de jejum (jejum de 10 a 14 horas) e de 2hapós sobrecarga com 75g de glicose (Teste de Tolerância a Glicose – GTT). Foideterminada a glicemia capilar antes do oferecimento da sobrecarga de glicose.Se o indivíduo estivesse com glicemia capilar de jejum maior que 200mg/dl ouem uso de insulina, era dispensado da sobrecarga de glicose, sendo submetidoapenas aos exames de jejum. As amostras de sangue para glicemia de jejum e de


2h após a sobrecarga de glicose foram colhidas em tubos Vacutainer ® , com fluoretode sódio, centrifugadas e dosadas em analisador automático (Cobas ® , Mira plus,Roche), pelo método colorimétrico glicose-oxidase-peroxidades (God-Pod), emintervalo de tempo não superior a 2 horas.A glicemia foi sempre dosada em duplicata. O controle de qualidade foi feitopor meio de dosagem de uma solução-padrão (solução aquosa de glicose), deconcentração desconhecida. A variação das dosagens das soluções-padrão, queeram trocadas semanalmente, foi inferior a 5%.As alterações da homeostase glicêmica foram classificadas segundo oscritérios propostos pela ADA (2004). As amostras de sangue para as demaisdosagens laboratoriais foram colhidas em tubos secos e após a separação do soro,congeladas e estocadas a -20°C até a dosagem no Laboratório Central do HospitalSão Paulo. Foram excluídas as amostras de indivíduos que ingeriram bebidaalcoólica nas setenta e duas horas que antecederam a coleta de sangue.4.4 Nível de Atividade FísicaO IPAQ versão curta foi aplicado nos sujeitos da pesquisa por entrevistadorexperiente e treinado, que fez as perguntas e adequou as respostas, explicandoquais tipos de atividades se enquadram nas categorias abrangidas pelo IPAQexplorando da melhor forma possível as atividades do dia-a-dia do entrevistado. Asrespostas foram anotadas na ficha de resposta. Foi escolhida a versão curta doIPAQ, pois a versão longa, pode levar a uma hiperestimativa da atividade físicasegundo Cora et al (2002). Composta por quatro questões relacionadas ao dia-dia,os dados levantados foram classificados segundo a tabela de classificação IPAQ –versão curta nas seguintes categorias:a) baixo (Low);- nenhuma atividade ou,- atividades que não se enquadram nas categorias 2 e 3,b) moderado (Moderate);Qualquer um dos critérios abaixo:- 3 ou mais dias de atividade vigorosa por no mínimo 20 minutos, ou,- 5 ou mais dias de atividade moderada e/ou caminhada de no mínimo30 minutos diários, ou,


- 5 ou mais dias de qualquer combinação de caminhada, atividademoderada ou vigorosa com gasto mínimo de 600 met-min/semana,c) alto (High);Um dos dois critérios abaixo:- atividade vigorosa em no mínimo 3 dias da semana, com gastomínimo de 1500 MET-minuto/semana , ou,- 7 ou mais dias de combinação de caminhada, atividade moderada evigorosa, com gasto mínimo de 3000 met-minuto/semana.4.5 Método de análise do estudoO estudo realizado foi de caráter descritivo transverso, descrevendo ascorrelações entre variáveis de atividade física e perfil glicêmico. Para asinterpretações das análises de correlação os indivíduos foram subdivididos porgênero. O nível de atividade física de acordo com a classificação do IPAQcentralizou os testes de correlação.4.6 Tratamento EstatísticoOs dados relativos ao perfil geral da população estudada foram submetidos anormalização e distribuição para verificação da parametria da amostra e osresultados foram apresentados de forma descritiva em média e desvio padrão. Paraa comparação entre os valores gerais obtidos para cada gênero, empregou-se oteste T student, para dados paramétricos não pareados. A classificação obtida peloIPAQ, foi realizada pela distribuição percentual dos níveis de classificação obtidos,os quais foram correlacionados com os valores bioquímicos da glicose séricaencontrados nos sujeitos da população amostral por meio de teste estatístico decorrelação simples de Pearson (Pearson Product and Moment Correlation Test).Para todo o tratamento estatístico foi empregado o pacote software estatístico,SPSS ® for Windows ® – para PC, V. 5.8.


5 RESULTADOS E DISCUSSÃONa tabela 1, podemos observar os valores médios gerais encontrados emrelação à idade, IMC e Perfil glicêmico de jejum, para os sub-grupos de homens emulheres do estudo.TABELA 1. Perfil Etário, Antropométrico e Glicemia de Jejum da Populaçãonipo-brasileira de Bauru da segunda geração.Homem(172)Mulher(224)Idade (anos) 53,54 ± 9,12 53,72 ± 8,50IMC(Kg/m²)Glicemia Jejum(mg/dl)26,05 ± 4,17 23,91 ± 3,52120,20* ± 36,84 106,20 ± 33,45* Diferença estatísticamente significativa em relação ao gênero feminino, para P ≤0,05.É possível notar que não há diferença na idade média dos homens e dasmulheres (53,54±9,12 e 53,72±8,50 anos, respectivamente), sendo que o IMCencontra-se dentro dos valores de normalidade, com ligeira porém insignificanteelevação para os homens. Contudo, a glicemia de repouso apresenta valoressensivelmente menores para o gênero feminino em relação ao masculino. Essesvalores não são esperados, uma vez que ao observarmos a Tabela 2, é possívelnotar que os percentuais mais elevados de classificação de Alta atividade física,apresentam-se entre os homens.Dessa forma, podemos sugerir que as diferenças glicêmicas encontradasentre os gêneros, possam ser atribuídas a outras variáveis que não ocomportamento motor, tais como padrão alimentar e características genéticas, osquais porém não foram avaliados no presente estudo.


Na tabela 2, observamos a distribuição do grupo pela idade e pelo nível deatividade física entre homens e mulheres:TABELA 2. Distribuição da População Nipo-brasileira de Bauru entre osgêneros, por idade e nível de atividade física.Homens (172) Mulheres (224)N % N %Idade31-40 20 11,63 26 11,6141-50 38 22,09 52 23,2151-60 70 40,70 88 39,29Acima de 60 44 25,28 58 25,89Nível de Atividade Física ¹Baixo² 102 59,30 149 61,06Moderado³ 60 34,88 64 26,23Alto 4 10 5,82 11 4,51¹ Segundo classificação do IPAQ (International Phisycal Activity Questionnaire). ² Até600 met/semana. ³ De 601 à 3000 met/semana. 4 Acima de 3000 met/semana.Ao observarmos a Tabela 2 é possível notar que os valores percentuais denível de atividade física moderado e alto são maiores para os homens, o quedemonstra menor estado de sedentarismo para este gênero quando comparadoscom as mulheres. Isso apenas fortalece a hipótese anterior na qual especulamos aspossíveis causas para uma menor glicemia entre as mulheres .Em referência aos resultados da correlação encontrada entre o Nível deAtividade Física classificado a partir do IPAQ e as concentrações glicêmicas dejejum, a Tabela 3, nos mostra uma significativa correlação inversa entre a elevação


do índice avaliado pelo IPAQ e a glicemia, demonstrando que para a populaçãomasculina, o estado de condicionamento físico, parece influenciar favoravelmente asconcentrações glicêmicas, uma vez que os percentuais de ocorrência de valoresglicêmicos abaixo de 100 mg/dl, demonstram-se percentualmente maiores entre oshomens classificados com nível de atividade física Alto.TABELA 3. Nível de Atividade Física segundo o IPAQ e concentraçãosanguínea da Glicose de jejum dos homens nipo-brasileiros desegunda geração da cidade de Bauru.Glicemia (mg/dl) =126AF N(%) N % N % n %Baixo 102 (59.3) 26 25,49 57 55,88 19 18,63Moderado 60 (34.89) 13 21,67 32 53,33 15 25Alto* 10 (5.8) 3 30 5 50 2 20Baixo: gasto energético menor que 600 met/semana; Moderado: gasto energético de600 à 3000 met/semana; Alto: gasto energético acima de 3000 met/semana. Valoresglicêmicos segundo ADA (2004). Correlação inversa (Product and MomentCorrelaction) em - 0.78 entre AF Alto e glicemia de Jejum. P ≤ 0,05.Contudo, em relação às mulheres, esses resultados não foram reproduzidos,como podemos observar na Tabela 4.


TABELA 4. Nível de Atividade Física segundo o IPAQ e concentraçãosanguínea da Glicose de jejum das mulheres nipo-brasileiros desegunda geração da cidade de Bauru.Glicemia (mg/dl) =126AF n(%) n(%) n(%) n(%)Baixo 149(66,52) 83(55,70) 51(34,23) 15(10,07)Moderado 64(28,57) 31(48,44) 29(45,31) 4(6,25)Alto 11(4,91) 4(36,36) 7(63,64) 0Baixo: gasto energético menor que 600 met/semana; Moderado: gasto energético de600 à 3000 met/semana; Alto: gasto energético acima de 3000 met/semana. Valoresglicêmicos segundo ADA (2004).Neste caso, mesmo apresentando incidência zero de glicemia acima de126mg/dl, o grupo de mulheres classificados no nível “Alto” do IPAQ, não apresentapercentual suficiente para forçar a correlação observada entre os homens.Acreditamos que essa condição, possa ser decorrente de uma falha nasensibilidade dos resultados interpretados pelo IPAQ, especialmente para asmulheres e no concernente as tarefas domésticas, onde o IPAQ pode super-estimara intensidade das atividades domésticas realizadas, classificando-as comovigorosas, elevando assim o nível de classificação do IPAQ.Finalmente, ao observarmos a relação existente entre o nível de atividadefísica e as respostas glicêmicas ao GTT, em sujeitos que desconheciam a presençado Diabetes Tipo 2, podemos observar um comportamento semelhante entrehomens e mulheres, onde o nível de atividade física, novamente aponta para umacorrelação inversamente proporcional e significativa para ambos os gêneros (-0,84para os Homens e -0,81 para as mulheres).Tabelas 5 e 6 respectivamente.


TABELA 5. Nível de Atividade Física segundo o IPAQ e Teste de Tolerância àGlicose dos homens nipo-brasileiros que desconheciam apresença de DM2, segundo AFGlicemia (mg/dl) =200AF n=123 n(76) %(61,79) n(33) %(26,83) n(14) %(11,38)Baixo 72 50 69,44 17 23,62 5 6,94Moderado 44 21 47,73 15 34,09 8 18,18Alto* 7 5 71,42 1 14,29 1 14,29*Correlação inversa (Product and Moment Correlaction) em - 0.84 entre AF Alto eglicemia de tolerância. P ≤ 0,05.TABELA 6. Nível de Atividade Física segundo o IPAQ e Teste de Tolerância àGlicose das mulheres nipo-brasileiras que desconheciam apresença de DM2, segundo AF.Glicemia (mg/dl) =200AF n=183(%) n(%) n(%) n(%)Baixo 121(66,12) 64(52,89) 46(38,02) 11(9,09)Moderado 52(28,42) 31(59,61) 17(32,69) 4(7,7)Alto* 10(5,46) 7(70) 1(10) 2(20)*Correlação inversa (Product and Moment Correlaction) em - 0.81 entre AF Alto eglicemia de tolerância. P ≤ 0,05.Essa condição pode nos indicar que independente do estado clínicoconhecido (diabéticos ou não), os praticantes de atividade física, especialmente os


classificados como nível alto, apresentam melhores respostas a tolerância glicêmicaquando comparados aos sedentários.


6 CONCLUSÃOEstudos epidemiológicos em nossa área, sobre a complexa relação daatividade física e perfil glicêmico são raros. Vários estudos indicam que a atividadefísica pode prevenir e melhorar quadros de doenças crônico-degenerativas. Opresente estudo mostra que a prática usual de atividade física pode em parte,prevenir o desenvolvimento do diabetes e dos estados pré-diabéticos na populaçãonipo-brasileira, visto que este é um grupo de risco. Isto é verdadeiro para o TTG,onde os mais ativos mostraram-se com melhor tolerância à glicose, reforçandoestudos anteriores. Mas na GPJ isto não pode ser confirmado, visto que no gênerofeminino, os resultados não foram favoráveis. O número insuficiente de mulheresativas que participaram do estudo, a super-estimativa que o questionário podeapontar e outros fatores como alimentação e genética, que não foram estudadosneste momento podem ter contribuído para esses achados.Este estudo, onde foi avaliado o perfil glicêmico e a prática usual de atividadefísica é um dos pioneiros, tendo em vista que não encontramos trabalhos similaresna área. Isto nos motiva a continuar as pesquisas e é um incentivo para que maistrabalhos sejam realizados sobre este assunto


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ANEXOIPAQ – Questionário Internacional de Atividade Física – Forma Curta1 a. Em quantos dias de uma semana normal você realiza atividades VIGOROSAS por pelomenos 10 minutos contínuos, como por exemplo correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalarrápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou no jardim,carregar pesos elevados ou qualquer coisa que faça você suar BASTANTE ou aumentem MUITO suarespiração ou batimentos do coração.Dias.............por SEMANA( ) nenhum1 b. Nos dias que você faz essas atividades vigorosas por pelo menos 10 minutos contínuos,quanto tempo no total você gasta fazendo essas atividades por dia?Horas: ............. minutos ................2 a. Em quantos dias de uma semana normal você realiza atividades MODERADAS por pelomenos 10 minutos contínuos, como por exemplo pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginásticaaeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no quintal oujardim como varrer, aspirar, cuidar do jardim ou qualquer atividade que faça você suar leve ou aumentemoderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR, NÃO INCLUA CAMINHADA).Dias.............por SEMANA( ) nenhum2 b. Nos dias que você faz essas atividades moderadas por pelo menos 10 minutoscontínuos, quanto tempo no total você gasta fazendo essas atividades por dia?Horas: ............. minutos ................3 a.Em quantos dias de uma semana normal você caminha por pelo menos 10 minutoscontínuos em casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para o outro, porlazer, por prazer ou como forma de exercício?Dias.............por SEMANA( ) nenhum3 b. Nos dias em que você caminha por pelo menos 10 minutos contínuos, quanto tempo nototal você gasta caminhando por dia?Horas: ............. minutos ................4 a. Estas ultimas perguntas são em relação ao tempo que você gasta sentados ao todo no trabalho, em casa,na escola ou faculdade e durante o tempo livre. Isto inclui o tempo que você gasta sentado no escritório ouestudando, fazendo lição de casa, visitando amigos, lendo e sentado ou deitado assistindo televisão.Quanto tempo por dia você fica sentado em um dia da semana?Horas: ............. minutos ................4 b. Quanto tempo por dia você fica sentado no final de semana?Horas: ............. minutos ................


___________________________________Aluno: <strong>JULIO</strong> <strong>MIZUNO</strong>____________________________________Orientador: CASSIANO MERUSSI NEIVABauru, 27 de novembro de 2007.

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