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7 months ago

COMUNICAÇÕES 247 - PEDRO DOMINGUINHOS O GUARDIÃO DO PRR

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a conversa “Vivi o

a conversa “Vivi o verão quente, uma experiência muito forte. Assistimos a muitas ocupações de herdades no Alentejo. Houve situações extremas, de pessoas quase enforcadas. Do ponto de vista político, isso construiu, de forma muito vincada, a minha consciência, a minha noção de justiça social, a noção de propriedade privada” 18

Porque aceitou o cargo de presidente da Comissão de Acompanhamento do PRR? A dedicação à causa pública explica toda a motivação, ou há algo mais? A dedicação à causa pública, sobretudo para um trabalhador em causas públicas como eu, é essencial. Por outro lado, o desafio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) cativa qualquer pessoa que tenha um percurso ligado ao terreno e ao território. Enquanto presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP) tive grande proximidade aos territórios, às comunidades locais. Estar ligado a um programa que quer ser realmente transformador da sociedade portuguesa motiva-o? Claro. Mas é bom sublinhar que o PRR não é uma panaceia. Um programa, por mais robusto que seja, de 22,2 mil milhões de euros, não muda a realidade, não a muda totalmente. Mas tem grande potencial. É um desafio que continuo a abraçar porque me permite cumprir algo que faz parte do meu ADN: a proximidade ao terreno, estar próximo das instituição e das pessoas. Por outro lado, a oportunidade de começar projetos novos é extraordinária. Gosto muito de estar na fase de visão, de conceção dos projetos. Por exemplo, na escola onde estamos hoje a fazer esta entrevista (Escola Superior de Ciências Empresariais do Politécnico de Setúbal) muito do mobiliário que aqui está foi adquirido por mim e por vários colegas que participaram em tudo desde o início, começando pela definição dos cadernos de encargos até à aquisição final. É a sensação de ter aqui um filho. Uma grande responsabilidade… Sim! A Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR (CNA) estava a dar os seus primeiros passos, já com a credibilidade que o professor Costa e Silva imprimiu. Eu entro numa fase em que beneficio do trabalho já feito, e consigo ir mais para o terreno. Este desafio do PRR não é um desvio da sua rota? É colocar-se na boca de cena, no meio do holofotes… É a minha primeira mudança de emprego, porque eu entrei no Politécnico de Setúbal em 1995. O convite inquietou-o? Senti-o como um desafio. Mas a primeira vez que pensei a sério no convite perguntei a mim mesmo: “Onde é que eu me estou a meter?”. Houve uma mudança, ao nível das funções, muito drástica, porque eu era muito executivo, tinha uma carga burocrática e administrativa muito forte e esta carga desapareceu. Sinto o peso de responsabilidade. Passei a ter uma função mais estratégica. Isto significa uma capacidade de reflexão, de fazer ligações entre as diferentes áreas. Sentiu medo? Não é medo, é sobretudo a noção de que, até pela independência exigida à CNA, represento os portugueses e as portuguesas. Tudo o que digo e não digo é lido pela sociedade. A responsabilidade de execução não é da Comissão Nacional de Acompanhamento, mas esta independência é fundamental. Nós representamos a sociedade civil organizada. O Estado português delegou na CNA a missão de acompanhar a execução do PRR, dando-lhe a possibilidade de emitir pareceres e recomendações. Por isso imprimi desde muito cedo uma lógica de proximidade ao terreno.... Está sempre em viagem… Sim. Temos de fazer a triangulação, porque acompanhar as movimentações num gabinete é impossível. Precisamos de falar com as pessoas que estão no terreno a executar os projetos, que sentem dificuldades mas também conquistas diárias, e triangular com os vários ministérios ou responsáveis governamentais que podem imprimir maior celeridade, autorizar a contratação e a despesa, fazer as alterações legislativas. No fundo, está a aproximar todas as partes para criar valor, indo para o terreno sempre que possível. Aquilo que aprendi desde muito cedo é que, quando falamos uns com os outros, conseguimos resolver a maioria das dificuldades e dos problemas que enfrentamos. Por outro lado, sendo eu alentejano, desde muito cedo percebi que a questão do território é essencial e que precisamos de dar voz às pessoas. Fazer política a partir de um gabinete, de um relatório, é inviável. A minha chefe de gabinete, Dra. Sandra Pinto, costuma dizer que, em muitos dos organismos em Portugal, falta uma função essencial: a pessoa que faz a ligação entre os vários pontos. Connecting the dots – em inglês soa melhor! Um gestor de relações. É uma espécie de capital social… Não num sentido financeiro, mas na capacidade de mobilizar relações, fruto da credibilidade. Acha que foi por isso que foi escolhido para este lugar? Não sei, só o Primeiro Ministro poderá dizer. Voltando atrás, para recomeçar esta conversa pelo princípio. Como foram os seus tempos primordiais no Alentejo? A minha vida no Alentejo foi muito saudável, sem 19

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