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COMUNICAÇÕES 247 - PEDRO DOMINGUINHOS O GUARDIÃO DO PRR

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em destaque 36

em destaque 36 Washington já avançou com linhas orientadoras para o desenvolvimento de políticas e regras para testar os sistemas de IA, muitas das quais se enquadram mesmo no espírito da proposta do regulamento europeu de IA. E tem conseguido obter das big tech um compromisso no sentido de um desenvolvimento seguro e transparente da IA, assente no que considera serem os três princípios essenciais para o futuro desta tecnologia: segurança, proteção e confiança. É que a realidade mostra que a IA está cada vez mais presente em tudo, integrada nas ferramentas, soluções e nos sistemas operativos dos dispositivos. As mais recentes previsões da consultora Forrester indicam que a IA generativa terá um crescimento anual de 36% até 2030, num reforço sem precedentes impulsionado pela procura, quer para aplicações especializadas, quer para casos de utilização generalizada. Antecipa ainda que este boom deverá abrir novas oportunidades de receitas, mesmo para empresas que não estejam a utilizar a IA generativa para a automação ou o desenvolvimento de produtos. No mercado, multiplicam-se os anúncios de novas ofertas, cada vez mais personalizadas. Como as notícias recentes da gigante Microsoft, que apostou forte na OpenAI e tem vindo a trabalhar com a criadora do ChatGPT no seu desenvolvimento. Assim, lançou mundialmente o seu assistente de IA generativa, o Copilot, disponibilizado sem custos com a atualização do Windows 11, e tem cerca de 150 novas ferramentas que garante que vão mudar a forma como os utilizadores interagem as aplicações de produtividade do seu sistema operativo. Dias antes, a Google tinha anunciado uma nova versão do Bard, que passou a contemplar mais de 40 idiomas. Esta nova versão faz ainda ligação ao Gmail, Maps, Youtube e Google Flights e Hotels, num modelo de IA generativa que ‘aprende’ com os utilizadores e evolui de acordo com as suas necessidades. Já disponível sem limitações, tem como objetivo ser um “instrumento de verdadeira colaboração”. Mas outras grandes concorrentes estão prestes a lançar as suas próprias plataformas de IA generativa. A Amazon fez um investimento até 4 mil milhões de dólares na Anthropic, fundada por ex-colaboradores da OpenAI, que vai usar os serviços cloud da Amazon para Na corrida global ao desenvolvimento de soluções e plataformas de IA, os investimentos são massivos treinar os seus modelos de IA. A Meta também está a trabalhar numa poderosa plataforma de IA, a lançar em 2024, assente num novo modelo de linguagem, que rivalizará com a tecnologia mais avançada da OpenAI. Esta, por sua vez, anunciou uma grande atualização no ChatGPT, que vai passar a ter chatbot para conversações de voz com os utilizadores e funcionalidades de imagens. A alemã SAP tornou público o seu novo assistente de IA generativa, o ‘Joule’, um copiloto para os negócios, incorporado, a partir de novembro, em todas as aplicações do grupo. O investimento em IA é também prioritário para muitas outras gigantes. Incluindo as denominadas ‘big five’ de consultoria. A EY foi a primeira tornar pública, a 15 de setembro, a sua plataforma de IA, que chamou de ‘EY.ai EYQ’, depois de um investimento de 1,4 mil milhões de dólares nos últimos 18 meses. Como adiantou o seu CEO e presidente, “o momento da IA é agora. Todas as empresas estão a considerar a forma como será integrada nas operações e o seu impacto no futuro”. Outras concorrentes estão a avançar: a KPMG tem em curso um investimento de dois mil milhões de dólares em serviços de IA e cloud a cinco anos; a Accenture avançou com 3 mil milhões de dólares para ajudar os clientes a reinventarem-se com a IA; a PwC está a investir três mil milhões de dólares a três anos; e, em dezembro do ano passado, a Deloitte já tinha anunciado estar a desenvolver, com 1,4 mil milhões de dólares, novos serviços baseados em IA. Há muito dinheiro a ser investido. É o caso recente da Capgemini, que tem dois mil milhões de euros a três anos para acelerar a sua transição com a IA generativa. Sem falar das compras de outras empresas e dos anúncios de parcerias, que todos os dias se multiplicam. Afinal, como antecipava há semanas o líder da Google, numa carta aberta a comemorar os 25 anos da gigante, espera-se que a IA traga uma revolução maior que a chegada da internet, sendo o maior desafio futuro do mundo. Os próximos tempos o dirão.•

DIFERENTES REGRAS PARA DIFERENTES NÍVEIS DE RISCO A VERSÃO FINAL do AI Act, aprovada no início de junho pelo Parlamento Europeu, teve como prioridade assegurar que os sistemas de IA usados no espaço comunitário são seguros, transparentes, rastreáveis e não discriminatórios, além de respeitarem o ambiente. Devem ainda ser supervisionados por pessoas e não por automação, evitando desta forma eventuais resultados prejudiciais. Pretendeu-se ainda estabelecer uma definição uniforme e neutra em termos tecnológicos para a IA, que possa ser aplicada a futuros sistemas que sejam criados. Na altura da aprovação do documento, o PE explicava que a regulamentação define obrigações para fornecedores e utilizadores de acordo com o nível de risco de cada solução assente em IA. No topo da pirâmide está o ‘risco inaceitável’, o que abrange sistemas de IA que são considerados uma ameaça para as pessoas e, por isso, proibidos. E cita casos de sistemas de manipulação cognitivo-comportamental de pessoas ou grupos vulneráveis específicos; classificação social; ou identificação biométrica em tempo real e à distância. Mas há exceções permitidas, nomeadamente para crimes graves, mas sempre depois da aprovação do tribunal. Já no ‘alto risco’ incluem-se os sistemas de IA que afetam negativamente a segurança ou os direitos fundamentais. São classificados em duas categorias: sistemas de IA utilizados em produtos abrangidos pela legislação da UE em matéria de segurança dos produtos (como brinquedos, aviação, automóveis, dispositivos médicos e elevadores); e sistemas de IA que se enquadram em oito áreas específicas que terão de ser registados numa base de dados da UE - identificação biométrica e categorização de pessoas singulares, gestão e funcionamento de infraestruturas críticas, educação e formação profissional, emprego, gestão dos trabalhadores e acesso ao trabalho independente, acesso e usufruto de serviços privados essenciais e de serviços e benefícios públicos, aplicação da lei, gestão da migração, do asilo e do controlo das fronteiras e assistência na interpretação jurídica e na aplicação da lei. Todos têm de ser avaliados antes de serem colocados no mercado e ao longo do seu ciclo de vida. Na categoria de ‘risco limitado’ estão todos os sistemas de IA que tenham de cumprir requisitos mínimos de transparência, para que os utilizadores tomem decisões informadas. Assim, devem ser alertados para o facto de estarem a interagir com a IA, o que inclui sistemas que geram ou manipulam conteúdos de imagem, áudio ou vídeo, como as deepfakes. Relativamente à IA generativa, os sistemas terão de cumprir requisitos de transparência, nomeadamente: revelar que o conteúdo foi gerado pela IA; conceber o modelo para evitar que este gere conteúdos ilegais, e publicar resumos dos dados protegidos por direitos de autor utilizados para a formação. Em paralelo, e porque se reconhece a necessidade de impulsionar a inovação nesta tecnologia, está prevista a criação de sandboxes regulatórias e medidas de apoio às startups. A proposta preconiza ainda a criação de um Comité Europeu da Inteligência Artificial, que supervisionará a aplicação do regulamento e garantirá uma aplicação uniforme em toda a UE. Este organismo emitirá pareceres e recomendações e fornecerá orientações às autoridades nacionais. Estão também previstas penalidades pesadas por não conformidade. Para as empresas, as coimas poderão atingir 30 milhões de euros ou 6% das receitas globais. Sendo que a apresentação de documentação falsa ou enganosa aos reguladores também pode resultar em coimas.• 37

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