Deputados em - Inkover
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Além de Arruda e Durval Barbosa,<br />
aparec<strong>em</strong> no inquérito da PF vários outros<br />
políticos, incluindo o vice-governador do DF,<br />
Paulo Octávio. Segundo a investigação,<br />
Arruda recebia dinheiro de <strong>em</strong>presas privadas<br />
a cada 15 dias e ficava com 40% do total.<br />
Octávio, prossegue a PF, ficava com 30% e<br />
também recebiam dinheiro o chefe da Casa<br />
Civil de Arruda, José Geraldo Maciel, e o<br />
assessor de imprensa do governo, Omézio<br />
Pontes. O chefe de gabinete de Arruda, Fábio<br />
Simão, o conselheiro do Tribunal de Contas<br />
do DF Domingos Lamoglia e o secretário de<br />
Educação, Luiz Valente, também aparec<strong>em</strong><br />
na investigação.<br />
Além deles, aparec<strong>em</strong> na apuração<br />
da PF dez dos 24 deputados distritais do DF.<br />
Arruda e três desses deputados foram<br />
flagrados recebendo dinheiro <strong>em</strong> vídeos que<br />
deram proporções gigantescas à investigação.<br />
Combate à corrupção não avança<br />
Indicadores de corrupção utilizados<br />
pelos principais institutos internacionais<br />
mostram que, nos últimos dez anos, o Brasil<br />
não conseguiu melhorar seu des<strong>em</strong>penho<br />
nesse quesito. Em algumas pesquisas, inclusive,<br />
a realidade brasileira piorou no período.<br />
De acordo com levantamento feito<br />
pela BBC Brasil, o país chegou a melhorar sua<br />
posição <strong>em</strong> alguns rankings – <strong>em</strong> geral porque<br />
os institutos ampliaram o número de países<br />
avaliados, incluindo governos menos<br />
d<strong>em</strong>ocráticos e transparentes.<br />
Em termos absolutos, porém, não<br />
houve melhora das notas obtidas pelo Brasil<br />
nos últimos anos.<br />
No Índice de Percepção da<br />
Corrupção divulgado anualmente pela ONG<br />
Transparência Internacional e considerado<br />
um dos principais indicadores, a nota do Brasil<br />
caiu de 4,1 <strong>em</strong> 1999 para 3,7 este ano.<br />
O levantamento é feito com base na<br />
percepção de especialistas e <strong>em</strong>presários locais<br />
sobre o grau de corrupção na esfera pública<br />
de seu país. Pontuações abaixo de 5 indicam<br />
probl<strong>em</strong>as sérios de corrupção.<br />
Outro indicador que mostra a piora<br />
do des<strong>em</strong>penho brasileiro é o Índice de<br />
Liberdade Econômica, elaborado pela<br />
Heritage Foundation. Segundo a edição de<br />
2009, o Brasil está 35% “livre da corrupção”,<br />
praticamente estável <strong>em</strong> relação a 1999.<br />
Já o indicador do Banco Mundial –<br />
que considera não apenas a percepção, mas<br />
dados coletados <strong>em</strong> mais de 200 países que<br />
indicam o nível de combate à corrupção – o<br />
Brasil manteve-se praticamente estável de<br />
1998 a 2008.<br />
Professor Roberto Romano<br />
Melhoras pontuais<br />
O coordenador de projetos da ONG<br />
Transparência Brasil (que não t<strong>em</strong> relação<br />
com a Transparência Internacional), Fabiano<br />
Angélico, discorda de que o Brasil esteja pior<br />
do que há dez anos, no quesito corrupção.<br />
“Houve melhoras pontuais e muito<br />
aquém do desejável, mas daí a dizer que o<br />
país piorou me parece uma avaliação<br />
equivocada”, diz.<br />
Como fato positivo, ele cita a criação<br />
de órgãos de controle, como a Controladoria-<br />
Geral da União e o Conselho Nacional de<br />
Justiça.<br />
“Mas se por um lado ganhamos um<br />
pouco <strong>em</strong> termos de transparência <strong>em</strong> nível<br />
federal, a situação <strong>em</strong> Estados e municípios<br />
continua péssima”, diz.<br />
Ele cita o fato de o Brasil ser um dos<br />
poucos países do mundo, entre os<br />
d<strong>em</strong>ocráticos, a não regulamentar uma lei de<br />
acesso à informação pública.<br />
“Em mais de 80 países do mundo,<br />
sendo 11 na América Latina, o funcionário<br />
público pode ser punido se não prestar a<br />
informação. No Brasil ainda não t<strong>em</strong>os isso”,<br />
diz.<br />
Percepção<br />
O cientista político e consultor das<br />
Nações Unidas <strong>em</strong> combate à corrupção,<br />
Stuart Gilman, diz que os indicadores têm um<br />
papel “fundamental” e ajudam a balizar os<br />
esforços de cada país, mas que os resultados,<br />
<strong>em</strong> geral, são interpretados “de forma<br />
superficial”.<br />
“É preciso ficar claro que esses<br />
indicadores tratam basicamente de<br />
percepção. E a percepção não mede fatos”,<br />
afirma.<br />
“Um país pode estar investigando<br />
mais e trazendo novos casos à tona, o que<br />
pode puxar o indicador para cima. E não<br />
Stuart Gilman, cientista político<br />
necessariamente o país está mais corrupto”,<br />
diz.<br />
Gilman vê como um “erro” o fato<br />
de as instituições apresentar<strong>em</strong> os resultados<br />
de corrupção <strong>em</strong> forma de ranking. “Isso<br />
estimula uma competição entre países que,<br />
na verdade, não serve para muita coisa”, diz.<br />
O ideal, segundo ele, seria que<br />
instituições dentro de um mesmo país<br />
criass<strong>em</strong> mecanismos para medir o combate<br />
à corrupção ao longo do t<strong>em</strong>po. “É mais<br />
razoável saber o que o Brasil fez <strong>em</strong> relação a<br />
escândalos anteriores do que comparar a<br />
corrupção no Brasil com a da Bolívia”, diz.<br />
“Oportunidades” para<br />
corrupção no país<br />
O rápido crescimento do Brasil nos<br />
últimos, somado a instituições que não<br />
acompanham esse movimento, cria “novas<br />
oportunidades” para a corrupção no país,<br />
segundo Stuart Gilman, cientista político e<br />
consultor das Nações Unidas no combate à<br />
corrupção.<br />
Há mais de 30 anos estudando o<br />
assunto, Gilman diz que o rápido<br />
desenvolvimento econômico do país é uma<br />
“benção que também traz maldições”.<br />
“O país se desenvolve de forma<br />
rápida, mas as instituições não acompanham.<br />
É a oportunidade para o surgimento de novos<br />
casos de corrupção”, diz.<br />
Ainda falando especificamente<br />
sobre o caso brasileiro, o consultor da ONU<br />
diz que, no país, há s<strong>em</strong>pre o risco de a<br />
“imunidade virar impunidade”, referindo-se<br />
ao fato de políticos brasileiros ter<strong>em</strong> privilégios<br />
quando acusados de algum crime.<br />
Gilman está no Brasil para uma série<br />
de eventos <strong>em</strong> com<strong>em</strong>oração ao dia mundial<br />
de combate à corrupção e des<strong>em</strong>barcou <strong>em</strong><br />
Brasília no auge dos escândalos envolvendo<br />
políticos do Distrito Federal.<br />
>>>>> Segue.<br />
EXXTRA | Dez<strong>em</strong>bro, 2009 |23 09