11.04.2013 Views

Deputados em - Inkover

Deputados em - Inkover

Deputados em - Inkover

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Oferta de propina<br />

Praticamente duas de cada cinco<br />

<strong>em</strong>presas no mundo afirmam que seus<br />

executivos já foram solicitados a pagar propina<br />

ao lidar com instituições públicas. Esta é uma<br />

das constatações do Relatório Global de<br />

Corrupção 2009, publicado anualmente pela<br />

ONG Transparência Internacional sobre a<br />

corrupção no setor privado.<br />

Segundo o estudo, que classifica a<br />

escala e o alcance do suborno nos negócios<br />

de “desconcertante”, a corrupção aumenta<br />

os custos de projetos <strong>em</strong>, no mínimo, 10%.<br />

Uma <strong>em</strong> cada cinco <strong>em</strong>presas alega ter<br />

perdido negócios devido a pagamentos de<br />

propina por parte de um concorrente e mais<br />

de um terço delas percebe um aumento da<br />

corrupção no período analisado.<br />

Projeto anticorrupção no Congresso<br />

Quase 70 projetos de lei que tratam<br />

da prevenção e combate à corrupção ainda<br />

aguardam votação no Congresso Nacional.<br />

Atualmente, 13 das propostas que tratam do<br />

t<strong>em</strong>a estão prontas para votação <strong>em</strong> plenário<br />

da Câmara dos <strong>Deputados</strong>. Apesar disso, desde<br />

agosto do ano passado, quando o Contas<br />

Abertas relacionou as proposições legislativas,<br />

apenas uma foi aprovada. O único projeto<br />

aprovado, <strong>em</strong> maio deste ano, foi a Lei<br />

Compl<strong>em</strong>entar 131 obrigará os governos<br />

federal, estaduais e municipais a divulgar<br />

“informações pormenorizadas” sobre a<br />

execução orçamentária e financeira a partir<br />

do ano que v<strong>em</strong>.<br />

O relatório não traz um ranking da<br />

corrupção, mas cita que “<strong>em</strong>presas na Índia,<br />

China e no Brasil são avaliadas pelos seus pares<br />

como as mais corruptas na realização de<br />

negócios no exterior”.<br />

Segundo Roberto Romano, a<br />

consequência imediata da propina é o<br />

prejuízo de uma <strong>em</strong>presa que deveria estar<br />

<strong>em</strong> igualdade de condições, mas que, <strong>em</strong> razão<br />

do suborno, acaba por perder uma licitação.<br />

“Mas o pior dano acaba sendo mesmo ao<br />

contribuinte, que paga impostos e não recebe<br />

isso <strong>em</strong> benefício próprio”, afirma.<br />

Um ex<strong>em</strong>plo, diz o professor, é a<br />

fraude <strong>em</strong> uma licitação na área da saúde.<br />

“Se o dinheiro que deveria ser gasto é utilizado<br />

para pagar o intermediador da fraude, isso<br />

significa menos r<strong>em</strong>édios, menos leitos. Então,<br />

não é aquilo que é mais visível que é o mais<br />

nocivo.”<br />

O relatório cita que “somente nos<br />

países <strong>em</strong> desenvolvimento e <strong>em</strong> transição,<br />

políticos e funcionários do governo corruptos<br />

receb<strong>em</strong> propinas estimadas entre US$ 20 a<br />

40 bilhões por ano – o que equivale a<br />

aproximadamente 20% a 40% do subsídio<br />

oficial para o desenvolvimento”.<br />

Além dos prejuízos monetários, a<br />

pesquisa cita outros ex<strong>em</strong>plos, como “a falta<br />

de água na Espanha, a exploração da mãode-obra<br />

na China, ou o desmatamento ilegal<br />

na Indonésia, até o uso de medicamentos<br />

inseguros na Nigéria e prédios de má<br />

construção na Turquia que desabam,<br />

provocando mortes”.<br />

Nepotismo e lobby<br />

O probl<strong>em</strong>a da corrupção, no<br />

entanto, é mais amplo e mais sutil do que o<br />

pagamento de propinas, diz o levantamento.<br />

Entre os grandes obstáculos ao crescimento<br />

econômico mundial citados estão o<br />

nepotismo e o oportunismo de<br />

administradores que abusam dos poderes que<br />

lhe são confiados para ganho pessoal. “A<br />

corrupção no mercado impede a<br />

concorrência leal, os preços justos e a eficiência<br />

no mundo inteiro”, avalia a pesquisa.<br />

O relatório diz ainda que sist<strong>em</strong>as<br />

de articulação continuam fortes entre<br />

<strong>em</strong>presas e governos, tanto nos países <strong>em</strong><br />

desenvolvimento como nos países<br />

industrializados, com crescente risco de<br />

influência desproporcional devido à formação<br />

de lobbies <strong>em</strong>presariais. Conforme o estudo,<br />

no Reino Unido, estima-se que <strong>em</strong>presas com<br />

vínculos políticos respondam por quase 40%<br />

da capitalização do mercado – um nível que<br />

aumenta para 80% na Rússia. Nos Estados<br />

Unidos, as despesas das <strong>em</strong>presas com lobby<br />

aumentaram fort<strong>em</strong>ente e, no nível<br />

governamental, somam <strong>em</strong> média US$ 200<br />

mil por legislador, enquanto cinco lobistas<br />

compet<strong>em</strong> pela atenção de cada legislador.<br />

“A d<strong>em</strong>ocracia não se mede pelo<br />

regime político”, afirma Romano. “Existe um<br />

projeto na Câmara para regularizar o lobby<br />

no Brasil, mas está na gaveta. É que, a partir<br />

do momento <strong>em</strong> que se normatizar, tudo o<br />

que for conseguido fora dessas normas vai ser<br />

muito difícil de não pegar. Hoje tudo é feito<br />

às escuras, o deputado é cassado às escuras”,<br />

critica.<br />

Para o filósofo, ainda há muito a ser<br />

feito no combate à corrupção. “Hoje t<strong>em</strong>os<br />

boas iniciativas, como o Contas Abertas, o<br />

trabalho de grupos de juízes e do próprio<br />

Ministério Público, <strong>em</strong> que parte dos políticos<br />

vive querendo colocar mordaça exatamente<br />

por causa das investigações. Mas é preciso um<br />

cidadão vigilante”, afirma.<br />

Essa também é uma das conclusões<br />

do relatório: de que o combate à corrupção<br />

não cabe somente às <strong>em</strong>presas. Por isso, a<br />

ONG pede que o setor público reconheça que<br />

os riscos de corrupção começam com o<br />

suborno, que os governos concentr<strong>em</strong>-se nas<br />

possibilidades regulatórias e na cooperação<br />

internacional e que a sociedade civil adquira<br />

plena consciência de que a corrupção <strong>em</strong><br />

<strong>em</strong>presas é a orig<strong>em</strong> de muitos outros<br />

probl<strong>em</strong>as sociais.<br />

>>>>> Segue.<br />

EXXTRA | Dez<strong>em</strong>bro, 2009 | 25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!