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Introdução ao Pentateuco, da aula em PowerPoint to PDF.

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I. INTRODUÇÃO GERAL AO PENTATEUCO<br />

A tradição ju<strong>da</strong>ica s<strong>em</strong>pre viu <strong>em</strong> Moisés o au<strong>to</strong>r do <strong>Pentateuco</strong>. Esta tradição levou naturalmente<br />

à designação do <strong>Pentateuco</strong> como “os cinco livros de Moisés”. Conseqüent<strong>em</strong>ente, os rabinos<br />

fizeram de Moisés, o au<strong>to</strong>r não só <strong>da</strong> Torá escrita (Lei), mas também <strong>da</strong> “Torá oral“. O Antigo<br />

Testamen<strong>to</strong> só atribui a Moisés o “código <strong>da</strong> aliança” (Ex 24,4), o “decálogo cultual” (Ex 34,27), o<br />

grande discurso histórico e legislativo do Deuteronômio (Dt 1,1.5; 4,45; 31,9.24; etc.), assim como<br />

algumas perícopes menores (Ex 17,14; Nm 33,2; Dt 31,30; etc.). Portan<strong>to</strong>, antes de tudo, a Lei<br />

estava associa<strong>da</strong> à pessoa de Moisés (também Ml 3,22; Esd 3,2; 7,6; 2Cr 25,4; 35,12; etc.), mas<br />

só a partir do período pós-bíblico o <strong>Pentateuco</strong> como um <strong>to</strong>do lhe foi atribuído, concepção que<br />

predominou até o século XVIII.<br />

Contudo, muitas contradições pod<strong>em</strong> ser observa<strong>da</strong>s no tex<strong>to</strong> e revelam sua complexa orig<strong>em</strong>,<br />

proveniente de fontes diversas: quan<strong>to</strong>s pares de animais de ca<strong>da</strong> espécie Noé levou <strong>em</strong> sua<br />

arca? Um (Gn 7,15) ou sete (7,2)? Quan<strong>to</strong>s dias durou o dilúvio? Quarenta (Gn 8,6) ou cen<strong>to</strong> e<br />

cinqüenta (8,3)? Por que Jacó foi para a Mesopotânia? Para escapar <strong>da</strong> vingança de Esaú (Gn<br />

27,41-45) ou para encontrar uma mulher de sua própria raça (27,46-28,5)? José foi levado <strong>ao</strong> Egi<strong>to</strong><br />

por uma caravana de ismaelitas (Gn 37,27) ou de madianitas (37,28)? O <strong>Pentateuco</strong> compreende<br />

também dois rela<strong>to</strong>s <strong>da</strong> criação (Gn 1,1-2,4a e 2,4b-25), dois rela<strong>to</strong>s <strong>da</strong> aliança com Abraão (Gn 15<br />

e 17), dois rela<strong>to</strong>s <strong>da</strong> expulsão de Agar (Gn 16 e 21,9-21), dois rela<strong>to</strong>s <strong>da</strong> vocação de Moisés (Ex<br />

3,1-4,17 e 6,2-7,7), duas menções do Decálogo (Ex 20,2-17 e Dt 5,6-21), três rela<strong>to</strong>s de Sara<br />

entregue <strong>ao</strong> harém de um rei estrangeiro (Gn 12, 10-20 e 20 e 26,6-14), etc.<br />

Entretan<strong>to</strong>, não foram somente esses anacronismos que despertaram a desconfiança a respei<strong>to</strong> <strong>da</strong><br />

atribuição tradicional do <strong>Pentateuco</strong> a Moisés. Foram, s<strong>em</strong> dúvi<strong>da</strong>, as observações que depend<strong>em</strong><br />

<strong>da</strong> lógica literária que levaram os exegetas a levantar a questão <strong>da</strong>s “fontes”. Uma maneira<br />

bastante óbvia de tentar resolver o probl<strong>em</strong>a <strong>da</strong>s “contradições, dos dobletes” (mais de uma versão<br />

para o mesmo fa<strong>to</strong>) e <strong>da</strong>s diferenças de estilo foi atribuir as passagens <strong>em</strong> confli<strong>to</strong> a fontes,<br />

documen<strong>to</strong>s ou cama<strong>da</strong>s re<strong>da</strong>cionais diferentes. No próximo número aprofun<strong>da</strong>r<strong>em</strong>os mais esta<br />

questão.<br />

1. A FORMAÇÃO DO PENTATEUCO<br />

No <strong>Pentateuco</strong>, é gritante o recurso variável dos narradores a “Javé” e a “Eloim” para falar de Deus.<br />

O aparecimen<strong>to</strong> de dois nomes diferentes <strong>da</strong>dos a Deus levou H. B. Witter (1711) a sugerir duas<br />

fontes distintas, transmiti<strong>da</strong>s a Moisés pela tradição oral. To<strong>da</strong>via, o critério dos dois nomes divinos<br />

somente foi plenamente explorado por Astruc e por Eichhorn, por volta de 1760. Eles propuseram<br />

que deve-se distinguir dois documen<strong>to</strong>s, um dos quais <strong>em</strong>prega o nome divino de “Iahweh”<br />

(“Documen<strong>to</strong> Javista”) e o outro, o nome de “Eloim” (“Documen<strong>to</strong> Eloísta”). Tais documen<strong>to</strong>s seriam<br />

oriundos de fontes preexistentes, compilados por Moisés.<br />

A partir <strong>da</strong>í, muitas questões se impuseram: “como, precisamente, teria sido feita essa<br />

transmissão, sob que forma dev<strong>em</strong> ser imaginados os documen<strong>to</strong>s transmitidos, e o que continham<br />

precisamente esses documen<strong>to</strong>s, e como foram reunidos no conjun<strong>to</strong> chamado <strong>Pentateuco</strong>?” (De<br />

Pury/T. Römer). Para tentar responder a essas questões e explicar a presença de fragmen<strong>to</strong>s<br />

literários de proveniências diversas num único rela<strong>to</strong>, nos séculos seguintes, surgiram três<br />

hipóteses: a “documentária”, a dos “fragmen<strong>to</strong>s” e a “dos compl<strong>em</strong>en<strong>to</strong>s”.<br />

A teoria documentária afirmava haver na base do <strong>Pentateuco</strong> duas, três e até quatro tramas<br />

narrativas contínuas (“fontes” ou “documen<strong>to</strong>s”) que, redigi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> épocas diferentes e <strong>em</strong> meios<br />

diferentes, teriam sido justapostas umas às outras por sucessivos re<strong>da</strong><strong>to</strong>res. A questão foi<br />

coloca<strong>da</strong>, mas a solução proposta quan<strong>to</strong> à formação do <strong>Pentateuco</strong> continuou ain<strong>da</strong> mui<strong>to</strong> vaga.<br />

Posteriormente, essa teoria será reformula<strong>da</strong> por Graf e Wellhausen, como se verá no próximo<br />

artigo.<br />

A teoria dos “fragmen<strong>to</strong>s” asseverava que originalmente existia um número indeterminado de<br />

rela<strong>to</strong>s esparsos e de tex<strong>to</strong>s isolados (s<strong>em</strong> continui<strong>da</strong>de narrativa). Estes teriam sido reunidos<br />

ulteriormente por um ou vários re<strong>da</strong><strong>to</strong>res-compiladores. Portan<strong>to</strong>, o <strong>Pentateuco</strong> não seria fru<strong>to</strong> de<br />

uma compilação de “documen<strong>to</strong>s”, mas de fragmen<strong>to</strong>s de fontes escritas. “Essa teoria expressa um<br />

dos dois extr<strong>em</strong>os entre os quais se move a crítica do <strong>Pentateuco</strong>; um dos extr<strong>em</strong>os é a uni<strong>da</strong>de<br />

óbvia de suas fontes, <strong>ao</strong> passo que o outro é a igualmente óbvia diversi<strong>da</strong>de, que <strong>to</strong>rna a uni<strong>da</strong>de<br />

imperfeita” (J. L. McKenzie).<br />

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