12.04.2013 Views

Introdução ao Pentateuco, da aula em PowerPoint to PDF.

Introdução ao Pentateuco, da aula em PowerPoint to PDF.

Introdução ao Pentateuco, da aula em PowerPoint to PDF.

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O Deuteronômio insiste que Iahweh é Aquele que guar<strong>da</strong> a Aliança e a misericórdia para com os<br />

que o amam (7,9.12); Ele é o Deus fiel, que faz conhecer sua Aliança (4,13) ou ain<strong>da</strong> que<br />

estabelece sua Aliança (8,18). Contudo, não obstante a fideli<strong>da</strong>de de Deus, infelizmente paira <strong>em</strong><br />

<strong>to</strong>do o livro grande inquietação: Israel pode transgredir a Aliança (17,2), romper a Aliança<br />

(31,16.20), abandonar a Aliança (29,24), esquecer a Aliança (4,31). O livro põe assim <strong>em</strong> relevo a<br />

liber<strong>da</strong>de de escolha do povo perante Iahweh e a fragili<strong>da</strong>de de sua adesão <strong>ao</strong> proje<strong>to</strong> de Deus.<br />

Essa inquietação nasce <strong>da</strong> experiência real <strong>da</strong> constante infideli<strong>da</strong>de do povo. Daí que a exortação<br />

à obediência à Lei confirma uma situação de desobediência generaliza<strong>da</strong>. Essa é a questão que<br />

está no cerne do Deuteronômio.<br />

O Deuteronômio é o Livro <strong>da</strong> Aliança. Mas, de algum t<strong>em</strong>po para cá, se começou a pensar que na<br />

sua estrutura ele se aproximava dos tratados de vassalag<strong>em</strong> então <strong>em</strong> uso. Já se sabia pelos<br />

próprios tex<strong>to</strong>s bíblicos que a aliança na linguag<strong>em</strong> dos homens do Oriente antigo designava uma<br />

reali<strong>da</strong>de político-religiosa: “O estudo <strong>da</strong> aliança como reali<strong>da</strong>de político-religiosa se enriqueceu no<br />

decorrer dos anos, com o conhecimen<strong>to</strong> dos tratados de aliança celebrados entre soberanos do<br />

Oriente antigo nos séculos XIV-XIII, dos tratados aramaicos (séc. VIII), dos tratados assírios (séc.<br />

VII). Esses tex<strong>to</strong>s pod<strong>em</strong> dividir-se <strong>em</strong> dois grupos: os tratados entre iguais e os tratados de<br />

vassalag<strong>em</strong> constituindo estes últimos o grupo mais importante” (J. Briend).<br />

De fa<strong>to</strong>, encontra-se no Oriente antigo, apesar <strong>da</strong>s variações, a mesma estrutura dos tratados de<br />

vassalag<strong>em</strong>: pode-se falar do gênero literário “formulário de Aliança” que seria comum a <strong>to</strong><strong>da</strong>s as<br />

cortes reais. Entretan<strong>to</strong>, esse “formulário”, tal como é conhecido, não se aplica diretamente <strong>ao</strong><br />

Deuteronômio. Compreende-se isso s<strong>em</strong> dificul<strong>da</strong>de admitindo-se que se pode passar de uma<br />

linguag<strong>em</strong> política e religiosa para uma linguag<strong>em</strong> propriamente teológica. Essa passag<strong>em</strong> não se<br />

faz s<strong>em</strong> rupturas, <strong>da</strong>s quais uma <strong>da</strong>s mais claras é que Deus não pode ser test<strong>em</strong>unha n<strong>em</strong><br />

mediador, como <strong>em</strong> Oséias 2,20; na Aliança, Ele é parceiro.<br />

Em que consiste afinal a Aliança? Não se trata de um acordo bilateral entre iguais, como nos<br />

“tratados de vassalag<strong>em</strong>”, que abor<strong>da</strong>mos no artigo anterior. Ora, no Deuteronômio, é evidente a<br />

distância entre as partes: Iahweh e Israel. O povo de Deus s<strong>em</strong>pre teve consciência <strong>da</strong><br />

transcendência de Iahweh. Ele sabe que é Deus qu<strong>em</strong> <strong>to</strong>ma a iniciativa, mas deixa Seu povo livre<br />

para decidir se aceita ou não essa escolha (Dt 30,15-20). Por que o Deuteronômio desenvolveu<br />

uma teologia <strong>da</strong> Aliança e utilizou o “formulário <strong>da</strong> Aliança”? Aceitando ser esse livro obra do Reino<br />

do Norte, encontramos duas respostas que se completam mutuamente: os últimos anos do reino<br />

do Norte mostraram que as alianças políticas só levaram <strong>ao</strong> desastre.<br />

Oséias condenou essas alianças (Os 10,4;12,2) e disso o Deuteronômio era conhecedor; por isso,<br />

repete uma antiga condenação <strong>da</strong>s alianças referente à época <strong>da</strong> conquista (Dt 7,2; Ex 23,32;<br />

34,12.15; Jz 2,2). Israel é cônscio de que foi sua infideli<strong>da</strong>de a Iahweh que levou à que<strong>da</strong> o Reino<br />

do Norte. A segun<strong>da</strong> resposta é uma conseqüência <strong>da</strong> primeira: o Reino do Norte tinha conservado<br />

a tradição de uma Aliança entre as tribos <strong>em</strong> Siquém (Js 24). Oséias conheceu uma Aliança<br />

s<strong>em</strong>elhante, de uma dimensão religiosa inegável (Os 6,7). O livro do Deuteronômio herdou alguns<br />

materiais provenientes desse modelo de Aliança, de uma Aliança entre tribos; reconhecendo<br />

lahweh como Deus de Israel, passa-se para uma Aliança entre lahweh e Israel. Essa linguag<strong>em</strong><br />

teológica teve um len<strong>to</strong> amadurecimen<strong>to</strong>, mas podia apoiar-se na existência de uma relação com<br />

Deus, estabeleci<strong>da</strong> há mui<strong>to</strong> t<strong>em</strong>po; uma tradição de Aliança que esperava apenas ser<br />

reinterpreta<strong>da</strong> <strong>em</strong> função dos acontecimen<strong>to</strong>s de uma época mais recente.<br />

O livro do Deuteronômio insiste que, na Aliança, Deus é o parceiro de Israel. Essa diferença<br />

fun<strong>da</strong>mental, <strong>em</strong> relação <strong>ao</strong>s “tratados de vassalag<strong>em</strong>”, acarreta outras igualmente substanciais, e<br />

que diz<strong>em</strong> respei<strong>to</strong> de modo particular à natureza <strong>da</strong> relação entre Iahweh e Seu povo. Ora, de um<br />

lado, Iahweh foi qu<strong>em</strong> <strong>to</strong>mou a iniciativa <strong>da</strong> Aliança <strong>em</strong> relação às tribos que viriam a constituir o<br />

povo elei<strong>to</strong>. Por isso, no Deuteronômio, são abun<strong>da</strong>ntes os adjetivos possessivos para expressar<br />

essa reali<strong>da</strong>de: nos lábios de Iahweh enfatiza-se a “Minha Aliança“; <strong>ao</strong> passo que o povo s<strong>em</strong>pre<br />

r<strong>em</strong>eterá a Aliança a Iahweh pelo <strong>em</strong>prego de “Tua Aliança” ou “Sua Aliança (a Aliança Dele)”. Por<br />

outro lado, trata-se de um relacionamen<strong>to</strong>; o que exige a existência de dois parceiros. De fa<strong>to</strong>, <strong>da</strong><br />

Aliança decorr<strong>em</strong> obrigações para Israel. Tais obrigações pod<strong>em</strong> se resumir <strong>em</strong> “ouvir a voz do<br />

Senhor seu Deus e praticar os Seus man<strong>da</strong>men<strong>to</strong>s“. Esse foi o grande desafio para Israel <strong>ao</strong> longo<br />

de <strong>to</strong><strong>da</strong> a sua história. E o livro do Deuteronômio quer ser, pois, uma reflexão madura e realista<br />

sobre o por quê dessa infideli<strong>da</strong>de, e lançar uma luz para que se re<strong>to</strong>me o radicalismo de se viver a<br />

Aliança qual única alternativa de sua subsistência como “povo de Deus e nação santa”.<br />

8

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!