água - Roteiro Brasília
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Ano IX • nº 182<br />
Julho de 2010<br />
R$ 5,90
em poucas palavras<br />
Agora que os termômetros já registram temperaturas mais<br />
baixas, os dias e noites de inverno começam a sugerir comidas<br />
mais alentadas em ambientes aconchegantes, de preferência<br />
acompanhadas de bons vinhos. Felizmente, esta nova estação<br />
chega com muitas novidades na gastronomia brasiliense, em<br />
número suficiente para alegrar apreciadores de todo tipo de<br />
comida.<br />
De cara, vem aí a terceira edição do Restaurant Week, um<br />
festival de duas semanas que desafia os chefs da cidade a criar<br />
menus completos – entrada, prato principal e sobremesa –<br />
a preços fixos: R$ 27,50 no almoço e R$ 39 no jantar. Nada<br />
menos que 80 casas da cidade toparam participar e antecipam<br />
para a <strong>Roteiro</strong> as delícias em andamento, disponíveis para o<br />
público do dia 19 até 1º de agosto (página 6).<br />
Se cardápios de 80 restaurantes não forem motivo suficiente<br />
para sair de casa nesse friozinho, temos inúmeras outras<br />
sugestões. Uma delas é experimentar o Camarão Bombaim,<br />
prato que acaba de ser admitido pela Associação dos Restaurantes<br />
da Boa Lembrança, um clube seleto de 96 casas brasileiras<br />
do qual é membro agora o Oliver, do Clube de Golfe.<br />
O repórter Eduardo Oliveira conversou com o empresário<br />
Rodrigo Freire e conta a história do difícil ingresso nesse clube,<br />
além de receber dele a receita do prato premiado (Água na<br />
Boca, página 4).<br />
Na mesma seção, o leitor pode encontrar três sugestões<br />
de casas que acabam de ser inauguradas e têm boas propostas<br />
gastronômicas. Na página 8, Ana Cristina Vilela apresenta a<br />
Trattoria Mediterrâneo, comandada pelo chef siciliano Gianluca<br />
Scribano. Logo a seguir, na página 10, Beth Almeida<br />
relata suas impressões sobre o primeiro restaurante exclusivamente<br />
peruano de <strong>Brasília</strong>, o Taypá. Achou pouco? Então,<br />
anote também uma opção de bar tipicamente carioca que abriu<br />
as portas no início deste mês no Centro de Lazer Beira Lago:<br />
Enchendo Linguiça (página 11). A seção Picadinho (página 12)<br />
também está repleta de excelentes novidades.<br />
Como boa comida combina com bom vinho, leia também<br />
a coluna Pão & Vinho, de Alexandre Franco, com as novidades<br />
recém-trazidas de sua viagem à Itália (página 15). E, finalmente,<br />
a Carta da Europa, de Silio Boccanera, que fala dos esforços de<br />
produtores de vinho brasileiros para entrar no disputadíssimo<br />
mercado inglês (página 18).<br />
Boa leitura e até agosto.<br />
Maria Teresa Fernandes<br />
Editora<br />
4 <strong>água</strong>naboca<br />
os medalhões de filé ao molho de champignons, do Triplex,<br />
estão entre as delícias criadas para o festival Restaurant Week<br />
picadinho<br />
garfadas&goles<br />
pão&vinho<br />
palavradochef<br />
cartadaeuropa<br />
dia&noite<br />
diáriodeviagem<br />
graves&agudos<br />
queespetáculo<br />
verso&prosa<br />
luzcâmeraação<br />
ROTEIRO BRASÍLIA é uma publicação da Editora <strong>Roteiro</strong> Ltda | SHS, Ed. Brasil 21, Bloco E, Sala 1208 – CEP 70322-915 – Tel: 3964.0207<br />
Fax: 3964.0207 | Diretor Executivo Adriano Lopes de Oliveira | Redação roteirobrasilia@alo.com.br | Editora Maria Teresa Fernandes | Capa Carlos<br />
Roberto Ferreira sobre foto de Luiz Ivo| Diagramação Carlos Roberto Ferreira | Reportagem Akemi Nitahara, Alexandre Marino, Alexandre dos<br />
Santos Franco, Beth Almeida, Eduardo Oliveira, Heitor Menezes, Lúcia Leão, Luiz Recena, Quentin Geenen de Saint Maur, Reynaldo Domingos<br />
Ferreira, Sérgio Moriconi, Silio Boccanera, Súsan Faria e Vicente Sá | Fotografia Eduardo Oliveira e Rodrigo Oliveira | Para anunciar Seven BSB<br />
Representação (3321-4304 / 9666.7755 / 9973.4304) e Ronaldo Cerqueira (8217.8474) | Assinaturas (3964.0207) | Impressão Gráfica Charbel |<br />
Tiragem 10.000 exemplares<br />
12<br />
14<br />
15<br />
16<br />
18<br />
20<br />
24<br />
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29<br />
30<br />
32<br />
www.roteirobrasilia.com.br<br />
Gustavo Gracindo<br />
3
4<br />
<strong>água</strong> na boca<br />
Entre os melhores<br />
Oliver é o quinto brasiliense admitido na Associação dos<br />
Restaurantes da Boa Lembrança. E são apenas 96 no país.<br />
por eduardo oliveira<br />
Da mesma forma que alguns gols<br />
são dignos de placa, alguns sabores<br />
também merecem um prato<br />
comemorativo. Para recordar um jantar<br />
inesquecível, um ambiente aconchegante<br />
ou uma boa companhia, uma obra pintada<br />
à mão é um ótimo souvenir. Tanto que<br />
os famosos Pratos da Boa Lembrança, presentes<br />
hoje nas paredes de 96 restaurantes<br />
brasileiros, atraem ávidos colecionadores,<br />
que rodam o país atrás das simpáticas pinturas<br />
e até se unem em um clube. Em<br />
maio, esses colecionadores ganharam<br />
mais uma parada obrigatória em <strong>Brasília</strong>:<br />
o Oliver, mais novo integrante da Associação<br />
dos Restaurantes Boa Lembrança.<br />
16 anos de boas lembranças<br />
Para ser aceito, o restaurante do Clube<br />
de Golfe passou por um rigoroso processo<br />
de seleção e teve que ser aprovado em<br />
um congresso realizado com todos os associados.<br />
Só quem oferece uma gastronomia<br />
realmente diferenciada pode entrar<br />
na associação, que terá, no máximo, 99<br />
restaurantes. Portanto, essa é mais uma<br />
vitória do premiado Oliver, cuja paella<br />
olga Maria de salles Guerra. o nome pode ser pouco conhecido, mas, quase anonimamente, a carioca<br />
é uma das artistas cujas obras estão presentes no maior número de lares brasileiros. É olga – ou oM, seu<br />
nome artístico – quem cria os desenhos de todos os pratos da Boa Lembrança. o convite veio em 1994,<br />
quando Dânio Braga, fundador e atual vice-presidente da associação, resolveu estimular o hábito de se<br />
levar uma lembrança depois de uma boa refeição, inspirado pelos costumes de parma, sua cidade natal.<br />
Desde então, oM se dedica exclusivamente a criar essas lembranças. como os pratos mudam a cada<br />
ano, a tarefa é árdua: quase uma centena de desenhos desenvolvidos de 12 em 12 meses. Munida dos nomes<br />
dos pratos e das receitas enviadas pelos associados, a artista desenvolve as pinturas, puxando sempre para um<br />
lado bem-humorado. Depois de aprovada pelos restaurantes, a arte é reproduzida à mão por um grupo de pintoras de cerâmica.<br />
cada pintora produz de 20 a 30 pratos por dia, dependendo da facilidade ou dificuldade do desenho.<br />
Rafael Facundo
foi eleita três vezes a melhor de <strong>Brasília</strong><br />
pelo júri do Prêmio <strong>Roteiro</strong> de Gastronomia.<br />
“O Prato da Boa Lembrança virou<br />
um selo de qualidade. Quem vai a<br />
Porto de Galinhas, por exemplo, quer<br />
sempre comer no Beijupirá, porque sabe<br />
que lá vai encontrar uma boa comida”,<br />
acredita Rodrigo Freire, um dos sócios<br />
do Oliver (na foto à direita).<br />
Em <strong>Brasília</strong>, o privilégio de ter um<br />
Prato da Boa Lembrança foi concedido somente<br />
a seis restaurantes. O primeiro a<br />
participar foi o La Vechia Cuccina, filial<br />
brasiliense da casa paulista do chef Sérgio<br />
Arno. Aqui, quem comandava a cozinha<br />
era o chef Eduardo Camargo, formado<br />
pela célebre Le Cordon Bleu, de Paris,<br />
cujo filho herdou seu nome e talento, virando<br />
grife na gastronomia brasiliense.<br />
Atualmente, a cidade é representada por<br />
quatro restaurantes, além do Oliver: Alice,<br />
Universal, Babel e Cielo. Ao entrar<br />
nesse seleto grupo, o Oliver consolida definitivamente<br />
sua marca, que em menos<br />
de cinco anos conquistou uma fiel clientela,<br />
graças à alta gastronomia que pratica<br />
e ao ambiente aconchegante, agradável<br />
tanto para um almoço em família quanto<br />
para um jantar romântico à luz de velas.<br />
O camarão, um dos carros-chefes da<br />
casa, foi a escolha do Oliver para fazer<br />
bonito em seu primeiro ano na associação.<br />
O Camarão Bombaim, flambado<br />
no whisky e acompanhado por purê de<br />
mandioquinha, aspargos frescos e molho<br />
à base de curry, realmente produz<br />
boas lembranças em quem o experimenta.<br />
“Escolhemos o nome Bombaim por<br />
conta do curry que usamos no molho,<br />
que é uma iguaria tipicamente indiana”,<br />
explica Freire. Como era de se prever, a<br />
procura pelo prato foi altíssima. “Em<br />
um mês vendemos quase 500, um sucesso<br />
absoluto”, comemora o empresário.<br />
oliver<br />
clube de golfe de brasília – setor de clubes<br />
esportivos sul (3323.5961 / 3323.5961).<br />
de segunda a quinta-feira, das 12 às 15h e<br />
das 19 às 24h; sexta e sábado, das 12 à 1h;<br />
e domingo, das 12 às 17h.<br />
Rafael Facundo<br />
Camarao - Bombaim<br />
Camarão flambado no whisky, acompanhado por purê de<br />
mandioquinha, aspargos frescos e molho à base de curry<br />
IngredIentes<br />
• Camarão VG<br />
• Sal<br />
• Pimenta do reino<br />
• Limão<br />
• Alho<br />
• Salsinha<br />
• Cebolete<br />
• Azeite extravirgem<br />
• Aspargos frescos<br />
• Cenoura baby<br />
do purê<br />
• Mandioca branca<br />
• Manteiga sem sal<br />
• Creme de leite fresco<br />
• Sal<br />
do Molho<br />
• Cabeça e casca de camarão<br />
• Creme de leite fresco<br />
• Whisky<br />
• Vinho branco<br />
• Caldo de galinha<br />
• Sal<br />
• Pimenta do reino<br />
• Curry<br />
Modo de preparo<br />
Descascar o camarão e limpá-los. Temperar<br />
com alho, cebola, sal, pimenta do reino<br />
e limão. Dourar o camarão na manteiga e<br />
flambar com whisky. Cozinhar a mandioca<br />
até ficar bem mole, passando por um<br />
amassador de purê. Acrescentar a manteiga<br />
e o creme de leite fresco, deixar ficar bem<br />
mole, temperar e reservar. Para o molho,<br />
derreter a manteiga e acrescentar as<br />
cascas e a cabeça do camarão. Flambar<br />
com o restante do whisky e acrescentar<br />
o vinho branco, deixando evaporar o teor<br />
de álcool. Acrescentar o curry e o caldo<br />
de galinha e deixar reduzir. Acrescentar<br />
o creme de leite, amassar as cabeças<br />
de camarão, para que saiam os corais.<br />
Coar e deixar reduzir, finalizando com<br />
sal e pimenta do reino.<br />
MontageM do prato<br />
Dispor o purê no centro do prato. Ao lado,<br />
colocar o molho, e sobre ele os camarões,<br />
intercalando as posições. Decorar com<br />
cenoura, aspargos e cebolete.<br />
Eduardo oliveira<br />
5
6<br />
<strong>água</strong> na boca<br />
Apetitosa maratona<br />
Durante duas semanas, 80 restaurantes da cidade vão<br />
abrigar um festival de gastronomia que cresce a cada edição<br />
Entrada da Pizzaria e da Forneria Baco Prato principal do Pan Doo Asian Food Sobremesa do Belini Il Ristorante<br />
A<br />
boa notícia é que os preços foram<br />
mantidos e o número de restaurantes<br />
aumentou. Vem aí a terceira<br />
edição do Restaurant Week, festival semestral<br />
que estimula os chefs da cidade a<br />
criar menus completos a preços fixos. De<br />
19 de julho a 1º de agosto, os brasilienses<br />
terão a difícil tarefa de escolher, entre os<br />
participantes desta edição de inverno, os<br />
menus mais apetitosos para degustar no<br />
almoço ou no jantar.<br />
O desafio que o festival coloca aos participantes<br />
é preparar cardápios exclusivos<br />
com entrada, prato principal e sobremesa<br />
a preço fixo em todas as casas: no almoço,<br />
R$ 27,50 + R$ 1; no jantar, R$ 39 + R$ 1.<br />
O couvert, as bebidas e os 10% de serviço<br />
ficam de fora, claro. O real acrescentado à<br />
conta vai para o Nosso Lar, entidade que<br />
cuida de crianças e jovens carentes. Só no<br />
último Restaurant Week, entre 25 de janeiro<br />
e 7 de fevereiro, <strong>Brasília</strong> arrecadou<br />
mais de R$ 26 mil para essa instituição de<br />
caridade.<br />
A primeira versão do festival aqui na<br />
cidade aconteceu em julho do ano passado,<br />
com a adesão de 50 restaurantes, movimentando<br />
em torno de 38 mil pessoas<br />
em duas semanas. Na segunda, atraiu 75<br />
participantes que, por sua vez, trouxeram<br />
45 mil clientes para provar os menus especiais.<br />
Para a rodada que começa dia 19 estão<br />
inscritos 21 restaurantes que não participaram<br />
das edições anteriores: 4Doze Bistrô,<br />
Baco Pizzaria, Bonafide, Cielo, Croissanterie,<br />
Dudu San, Entrecôte, Hamburgueria<br />
Gourmet, Kosui, La Focaccia, La<br />
Gioconda, Le Plateau D’Argent, Mitsubá,<br />
Pan Doo, Palace Long Fu, Peperoncino,<br />
Retiro do Pescador, The Continental,<br />
The Falls, Toujours Bistrô, Yours. Junto<br />
com as casas que já participaram, totalizam<br />
80 inscritas, limite máximo de participantes<br />
definido pelo Restaurant Week.<br />
No site www.restaurantweek.com.br<br />
está a relação das casas participantes, com<br />
seus cardápios e horários de funcionamento.<br />
Algumas entram com menus de<br />
almoço e jantar; mas outras só com uma<br />
refeição ou outra.<br />
Como tudo começou<br />
Foi o empresário paulista Emerson<br />
Silveira quem trouxe a ideia de Nova<br />
York, onde morou durante 12 anos, para<br />
o Brasil. Ele apostou que o projeto poderia<br />
unir duas forças importantes ainda<br />
pouco exploradas no país – a gastronomia<br />
e o turismo – e em 2007 montou o pri-<br />
Fotos: Gustavo Gracindo<br />
meiro evento em São Paulo. Desde 2008<br />
associado à Mica Cartões Postais Publicitários,<br />
o festival tem um planejamento<br />
anual. Apesar de ainda não terem suas datas<br />
definidas, já estão certas as adesões das<br />
cidades de Belo Horizonte e Porto Alegre<br />
para o segundo semestre de 2010.<br />
O Restaurant Week já teve seis edições<br />
na capital paulista, sendo que só a<br />
última atraiu mais de 400 mil pessoas<br />
aos 202 restaurantes participantes.<br />
Aconteceu em março deste ano e agregou<br />
casas badaladas de São Paulo, como<br />
o Limmon, Viccolo Nostro e La<br />
Pasta Gialla, além do Brasil a Gosto, veterano<br />
no festival.<br />
No Rio de Janeiro, o Restaurant<br />
Week começou em maio de 2009, com<br />
60 participantes. Na edição de maio<br />
deste ano, 90 restaurantes aderiram,<br />
obtendo uma arrecadação de mais R$<br />
40 mil para a Fundação Crescer e Viver.<br />
A próxima edição será em outubro.<br />
Pernambuco recebeu a terceira edição<br />
em março de 2010 e receberá outra ainda<br />
em novembro, sendo que esta será<br />
só em Recife.<br />
restaurant Week<br />
de 19/7 a 1/8 em 80 restaurantes da cidade<br />
(relação completa, com os respectivos<br />
cardápios, em www.restaurantweek.com.br.
aco pizzaria – 408 sul (3244.2292)<br />
Jantar<br />
• Linguiça calabresa artesanal assada no<br />
forno à lenha com vinho tinto.<br />
• Pizza de pinhão com cogumelos,<br />
berinjela e mozzarela de búfala na massa<br />
de vinho tinto.<br />
• Sorvete de limão, com hortelã e<br />
champanhe.<br />
badejo – academia de Tênis<br />
(3316.6866)<br />
Jantar<br />
• Casquinha de aratu.<br />
• Moqueca de Peixe com arroz branco e<br />
pirão.<br />
• Arroz doce.<br />
pan doo asian Food – 306 sul<br />
(3443.5534)<br />
Almoço<br />
• Frango Satay ou mini rolinhos<br />
primavera.<br />
• Filé de peixe grelhado com risoto de<br />
manga ou Chap Chae.<br />
• Sorvete com calda de frutas do bosque<br />
ou arroz doce com manga.<br />
Jantar<br />
• Dim Sims de caranguejo ou kafta de<br />
carneiro.<br />
• Tornedor ao molho de ostras e legumes à<br />
indiana ou camarões recheados e<br />
empanados.<br />
• Crepe de banana com sorvete de<br />
canela ou sorvete de chocolate com<br />
pimenta.<br />
belini il ristorante – 113 sul (3345.0777)<br />
Almoço<br />
• Insalata Mediterrânea.<br />
• Risoto di Zucca e carne seca.<br />
• Domo de frutas mistas.<br />
Jantar<br />
• Vol-au-vent com molho de cogumelos.<br />
Dez sugestões da <strong>Roteiro</strong><br />
• Baulletto suíno Trastevere.<br />
• Domo de chocolate.<br />
Forneria baco – parkshopping, térreo<br />
(3234.7871)<br />
Almoço<br />
• Canapés de salmão com creme azedo<br />
e dill.<br />
• Filet Café de Paris com risoto de Laranja.<br />
• Mousse de chocolate.<br />
Jantar<br />
• Linguiça calabresa artesanal assada no<br />
forno à lenha com vinho tinto.<br />
• Pizza de pinhão com cogumelos, berinjela e<br />
mozzarela de búfala na massa de vinho tinto.<br />
• Sorvete de limão, com hortelã e<br />
champangne.<br />
bsb grill – 413 sul (3346.0036)<br />
Jantar<br />
• Esfiha folhada.<br />
• Chorizo Kobe Beef com 9/10 de<br />
marmoreio.<br />
• Mousse de chocolate.<br />
roadhouse grill – sces (3321.8535) e<br />
Terraço shopping (3034.8535)<br />
Jantar<br />
• House salad ou Cesar salad.<br />
• Filé mignon Dijon ou filé mignon Madeira.<br />
• Petit gâteau ou petit brownie.<br />
4doze bistrô – 412 sul (3345.4351)<br />
Almoço<br />
• Salada de folhas com molho de mostarda,<br />
laranja e mel.<br />
• Filet mignon cortado em tiras com cebola<br />
ao molho de ostra.<br />
• Creme gelado de banana feito na hora.<br />
Jantar<br />
• Pannequetes de berinjela.<br />
• Filet mignon tournedor ao molho de vinho<br />
tinto e mostarda de Dijon.<br />
• Duo de mousse da Amazônia.<br />
parrilla madrid – 408 sul (3443.0698)<br />
Almoço<br />
• Salada de folhas verdes, alcaparras,<br />
tomates e molho de limão.<br />
• Bife ancho com chantily de alioli com<br />
pêra e batatas bravas.<br />
• Churros artesanal com doce de leito<br />
argentino.<br />
Jantar<br />
• Consumé de tomate fresco com<br />
manjericão.<br />
• Cauda de lagosta grelhada com risoto<br />
de uvas marinadas no vinho do porto e<br />
crispy. de presunto cru.<br />
• Churros artesanal com doce de leito<br />
argentino.<br />
Triplex – sces, Trecho 2 (3226.8869)<br />
Almoço<br />
• Salada de folhas verdes com manga,<br />
kani e aceto reduzido de nozes.<br />
• Caldeirada oriental de frutos do mar<br />
com arroz de coco ou cubos de frango ao<br />
molho thai picante, arroz de coco e<br />
compota de abacaxi.<br />
• Brownie crocante com calda de<br />
chocolate e sorvete de creme.<br />
Jantar<br />
• Mousse de queijo com legumes salteados.<br />
• Entrecôte com crosta de ervas e alho<br />
sobre musseline de batata baroa ou<br />
medalhões de filé ao molho cremoso de<br />
champignons, arroz branco e farofa de<br />
cereais.<br />
• Manga flambada com crocante de<br />
maracujá e sorvete de creme.<br />
Fotos: Gustavo Gracindo<br />
7
8<br />
<strong>água</strong> na boca<br />
De Ragusa para <strong>Brasília</strong><br />
por aNa crisTiNa vilela<br />
FoTos rodrigo oliveira<br />
Em Marina Ragusa, na província siciliana<br />
de Ragusa, foram desenvolvidos<br />
os pratos do cardápio da mais<br />
nova trattoria da cidade, a Mediterrâneo.<br />
Foi lá, na sua Trattoria del Porto, que<br />
Gianluca Scribano criou praticamente<br />
todo o cardápio, com massas, peixes, carnes<br />
e entradas sedutoras. Inaugurada há<br />
três meses, a casa fica na 408 Norte, longe<br />
do burburinho gastronômico e noturno<br />
de <strong>Brasília</strong>, sem filas quádruplas de<br />
carros à porta – o que, por si só, já é uma<br />
grande vantagem.<br />
Outro ponto forte é o ambiente simples<br />
e aconchegante, lembrando um pouco<br />
o antigo I Siciliani, onde Gianluca trabalhou<br />
na companhia do amigo Adriano<br />
Lentini, quando chegou ao Brasil, em<br />
2002. Aliás, a experiente equipe do I Siciliani<br />
está toda na Mediterrâneo, o que o<br />
chef faz questão de frisar, enquanto leva<br />
à mesa exemplares dos ingredientes usados<br />
e dos antepastos, ressaltando a importância<br />
da qualidade dos produtos e<br />
do uso do azeite extravirgem como ingrediente<br />
primordial – bem longe da manteiga<br />
e do creme de leite da cozinha francesa.<br />
Aliás, somente dois molhos de todo<br />
o cardápio levam creme de leite.<br />
Orégano, alcaparras secas e tomate-<br />
cereja seco, com sabor bem menos adocicado<br />
que os tomates secos preparados<br />
por aqui, vêm da Itália. A Insalata di Mare<br />
figura entre os antepastos, assim como<br />
o Involtini di Prosciutto Crudo e Gamberi,<br />
premiado em Ragusa, um enroladinho<br />
de presunto de Parma e camarão;<br />
ou, ainda, o salmão envolto em berinjela<br />
e o antepasto de atum do Mediterrâneo.<br />
Para os avessos a frutos do mar,<br />
o All’italiana, a caponata e bruschettas.<br />
O primeiro prato, como chamam os italianos,<br />
pode ser escolhido entre 30 tipos<br />
de molhos e quatro pastas (papardelle,<br />
rigatoni, espaguete e tagliatelle). Os molhos<br />
vão dos clássicos alho e óleo, carbonara,<br />
arrabiatta, pesto e amatriciana até<br />
os de ovas de atum e de ossobuco com<br />
funghi porcini. Tanto as pastas quanto o<br />
pesto, o pão, o limoncello (licor de limão),<br />
as sobremesas e a ricota salgada<br />
são produção da casa.<br />
E é chegada a hora do segundo prato<br />
(se couber), momento de carne ou de<br />
peixe (no caso em questão). O chef recomenda<br />
o filé de peixe espada (Meka) ao<br />
pesto ou o pargo à siciliana. Encontramse<br />
ainda no cardápio o camarão ao vinho<br />
branco e o salmão à siciliana. Escalopinho<br />
ao funghi porcini, a pizzaiolo ou ao<br />
vinho branco são as opções de carne.<br />
Mas existe o prato único, “típico de Ragusa”,<br />
segundo Gianluca: pasta acompanhada<br />
de carne bovina cozida lentamente<br />
no vinho tinto e no molho de tomate.<br />
A carta de vinhos não é extensa e os<br />
preços dos rótulos italianos, argentinos e<br />
chilenos variam de R$ 30 a mais de<br />
R$ 600. Os preços dos pratos são honestos,<br />
como define o próprio Gianluca. E<br />
de fato são. Assim como é fato o equilíbrio<br />
entre os sabores, a despretensão do<br />
ambiente e o ar convidativo da trattoria.<br />
Trattoria mediterrâneo<br />
408 Norte – bloco a (3347.5752).<br />
de terça a sábado, a partir das 12h, para<br />
almoço, e das 19h, para jantar; domingo,<br />
a partir das 12h, somente para almoço.
10<br />
<strong>água</strong> na boca<br />
A culinária<br />
da vez Fotos:<br />
<strong>Brasília</strong> ganha um legítimo<br />
representante da cozinha<br />
típica contemporânea do Peru<br />
por beTh almeida<br />
Até 1990, não existiam escolas de<br />
gastronomia no Peru. Hoje, são<br />
pelo menos 22 apenas na capital,<br />
Lima, entre elas a única filial sul-americana<br />
da francesa Le Cordon Bleu. São cerca<br />
de sete mil jovens cursando faculdades de<br />
gastronomia no país. A cozinha virou<br />
uma espécie de obsessão entre os perua-<br />
nos, e cozinheiros como o pioneiro Gastón<br />
Acúrio foram alçados ao posto de<br />
heróis nacionais. Em dois anos, espera-se<br />
que o estudo da gastronomia seja incorporado<br />
ao ensino público.<br />
Por acaso ou não, o fato é que os peruanos<br />
mostraram disposição de espalhar<br />
sua culinária pelo mundo e, ao que tudo<br />
indica, conseguiram: a cozinha do país é a<br />
mais nova queridinha dos amantes da alta<br />
gastronomia ao redor do planeta. Só os<br />
restaurantes que levam o nome de Acúrio<br />
já são 40, espalhados pelas principais<br />
capitais do mundo, inclusive São Paulo.<br />
Em <strong>Brasília</strong> não poderia ser diferente.<br />
Depois que o chef David Letchig passou<br />
a promover festivais de comida peruana,<br />
e até incorporou alguns pratos, como os<br />
ceviches, ao cardápio de seu El Paso Latino,<br />
chega agora à cidade o Taypá – Sabores<br />
Del Peru, inaugurado dia 15 de junho<br />
na comercial da QI 17 do Lago Sul.<br />
O nome vem de uma expressão peruana<br />
que significa fartura, marca registrada<br />
do cardápio montado pelo chef Marco<br />
Espinoza, que promete novidades pelo<br />
menos a cada seis meses. Seguindo a vocação<br />
do país natal, Espinoza usa por base<br />
a cozinha típica peruana, associando-a<br />
à contemporânea. Muitos dos ingredientes<br />
são importados, como o milho (um<br />
dos pratos leva grãos crocantes que são<br />
uma delícia), as pimentas e a lúcuma,<br />
fruto característico dos Andes, parente<br />
do nosso sapoti, muito utilizado no preparo<br />
de sobremesas e sorvetes.<br />
São delícias como o Rissoto al Pesto<br />
Andino, que leva camarões em molho anticuchera,<br />
e o Ceviche Nikkey, com salmão<br />
fresco, molho de ostras, leite de coco,<br />
abacate e leche de tigre. Em se tratando do<br />
Peru, também não poderiam faltar os tradicionais<br />
pratos à base de batatas, como<br />
as Causas, feitas de uma massa de batata e<br />
incrementadas com frango, tartar de aipo<br />
e abacate e polvo, entre outros sabores.<br />
Na carta de bebidas, destaque para os<br />
drinques à base de pisco, como o famoso<br />
e tradicional Pisco Sauer, o Martini Rosa<br />
de Lima (de pisco macerado em pétalas de<br />
rosa), o vermouth dry, o sour mix e o Preto<br />
Chinchano, de pisco macerado em<br />
grãos de café. Para quem gosta de tirar o<br />
paladar da rotina, um prato cheio.<br />
Taypá – sabores del peru<br />
Qi 17 do lago sul – Fashion park (3248.0403/<br />
3364.0403). diariamente das 12 às 15h e das<br />
19 à 1h.<br />
Divulgação
Reduto carioca<br />
Ao lado da Ponte JK, a filial de um bar do Grajaú que oferece o<br />
melhor da comida alemã: joelho de porco e linguiças artesanais<br />
por beTh almeida<br />
FoTos rodrigo oliveira<br />
Os brasilienses têm um motivo a<br />
mais para frequentar o Centro<br />
de Lazer Beira Lago, às margens<br />
do Lago Paranoá: o bar Enchendo Linguiça,<br />
que promete fazer em <strong>Brasília</strong> o mesmo<br />
sucesso que faz no bairro carioca do<br />
Grajaú. Para acompanhar o chope ou a<br />
cerveja bem gelados, a casa oferece linguiça<br />
artesanal e o schweinhaxe, joelho de porco<br />
assado e pururucado na televisão de<br />
cachorro, que é como os cariocas – e não<br />
só eles – chamam aquelas máquinas originalmente<br />
utilizadas para assar os populares<br />
frangos em padarias.<br />
O diferencial da casa é que as linguiças<br />
servidas na casa são fabricadas no local,<br />
em uma pequena fábrica toda envidraçada,<br />
à vista do consumidor. São sete<br />
sabores, desde as tradicionais de calabresa<br />
e pernil até a “das tripas coração”, que<br />
leva coração e carne de frango e que foi<br />
criada para concorrer ao festival Comida<br />
di Boteco, cuja versão carioca aconteceu<br />
até o último dia 27 de junho. No ano<br />
passado, o bar foi o terceiro colocado no<br />
festival, com a linguiça croc, que chega<br />
à mesa enrolada em batata frita e acompanhada<br />
por molhos de feijão, barbecue<br />
e quatro queijos.<br />
Inaugurada em 25 de junho, a filial<br />
brasiliense do Enchendo Linguiça é resultado<br />
da curiosidade e do espírito empreendedor<br />
de Marcelo Moura, dono da filial<br />
do Sudoeste da Maki Temakeria. “As notícias<br />
sobre a inauguração da fábrica de<br />
linguiça, em abril do ano passado, me<br />
chamaram a atenção e resolvi procurá-los<br />
para propor uma parceria em <strong>Brasília</strong>”,<br />
conta Marcelo, referindo-se aos irmãos<br />
Cláudio e Fernando Breschnik, proprietários<br />
do bar carioca e agora sócios do empresário<br />
brasiliense.<br />
Entre os três ambientes da casa, o terraço,<br />
com uma bancada alta e vista para<br />
o Lago Paranoá e a Ponte JK, já é suficiente<br />
para garantir o deleite dos clientes. Nas paredes,<br />
dois painéis de azulejos pretos e<br />
brancos dão o clima de boemia ao local, reforçado<br />
pela presença da televisão de ca-<br />
chorro, logo na entrada, onde o freguês<br />
pode escolher o joelho de porco que lhe<br />
pareça mais simpático e acompanhar o seu<br />
preparo. O schweinhaxe, por sinal, já é<br />
uma grande atração: macio, saboroso e<br />
com tempero bem suave, que cai como<br />
uma luva com aquele chope bem gelado e<br />
aquela conversa descompromissada.<br />
enchendo linguiça<br />
centro de lazer beira lago, na<br />
cabeceira da ponte JK (3224.1202)<br />
diariamente, das 12 às 24h.<br />
11
12<br />
picadiNho<br />
dia da pizza<br />
neste sábado, 10 de julho, véspera da<br />
decisão da copa do Mundo, é comemorado<br />
em todo o Brasil o Dia da pizza.<br />
Quem instituiu a data, em 1985, foi<br />
o então secretário de Turismo de são<br />
paulo, caio Luís de carvalho, por ocasião<br />
de um concurso estadual que elegeria as<br />
dez melhores receitas de mussarela e<br />
margherita. um ótimo pretexto para<br />
saborear a iguaria criada pelos egípcios,<br />
bem antes da era cristã, de cuja receita<br />
se apoderaram os italianos, fazendo<br />
dela seu prato típico de maior sucesso<br />
mundial. Em <strong>Brasília</strong>, o que não falta é<br />
pizzaria. aqui mesmo, nesta edição da<br />
<strong>Roteiro</strong>, o leitor encontrará ótimas<br />
opções: Gordeixo (306 norte), Baco<br />
(309 norte e 408 sul), Finna (QI 11<br />
do Lago sul), Maranello (312 norte)<br />
e san Marino (209 sul).<br />
entrando no clima<br />
Há coisa melhor, neste friozinho de<br />
julho, do que saborear queijos e vinhos<br />
em frente a uma lareira? É o que oferece<br />
o café das 5 Revistaria, localizado no<br />
Espaço Maria Tereza. além dos cafés,<br />
sanduíches e frios do cardápio, o cliente<br />
pode degustar um bom vinho da<br />
importadora Zahil ou ainda escolher<br />
uma das massas do Bottarga Ristorante.<br />
Às quintas-feiras, o projeto Rota 555<br />
oferece preços especiais em cinco<br />
rótulos da importadora, além de música<br />
ao vivo de qualidade, com couvert a<br />
R$ 10. sexta-feira é dia de Bier Bar, com<br />
Bar e restaurante inspirado<br />
no Rio de Janeiro dos anos<br />
40. O bufê, com cerca de 20<br />
tipos de frios, sanduíches e<br />
rodadas de empadas e quibes,<br />
e a performance do garçom<br />
Tampinha são atrações certas<br />
Gustavo Gracindo<br />
cervejas especiais a preços idem: Baden<br />
Baden crystal, Baden Baden Golden<br />
e Baden Baden Red ale, produzidas<br />
em campos do Jordão, e a catarinense<br />
Eisenbahn Lust, de Blumenau.<br />
chegou a viena<br />
para o brasiliense, o nome pode soar<br />
como novidade, mas para o paulistano a<br />
rede Vienna já é velha conhecida. afinal,<br />
há 35 anos ela defende o conceito de<br />
servir “comida caseira fora de casa” em<br />
suas lojas, 97 ao todo, distribuídas em<br />
cinco Estados. a novidade é a inauguração<br />
de mais uma casa, desta vez aqui em<br />
<strong>Brasília</strong>, mais exatamente no Iguatemi<br />
shopping. até o final de julho a Viena<br />
manterá o climão de copa do Mundo,<br />
com cardápio inspirado na culinária de<br />
alguns dos participantes: Brasil, África do<br />
sul, Itália, argentina, alemanha, México<br />
e Espanha. são 27 opões, entre pratos,<br />
sobremesas, bebidas e café.<br />
charme europeu<br />
a chef pâtissière Flávia Labecca acaba<br />
de inaugurar um café bistrô na QI 13 do<br />
Lago sul. além de variada carta de cafés<br />
(capuccinos, moca gelado, nespresso e<br />
machiatto), acompanhados por rosquinhas<br />
de autoria da chef, o Labecca café<br />
Bistrô tem como proposta ser um lugar<br />
ideal para café da manhã e lanche do<br />
fim da tarde. no cardápio, sanduíches<br />
de ciabatta com ementhal morno,<br />
presunto de parma, rúcula selvagem e<br />
para os frequentadores. 202 Norte (3327.8342) 506 Sul Bloco A (3443.4323)<br />
Divulgação<br />
mostarda Dijon, além de rolls de salmão<br />
defumado com guacamole e creme de<br />
dill fresco. Mantendo a fama de boa<br />
doceira e chocolateira da proprietária,<br />
o menu do café não deixará de fora os<br />
pães-de-mel, bem casados, brigadeiro<br />
gourmet na colher, mini-wafer e suas<br />
mais novas invenções, como doces<br />
com frutas secas e pipoca coberta com<br />
chocolate. De segunda a sexta, das<br />
11 às 20h, e sábados, das 10 às 18h.<br />
prawer<br />
o Liberty Mall terá a primeira loja com<br />
café gourmet da grife prawer. a marca<br />
de chocolates artesanais de Gramado<br />
tem uma linha de 150 tipos de chocolates,<br />
bombons e drágeas, entre eles os<br />
dietéticos nas versões amargo e ao leite<br />
e os sem lactose. os produtos da prawer<br />
são desenvolvidos com base em pesquisas<br />
realizadas em países de referência na<br />
fabricação do produto – Bélgica, suíça e<br />
França. sempre com novidades, a grife<br />
ganha destaque com criações como o<br />
chocolate Dark, com 70% de cacau na<br />
composição e sem lactose, que despertam<br />
a curiosidades de cientistas, pelos<br />
seus benefícios à saúde.<br />
rã no belini<br />
prato que encanta pela leveza do<br />
paladar e por seu sabor inigualável,<br />
a carne de rã é uma das estrelas do<br />
projeto Vinhos e Risotos do Belini Il<br />
Ristorante, neste mês de julho. preparada<br />
com arroz arbóreo, caldo de<br />
legumes, vinho branco e queijo<br />
grana padano, a iguaria custa R$ 20 e<br />
harmoniza muito bem com um Frascati<br />
clássico superior Italiano, safra 2008,<br />
que custa R$ 80 a garrafa ou R$ 16<br />
a taça. Reservas: 3345.0777.<br />
em dez minutos<br />
Gastronomia de alta qualidade, mas com<br />
Em plena W3 Sul, o Bar <strong>Brasília</strong> tem<br />
decoração caprichada, com móveis e objetos<br />
da primeira metade do século XX. Destaques<br />
para os pasteizinhos. Sugestão de gourmet:<br />
Cordeiro ensopado com ingredientes<br />
especiais que realçam seu sabor.
a rapidez de fast food. Essa é a proposta<br />
do restaurante commo, do conjunto<br />
nacional. Em no máximo, dez minutos<br />
o cliente pode montar seu prato com<br />
carnes, peixes, massas, saladas e acompanhamentos<br />
tradicionais (arroz branco,<br />
farofa e batatas) ou mais sofisticados<br />
(quinoa com legumes, e purê de banana<br />
da terra). o preço dos grelhados varia de<br />
R$ 12,50 a R$ 19,50, e o dos acompanhamentos<br />
de R$ 2 a R$ 11.<br />
agora restaurante<br />
para quem se habituou a pensar em<br />
chocolate toda vez que ouve a palavra<br />
Kopenhagen, é uma mudança e tanto.<br />
será preciso se acostumar com delícias<br />
salgadas do tipo tortelone de abóbora e<br />
biscoito de amaretto ou escarola e queijo<br />
brie com damascos (R$ 29,60), ou ainda<br />
ravióli verde de mussarela de búfala e<br />
manjericão (R$ 27,40) ou, quem sabe,<br />
risoto de funghi seco e de tomate seco<br />
com mussarela de búfala (R$ 24,20).<br />
Já chegou a <strong>Brasília</strong> o Gourmet station<br />
Kopenhagen, um restaurante que<br />
acomoda 60 pessoas em seu espaço de<br />
180 metros quadrados no parkshopping.<br />
o cardápio pode ser harmonizado com<br />
vinhos tintos e brancos da casa Valduga<br />
(R$ 19,50 a taça).<br />
Qualidade reconhecida<br />
o outback steakhouse conquistou o<br />
primeiro lugar na categoria alimentos e<br />
Bebidas em levantamento realizado pelo<br />
Fotos: Divulgação<br />
IBRc, Instituto Brasileiro de Relações do<br />
cliente, em parceria coma revista Exame.<br />
o resultado da pesquisa, inspirado na<br />
metodologia da revista Business Week,<br />
é obtido por meio de pesquisas gerais,<br />
pesquisas com clientes, visitas-surpresa<br />
e questionário para a empresa. assim, o<br />
IBRc aponta as empresas que, na prática,<br />
conseguem realizar o desafio de atender<br />
bem e encantar o cliente a cada dia.<br />
vinho na prática<br />
Estão abertas as inscrições para o<br />
Winemaker 2010, um curso oferecido<br />
pela Escola do Vinho Miolo. os participantes<br />
terão a possibilidade de elaborar<br />
um vinho nas instalações da vinícola<br />
acompanhados por profissionais da<br />
empresa, enólogos e engenheiros<br />
agrônomos. as aulas são teóricas e<br />
práticas, passando por atividades como<br />
a poda seca, poda verde, colheita,<br />
elaboração, engarrafamento e envelhecimento.<br />
Marcado para 27 de agosto, o<br />
programa Winemaker tem duração de<br />
um ano e inclui quatro visitas programadas<br />
à sede da empresa no Vale dos<br />
Vinhedos (Rs). o curso custa R$ 10 mil<br />
e inclui as hospedagens no spa do<br />
Vinho (situado em frente à vinícola),<br />
todos os almoços e jantares harmonizados,<br />
palestras, degustações e traslado<br />
de porto alegre, além de dez caixas<br />
do vinho produzido durante o curso.<br />
por falar em miolo<br />
os rótulos da vinícola têm se destacado<br />
entre os críticos ingleses nos últimos<br />
dias. o espumante Millésime foi<br />
destacado pelo crítico Tim atkim, em<br />
matéria publicada no The Times, como<br />
o melhor que já degustou na américa<br />
do sul. o Wall street Journal também<br />
destacou os vinhos brasileiros após<br />
ter visitado o nosso Vale dos Vinhedos.<br />
Essas críticas acompanham uma<br />
Em ambiente aconchegante, com<br />
decoração pontuada por arte e<br />
história, pode-se tomar um cafezinho<br />
ou um chope para acompanhar o<br />
pastel de bacalhau, o sanduíche de<br />
mortadela ou o autêntico Bauru.<br />
No almoço, cardápio paulistano.<br />
509 Sul (3244.7999)<br />
tendência que o jornalista sílio Boccanera<br />
antecipa na seção carta da Europa<br />
(leia na página 18)<br />
Tara.pakay<br />
até o final do mês chegam ao mercado<br />
brasileiro 1.200 garrafas do mais novo<br />
rótulo premium da chilena Tarapacá.<br />
Desenvolvido pelo enólogo-chefe da<br />
vinícola, Ed Flaherty, formado na<br />
califórnia, o Tara.pakay obteve 92 pontos<br />
da revista Wine spectator seu blend é<br />
de 67% cabernet savingon e 33% syrah,<br />
ambas variedades provenientes do<br />
vinhedo da Tarapacá, no Vale do Maipo.<br />
mais uma Yoggi<br />
acaba de ser inaugurada na 109 norte<br />
uma nova loja de frozen yogurt da grife<br />
Yoggi. nascida no verão de 2008 no<br />
Leblon, Rio de Janeiro, a iogurteria logo<br />
se espalhou por diversas cidades<br />
brasileiras. com iogurte feito<br />
artesanalmente e 100%<br />
nacional, buscou reproduzir<br />
a essência brasileira com<br />
suas opções natural<br />
e jabuticaba, que<br />
caíram no gosto<br />
nacional. a novidade,<br />
agora, são os yoggis<br />
de coco e chocolate<br />
belga. a nova loja fica<br />
ao lado da temakeria<br />
Koni store.<br />
berry cool<br />
chega também a Brasíla a primeira loja<br />
da rede americana de frozen yogurts<br />
Berry cool. a iogurteria tem como<br />
diferencial a grande variedade de<br />
sabores, entre eles cookies and cream,<br />
cheese cake, baunilha, chocolate e<br />
frutas vermelhas, além do tradicional,<br />
feito de iogurte natural. a loja fica no<br />
primeiro piso do Terraço shopping.<br />
A casa de <strong>Brasília</strong> segue a<br />
proposta das outras filiais,<br />
com shows, boa comida<br />
e o tradicional chope<br />
cremoso. Frequentado por<br />
personalidades da política e da<br />
música. A decoração é inspirada<br />
nas décadas de 50 a 70. No<br />
sábado, tradicional feijoada ao<br />
som de chorinho e samba de<br />
raiz. Cardápio assinado pelo<br />
chef Olivier Anquier.<br />
201 Sul (3224.9313)<br />
13
14<br />
LuIZ RECEnA Cai,<br />
garfadas&goles@alo.com.br<br />
GARFADAS & GOLES<br />
cai, balão, aqui na minha Copa<br />
são João morreu nos braços de são salvador. não é verdade, nem tem rima. É, apenas, um fato, aquilo que encanta os jornalistas,<br />
os cerebrais, os racionais da espécie que, em tese, usam das faculdades mentais para explicar o mundo. ou não. Mas o fato é<br />
que, ao voltar da praia e de conversas com caymmi e Vinícius, assombrou-me, mais do que as cervejas na beira-mar sorvidas,<br />
a ilusão de que as festas joaninas não mais existiam. E a ilusão não era uma ilusão. Isabel, que fez fogueiras para internetar ao<br />
mundo que Maria carregava o salvador, aceita as sobras de que, do divino ventre, ficou, quem sabe, a urbe do forró... Melhor<br />
não martirizar ainda mais a quem, no texto e na memória do poetinha, “morreu na cruz para nos salvar... porque hoje é sábado”.<br />
“Ela-ela-ela-o tempo é de vuvuzela!”. a corneta africana domou o princípio cristão e estamos conversados. ouvindo tudo isso,<br />
falando e escrevendo sobre isso tudo, entrei em campo, com minhas conhecidas sedes desérticas e fomes ancestrais. E, mesmo<br />
sem pato, sem ganso e nem o gauchinho com dentes de capivara, peguei a jabulani do tempo e fui aos efeitos!<br />
argentina! argentina!<br />
Não há bom restaurante estilo argentino<br />
na capital da Bahia. Há poucos restaurantes<br />
bons de carne. Mas a vida se transforma,<br />
igual a uma fase e outra da grande<br />
Copa. A churrascaria Fogo de Chão<br />
chegou para resolver a questão, com os<br />
cortes clássicos e os cortes da pátria de<br />
“los hermanos”. Igual a <strong>Brasília</strong>: competência<br />
carnívora engole japinhas e invenções<br />
da beira-mar. Opinião do colunista,<br />
carnívoro tido e havido.<br />
deustchland!<br />
Quem gosta de futebol torceu para a<br />
Alemanha! Pelo menos na fase inicial.<br />
A França fora? Beeeuff! (assim eles fazem<br />
quando não gostam de alguma coisa...).<br />
Beeeff!. Não é fundamental, mesmo que,<br />
em outra Copa, tenham dopado o nosso<br />
jogador e, talvez, dado um “agrado” aos<br />
nossos dirigentes. Ver os blêblânrûge fora<br />
vale sempre uma comemoração. Assim<br />
aportei na barraca A Brasa, “domaine”<br />
alemão, para comer zalsistchas e falar<br />
mal do francês Domenéque-néque-néque,<br />
o feio, o maléduquê...<br />
alles blau!<br />
Dass nosso Parreirra não pode ser maltrratado.<br />
Então, antes do zalsicha, a entrada.<br />
Conservas: milhozinho, pepininho, kanikama,<br />
alhozinho em pasta, pastinha de legumes<br />
com pimentinha. Pão quentinho.<br />
Uma porção de salame cortado e outra de<br />
patê. Francesinho, bien sûr, só para continuar<br />
maltratando “nos ancêtres les gauloises”,<br />
hoje traduzidos em 15 filhos das colônias<br />
em África, dois da Argélia, um da<br />
Córsega e assim por diante. Descendente<br />
de Asterix, na veia, parece que ninguém.<br />
E ainda tem os que não cantaram o hino.<br />
O colonialismo, um dia, enfrenta e tem<br />
de pagar a conta. Au revoir!<br />
muitos chopes<br />
A comemoração da vitória alemã e a passagem<br />
da seleção para a segunda fase foi, como<br />
não poderia ser de outra forma, com<br />
chope, alguns chopes, muitos chopes. Sem<br />
o creme do Baixo Jorjão, nem a mão competente<br />
do Clôde, o “Toca”. Mas essa é a<br />
vida de um velho cigano sedento. Agora,<br />
entre embutidos e saladas vienenses, lembranças<br />
do velho Fritz-Ficha Limpa, esperaremos<br />
o “britsch team”. God “dont”<br />
Save the Queen!.<br />
compadres? compadres!<br />
Primeiro, o “bacalhau dos cumpadres”,<br />
después “la paella de los compadres”.<br />
Uma jornada para esquecer. Salvou-nos<br />
a meia porção de berinjela com bife empanado<br />
e cobertura de queijo gratinado,<br />
no Raghdib, aquele da Karina, a bailarina,<br />
que não tem apresentação verspertina<br />
(tardes). Opção pra ver os jogos? Camarão<br />
ao alho e óleo, porção que dá para<br />
dois, a R$ 14,90.<br />
oriental es la patria<br />
Com essa frase começa o hino uruguaio.<br />
Nossa geração afastou, em 1970, o fantasma<br />
do “maracanazo”, de 1950. Então, em<br />
homenagem a grandes amigos e colegas,<br />
Carlos de Lannoy entre eles, fez bem para<br />
o colunista, “del Sur”, torcer para eles.<br />
Deu sorte pensar numa carne gorda, assada<br />
“com cuero”. A dívida gastronômica,<br />
agora, é deles.<br />
hamburguer? oh!oh!oh!<br />
Toda vez que torci contra os Estados<br />
Unidos... perdi! Toda vez que gritei<br />
Yankees, go home!, eles ficavam e eu, de<br />
novo, perdia. Um dia apostei mais alto<br />
e fui viver na comunista União Soviética,<br />
a única que enfrentava o imperialismo<br />
capitalista ianque dolarizado e... perdi!.<br />
“Então me curvei ante a força dos fatos”,<br />
e apostei na seleção norte-americana.<br />
A África cobrou a conta ancestral e...<br />
perdi, de novo! Hambúrguer nunca mais!
ALEXANDRE FRANCO<br />
pao&vinho@alo.com.br<br />
PÃO & VINHO<br />
Un giro per la bella Itália<br />
a Itália é um dos maiores produtores de vinho do mundo,<br />
além de um dos mais antigos. Faz certamente alguns excelen-<br />
tes, outros nem tanto, aliás alguns que considero efetivamen-<br />
te ruins. o interessante é que, a exemplo da França, é um dos<br />
poucos países que produz vinho em todas as suas regiões,<br />
e em cada uma delas pode-se encontrar bons exemplares.<br />
Qualquer viagem a passeio, ainda mais se estamos bem<br />
acompanhados, é sempre muito agradável, mas aquelas<br />
nas quais ainda podemos unir nossas paixões com certeza<br />
se tornam inesquecíveis. no mês passado fui à Itália e<br />
lá visitei a Toscana, Veneza, a Úmbria e, é claro, Roma.<br />
na Toscana, fiz questão de ir a Montepulciano, cidade<br />
medieval cuja região produz um dos melhores vinhos italianos,<br />
ainda que menos famosos do que os Barolos e os Brunellos.<br />
o Vino nobile di Montepulciano recebeu este nome a partir<br />
do século XVIII, embora se produza vinho na região desde o<br />
tempo dos etruscos (entre os anos 1.200 e 700 a.c). o nome<br />
faz referência não à nobreza do vinho ou da uva, e sim aos<br />
nobres poetas e papas que os consumiam regularmente.<br />
Embora tenham ao longo dos anos passado por altos<br />
e baixos no que se refere a sua qualidade, e ainda não a<br />
tenham estabilizado por completo, certamente podemos<br />
encontrar alguns ótimos exemplares, nos quais quase sempre<br />
verificamos uma concentração condimentada e picante, com<br />
acidez e taninos equilibrados e sedosidade no palato. a exemplo<br />
dos chiantis e dos Brunellos, os nobiles são produzidos a<br />
partir do seu próprio clone de sangiovese, chamado prugnolo<br />
(cujo significado é “ameixa pequena”), às vezes cortada com<br />
porções menores de canaiolo, Malvasia ou Trebbiano.<br />
Importante não confundir tais vinhos com os feitos da uva<br />
Montepulciano, que é plantada na região central da Itália, especialidade<br />
de abruzzi, um vinho não necessariamente ruim,<br />
mas certamente mais simples do que o primeiro. para não<br />
me alongar demais, citarei apenas um dos néctares que lá<br />
encontrei e adquiri: o nocio dei Boscarelli, cuja safra ideal seria<br />
a de 2004, mas que pude substituir pela de 2006 – precioso.<br />
Estive também em Montalcino, outra simpática cidade<br />
medieval da qual se originam os famosos Brunellos e os<br />
caríssimos supertoscanos. Lá comi a melhor massa da minha<br />
viagem, um nhoque rosa cuja massa é feita com Brunello,<br />
coberta por molho branco cremoso e rúculas frescas –<br />
sensacional, principalmente acompanhada do incrível ugolaia<br />
2004, o famoso Brunello di Montalcino produzido pela Lisini<br />
na sua melhor safra deste milênio.<br />
aí, as opções foram vastas e já bem conhecidas: Biondi<br />
santi, Tignanello e outros tantos vinhos indiscutíveis e quase<br />
impagáveis por aqui, mas possíveis por lá, ainda que não baratos.<br />
comprei-os, sem dó dos preciosos euros, na faixa de<br />
50 a 60 por garrafa, e agora enfeitam minha adega à espera<br />
do momento ideal para o consumo.<br />
De lá fui à inesquecível Veneza, em minha opinião o lugar<br />
mais indispensável da Itália para se conhecer, mas certamente<br />
nada marcante pela produção de vinhos. Todavia, pude degustar<br />
alguns pinot nero delle Venezia 2007 bastante agradáveis,<br />
que, se não se mostraram tão complexos quanto os da<br />
Borgonha, apresentaram ao menos uma certa elegância e<br />
sedosidade que bem puderam acompanhar os pratos locais.<br />
na linda República de san Marino (uma campos do Jordão<br />
italiana) encontrei o Brugneto di san Marino 2007, para mim,<br />
e creio para a grande maioria das pessoas, totalmente desconhecido,<br />
mas uma boa surpresa, pois trata-se de vinho bastante<br />
agradável ao palato e bom acompanhante para comida.<br />
por fim, em termos enológicos, vale a pena ainda comentar<br />
a passagem pela graciosa cidade de assis, no coração da<br />
Úmbria, onde se produz o também pouco conhecido entre<br />
nós, mas excelente, sagrantino di Montefalco. Verdadeiras<br />
usinas de força – encorpados, estruturados, atrevidos e<br />
absorventes, comparados às vezes até aos amarones. a jóia<br />
que me acompanhou foi o Fongoli Vigna dei sospiri 2004 –<br />
inesquecível.<br />
15
16<br />
QuENTIN GEENEN<br />
DE SAINT MAuR<br />
palavradochef@alo.com.br Rabada<br />
PALAVRA Do CHEF<br />
no tucupi<br />
peguei o “corujão” para viajar rumo ao norte do país,<br />
à procura de temperos desconhecidos, sabores e segredos<br />
da culinária de um dos antigos territórios e um dos mais<br />
novos estados brasileiros, o acre.<br />
para entender um pouco da historia e hábitos do povo,<br />
visitei a dinâmica e viva Biblioteca da Floresta, situada<br />
no parque da Maternidade. no mercado, mergulhei na<br />
riqueza dos ingredientes usados no cotidiano da cozinha<br />
do povo da floresta, como tucupi, jambu, chicória, tucunaré,<br />
dourado, pirarucu, pato, tracajá, pimenta do cheiro, a famosa<br />
farinha de mandioca de cruzeiro do sul e muita carne de<br />
boi verde.<br />
almocei a saborosa comida a quilo do Bistrô d’amazônia,<br />
para confirmar que, nessa parte do Brasil, a cozinha regional<br />
continua nas mãos das mulheres, e que as várias receitas do<br />
dia a dia receberam grande influencia da colônia libanesa,<br />
tanto no seu preparo como na generosidade das travessas<br />
apresentadas nas refeições. Descobri uma nova fragrância no<br />
tempero “cheiro da mulata” utilizado pela cozinheira suely.<br />
ao cair do dia, uma leve brisa sopra sobre o Rio Branco<br />
e convida a um passeio pelas praças públicas, onde, nos<br />
quiosques, você pode comer um tacacá à base de tucupi,<br />
segurando o camarão seco pela ponta da cauda para<br />
pescar as folhas misteriosas e anestesiantes do jambu,<br />
e engolir a goma da mandioca para libertar a cuia do<br />
seu conteúdo. Típico sabor e textura da amazônia.<br />
Telefonei para José Luiz Felício, empresário da tradicional<br />
marca de biscoito Miragina, famosa na região pelos seus<br />
biscoitos à base de castanha, para marcar uma visita a sua<br />
fabrica de castanha-do-brasil, brazil nuts, conhecida também<br />
como castanha-do-pará. as castanhas chegam de várias<br />
regiões do norte em sacas de 60 quilos, já retiradas do ouriço<br />
que as protege na mata. Elas passam por um processo de<br />
esterilização no vapor, depois são secadas ao ar<br />
livre, selecionadas e abertas manualmente, uma<br />
por uma, por um balé de dedos femininos e<br />
olhares atentos que descartam as amêndoas<br />
imperfeitas. Depois, elas vão para o processo<br />
de secagem em um forno. uma parte<br />
é comercializada como amêndoa, outra é<br />
moída para se obter uma farofa perfumada,<br />
outra ainda passa pelo processo de<br />
laminação. um dos derivados que mais me<br />
atraiu foi, sem duvida, o azeite delicado da<br />
castanha-do-brasil, pressão a frio.<br />
na volta de um passeio a uma fazenda de criação de<br />
tartarugas e pirarucus, passei por várias fazendas com gado<br />
nelore pastando. Foi então que entendi porque o acre tem<br />
a rabada no tucupi como o prato que melhor simboliza sua<br />
terra e, assim, se diferencia dos outros estados da região<br />
norte. sempre à procura da riqueza da diversidade e das<br />
particularidades de cada Estado, fui atrás da receita, que<br />
transcrevo abaixo, para que o amigo leitor possa realizar<br />
esse prato típico em <strong>Brasília</strong>.<br />
Escolher um belo rabo de boi e pedir para o açougueiro<br />
retirar o excesso de gordura. Picar duas belas cebolas e<br />
refogar numa panela em um pouco de óleo doce. Juntar<br />
os pedaços de carne e mexer de vez em quando, para corar<br />
todos os lados. Deixar na chama mais baixa possível durante<br />
muito tempo até a carne se soltar levemente das vértebras.<br />
Cobrir com tucupi e temperar com chicória picada e duas<br />
pimentas do cheiro amarelas. Deixar pernoitar na geladeira.<br />
No dia seguinte, acrescentar, na hora da ebulição, as folhas<br />
de jambu bem lavadas. Abaixar o fogo e deixar cozinhar<br />
devagar por mais 15 minutos. Servir em prato fundo, com<br />
uma farofa de castanha-do-brasil.
18<br />
carTa Da europa<br />
Difícil,<br />
Premiações ajudam vinhos brasileiros a entrar<br />
na briga pelo disputadíssimo mercado britânico<br />
por silio boccaNera,<br />
de loNdres<br />
mas não impossível<br />
Produtores de vinhos brasileiros<br />
decidiram enfrentar<br />
o desafio complicado de<br />
ocupar um espaço no mercado<br />
do Reino Unido, o mais aberto<br />
a fornecedores de diferentes<br />
países e maior importador<br />
mundial dessa bebida no<br />
mundo, até porque o artigo<br />
nacional é medíocre.<br />
O problema da missão<br />
brasileira pró-vinho nacional<br />
é não só a forte concorrência<br />
de vendedores tradicionais, como franceses<br />
e italianos, com seus vinhos conhecidos<br />
e de qualidade, mas também os mais<br />
novos ocupantes das prateleiras dos supermercados,<br />
como americanos, chilenos,<br />
neozelandeses, australianos, sulafricanos<br />
e argentinos. Sem esquecer os espanhóis<br />
e portugueses, também conhecidos.<br />
Em anos mais recentes, chegaram os<br />
búlgaros, romenos e outros europeus<br />
orientais de preços muito baixos.<br />
Como “se vender” então para os britânicos,<br />
com vinhos do Rio Grande do Sul e<br />
do Vale do São Francisco, sem a fama dos<br />
vizinhos chilenos e argentinos? “Por cima<br />
e por baixo”, decidiram os estrategistas da<br />
campanha Wines from Brazil, encarregada<br />
de divulgar o produto brasileiro por aqui,<br />
sugerindo duas frentes de atuação simultânea:<br />
restaurantes e supermercados.<br />
Os vinhos mais finos e caros serão<br />
dirigidos a restaurantes, como os conhecidos<br />
londrinos Bibendum e Zuma, que<br />
já concordaram em participar, com seus<br />
sommeliers devidamente informados sobre<br />
o paladar e as características de cada<br />
item, a fim de recomendar uma opção<br />
brasileira ao cliente à mesa.<br />
É o caso do gaúcho Lidio Carraro Elos<br />
Cabernet Sauvignon Malbec, de Encruzilhada<br />
do Sul, que se oferece aqui a 29 libras,<br />
ou cerca de R$ 80, para o dono do<br />
restaurante. Preço indigesto para o consumidor<br />
britânico médio, mais ainda<br />
porque, ao pedir uma garrafa no restaurante,<br />
será cobrado, como de hábito, pelo<br />
menos o dobro do valor original na conta<br />
do jantar. A margem de lucro em bebida<br />
alcóolica é muito alta nos restaurantes.<br />
Ao mesmo preço, vejo aqui num catálogo,<br />
o cliente pode pedir um Bordeaux<br />
(ou Claret, como dizem os britânicos)<br />
Chateau Moulinet 2005 Pomerol. Ou um<br />
Chateauneuf-du-Pape Domaine Font de<br />
Michelle 2006. O comprador vai precisar,<br />
então, de muito espírito de aventura e<br />
muita persuasão por parte do sommelier<br />
para optar pelo vinho brasileiro.<br />
Outra frente de ataque dos produtores<br />
brasileiros é o vinho barato, abaixo de 10<br />
libras (R$ 28), para consumo no dia a dia<br />
e aquisição em supermercado. O Miolo<br />
Alísios do Seival Pinot Grigio/Riesling<br />
2006 tenta se encaixar nessa faixa, a 5 libras<br />
(R$ 14) na prateleira, ou o ViniBrasil<br />
Rio Sol Reserva 2007, proposto no varejo<br />
a 9 libras (R$ 25). Vão esbarrar então na<br />
faixa já ocupada maciçamente por outros<br />
chamados vinhos do Novo Mundo, do<br />
Chile à Nova Zelândia. E ainda os europeus<br />
de baixo custo. Concorrência dura<br />
para os brasileiros.<br />
O experiente conhecedor de vinhos<br />
Dirceu Vianna Junior, um brasileiro com<br />
a rara distinção internacional Master of<br />
Wine, chama a atenção para um problema<br />
que ele testemunhou no Reino Unido,<br />
onde mora há mais de 20 anos, e que o<br />
Brasil precisa evitar: a fama de alguns países<br />
como produtores de vinhos baratos.<br />
Foi o que ocorreu, conta Dirceu, com<br />
a Bulgária e a Romênia, quando tentaram<br />
entrar com força no mercado britânico,<br />
nos anos 90. Promoveram bastante seus<br />
vinhos baratos, a fim de ganhar espaço no<br />
mercado, mas quando tentaram avançar<br />
com seus vinhos de mais qualidade o consumidor<br />
rejeitou, porque só concebia vinhos<br />
romenos e búlgaros a preços muito<br />
baixos, sem muita qualidade.
Daí a tática da campanha promocional<br />
Wines from Brazil, que vai tentar ganhar<br />
espaço nas prateleiras dos supermercados<br />
com vinhos de baixo preço, mas<br />
sem esquecer de promover nos restaurantes<br />
as variedades mais caras, como as citadas<br />
anteriormente.<br />
Andréia Gentilini Milan, gerente de<br />
exportação da campanha, explicou, durante<br />
visita a Londres, o que seu grupo<br />
pretende: “Ao contrário de franceses e<br />
italianos, muito apegados a seus próprios<br />
vinhos, os britânicos têm espírito aberto<br />
para experimentar produtos de outros<br />
países, e achamos que os vinhos brasileiros<br />
podem encontrar um espaço nesse<br />
mercado, se conseguirmos contrabalançar<br />
bem nossa imagem nas duas faixas<br />
de mercado”.<br />
Um empurrão na campanha brasilei-<br />
ra foram os prêmios conquistados em<br />
maio na International Wine Challenge,<br />
competição independente realizada em<br />
Londres. Vinhos do Brasil ganharam prêmios:<br />
uma medalha de prata para o espumante<br />
gaúcho Cave Geisse 2008, três de<br />
bronze (para os espumantes Aurora e Legado,<br />
mais o tinto Salton Desejo 2006) e<br />
seis “recomendações”.<br />
De uma maneira geral, explica o expert<br />
Dirceu Vianna, os vinhos brasileiros<br />
não devem ser comparados com os dos<br />
vizinhos argentinos e chilenos, seja para<br />
considerá-los melhores ou piores: “São<br />
diferentes. Por uma série de condições<br />
de clima e solo, no Sul ou no Nordeste,<br />
os nossos vinhos são mais ácidos, mais<br />
pesados, menos frutados. Caem melhor<br />
para tomar junto com uma refeição e<br />
não isoladamente”.<br />
Ambiente agradável,<br />
comida boa e área de lazer<br />
para as crianças fazem o<br />
sucesso da casa desde<br />
1987. No almoço, além<br />
das pizzas, o buffet de<br />
massas preparadas na<br />
hora, onde o cliente escolhe<br />
os molhos e ingredientes<br />
para compor seu prato.<br />
306 Norte (3273.8525)<br />
Parte da promoção brasileira em Londres<br />
foi realizar uma degustação de 11 vinhos<br />
no local que poderia ser chamado<br />
de um museu internacional do vinho,<br />
mas como os criadores temiam assustar<br />
frequentadores com a impressão de museu<br />
como “coisa velha” e sem prazer, chamaram<br />
o local de Vinópolis, hoje uma<br />
atração extra para quem visita a capital.<br />
Ali, perto do teatro shakespereano reconstruído<br />
The Globe e da fascinante galeria<br />
de arte Tate Modern, pode-se conhecer<br />
a história do vinho, percorrer a trilha<br />
de sua produção variada em diferentes<br />
partes do mundo e, mais interessante, degustar<br />
o que se vê. Além de comer no restaurante<br />
local, acompanhando das marcas<br />
favoritas. A partir de agora, vinhos<br />
brasileiros farão parte da trilha e estarão<br />
disponíveis para compra na Vinópolis.<br />
Além do Zuma, outro badalado restaurante japonês de Londres – o Roka – passa a exibir em seu cardápio dois vinhos – um<br />
tinto e um branco – da gaúcha Lidio Carraro. O negócio foi fechado durante encontro da gerente de marketing da vinícola,<br />
Patrícia Carraro, com o sommelier dos dois restaurantes, Athila Roos, no estande Wines From Brazil. “Escolhemos a Lidio<br />
Carraro”, justificou Roos, “por representar muito bem o vinho brasileiro de alta qualidade”.<br />
O primeiro lote adquirido, já disponível nos dois restaurantes, foi de 20 caixas, metade do Dádivas Chardonnay, safra<br />
2009, e a outra metade do Lidio Carraro Merlot Grande Vindima, safra 2005. O sommelier garante que, “se der tudo certo”,<br />
ou seja, se a receptividade for boa, por parte dos consumidores londrinos, os rótulos da Lidio Carraro serão incluídos nos<br />
restaurantes do grupo em Miami, Hong Kong, Istambul e Dubai.<br />
uma curiosidade: o Zuma, frequentado por celebridades de várias partes do mundo, foi o restaurante escolhido pelo<br />
técnico Dunga para jantar com os jogadores da seleção brasileira por ocasião da partida disputada em Londres, no dia 2 de<br />
março passado, contra a Irlanda.<br />
Fotos: Divulgação<br />
19
20<br />
Divulgação<br />
dia E NoiTe<br />
retratodaspalavras<br />
O desafio proposto, em 2006, pelo Instituto Goethe era<br />
o seguinte: existe uma imagem que exprima o poder da<br />
linguagem como meio de comunicação? Fotógrafos<br />
amadores e profissionais de 46 países aceitaram esse<br />
desafio e produziram 3.247 fotos com interpretações<br />
muito individuais sobre a linguagem humana, expressa<br />
em nada menos do que 6000 idiomas. Uma amostra de<br />
40 dos melhores trabalhos já percorreu Munique,<br />
Bratislava, Cracóvia, Bordeaux, Montevidéu, Cidade do<br />
México e está agora em <strong>Brasília</strong>. O poder da linguagem<br />
pode ser vista até 25 de julho na Caixa Cultural. Diariamente,<br />
das 9 às 21h, com entrada franca.<br />
luzesombra<br />
Encantadora de cobras, contorcionista, dançarina e alvo vivo de<br />
um lançador de facas. Essas foram algumas das atividades de Irina<br />
Ionesco antes que a francesa de origem romena ganhasse uma<br />
máquina fotográfica do pintor belga Guillaume Corneille, em<br />
1964. Ao se dedicar a essa paixão, conseguiu se tornar uma fotógrafa<br />
mundialmente reconhecida com sua obra original, intrigante<br />
e essencialmente poética. A exposição Espelhos de luz e sombra<br />
apresenta 30 fotos em preto e branco analógicas, sem nenhuma<br />
interferência de tecnologias digitais. Até 11 de julho na Caixa<br />
Cultural, de terça a domingo, das 9 às 21h.<br />
trêsemuma<br />
As artistas Luciana Paiva, Luiza Mader Paladino e Aline Ogliari<br />
estão expondo seus trabalhos na Galeria Espaço Piloto, da UnB,<br />
até 10 de julho. Luciana ocupa o subsolo da galeria com a mostra<br />
Criptografias, trabalho que relaciona a palavra à imagem. Já Luiza<br />
se inspira nas texturas e cores da terra para produzir Terrenos,<br />
“pinturas que transmitem a poesia que se esconde sob duras<br />
caminhadas, no profundo das gerações, na durabilidade do<br />
tempo”. Finalmente, Aline propõe uma técnica nada usual, pano<br />
sobre isopor. De segunda a sexta, das 9 às 19h, e sábado, das 9 às<br />
13h. Entrada franca.<br />
concursodefotografia<br />
Estão abertas até 28 de julho as inscrições para o 1º Concurso Câmara de Fotografia que tem como<br />
tema os 50 anos da Câmara do Deputados em <strong>Brasília</strong>. Podem participar fotógrafos profissionais<br />
ou amadores. Serão selecionadas 40 fotografias para compor exposição que haverá na<br />
Câmara dos Deputados em setembro. Os três primeiros colocados receberão R$ 10 mil,<br />
R$ 6 mil e R$ 3 mil. Informações: www2.camara.gov.br/a-camara/conheca/espaco-cultural/.<br />
Irina Ionesco<br />
Júlia suermann
patrick Kovarik/France presse<br />
qualquersemelhança...<br />
é mera coincidência. Mas, nesse caso específico, as semelhanças foram<br />
tantas que chamaram a atenção de Lucien Hervé, fotógrafo francês que<br />
trabalhou com o arquiteto Le Corbusier, e de nove profissionais brasileiros<br />
e franceses. Afinal, tanto <strong>Brasília</strong> quanto Le Havre, situada no<br />
norte da França, são cidades construídas no pós-guerra por dois<br />
grandes arquitetos do Século XX: a primeira, por Oscar Niemeyer e<br />
Lúcio Costa; a segunda, por Auguste Perret, após os bombardeios da<br />
Segunda Guerra. Além disso, ambas representam um exemplo explícito<br />
da modernidade arquitetônica do pós-guerra. É por essa razão que são<br />
consideradas Patrimônio Mundial pela Unesco. Merecem, portanto, a<br />
bela homenagem em forma de 50 fotografias expostas em Retratos de<br />
cidades – <strong>Brasília</strong>/Le Havre. No Museu da República, até 29 de julho.<br />
De terça a domingo, das 9 às 18h30, com entrada franca.<br />
depoisdasfronteiras<br />
Os dois últimos finais de semana de julho estão<br />
reservados para artistas e admiradores da arte sonora<br />
que se reunirão no CCBB para discutir as novas<br />
tendências em processos de criação. O projeto<br />
DF/Depois das Fronteiras - experiências sonoras e<br />
visuais no planalto acontece dias 23, 24, 30 e 31, das<br />
22 à 1h, reunindo 16 artistas e grupos brasileiros,<br />
entre eles Nego Moçambique (foto) e Coletivo<br />
Desconstrução, aqui de <strong>Brasília</strong>. Informações:<br />
3310.7087. Programação em www.bb.com.br/cultura.<br />
visitadeantepassados<br />
A réplica de um crânio de 400 mil anos e muitas outras imagens de<br />
homens pré-históricos estão em Atapuerca: a aventura da evolução, em<br />
cartaz no Instituto Cervantes até 31 de julho. Na exposição o visitante tem<br />
ampla compreensão das etapas da evolução humana, ilustrada por<br />
imagens fotográficas e cenografias em tamanho natural detalhadas sobre<br />
os tesouros descobertos nos sítios arqueológicos de Atapuerca, no norte da<br />
Espanha. Estarão lá réplicas do crânio Miguelón, o mais bem conservado<br />
do Homo heidelbergensis e do Homo antecessor. De segunda a sexta-feira,<br />
das 8 às 21h, e sábados, das 8 às 14h. Entrada franca.<br />
Deivid<br />
diversãodeférias<br />
Festival de sorvete, gincanas, festa à<br />
fantasia, passeios e muita brincadeira. São<br />
esses os principais ingredientes da colônia<br />
Um gosto de férias, promovida pelo SESC<br />
em quatro de suas sedes: 913 Sul, Taguatinga,<br />
Gama e Ceilândia. Crianças com<br />
idades entre 5 e 12 anos podem participar<br />
da colônia, que acontece entre 12 e 17 de<br />
julho, das 13h30 às 17h30. As taxas de<br />
inscrição variam de R$ 55 a R$ 130.<br />
Informações: 0800.617.617.<br />
Divulgação<br />
21
alicenoteatro<br />
Os livros de Lewis Caroll – Alice no país das maravilhas e Alice<br />
através do espelho – têm agora uma versão brasiliense. O Chapeleiro<br />
Maluco, a Lebre de Março e a Rainha de Copas estão no palco<br />
da Escola Parque da 307 Sul durante o mês de julho. A Cia.Teatral<br />
Neia e Nando adaptou as histórias de Caroll para o Planalto<br />
Central do Brasil. “As cartas trazem ilustrações dos monumentos<br />
da Capital Federal e os figurinos ganham toques do nosso verdeamarelo”,<br />
explica a diretora Neia Paz. Sábados e domingos, às 17<br />
horas, com ingressos a R$ 30 e R$ 15, vendidos meia hora antes de<br />
cada apresentação. Informações: 3443.3149.<br />
22 Divulgação dia E NoiTe<br />
Evaldo Gomes<br />
armandinhomacedo<br />
Aos nove anos ele aprendeu a tocar bandolim. O pai, Osmar Macedo, um dos<br />
criadores do Trio Elétrico Dodô e Osmar, resolveu então passar para o filho<br />
seu vasto e elétrico repertório. Aos dez anos, Armandinho já liderava o Trio<br />
Elétrico Mirim, onde tocava frevos e a boa música instrumental brasileira.<br />
A consagração veio aos 15 anos, quando venceu a eliminatória de A grande<br />
chance, programa de maior audiência da TV Tupi, apresentado por Flávio<br />
Cavalcanti. Como qualquer adolescente de sua geração, Armandinho<br />
mergulhou de cabeça no rock, mas jamais deixou de lado suas origens,<br />
o legado que recebera do pai. A carreira solo deslanchou em 1987, com o<br />
sucesso do show Armandinho em concerto. Ele estará no Clube do Choro<br />
dias 7, 8 e 9, acompanhado por Henrique Neto (violão 7 cordas), Paula<br />
Zimbres (contrabaixo), Yacoce Simões (teclados) e Rafael dos Santos<br />
(bateria). Ingressos a R$ 20 e R$ 10. Informações: 3224.0599.<br />
oquevocêfazpeloplaneta?<br />
Se ainda não faz, vem aí ótima oportunidade para pensar no assunto e saber exatamente como ajudar a salvá-lo da destruição.<br />
De 5 a 9 de julho, o Jardim Botânico de <strong>Brasília</strong> será sede do I Fórum de Biodiversidade das Américas, um encontro de<br />
ambientalistas que desejam trazer para o Brasil as decisões sobre biodiversidade no continente. A campanha O que você faz<br />
pelo planeta está ganhando corpo no continente. Aqui em <strong>Brasília</strong>, por exemplo, o cineasta João Amorim está gravando um<br />
filme chamando a atenção sobre o tema. Informe-se em 3366.2141 ou 3366.5597. Caso já tenha alguma sugestão sobre como<br />
ajudar, envie-a para www.biodiversidadedasamericas.blogspot.com ou para biodiversidadedasamericas@gmail.com<br />
festasjulinas<br />
Como acontece todos os anos, o mês de junho é pequeno para abrigar<br />
a paixão que o brasiliense tem por festas juninas. Vai daí que<br />
sempre sobram alguns arrasta-pés para esquentar o mês de julho.<br />
Um deles é o arraiá do Terraço Shopping, dia 16, a partir das 19h.<br />
O pavio será aceso pelo grupo Forró Lunar, que prometei caprichar<br />
na seleção musical com músicas próprias e sucessos de<br />
Domiguinhos e Luiz Gonzaga. Também o Centro Cultural de<br />
<strong>Brasília</strong> (601 Norte) está promovendo seu 3º Arraiá CCB. Será<br />
nos dias 9 e 10, com animação do DJ Tubarão e da Banda Trio<br />
do Nordeste. Na programação, comidinhas típicas, quadrilha e<br />
sorteio de brindes. Informações: 3426.0400.<br />
paki
Divulgação<br />
chopininsólito<br />
Entre as boas homenagens programadas para marcar o segundo centenário<br />
de nascimento de Fréderic Chopin está uma praticamente imperdível que o<br />
CCBB apresenta de 27 de julho a 17 de agosto. O premiado pianista italiano<br />
Francesco Libetta (foto) e o maior clarinetista brasileiro, Paulo Sergio<br />
Santos, são convidados de honra do projeto, que traz também Pablo Rossi,<br />
aquele menino prodígio que ganhou o 1º Concurso Nacional Nelson Freire<br />
para Novos Talentos Brasileiros, em 2003, e já se apresentou em vários<br />
programas de televisão. Será a primeira execução pública no Brasil dos 53<br />
estudos de Chopin, os mais difíceis da história do piano, que Libetta vai<br />
apresentar dia 27. A série estará em cartaz durante quatro semanas, sempre<br />
às terças-feiras, às 13h (entrada franca) e às 21h (ingressos a R$ 15 e<br />
R$ 7,50). Informações: 3310. 7087.<br />
camposdojordão<br />
Também no 41º Festival de Inverno de Campos do Jordão, cidade distante 168 km de São<br />
Paulo, Chopin será homenageado este mês pelo pianista polonês Zbigniew Raubo e pela<br />
brasileira Cristina Ortiz,<br />
que se apresentam com<br />
um repertório especialmente<br />
dedicado ao<br />
compositor. O festival<br />
homenageia ainda o<br />
compositor alemão<br />
Robert Schumann, em<br />
comemoração ao bicentenário<br />
de seu nascimento.<br />
Sua obra será<br />
executada por pianistas<br />
brasileiros que<br />
dispensam apresentação:<br />
Nelson Freire, Arnaldo<br />
Cohen e Caio Pagano. O terceiro homenageado em Campos do Jordão é o austríaco<br />
Gustav Mahler, pelo sesquicentenário de seu nascimento. Este ano o Festival de Inverno<br />
daquela cidade paulista cresceu em duração e em número de apresentações. São quatro<br />
semanas de música erudita (uma a mais que nos anos anteriores) e 83 concertos, o dobro<br />
se comparado com a média das edições passadas. De 3 a 31 de julho, com apresentações<br />
gratuitas e pagas. Informações: www.festivalcamposdojordao.org.br/<br />
prêmiocultural<br />
Pintura em tela, música, fotografia e literatura. Essas são as categorias dos Prêmios<br />
Culturais do SESC-DF, cujas inscrições podem ser feitas até 30 de setembro. É a chance<br />
para que escritores, pintores, fotógrafos e músicos de todo Brasil possam publicar e dar<br />
visibilidade aos seus trabalhos. Até hoje mais de três mil artistas foram selecionados no<br />
concurso que já permitiu a gravação de seis CDs, a publicação de 21 coletâneas e a<br />
realização de diversas exposições. O SESC vai distribuir R$ 41,5 mil aos vencedores.<br />
Regulamentos e inscrição em www.sescdf.com.br.<br />
universoteatral<br />
Jovens que tenham mais de 14<br />
anos podem participar da<br />
oficina Teatrando Montagem,<br />
que começa dia 3 de agosto e<br />
vai até 19 de dezembro, e se<br />
propõe a ensinar todas as<br />
etapas a serem cumpridas para<br />
se produzir uma peça de<br />
teatro. Segundo a atriz Adriana<br />
Lodi, criadora do projeto, os<br />
alunos chegam à segunda<br />
etapa do curso com um desafio<br />
pela frente: produzir um<br />
espetáculo. “Eles dividem as<br />
tarefas, desde, por exemplo, a<br />
construção dos cenários, a<br />
escolha do figurino até as filipetas<br />
para a divulgação”,<br />
explica. Os interessados devem<br />
procurar a secretaria de cursos<br />
do Espaço Cultural da 508 Sul.<br />
Informações: 3244. 0411.<br />
Divulgação<br />
23
24<br />
diário DE viagem<br />
A Casa Batllo, obra de Antoni Gaudi, em Barcelona<br />
O Rio Sena, em Paris<br />
O Muro de Berlim<br />
Europa<br />
econômica<br />
Barcelona, Paris, Berlim, Atenas<br />
e Lisboa em roteiro enxuto,<br />
com dicas para turistas de<br />
primeira viagem e que não<br />
têm muitos euros para gastar.<br />
TexTo e FoTos aKemi NiTahara<br />
Com o euro em baixa, em comparação ao real, a Europa tem<br />
sido uma ótima opção para viajantes menos endinheirados.<br />
Os voos diretos de <strong>Brasília</strong> para Lisboa facilitaram ainda<br />
mais. Portugal tornou-se uma das principais portas de entrada de<br />
brasileiros – principalmente brasilienses – na Europa. E quem estiver<br />
de malas prontas para o Velho Continente pode esquecer aquela<br />
coleção de carimbos no passaporte. Entre os países da União Europeia<br />
não há controle de fronteiras.<br />
Primeira parada: Barcelona<br />
Depois das Olimpíadas de 1992, Barcelona entrou definitivamente<br />
no mapa do turismo mundial. É daquelas cidades que dão<br />
vontade de voltar, com seu agito noturno e as belezas neogóticas<br />
das obras de Antoni Gaudi. Mas não é passeio para criança. É, certamente,<br />
um bom programa para casal. E as opções de acomodação<br />
são variadas. O melhor é ficar na região central, perto das<br />
Ramblas ou da Praça Universitária.<br />
Nos vários restaurantes-cafés dessa região é possível almoçar<br />
bem com menos de dez euros. Muitas casas oferecem boas opções<br />
de refeição mediterrânea por esse preço, incluindo entrada, que<br />
pode ser uma sopa ou salada, o prato principal (manitas de porco,<br />
carne, frango ou peixe) e duas ou três opções de sobremesa, além<br />
da bebida, que pode ser inclusive cerveja ou vinho. Também é possível<br />
trocar a sobremesa por café.<br />
Apesar de ser considerada uma das mais saudáveis do mundo, a<br />
comida mediterrânea pode não cair bem nos estômagos mais sensíveis:<br />
muito azeite e pouco carboidrato. Para quem gosta de arroz,<br />
uma opção formidável é a paella, que se encontra por 20 euros em<br />
restaurantes das Ramblas.<br />
No turismo etílico, a pedida é o Grand Duque d’Alba, um tipo<br />
de conhaque que não se encontra no Brasil. Sai em média por 26<br />
euros. Importante lembrar ao turista brasileiro que os espanhóis<br />
ainda mantêm aquele antigo hábito de fazer a siesta, entre meio<br />
dia e quatro da tarde.
Paris, ah, Paris!<br />
A capital francesa é, de fato,<br />
uma cidade encantadora. Mas é<br />
também muito cara. Se estiver pouco<br />
prevenido de euros, nem arrisque<br />
os restaurantes. Para cafés da<br />
manhã e lanches noturnos, passe<br />
numa boulangerie para comprar<br />
pães, croissants e doces típicos. Ou<br />
mesmo na quitanda da esquina,<br />
que os moradores de lá chamam<br />
de árabe. Além de ficarem abertas<br />
até bem tarde, oferecem boa variedade<br />
de vinhos e queijos. Aliás,<br />
que queijos! Os preços ficam em<br />
torno de três euros o brie, dois o comté e<br />
três o camembert. Também vale arriscar<br />
os queijos de cabra e os iogurtes, que são<br />
levíssimos.<br />
As tâmaras secas encontradas nessas<br />
quitandas não têm igual no Brasil, de tão<br />
macias e saborosas. Com 15 euros você<br />
monta um pequeno banquete, com direito<br />
a vinho, para comer no hotel. Para<br />
quem não bebe, a sugestão é o suco de<br />
maçã. Se no seu quarto de hotel não houver<br />
uma geladeira, o jeito é deixar a comida<br />
do lado de fora da janela. A temperatura<br />
ambiente dá conta do recado de conservar<br />
os queijos e gelar o suco.<br />
O crepe da esquina ou da praça também<br />
é uma boa pedida. Comer sentado<br />
num café pode custar 12 euros. Mas comer<br />
em pé, no melhor estilo fast food, não<br />
sai por muito mais de quatro euros. As<br />
banquinhas não oferecem mesas e cadeiras<br />
e as praças também não têm bancos.<br />
O crepe de quatro queijos é excepcional –<br />
afinal, estamos falando de legítimos fromages<br />
franceses.<br />
Na falta de tempo para conhecer bem<br />
os monumentos, uma alternativa é o city<br />
tour nos cars rouges. O bilhete para os ônibus<br />
vermelhos sai a 24 euros, válido para<br />
dois dias. Você pode descer onde quiser e<br />
pegar o próximo ônibus, que oferece informações<br />
em oito idiomas.<br />
Para se locomover pela cidade, o metrô<br />
é a melhor opção. O mapa é bem<br />
O tipico sauerkraut alemão<br />
complexo, já que compreende um emaranhado<br />
de 13 linhas, cobrindo toda a cidade.<br />
Mas é fácil conseguir um exemplar e<br />
se localizar rapidamente. Se errar de linha,<br />
volte, vá até a próxima conexão e troque<br />
de trem. Tudo é muito bem sinalizado.<br />
As máquinas que vendem os bilhetes<br />
têm a opção de espanhol, o que facilita<br />
muito.<br />
Por falar em língua, é bom saber o básico<br />
do francês, mas dá para se virar bem<br />
com um pouco de inglês e espanhol. O segredo,<br />
na França, é ser simpático e falar<br />
sempre os imprescindíveis bonjour, bonsoir,<br />
s’il vous plaît e merci, que os franceses<br />
atendem. A antipatia é maior se a primeira<br />
abordagem for em inglês. Uma dica necessária:<br />
na falta de banheiros públicos, sentese<br />
na mesa de um dos inúmeros cafés e<br />
peça um bom espresso. Aproveite, então,<br />
a chance preciosa para ir ao banheiro.<br />
Reserve um tempinho para passar<br />
em alguma cave e comprar o Calvados,<br />
um aguardente de maçã típico da região<br />
da Normandia e também<br />
difícil de achar no Brasil. Um<br />
V.S.O.P custa em torno de<br />
25 euros, mas nas quitandas<br />
dá para encontrar por<br />
16 euros. Na França, ele é<br />
bebido durante as refeições,<br />
entre um prato e outro,<br />
para “abrir o buraco da<br />
Normandia” no estômago.<br />
O básico de Berlim<br />
A Alemanha é fria. Muito fria.<br />
Tanto no clima como na recepção<br />
das pessoas em geral. Mas é o jeito deles.<br />
Em compensação, Berlim é muito<br />
limpa e organizada. Tão civilizada que<br />
no ponto de ônibus um painel indica<br />
quantos minutos faltam para o ônibus<br />
chegar.<br />
O metrô, que – pasmem – não tem<br />
catracas, também é uma boa opção em<br />
Berlim, muito embora seu mapa seja<br />
mais complicado do que o de Paris. Se<br />
você não fala alemão, dificilmente vai<br />
conseguir comprar o bilhete nas máquinas.<br />
São muitas opções e muitas telas<br />
seguidas. É melhor tentar encontrar um<br />
guichê.<br />
A língua é muitíssimo difícil de entender,<br />
dá para compreender apenas uma ou<br />
outra palavra parecida com o inglês. Felizmente,<br />
a maioria dos alemães fala inglês.<br />
Se, contudo, o seu inglês não fizer bonito<br />
na Alemanha, o jeito é apelar para o google<br />
translator e seguir viagem rumo à deliciosa<br />
culinária do país. Experimente o sauerkraut,<br />
conhecido no Brasil como chucrute.<br />
O repolho fermentado é leve, agridoce<br />
e acompanha costela de porco ou salsichão.<br />
Outro prato típico, encontrado nas<br />
banquinhas em pontos turísticos, é o strudel,<br />
uma torta doce com pouca massa e<br />
muito recheio.<br />
Para conhecer o básico da cidade em<br />
duas horas, faça o city tour, que custa 10<br />
euros. Alexander Platz, o zoológico, o Mu-<br />
25
26<br />
diário DE viagem<br />
Ouzo, aguardente grega<br />
seu de Cera da Madame Tussauds e o que<br />
sobrou do Muro de Berlim estão entre<br />
atrações. O guia fala alemão e inglês. Se<br />
der sorte, você ainda encontra pelas ruas<br />
uma bikebier. País tecnológico, a Alemanha<br />
é também uma boa opção para se<br />
comprar eletrônicos e cosméticos.<br />
Atenas arqueológica<br />
Quando você ouve alguém falando<br />
grego, parece que vai entender. O cantado<br />
lembra o italiano e a pronúncia é igual ao<br />
português. Mas você não entende nada.<br />
Ainda bem que o inglês é bem usual, apesar<br />
do sotaque forte.<br />
A região de Plaka é a mais agitada, tanto<br />
de dia como de noite. Local com muitas<br />
escavações arqueológicas, também concentra<br />
bares, restaurantes típicos e lojinhas<br />
de souvenirs. Hospedando-se ali,<br />
você vai andando até a Acrópole, que fica<br />
aberta para visitação até três da tarde,<br />
e também ao museu, aos pés da cidade<br />
alta. Lá está toda a história da Acrópole,<br />
o que sobrou e reproduções das esculturas<br />
do Parthenon e dos outros templos.<br />
Sob o museu estão expostas escavações<br />
da cidade antiga, com suas ruelas e casinhas.<br />
Emocionante!<br />
A repórter na Alexander Platz, em Berlim<br />
Aproveite para almoçar no restaurante<br />
do museu, onde há muitas opções de saladas,<br />
inclusive a típica grega (com tomate,<br />
pepino e queijo feta), sanduíches e sobremesas.<br />
O alaktobúriko (bolo de leite) é super<br />
macio e saboroso e o iogurte é encorpado<br />
e servido com mel. Imperdível!<br />
A comida grega tem alguns toques<br />
ára bes. Uma boa sugestão é experimentar<br />
o moussaka, um tipo de lasanha de berinjela<br />
recheada com carne moída. E, claro,<br />
o souvlaki, conhecido por aqui como<br />
churrasquinho grego, que pode ser de<br />
carne bovina, porco, frango ou carneiro.<br />
A carne é assada em um enorme espeto e<br />
servida com pão pita, separado ou como<br />
um sanduíche. O tempero é muito bem<br />
preparado e deixa a comida bem saborosa.<br />
A bebida típica dos gregos é o Ouzo,<br />
uma aguardente com forte toque de anis.<br />
Uma garrafa sai por oito euros. Preste<br />
atenção ao horário do comércio. Muitas<br />
lojas fecham às duas da tarde nas segundas,<br />
quartas e sábados. Mas às terças, quintas<br />
e sextas ficam abertas até oito da noite.<br />
Última parada: Lisboa<br />
Uma tarde em Lisboa, esperando a<br />
conexão de volta para <strong>Brasília</strong>... É o sufi-<br />
Torre de Belém, em Lisboa<br />
ciente para pegar o ônibus até a praça do<br />
Rossio, sentar em uma esplanada e comer<br />
um bacalhau às natas ou Gomes de Sá. E<br />
pedir, claro, o pastel de Santa Clara de sobremesa.<br />
O pastel de Belém só é feito por<br />
uma casa da cidade. Os outros não podem<br />
receber esse nome, mas a receita é a<br />
mesma.<br />
Depois, é pegar o ônibus do city tour<br />
e dar uma volta de duas horas pela cidade,<br />
por 15 euros. E com explicações em<br />
português, o que é um alívio depois de<br />
duas semanas ouvindo outras línguas.<br />
As histórias e emoções das grandes<br />
navegações e do descobrimento vêm<br />
à tona em Lisboa. Nesse rápido passeio<br />
dá para conhecer a Rua do Comércio, a<br />
parte da cidade planejada pelo Marquês<br />
de Pombal após o terremoto de 1755,<br />
a arena de corrida de touros Campo<br />
Pequeno, a Ponte Vasco da Gama, o<br />
Padrão dos Descobrimentos e a Torre<br />
de Belém, de onde Cabral teria saído<br />
naquela viagem no ano de 1500.<br />
Daí, é comprar um bom Porto, que<br />
dá para encontrar por oito euros, e encarar<br />
as nove horas de avião na volta para<br />
casa, já fazendo planos de breve retorno<br />
ao Velho Continente.
graves & agudos<br />
Feio e belo<br />
Inspirado no xará Jobim, o músico Antonio Carlos<br />
Bigonha enxerga beleza no “urubu-procurador”<br />
por heiTor meNezes<br />
Um urubu para chamar de seu. A<br />
mais brasileira das aves, o Coragyps<br />
atratus, de olhar desconfiado,<br />
que os tolos erroneamente associam<br />
ao mau agouro, sentem nojo e fazem troça<br />
junto aos rubro-negros, certamente passou<br />
a ser vista com outros olhos depois<br />
que o mestre Antonio Carlos Jobim lhe<br />
dedicou um belo disco, Urubu, em 1975.<br />
Enxergar beleza na feiúra é o mínimo<br />
que se pode dizer do sábio Tom. Não bastasse<br />
a linda música, no texto da contracapa<br />
do álbum Jobim rende homenagem<br />
poética ao senhor do céu profundo brasileiro,<br />
nomeando as variações e tipos, para<br />
nos ensinar, no mínimo, que nem todo<br />
urubu é só urubu.<br />
Esse texto voou longe. Contracapa na<br />
mão, ouvidos tão aguçados quanto o faro<br />
do amigo de negra penugem, chegamos a<br />
outro Antonio Carlos, sobrenome Bigonha,<br />
mineiro de Ubá, radicado em <strong>Brasília</strong>,<br />
igualmente pianista e também amante<br />
devotado das coisas bem brasileiras.<br />
Antonio Carlos Bigonha também tem<br />
o seu urubu e ele se chama Urubupeba.<br />
Trata-se de CD de música instrumental<br />
brasileira, produção independente, que<br />
ouvimos em primeira mão na abertura<br />
dos shows que Dori e Nana Caymmi<br />
apresentaram, em maio, no Teatro da<br />
Caixa. Urubupeba resume de maneira espantosa<br />
não só o talento de seu autor, capaz<br />
de compor melodias encantadoras, como<br />
sintetiza uma história que aponta inúmeras<br />
semelhanças com o Urubu e o universo<br />
de Tom Jobim.<br />
Bigonha conta que a inspiração de<br />
Urubupeba certamente vem do urubu jobiniano<br />
e das repetidas audições do célebre<br />
disco do maestro, um dos pilares da bossa<br />
nova. À época, quando Bigonha ainda era<br />
um garoto, Jobim discorreu na contracapa<br />
do álbum sobre o urubupeba (ou jereba):<br />
“Urubu importante, como, aliás, todo<br />
urubu”. Mais adiante, lembrou que o<br />
urubupeba também é conhecido como<br />
“urubu-procurador”. Bingo.<br />
Para entender a piada, lembremos<br />
que Antonio Carlos Bigonha, quando<br />
não está ao piano, comanda a Associação<br />
Nacional dos Procuradores da República<br />
(ANPR), sendo ele, membro do Ministério<br />
Público da União, um procurador a<br />
serviço da sociedade, vigilante da lei e do<br />
estado democrático de direito.<br />
O Bigonha músico e jurista juntou-se<br />
numa pessoa só e sentiu que o urubupeba<br />
tinha tudo a ver. “O procurador se parece<br />
com o urubu, procura a carniça e limpa a<br />
sociedade”, filosofa, tentando ao mesmo<br />
tempo entender (a si próprio) e explicar<br />
essa ligação atávica com a obra jobiniana.<br />
Aliás, atavismo que é atavismo vem do<br />
berço. Antonio Carlos Bigonha não se<br />
chama Antonio Carlos à toa. Os pais,<br />
amantes da boa música, presentearam-lhe<br />
o nome em homenagem ao autor de Garota<br />
de Ipanema.<br />
E a música em Urubupeba, como é? As<br />
peças são lideradas pelo piano e a ele juntam-se<br />
basicamente violões (Dori Caymmi,<br />
Paulo André Tavares e Juarez Moreira,<br />
em Miragaya), baixos (Jorge Helder e<br />
Oswaldo Amorim) e bateria (Leander Mota<br />
e Jurim Moreira). E aí entra a orquestra<br />
de cordas, em arranjos e regência de Dori<br />
Caymmi.<br />
Ora tudo parece uma melodia da bossa<br />
nova, do Clube da Esquina; ora um<br />
tango, um jazz brasileiro, um refrão assobiável.<br />
A música é impregnada de memória,<br />
uma viagem no tempo. Algo que Bigonha<br />
já havia mostrado, muito sutilmente,<br />
em Azulejando (2004), seu primeiro disco.<br />
Detalhe: Urubupeba foi bancado integralmente<br />
pelo autor, pois esse tipo de<br />
música não interessa ao esquemão. Sendo<br />
assim, vale a pena correr e pegar uma<br />
das mil cópias disponíveis nas raras lojas<br />
do ramo.<br />
Telmo Ximemes<br />
27
Que EspETÁcuLo<br />
O melhor remédio<br />
Saulo Pinheiro e Daniel Villas Bôas prometem fazer<br />
a plateia gargalhar com o seu Stand-up ao quadrado<br />
por lúcia leão<br />
Um arquiteto, quando anda pelas<br />
ruas da cidade, observa a organização<br />
urbana e as formas das edificações;<br />
um fiscal do Detran estará sempre<br />
mais atento às infrações e à segurança<br />
do tráfego; um meteorologista observará<br />
os sinais das nuvens e um astrólogo tentará<br />
descobrir o seu signo. Já o humorista<br />
anda por aí procurando a graça que se esconde<br />
nas situações cotidianas. Sempre<br />
há algo de inusitado e bizarro, só depende<br />
do ponto de vista. O mundo visto por essa<br />
ótica especial vira matéria-prima para<br />
quem vive da abençoada tarefa de fazer rir.<br />
É assim com Saulo Pinheiro e Daniel<br />
Villas Bôas, atores e escritores da Cia de<br />
Comédia Setebelos que apresentam, na<br />
última semana deste mês, um espetáculo<br />
que simplesmente descortina o humor<br />
que sempre há nas cenas comuns do dia a<br />
dia. E nada mais: nada de personagens,<br />
de enredos, de cenários, de maquiagens...<br />
apenas pequenas histórias contadas pela<br />
ótica dos humoristas.<br />
Standup ao quadrado, como o próprio<br />
nome diz, é um standup, gênero de humor<br />
que tem o DNA no teatro de revista<br />
do final do Século XIX e na década de<br />
1950 ganhou formato definitivo – um humorista<br />
(no caso dois, e por isso “ao quadrado”)<br />
em pé diante do microfone. De<br />
cara limpa, sem encarnar qualquer personagem,<br />
artistas como Woody Allen e Bill<br />
Crosby driblavam, através do humor, a<br />
perseguição macartista, e tratavam de te-<br />
Divulgação<br />
mas “mal vistos”, como política e preconceito<br />
racial. Por aqui também, humoristas<br />
como José Vasconcelos e Chico Anísio<br />
usaram standups para nos fazer rir de nossas<br />
agruras e confundir os censores da ditadura<br />
militar.<br />
Felizmente, a atual geração de artistas<br />
não precisa se preocupar com isso. Restalhes<br />
o enorme desafio de fazer rir sem o<br />
apoio de um texto formal ou qualquer outra<br />
ferramenta de suporte de um espetáculo<br />
teatral. “É o humorista, a sua percepção<br />
e a plateia. O segredo de um standup está<br />
em destacar uma situação presente para<br />
todo mundo mas que ninguém tinha visto<br />
daquela maneira, por aquele ângulo. É<br />
um espetáculo calcado absolutamente na<br />
performace e na sensibilidade do ator, e<br />
isso, sem dúvida, é um enorme desafio”.<br />
Um desafio que, ao que parece, Saulo<br />
e Daniel estão tirando de letra. Suas narrativas<br />
despojadas sobre relacionamentos,<br />
futebol, celebridades, trabalho e outros temas<br />
presentes em qualquer papo entre<br />
amigos fizeram dobrar de rir plateias selecionadas<br />
para testar, em pequenas pré-estreias,<br />
o retorno do espetáculo. Agora, o<br />
grande público também poderá se tratar<br />
com o melhor dos remédios.<br />
stand-up ao quadrado<br />
24 e 31/7, às 21h, e 25/7, às 20h, no Teatro<br />
dos bancários (entrequadra 314/315 sul)<br />
ingressos na bilheteria do teatro e no<br />
site ingresso rápido. mais informações:<br />
3262.9090. classificação indicativa: 14 anos.<br />
29
30<br />
verso & prosa<br />
Sem deixar<br />
a peteca cair<br />
por reYNaldo domiNgos Ferreira<br />
A<br />
jornalista Theresa Catharina de<br />
Góes Campos acaba de reunir em<br />
livro boa parte de sua extensa produção<br />
poética, até aqui esparsa, constituída<br />
de versos de tom bastante emotivo, escritos<br />
ao longo do tempo em três idiomas,<br />
além do português, os quais espelham as<br />
diversas fases de sua rica, sofrida e luminosa<br />
existência. Na verdade, o brilho geral<br />
do livro é composto pela oportunidade<br />
que ela dá ao leitor de empreender, em<br />
sua companhia, uma viagem ao recôndito<br />
de seu coração para conhecer não só a alegria<br />
que esbanja de viver como também as<br />
razões que a levam, por impulso, a escrever<br />
poemas. Naturalmente, para quem espalhou<br />
poesia em sua vida, existem infindáveis<br />
sentimentos geradores dessa nobre<br />
atividade.<br />
Todo poema, conforme admite Theresa<br />
Catharina, tem um passado, uma história<br />
a ser contada: Versos há que chegam /<br />
tão de mansinho / como a luz da madrugada.<br />
/ Recebem o orvalho da manhã; / deixamse<br />
seduzir / pelo encanto do beijaflor.<br />
Há alguns, porém, que, segundo ela, parecem<br />
borboletas! E outros condenados / ao silêncio,<br />
impedidos / de cantar. / Sinos quebrados.<br />
Muitos reagem, conforme explica. Rebelam-se,<br />
exigindo, com voz firme, o seu<br />
lugar no mundo. Há até os que usam disfarces<br />
(máscaras) e artimanhas para que se<br />
lhes retirem a mordaça.<br />
A poetisa não usa, contudo, essa busca<br />
da história de seus versos para omitir<br />
ou falsear fatos de sua vida. Pelo contrário.<br />
É nessa ingente tarefa que ela se mostra<br />
em retrato de corpo inteiro. Em um<br />
poema de muita força dramática, por<br />
exemplo, exalta a coragem de sua mãe,<br />
que a resgatou, em um país estrangeiro,<br />
da violência a que então se submetia, no<br />
cotidiano de sua vida conjugal: Dias de medo<br />
e de horror, / de violência diária, / disfarçada<br />
e cruel. / Anos de solidão, / dias sem<br />
sol, / nem luar. / Dias sem luz, / anos ausentes<br />
de proteção. / Anos sem paz, / sem visão<br />
de esperança.<br />
Tudo isso, entretanto, a autora procurou<br />
esquecer. Em outro poema, ela afirma:<br />
Nada foi estéril: tudo deu bons frutos. E<br />
acrescenta: Nada infértil se mostrou. / Derrotas<br />
e vitórias deram frutos... / ainda que<br />
em meio a lágrimas. / Nada, absolutamente<br />
nada / na minha existência se perdeu. / O<br />
ideal a tudo transfigurou. Reconquistada a<br />
liberdade, de volta ao âmbito da família,<br />
a jornalista procurou alimentar o espírito<br />
por meio principalmente do cinema, sua<br />
paixão desde os tempos de criança. Por<br />
isso, em homenagem à Sétima Arte, há<br />
muitos haicais em seu livro, além de uma<br />
profusão de poemas inspirados em filmes<br />
famosos, como Blade runner, jardineiro<br />
espanhol, Imensidão azul, O turista<br />
acidental, Hiroshima, meu amor e O país de<br />
São Saruê.<br />
Inspirando-se em Mouchette, obra-prima<br />
de Robert Bresson, Theresa Catharina<br />
assim verseja: Ainda que o corpo se recuse,<br />
/ o coração tem que reagir / e continuar a<br />
crer, a esperar, / mesmo que as lágrimas / se<br />
recusem a parar / de envolver nosso rosto /<br />
empalidecido e chocado / porque a solidariedade<br />
/ não nos resgatou / do desespero. Também<br />
a literatura de Antoine de Saint-Exupéry<br />
(Terra dos Homens) a leva a escrever,<br />
originalmente em francês, em Paris, estes<br />
versos, que aqui vão na tradução dela para<br />
o português: Tudo se vai dizer / às estrelas<br />
d´Exupéry. / Mas é preciso se calar / diante<br />
dos homens / perdidos no deserto / do seu orgulho.<br />
/ Vamos correr / diante das flores, /<br />
embora não, / se ouvirmos os ruídos / da<br />
guerra. / É preciso muita coragem, / muito<br />
amor, / para se falar aos homens. / Com as<br />
flores, / podemos falar de amor. / Com as estrelas<br />
/ podemos conversar / sobre a ternura<br />
/ escondida no coração puro / do Pequeno<br />
Príncipe.<br />
No poema que dá título ao livro, a poetisa<br />
confessa não ter mais segredos, nem<br />
confidências: Meus versos disseram tudo –<br />
ela complementa. Há, porém, dois traços<br />
característicos da personalidade de Theresa<br />
Catharina que precisam ser aqui destacados:<br />
o primeiro é a sua pertinaz e corajosa<br />
luta contra o câncer, que ela vem vencendo,<br />
há mais de uma década, graças à<br />
perícia de seu médico, certamente, e ao<br />
seu espírito de perseverança, de não deixar<br />
a peteca cair, como diz, que ela sintetiza<br />
também em poesia: A vida precisa ser assim...<br />
/ Olhe a peteca, não deixe cair! / Mantenha<br />
vivas as cores / e os perfumes da existência<br />
/ Mantenha a vida em movimento, /<br />
caminhando até no silêncio / das meditações<br />
escolhidas. O segundo é a sua extraordinária<br />
confiança no poder da amizade: Louvado<br />
seja Deus, / pelas bênçãos da amizade /<br />
que nos resgata do egoísmo atrofiante.<br />
existe vida sem poesia?<br />
Theresa catharina de góes campos<br />
gráfica e editora guanabara, 472 páginas
O segredo Escritores<br />
brasileiros de<br />
sucesso vêm<br />
a <strong>Brasília</strong> falar<br />
por alexaNdre mariNo<br />
A<br />
escritora Martha Medeiros abre<br />
nesta quarta-feira, 7 de julho, o<br />
projeto Escritores Brasileiros no<br />
CCBB, que trará mensalmente a <strong>Brasília</strong><br />
algumas importantes personalidades da literatura<br />
brasileira, ou pelo menos algumas<br />
das mais badaladas. Aqui estarão,<br />
por exemplo, Luís Fernando Veríssimo,<br />
Zuenir Ventura e Nelson Motta, que conversarão<br />
sobre suas trajetórias e obras. A<br />
programação prevê encontros para os próximos<br />
meses, até março de 2011. Participarão<br />
desses encontros alguns atores e outras<br />
personalidades, que interpretarão textos<br />
dos escritores com quem dividirão o<br />
palco.<br />
Também está prevista no projeto a realização<br />
de oficinas de texto e leitura, em parceria<br />
com a Cátedra Unesco PUC Rio de<br />
Leitura, referência latino-americana na área<br />
da educação. Essas oficinas trarão a <strong>Brasília</strong><br />
professores universitários reconhecidos, para<br />
desenvolver temas sobre criação literária<br />
e técnicas de formação de novos leitores. As<br />
oficinas acontecerão sempre aos sábados,<br />
com um total de seis horas de treinamento,<br />
utilizando textos dos autores homenageados<br />
no projeto. Assim como as palestras, as<br />
oficinas serão gratuitas, mas exigirão inscrição<br />
prévia.<br />
O objetivo central do projeto Escritores<br />
Brasileiros é estimular o hábito de leitura<br />
nestes tempos de tecnologia audiovisual.<br />
A cada vez que se fala na importância da<br />
leitura, surge nova geringonça tecnológica<br />
que promete empurrar os livros para os<br />
museus. Enquanto o ato de ler exige capacidade<br />
de concentração, abstração e quietude<br />
física, a tecnologia apresenta a velocidade<br />
multicolorida de imagens em profusão,<br />
com efeito contrário ao da leitura. Se<br />
esta conduz ao aprofundamento, aquela<br />
oferece a superficialidade. Mas há alguns<br />
escritores que, além do dom da escrita,<br />
da leitura<br />
são capazes de levar a um estado de encantamento<br />
aquele que os ouve.<br />
Este é o caso, por exemplo, de Affonso<br />
Romano de Sant´Anna, um hipnotizador<br />
de platéias. A presença de Sant´Anna<br />
em eventos como esse é indispensável.<br />
Ele só virá no ano que vem – dia 23 de fevereiro<br />
– mas antes o público poderá ouvir<br />
Luís Fernando Veríssimo (11 de agosto),<br />
Zuenir Ventura (15 de setembro), Marina<br />
Colassanti (14 de outubro) e Nelson<br />
Motta (10 de novembro). A última palestra<br />
prevista é a do escritor mineiro Bartolomeu<br />
Campos de Queiroz, nome de peso<br />
da literatura infantojuvenil brasileira.<br />
São escritores de sucesso, conhecidos<br />
do público e com boa vendagem de livros.<br />
Todos transitam bem pela imprensa e escrevem<br />
crônicas que conquistam os que<br />
os lêem. Formarão, a cada evento, uma<br />
dobradinha com personalidades da televisão,<br />
que interpretarão seus textos e representarão<br />
um apelo a mais para sensibilizar<br />
os leitores, reais ou potenciais. A primeira<br />
dessas personalidades é a atriz Cássia<br />
Kiss, que se unirá a Martha Medeiros neste<br />
dia 7. Outros nomes previstos são Diogo<br />
Vilela, Christine Fernandes e Vera<br />
Hotz, ainda sem data prevista.<br />
Já as oficinas serão ministradas por<br />
professores reconhecidos, como Eliana<br />
Yunes (PUC), Sylvia Cintrão (UnB), Zaira<br />
Turcchi (UFG), entre outros. Serão aplicados<br />
conhecimentos e técnicas com o objetivo<br />
de orientar os alunos a desenvolver o<br />
gosto pela leitura de romances, poesias,<br />
crônicas e ensaios. Para o primeiro evento,<br />
no sábado, 10 de julho, que terá Zaira<br />
Thurcchi falando sobre contos de fadas de<br />
manhã e Rosana Khol (PUC) sobre infância<br />
à tarde, os interessados devem se inscrever<br />
até a sexta-feira, 9 de julho.<br />
Palestras e oficinas são um bom programa<br />
para aqueles que já conhecem o segredo<br />
e o prazer da boa literatura e para os<br />
que pretendem descobri-los.<br />
sobre seu ofício<br />
Affonso Romano de Sant´Anna<br />
Marina Colasanti<br />
Luis Fernando veríssimo<br />
Fotos: Divulgação<br />
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32<br />
luz câMERa ação<br />
Stalker, de Andrei Tarkovski O Sacrifício, também de Tarkovski<br />
Vozes de um<br />
Mostras Tarkovski e seus herdeiros e Descobrindo o cinema<br />
filipino ocupam as telas do CCBB até 1 o de agosto, exibindo<br />
obras preciosas, desconhecidas do público brasiliense<br />
por sérgio moricoNi<br />
Um dos mais importantes realizadores<br />
do cinema moderno, o<br />
russo Andrei Tarkovski deixou<br />
atrás de si uma legião de fiéis seguidores,<br />
que se tornariam, eles próprios, criadores<br />
originalíssimos. Este é o caso, por exemplo,<br />
de Aleksandr Sokúrov, e também do<br />
armênio Serguei Paradjanov, cujos filmes<br />
são, hoje, cultuados no mundo todo. A<br />
mostra Tarkovski e seus herdeiros, que segue<br />
até o dia 11 no CCBB, traz as principais<br />
obras desses três criadores, assim como<br />
importantes filmes do húngaro Bela<br />
Tarr. A partir do dia 13, o CCBB realiza<br />
outra mostra, Descobrindo o cinema filipino,<br />
que exibirá, pela primeira vez em <strong>Brasília</strong>,<br />
produções de uma das cinematografias<br />
que menos costuma frequentar as sa-<br />
las de exibição da cidade, se é que já frequentou<br />
alguma vez.<br />
Ver os principais filmes de Tarkovski,<br />
ao lado de outros de alguns importantes<br />
criadores que admitem abertamente sua<br />
influência, não deixa de ser uma oportunidade<br />
única para se perceber a força revitalizadora<br />
de um cinema que vai na contramão<br />
da estética hegemônica de mercado.<br />
A trajetória de Tarkovski foi desde o<br />
início surpreendente. Considerado por<br />
muitos um artistas do Século XIX, pelo<br />
seu descompromisso com estéticas ditas<br />
modernas, ele voluntariamente renegaria<br />
as contribuições de compatriotas vanguardistas<br />
célebres, especialmente as de Eisenstein,<br />
com seu cinema “de montagem”,<br />
e igualmente o modelo realista-socialista.<br />
A despeito de admitir apreço por<br />
Dovjenko, autor do clássico Terra, Tarko-<br />
Mosfilm<br />
cinema distante<br />
vski reivindicava para si uma outra herança<br />
russa, a de seu pai Arseni, poeta proeminente,<br />
tradutor de textos e poesias<br />
orientais, cuja estética colidia de frente<br />
com a do realismo-socialista.<br />
Os planos de duração longa, saturados,<br />
são atributos dos cinemas de Tarkovski,<br />
Paradjanov, Sokúrov e Béla Tarr. Este<br />
último costuma ser citado pelo norteamericano<br />
Gus Van Sant como uma influência<br />
fundamental. O húngaro, por<br />
seu lado, é habitualmente visto como<br />
muito próximo ao também norte-americano<br />
John Cassavettes. Seus primeiros filmes<br />
costumavam apresentar o mesmo<br />
despojamento próximo do documentário,<br />
o uso de atores não profissionais,<br />
além de orçamentos minguadíssimos. O<br />
georgeano Paradjanov utilizava-se de forma<br />
de produção semelhante, acreditava
Lola, de Brillante Mendoza Um pequeno filme sobre o índio nacional, de Raya Martin<br />
que o cinema era expressão visual, muito<br />
mais próxima da pintura do que da literatura<br />
e do teatro. Perseguido pelas autoridades<br />
soviéticas, acusado de bissexualidade,<br />
Paradjanov disse certa vez ter decidido<br />
fazer cinema depois de ver A infância de<br />
Ivan, de Tarkovski.<br />
Considerado o novo luminar do cinema<br />
russo, Sokúrov comunga os mesmos<br />
pressupostos de Tarkovski e Paradjanov<br />
quanto à essência da arte cinematográfica.<br />
No seu ensaio sobre o cineasta, o crítico<br />
Álvaro Machado observa que Sokúrov trabalha<br />
a imagem de seus filmes como um<br />
pintor, a ponto de lançar mão de espelhos,<br />
filtros e até tintas sobre as lentes para<br />
criar efeitos visuais semelhantes à composição<br />
de um quadro. Isso pode ser<br />
constatado de forma muito evidente em<br />
Mãe e filho, mas não só nele. Já nos seus<br />
primeiros filmes, Sokúrov receberia a caracterização<br />
de “cineasta-pintor”, admirador<br />
de Caspar David Friedrich, a ponto<br />
de reproduzir telas do pintor romântico<br />
alemão em várias cenas de seus longas.<br />
E o que dizer do cinema filipino, além<br />
do fato de o diretor Quentin Tarantino ter<br />
declarado certa vez ser um dos seus mais<br />
fervorosos fãs? E o que esta que já foi uma<br />
das mais prolíficas cinematografias do<br />
mundo teria a ver com os mestres russos<br />
Tarkovski e seus “discípulos”? As aspas<br />
aqui se justificam, como foi colocado mais<br />
acima, pelo fato de realizadores do porte<br />
de Paradjanov, Sokúrov e mesmo Tarr terem<br />
desenvolvido um caminho muito<br />
pessoal e original, sendo portanto injusto<br />
classificar suas obras como meras emulações<br />
de suas inspirações originais. No que<br />
diz respeito à segunda indagação, a resposta<br />
é simples: tanto os russos quanto os<br />
filipinos desenvolveram sua arte sob regimes<br />
ditatoriais, ainda que sob matrizes<br />
ideológicas opostas. Circunstâncias históricas<br />
muito distintas também proporcionaram<br />
concepções cinematográficas absolutamente<br />
diversas.<br />
O cinema filipino desenvolveu uma<br />
estética popularesca, próxima à produção<br />
de Hong Kong. Elementos eróticos, suspense,<br />
realismo social e melodrama se<br />
mesclam de forma natural, com grande<br />
voltagem emocional. Fica fácil entender,<br />
portanto, o fascínio de Tarantino por um<br />
tipo de cinema que flerta com o que ele<br />
próprio chamaria de pulp, mas que vai<br />
além. Lino Brocka, diretor importante a<br />
partir dos anos 70, influenciado por Eddie<br />
Romero, referência marcante do final dos<br />
40 e 50, tentou de forma consciente um<br />
cinema de gênero, baseado no seu amor<br />
pelos filmes de gangsters com substrato<br />
social estrelados por James Cagney, produzidos<br />
pela norte-americana Warner Bros.<br />
Brocka sabia que essa era a fórmula para<br />
driblar a brutal repressão e censura do<br />
governo Ferdinand Marcos; sabia também<br />
que a sra. Imelda Marcos gostava de<br />
um bom cinema, especialmente aqueles<br />
de aspecto moderno, reconhecidos pela<br />
crítica estrangeira. Jaguar, produzido em<br />
1979, conseguiria a proeza de ser o primeiro<br />
longa-metragem filipino a ser apresentado<br />
na competição do Festival de Cannes,<br />
colocando assim o país no mapa cinematográfico<br />
mundial. Brocka morreria em<br />
1991, mas seu legado pode ser percebido<br />
na nova geração, no cinema de De La Cuz,<br />
de Lav Dias – cujo Melancolia ganharia o<br />
prêmio Orizzonti em Veneza, em 2008 – e<br />
de Brilhante Mendoza, consagrado ano<br />
passado em Cannes com a distinção de<br />
melhor direção pelo seu Kinatay.<br />
Tarkovski e seus herdeiros<br />
até 11/7 no ccbb (3310.7087). ingressos<br />
a r$ 4 e r$ 2 para os filmes em película<br />
e gratuitos para os filmes em dvd.<br />
descobrindo o cinema filipino<br />
de 13/7 a 1/8 no ccbb 3310.7087).<br />
entrada franca. programação e sinopse<br />
dos filmes em www.bb.com.br/cultura.<br />
Fotos: Divulgação<br />
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34<br />
luz câMERa ação<br />
O brilho<br />
de uma<br />
paixão<br />
por reYNaldo domiNgos Ferreira<br />
A<br />
cineasta neozelandesa Jane Campion<br />
retrata, em O brilho de uma<br />
paixão, os últimos anos de vida de<br />
John Keats, um dos grandes poetas românticos<br />
da Inglaterra – como Byron,<br />
Woordsworth, Coleridge, Tennyson e<br />
Shelley – que, depois de se apaixonar<br />
por sua vizinha, se viu forçado a viajar<br />
para a Itália, onde morreu ainda muito<br />
jovem, atacado pela tuberculose.<br />
O roteiro, baseado no romance biográfico<br />
Keats, de Andrew Motion, inclui também,<br />
em seus diálogos, além da correspondência<br />
trocada entre o poeta (Ben<br />
Wishaw) e sua musa, Fanny Brawne<br />
(Abbie Cornish), os poemas The eve of St.<br />
Agnes e Ode to a Nightingale. O título em<br />
inglês do filme, Star bright, é uma referência<br />
a um soneto, muito conhecido entre<br />
os estudiosos da literatura inglesa, cuja<br />
versão final Keats deixou transcrita numa<br />
das páginas da Obra poética completa, de<br />
William Shakespeare.<br />
Embora deficiente em sua construção<br />
dramática, de natureza linear, sem emprego<br />
de recursos mais dinâmicos como os<br />
de O piano, obra-prima até agora de Campion,<br />
o roteiro dá à realizadora a oportunidade<br />
de exercitar uma narrativa envolvente,<br />
de cunho feminino, isto é, rico nos detalhes<br />
da ambientação, do figurino e da<br />
miseenscène. Nesse caso, especificamente,<br />
no que diz respeito à criação da atmosfera<br />
romântica do filme e à moldagem do comportamento<br />
das atrizes em cena, segundo<br />
os rígidos costumes vigentes ao início do<br />
Século XIX.<br />
A história é contada por Campion sob<br />
o ponto de vista de Fanny, uma aspirante<br />
à profissão de costureira que, em 1819,<br />
deu início a um improvável romance com<br />
Keats. Ele, sem eira nem beira, vivia próximo<br />
à sua residência às expensas de um<br />
amigo, Charles Armitage Brown (Paul<br />
Schneider), ambos aficionados à poesia, e<br />
tendo ainda de cuidar do irmão, Tom<br />
(Olly Alexander), paciente terminal de tuberculose.<br />
Apesar disso e dos conselhos<br />
em contrário da mãe (Kerry Fox), Fanny<br />
insiste em se aproximar do poeta, pedindo-lhe<br />
que lhe ensine a apreciar a poesia,<br />
arte a que ele se dedica com afinco.<br />
Sob os protestos de Brown, Keats começa<br />
a dar aulas a Fanny, que aos poucos<br />
se transforma em sua musa, inspirando-o<br />
a escrever seus versos. Era como se Keats<br />
fosse um pintor e Fanny sua modelo exclusiva.<br />
Os passeios de ambos pelos campos<br />
captados pelas lentes de Greig Fraser<br />
e pontuados pela música original de Mark<br />
Bradshaw – além de algumas peças de<br />
Mozart – criam imagens de plasticidade<br />
única, como é próprio da individualidade<br />
de Campion.<br />
Mas grande parte do encanto da película,<br />
selecionada para o Festival de Cannes<br />
(2009), se deve, sem dúvida, à beleza<br />
da australiana Abbie Cornish, que mais<br />
parece uma madona saída do quadro de<br />
um dos pintores britânicos da época.<br />
Além de bonita, Cornish, que já esteve no<br />
Brasil, é uma atriz de muita disciplina,<br />
que não move um pé sem que isso esteja<br />
de acordo com a exata marcação em cena<br />
que Campion deu a ela.<br />
O importante de se observar na interpretação<br />
do inglês Ben Wishaw, como o<br />
protagonista, é que ele sabe dizer poesia,<br />
pois não escorrega um só instante nas entonações<br />
que devem ser dadas às palavras dos<br />
poemas de Keats, um dos quais ele declama,<br />
com extremo rigor técnico, durante a<br />
exibição dos créditos finais. O americano<br />
Paul Schneider tem também excelente atuação<br />
no papel de Charles Armitage Brown,<br />
trabalho que lhe deu premiação, na Inglaterra,<br />
como melhor ator coadjuvante. Concluindo,<br />
todo o elenco está muito bem.<br />
o brilho de uma paixão (Star bright)<br />
reino unido, eua, França e austrália/2009,<br />
119min. direção e roteiro: Jane campion,<br />
com base no romance Keats, de andrew<br />
motion. com ben Wishaw (John Keats),<br />
abbie cornish (Fanny brawne), paul<br />
schneider (charles armitage brown),<br />
Kerry Fox (mãe de Fanny),Tomas sangster<br />
(samuel), antonia campbell-hughes (abgail),<br />
samuel roukin (reynolds), olly alexander<br />
(Tom Keats), samuel barnett (severn).<br />
Divulgação