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FONSECA, Sherloma Starlet. Memórias de um constitucionalista

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(CARONE, 1973, p. 24-25). No mesmo sentido, Paulo Duarte afirma que:<br />

Aliás, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>de</strong>pois do movimento <strong>de</strong> 1924, eu vinha observando <strong>um</strong> aspecto<br />

até então para mim inédito com relação a amigos e companheiros, que era o<br />

espetáculo da a<strong>de</strong>são, da bajulice da maioria com relação ao vencedor. Até a<br />

traição é freqüente nesses momentos. Registrei o fato no livro Agora Nós!<br />

[<strong>de</strong> 1927]. Depois veio 1930 e o espetáculo lastimável foi o mesmo. 'Só <strong>um</strong>a<br />

minoria corajosa permanecia, porque todos os gran<strong>de</strong>s entusiastas pela<br />

situação <strong>de</strong> antes <strong>de</strong> 1930, passaram a a<strong>de</strong>rir a nós revolucionários, ao ponto<br />

<strong>de</strong> se tornarem mais revolucionários, mais implacáveis <strong>de</strong>latores e inimigos<br />

da situação perrepista do que nós que sofríamos no Diário Nacional e no<br />

"Partido Democrático" as hostilida<strong>de</strong>s e represálias que vinham mais <strong>de</strong>ssa<br />

gente agora infiltrada, a<strong>de</strong>rida aos nossos meios. Repelia-se neste momento<br />

o triste espetáculo em São Paulo. Aos abusos dos ocupantes somava-se a<br />

miséria moral dos a<strong>de</strong>sistas. Com a prática que temos <strong>de</strong> revolução, isso não<br />

nos surpreen<strong>de</strong>. (DUARTE, 1974, p. 21-22)<br />

O autor relembra que antes <strong>de</strong> 1930, os <strong>de</strong>mocratas paulistas já se reuniam sob o<br />

signo da oposição aos perrepistas. Assim, reivindica a importância do partido que se tornou a<br />

“primeira agremiação organizada e legal, que conseguiu, em São Paulo, sobreviver e inserir-<br />

se efetivamente nas lutas político-i<strong>de</strong>ológicas travadas no período” (PRADO, 1986, p. 1). As<br />

pressões intensificadas sobre o PRP por parte do Governo Provisório – com medidas <strong>de</strong><br />

centralização política - prejudicaram também a atuação do PD. Os <strong>de</strong>mocratas paulistas<br />

sentiam-se duplamente traídos: o partido via-se cada vez mais fora da distribuição do po<strong>de</strong>r à<br />

medida que o governo ass<strong>um</strong>ia características mais centralizadoras e ditatoriais, contrárias aos<br />

princípios da Aliança Liberal. Desapontados, começaram por atacar o governo e os tenentes,<br />

que são chamados <strong>de</strong> “ocupantes” e “invasores” <strong>de</strong> São Paulo.<br />

As elites dirigentes <strong>de</strong> São Paulo passaram <strong>de</strong>claradamente a <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a<br />

<strong>de</strong>scentralização do po<strong>de</strong>r, vez que perdiam a autonomia política do estado. Defendiam<br />

também que o governo <strong>de</strong> estado fosse ocupado por <strong>um</strong> civil paulista. Nesse ínterim, o<br />

interventor João Alberto não resistiu às pressões políticas, <strong>de</strong>mitindo-se em junho <strong>de</strong> 1931. Os<br />

paulistas <strong>de</strong>rrubaram outros três interventores do estado, até ser nomeado interventor o<br />

diplomata Pedro <strong>de</strong> Toledo, que atendia ao perfil exigido pelos paulistas.<br />

O PRP interpretava que estava se fazendo <strong>um</strong>a “guerra contra São Paulo, sua riqueza,<br />

sua prosperida<strong>de</strong> e prestígio incomparáveis” (CAPELATO, 1989, p. 33). Esse arg<strong>um</strong>ento<br />

tinha fundamento, pois a campanha aliancista i<strong>de</strong>ntificava na hegemonia dos partidos<br />

republicanos as <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntes práticas políticas da República Velha.<br />

O PD tinha apoiado a revolução, acreditando na formação <strong>de</strong> <strong>um</strong> tempo novo em que o<br />

partido e São Paulo sairiam beneficiados. Os <strong>de</strong>mocratas almejavam o lugar do PRP no<br />

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