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Dificuldades Da Língua Portuguesa - Academia Brasileira de Letras

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218 <br />

M. Said Ali<br />

“População. Os nossos bons escriptores dizião com melhor<br />

analogia povoação; comtudo não reprovamos população,quetem<br />

a seu favor o uso frequente, e algumas boas autorida<strong>de</strong>s mo<strong>de</strong>rnas.<br />

“Côrte. Por conselho, tribunal, relação he gallicismo que se não<br />

<strong>de</strong>ve admittir em portuguez.”<br />

“Rutina ou rotina. He galicismo <strong>de</strong>snecessario, e porém mui<br />

vulgarmente usado...” E o autor propõe que em seu lugar se diga<br />

trilha, usança, etc.<br />

“Bello sexo (beau sexe). Não reprovamos absolutamente esta expressão,<br />

empregada para significar o sexo formoso, osexo feminino<br />

ou as mulheres: mas somos <strong>de</strong> parecer que se <strong>de</strong>ve usar com mo<strong>de</strong>ração,<br />

a fim <strong>de</strong> evitar afecção, e resabio <strong>de</strong> gallicismo.”<br />

A posterida<strong>de</strong> não se conformou com o conselho do bom do fra<strong>de</strong>.<br />

O Glossário não menciona, talvez por não terem nesse tempo curso<br />

em Portugal, muitíssimas dicções novas que fizeram fortuna e são<br />

hoje parte integrante do léxico <strong>de</strong> todas as nações civilizadas. Assim,<br />

por exemplo: internacional (ingl. international) cunhado por Bentham<br />

em 1780, e admitido pela <strong>Aca<strong>de</strong>mia</strong> francesa em 1878; nacionalizar, nacionalida<strong>de</strong>,<br />

organismo, organização, organizador, reorganizar, reorganização, civilização,<br />

civilizador.<br />

As i<strong>de</strong>ias mo<strong>de</strong>rnas reclamam novos vocábulos para a sua expressão,<br />

e é <strong>de</strong> todo impossível escrever um capítulo sobre hodiernas instituições<br />

sociais ou políticas sem recheá-lo <strong>de</strong> neologismos creados ou<br />

vulgarizados nestes últimos cem anos. Os clássicos portugueses, se<br />

hoje ressuscitassem, precisariam, para enten<strong>de</strong>r-nos, do auxílio <strong>de</strong> um<br />

elucidário <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> palavras.<br />

Toleram os puristas, quando muito, algumas novida<strong>de</strong>s recentes,<br />

mas em geral enten<strong>de</strong>m que se <strong>de</strong>ve restabelecer o antigo bom uso.<br />

Muitas vezes, em troca <strong>de</strong> um estrangeirismo ou <strong>de</strong> um termo <strong>de</strong> legi-

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