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O drible, uma experiência fenomenal -_Eduardo Nazareth - Sociofilo

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Segundo Caderno – 2012<br />

ção ou leitura do que se passa, quanto da concepção da ação,<br />

isto é, para o exercício de <strong>uma</strong> expressividade incorporada<br />

(Goffman, 2010, p.23) por cuja lógica prática 9 os movimentos<br />

corporais são inter-relacionados no espaço.<br />

Embora signifiquem algo no contexto do movimento coletivo<br />

maior em que se situam, importa-nos esse quase encerramento<br />

espacial ao que se passa entre nós, driblador e marcador.<br />

Vale ressaltar, que esse quase encerramento espacial consiste<br />

em um espaço imanente ao nosso movimento aberto no tempo<br />

adiante, logo após o <strong>drible</strong>, ao espaço maior. É no âmbito desse<br />

encerramento que a posição dos corpos comunica algo a partir<br />

da posição relativa em seu sentido prático de atacar ou defender.<br />

Esse espaço se delimita a partir do que disse Gerson, “bom<br />

pra cá ele não pode vir porque aqui é a linha de fundo”.<br />

A estrutura das situações de jogo, em especial a do <strong>drible</strong>,<br />

inscreve os corpos de defensores e atacantes no próprio espaço<br />

manipulatório do outro, em <strong>uma</strong> superposição de espaços individuais,<br />

em interdependência de movimentos, constituindo o<br />

nosso espaço imediato, vivenciado entretanto de pontos de referência<br />

e de tarefas simetricamente contrapostas, polarizadas entre<br />

pontos iniciais e objetivos estabelecidos de pontos antagônicos.<br />

A indexicalidade de nossas ações, ou seja, sua relação significativa<br />

com o contexto, se refere a situações problemáticas<br />

vivas que se colocam em interações sobre a espacialidade do<br />

permitindo aos praticantes competirem. Com a ressalva de que aqui desejamos<br />

antes compreender a ação em seu curso vivo do que extrair dela tais relações<br />

sincrônicas, abstratas, estruturais.<br />

9. Mas cada ação, em fluxos, requer respostas imediatas, lógicas e que comportam<br />

um detalhamento espontâneo de movimentos corporais correspondentes,<br />

possuindo um significado motor imediatamente apreendido pela referência com<br />

que se vem fazendo na relação imanente com os demais movimentos para ambos<br />

os envolvidos. Essa lógica prática e o reconhecimento da competência (Garfinkel,<br />

1967, p.57; 1963, p.237) em observá-la na imanência dos eventos nos autoriza a<br />

afirmar que essa interação não se trata de mera resposta reflexa do organismo<br />

sem qualquer sentido consciente, como a descrição de Gerson permite notar.<br />

Esse sentido emerge endogenamente dos dados percebidos sob a antecipação do<br />

que já é familiar em um horizonte interior (Gurwitsch, 1957, pp.190-1).<br />

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