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O drible, uma experiência fenomenal -_Eduardo Nazareth - Sociofilo

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Segundo Caderno – 2012<br />

continuamente sua posição a cada movimento progressivo do<br />

atacante. O atacante então busca causar a impressão de que a<br />

ação tomará um sentido, visando retirar o defensor dessa posição<br />

a meio caminho em que está com seu corpo para abrir o espaço<br />

para a progressão. Ambos sabem como o outro agirá e veem<br />

pelo movimento preciso em realização o sentido que possuem<br />

no quadro em andamento. Todo o quadro é percebido em<br />

comum como <strong>uma</strong> situação, estamos no curso de <strong>uma</strong> mesma<br />

<strong>experiência</strong>, com um poder de objetivação quase espontâneo.<br />

Ao buscar o <strong>drible</strong> o atacante percebe o defensor, assim como o<br />

quadro em que ambos se situam, já em protensão referida a<br />

<strong>uma</strong> retenção e ao agora, como também o faz o defensor. A situação<br />

do <strong>drible</strong>, em especial as que Garrincha protagonizava,<br />

já supõe <strong>uma</strong> unidade a ser preenchida pelo evento real. É o<br />

que sugere a seguinte fala de Gerson,<br />

“‘bom pra cá ele não pode vir porque aqui é a linha de fundo<br />

[sinaliza com a mão essa linha passando à sua esquerda, paralela<br />

a seu pé], só aqui [e sinaliza toda a área à sua direita].<br />

‘Aqui ele não vai passar, pô! Aqui [pela direita em direção à<br />

grande área] eu dou <strong>uma</strong> trombada nele. E aqui [no sentido da<br />

linha de fundo] ele vai passar por fora, saiu a bola’. Eu tava<br />

imaginando isso”.<br />

Uma das condições constitutivas da prática é a de que<br />

além de capacidades físicas, os jogadores devam saber realizarem<br />

com seus corpos movimentos no espaço de ocultação ou de<br />

dissimulação de suas reais intenções. Mas não basta saber realizar<br />

os movimentos, é necessário saber executá-los em um instante<br />

precisamente eficaz, capaz de realizar aquilo a que se<br />

propõe. Para isso, é necessário que o jogador localize o acento<br />

constitutivo dos eventos (Garfinkel, 1963) sobre os quais intervir<br />

ou nos quais agir. Como as ações são dinâmicas, e estão em<br />

constante movimento, num um ritmo que não permite que se<br />

aguarde o início do movimento para só então começar a agir, o<br />

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