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O drible, uma experiência fenomenal -_Eduardo Nazareth - Sociofilo

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Segundo Caderno – 2012<br />

Do ponto de vista mais prático da reação que continuamente<br />

se apresenta, há <strong>uma</strong> conexão entre as ações no âmbito<br />

das interações que possui um caráter constrangedor, como bem<br />

retratou Sacks (1995). 11 Essas relações de interdependência,<br />

mais ou menos fixadas pelo hábito ou por que sempre induzem<br />

a expectativas e reações apropriadas ao <strong>drible</strong> ou à defesa, podem<br />

ser e são exploradas de parte a parte. Elas qualificam a noção<br />

de relações de intenção – ou fios intencionais (M. Ponty,<br />

1999, p. 153) – que fixam e tornam interdependentes nossas<br />

ações dentro dessa interação, nessas circunstâncias.<br />

Em relação aos demais dados sucessiva e simultaneamente<br />

percebidos, concernentes aos demais movimentos fora do<br />

traduzem no jogo de outras maneiras, mas igualmente se referem à tomada<br />

ostensiva da iniciativa ou atitude mais predisposta a ser reativa, tendo ou não a<br />

bola, sendo atacante ou defensor.<br />

11 De acordo com um dos estudos sobre linguagem de Harvey Sacks (ibid. p.3),<br />

podemos afirmar que se estabelecem regras unificadoras da sequência dessas<br />

ações, que constrangem as partes em interação a reagirem em um determinado<br />

sentido endógeno, a partir de certo ponto dessa interação, de modo mais aberto<br />

ou mais reservado. Na análise de gravações de atendimentos telefônicos a<br />

pessoas com problemas psicológicos, Sacks (ibid., p.4) notou que após a resposta<br />

ao “Hello, This is Mr Smith may I help you”, normalmente se obtinha<br />

espontaneamente a resposta desejada “Yes, this is Mr Brown”. Tal como diante de<br />

Hello obtém-se <strong>uma</strong> resposta, Hello, como parte de <strong>uma</strong> unidade interativa,<br />

obtém-se após “This is Mr Smith, may I help you”, “Yes, this is Mr Brown” – o que<br />

era muito importante para os fins do atendimento. Em geral, quando por alg<strong>uma</strong><br />

razão a resposta era outra, dificilmente se conseguia o nome da pessoa, que se<br />

constrangia a se identificar como alguém com problemas psiquiátricos. Há<br />

conexões entre as falas que em <strong>uma</strong> interação se fundam na interdependência<br />

entre elas no tempo vivo. Uma ação requer a outra na sequencia devido a um<br />

encadeamento bem estabelecido. São interdependentes, <strong>uma</strong> se encaixa<br />

logicamente na outra, exercendo <strong>uma</strong> função na interação formando um conjunto<br />

aberto no tempo e à continuidade. Para Sacks, <strong>uma</strong> regra interna as liga na sua<br />

emergência prospectiva. A ação de abertura da interação de um, de certa forma,<br />

desencadeia e orienta a reação do outro. Criam-se as circunstâncias pelas quais<br />

um é capaz de induzir a ação do outro. Esse controle se dá pela manipulação<br />

dessa espécie de regra de conexão, que, no caso dos esportes, se apresenta não<br />

pela linguagem falada, mas da linguagem imediata entre corpos e movimentos,<br />

mobilizando as relações de interdependência acionados pela ocasião do jogo.<br />

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