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O drible, uma experiência fenomenal -_Eduardo Nazareth - Sociofilo

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Segundo Caderno – 2012<br />

tendo em ação. Isso enquanto atacantes e defensores convergem<br />

para o mesmo ponto, um atacando e o outro defendendo,<br />

estruturando reciprocamente a sequência da ação do outro –<br />

constituindo assim a interação.<br />

E o fazem enquanto visam, tanto quanto possível, suprimir<br />

o gap insuperável pela barreira do tempo entre a suposição<br />

da ação do outro e a ação real. A própria intenção de retardar<br />

ou acelerar a ação visando justamente produzir algum desequilíbrio<br />

dentro de <strong>uma</strong> ordem de movimento entre a ação de ambos,<br />

ocorre com <strong>uma</strong> amplitude de possibilidade de sentido<br />

mais ou menos restrita, estabilizada e familiar, em função da<br />

regularidade da prática nessa mesma comunidade. Os mesmos<br />

<strong>drible</strong>s, e as mesmas respostas são realizados em correspondência.<br />

Essas intenções específicas que se seguem orientam as<br />

ações a um mesmo ponto, permitindo que sigam bem ajustadas<br />

na disputa enquanto ambas tentam realizar seus objetivos. Mas<br />

até mesmo por isso, cada <strong>uma</strong> das partes busca, em sua execução,<br />

dificultar a exatidão da identificação do sentido do gesto,<br />

aumentando a distância entre a impressão do movimento a seguir<br />

e o movimento real que se constrói enquanto se progride.<br />

Ambos acabam criando de parte a parte a sustentação intencional<br />

de <strong>uma</strong> ambiguidade acentuando a já existente indeterminação<br />

13 com seu movimento corporal bem como toda a tensão e<br />

expectativa com relação à ação efetiva que se seguirá no curso<br />

do mesmo lance sustentando o interesse no curso de todo lance.<br />

4 O DRIBLE E O TEMPO<br />

Para melhor compreender o que se passa durante o <strong>drible</strong>,<br />

é preciso compreender como os atos de consciência ligam os<br />

dados em continuidade e concordância mutua formando a aparência<br />

da coisa em unidade na percepção, possibilitando ante-<br />

13 Sobre a relação entre familiaridade e indeterminação inerente à <strong>experiência</strong><br />

real, cf. Gurwitsch, 1957, pp.190-225.<br />

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